Woden Madruga
blogdojohanadonis.blogspot.com
Por Woden Madruga
O artigo do deputado e ministro Aldo Rebelo, “A Copa em Natal”, publicado nesta Tribuna, quarta-feira (16), é um primor de vereador. Começando pelas lutas dos índios empurrando os franceses do Rifoles para fora da barra do Potengi. Referiu-se aos holandeses (não os do fantástico carrossel da seleção da Holanda de 1974, do técnico Dinus Michelis - seu inventor - e do craque Johann Cruyft, plagiado agora pelo Barcelona, mas os compatriotas de Jacob Rabi, cabreiro e sanguinário), lembrou-se de Nísia Floresta, depois de tirar um fino em Clara e Felipe Camarão, e, num pulo, chegou a Cascudo, sem esquecer de citar mais duas celebridades: Micarla de Souza e Rosalba Ciarlini. O ministro do Esporte parecia estar se exercitando para a prova do Enem. Seria aprovado?
Tenho minhas dúvidas. No capítulo futebol, tiraria zero. Na apologia que fez da construção da Arena das Dunas, enfileirando as mesmas mesmices oficiais e outros lugares comuns - sempre reservados - o ministro escreveu que o estádio “acolherá a tradição e paixão dos torcedores do ABC, América, Alecrim, Riachuelo e outros times...”. Ora bolas, o time do Riachuelo já não existe há mais de vinte anos. A última vez que o Riachuelo pisou o gramado (os locutores esportivos de hoje dizem “adentrando o gramado”) do finado Machadão, o almirante Tamandaré ainda era guarda-marinha.
Semana passada teve outra figuraça de Brasília que “adentrou” no cenário natalense. Foi o presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho (nascido em Canoas) Marcos Maia, PT (o Rabelo, que também presidiu a Câmara, é alagoano-pernambucano, do PCdoB, eleito por São Paulo). Era a primeira vez que o canoense visitava a cidade. Veio apenas para receber o título de Cidadão Natalense, que lhe foi conferido pela luzidia Câmara de Vereadores. Desceu aqui de um avião da Força Aérea, em voo oficial, e se dirigiu do aeroporto até a Rua Jundiaí, no Tirol, onde fica a Câmara Municipal. Era noite. Casa lotada de políticos e personagens afins. Na mesma noite retornou a Brasília, sem ter visto o por do sol de Igapó.
No discurso de agradecimento, com acentuado sotaque gaúcho-canoense, o deputado disse que se sentia honrado e feliz por ser, a partir daquele instante, mais um “natalino”. Na cabeça do deputado quem nasce em Natal é natalino, certamente o seu imaginário despertando em volta dos Três Reis Magos adorando o menino na manjedoura. Na lógica do canoense, perfeito: Natal, natalino. Mas o novo “natalino” corrigiu a gafe, soprado por alguém mais bem informado (na Câmara Municipal sempre tem um mais sabido) e se autoproclamou, feliz que só e sem um desconfiômetro, “a partir de agora, sou um natalense”.
Quando li nos blogues daqui e de acolá a gafe do presidente da Câmara dos Deputados, me lembrei do meu tempo de menino (puxa, como faz tempo!) e que tinha um amigo que se chamava Natalino, batizado e registrado em cartório. Eram três irmãos, todos do mesmo tope: Natalino, Riograndino e Ipiranga. Filhos do velho Luiz Cortez, dono da mais famosa banca de jornais e revistas de Natal, o Zepelim, que ficava na esquina da avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa (calçada do Natal Clube), Natal do tempo da Guerra, idos de 40 e 50. O irmão mais velho do trio foi Antônio Cortez, vereador de Natal por muitos mandatos. Saudades deles todos, principalmente de Ipiranga e Riograndino, que eram companheiros das peladas na Praça João Tibúrcio e da Rua das Laranjeiras, por trás do Convento Santo Antônio, e das conversas fiadas na esquina com a Rua Padre Pinto, mais embaixo, na jusante, a Casa de Maria Boa, atiçando a curiosidade (ou seria a imaginação?) da maloca excitada. Por ali passavam figuras respeitáveis da aldeia.
Pois bem, se o deputado Marco Maia, homenageado pela Câmara de Vereadores, se autoproclamou um “natalino”, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, depois de seu artigo nesta Tribuna do Norte, pode ser considerado (por que não?) um “riograndino”.
Leva jeito.
Tenho minhas dúvidas. No capítulo futebol, tiraria zero. Na apologia que fez da construção da Arena das Dunas, enfileirando as mesmas mesmices oficiais e outros lugares comuns - sempre reservados - o ministro escreveu que o estádio “acolherá a tradição e paixão dos torcedores do ABC, América, Alecrim, Riachuelo e outros times...”. Ora bolas, o time do Riachuelo já não existe há mais de vinte anos. A última vez que o Riachuelo pisou o gramado (os locutores esportivos de hoje dizem “adentrando o gramado”) do finado Machadão, o almirante Tamandaré ainda era guarda-marinha.
Semana passada teve outra figuraça de Brasília que “adentrou” no cenário natalense. Foi o presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho (nascido em Canoas) Marcos Maia, PT (o Rabelo, que também presidiu a Câmara, é alagoano-pernambucano, do PCdoB, eleito por São Paulo). Era a primeira vez que o canoense visitava a cidade. Veio apenas para receber o título de Cidadão Natalense, que lhe foi conferido pela luzidia Câmara de Vereadores. Desceu aqui de um avião da Força Aérea, em voo oficial, e se dirigiu do aeroporto até a Rua Jundiaí, no Tirol, onde fica a Câmara Municipal. Era noite. Casa lotada de políticos e personagens afins. Na mesma noite retornou a Brasília, sem ter visto o por do sol de Igapó.
No discurso de agradecimento, com acentuado sotaque gaúcho-canoense, o deputado disse que se sentia honrado e feliz por ser, a partir daquele instante, mais um “natalino”. Na cabeça do deputado quem nasce em Natal é natalino, certamente o seu imaginário despertando em volta dos Três Reis Magos adorando o menino na manjedoura. Na lógica do canoense, perfeito: Natal, natalino. Mas o novo “natalino” corrigiu a gafe, soprado por alguém mais bem informado (na Câmara Municipal sempre tem um mais sabido) e se autoproclamou, feliz que só e sem um desconfiômetro, “a partir de agora, sou um natalense”.
Quando li nos blogues daqui e de acolá a gafe do presidente da Câmara dos Deputados, me lembrei do meu tempo de menino (puxa, como faz tempo!) e que tinha um amigo que se chamava Natalino, batizado e registrado em cartório. Eram três irmãos, todos do mesmo tope: Natalino, Riograndino e Ipiranga. Filhos do velho Luiz Cortez, dono da mais famosa banca de jornais e revistas de Natal, o Zepelim, que ficava na esquina da avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa (calçada do Natal Clube), Natal do tempo da Guerra, idos de 40 e 50. O irmão mais velho do trio foi Antônio Cortez, vereador de Natal por muitos mandatos. Saudades deles todos, principalmente de Ipiranga e Riograndino, que eram companheiros das peladas na Praça João Tibúrcio e da Rua das Laranjeiras, por trás do Convento Santo Antônio, e das conversas fiadas na esquina com a Rua Padre Pinto, mais embaixo, na jusante, a Casa de Maria Boa, atiçando a curiosidade (ou seria a imaginação?) da maloca excitada. Por ali passavam figuras respeitáveis da aldeia.
Pois bem, se o deputado Marco Maia, homenageado pela Câmara de Vereadores, se autoproclamou um “natalino”, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, depois de seu artigo nesta Tribuna do Norte, pode ser considerado (por que não?) um “riograndino”.
Leva jeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário