Marcos Pinto
Tradicional e antiga família cearense advinda do Português MIGUEL CARLOS
DA SILVA SALDANHA, que fixou-se na região jaguaribana, onde adquiriu inúmeras e
vastas terras nas povoações de Jaguaribe-Mirim, Santa Rosa, Riacho do Sangue e
Cachoeira, que passaram a cidades com as denominações de Jaguaribe, Jaguaribara
(A antiga cidade que se encontra submersa pelas águas da Barragem do Castanhão)
Jaguaretama e Solonópolis, região reconhecida como feudo das vetustas famílias
SALDANHA e DIÓGENES, entrelaçadas entre sí por diversos matrimônios.
Devido à grandes e ferrenhos embates travados pelos Saldanha com outras
famílias na região, em disputa por terras, houve dispersão de alguns
componentes que optaram por fixarem moradia definitiva no estado da Paraíba,
inicialmente na Serra do Teixeira, e depois na localidade Riacho dos Porcos, à
época fazenda, que deu origem à cidade de Belém do Brejo do Cruz-PB, estendendo
os domínios de suas terras com a compra da fazenda "Mulungu",
encravada na área territorial de Brejo do Cruz-PB.
Pelos documentos oficiais destaca-se o Sr. JOAQUIM DA SILVA SALDANHA
como pioneiro da família a aportar em terras paraibanas, após abandonar as
plagas jaguaribanas, optando por procurar novos horizontes em terras já
conhecidas pelos seus ascendentes. Fixou-se na fazenda "Mulungu",
encravado na área territorial de Brejo do Cruz, considerado um dos mais antigos
municípios da Paraíba. Fincou seus currais inicialmente na "Serra do
Teixeira". Teixeira é um município brasileiro no estado da Paraíba,
localizado na microrregião da Serra do Teixeira e integrante da Região
Metropolitana de Patos. Por ter se envolvido em conflito em questões de divisas
e marcos em terras vizinhas, o arrojado Joaquim deliberou em comprar terras em
Brejo do Cruz, denominada de fazenda "Mulungu".
Joaquim era filho de Domingos da Silva Saldanha e Maria Rosa Cândida de
Miranda. Conta a tradição oral que os intrépidos irmãos SALDANHA aportaram nos
citados lugares por volta do ano de 1820. Joaquim casou com FRANCISCA
JOAQUINA MAIA, da tradicional família do Catolé do Rocha, senhora de gênio
irascível e determinada na resolução de intrincados problemas quando verificada
a ausência do esposo. Essa inconfundível matriarca sertaneja era popularmente
conhecida como Dona Chiquinha do Mulungu. Desse venturoso casal nasceram:
F.01- Capitão PEDRO DA SILVA SALDANHA:
Nasceu em Brejo do Cruz-PB. Faleceu em Mossoró a 19.03.1899, aos 57 anos
de idade, deixando a viúva MARIA CÂNDIDA MONTEIRO SALDANHA e os filhos:
N.01 - Joaquim Cândido da Silva Saldanha. (09 anos de idade).
N.02 - Cândido Joaquim da Silva Saldanha. (06 anos de idade).
N.03 - Isaura da Silva Saldanha.
N.04- Etelvina da Silva Saldanha. (08 anos) que veio a casar com o seu
primo legítimo BENEDITO DANTAS SALDANHA, filho de Benedito Dantas da Silva
Saldanha. Sem descendência.
F.02- BENEDITO DANTAS DA SILVA SALDANHA - Casado com...
Foi pai de:
N.01- Benedito Dantas Saldanha - Nasceu em Brejo do Cruz-PB no ano de
1894. Casou com sua prima Etelvina da Silva Saldanha. Devido a sérios
desentendimentos com a família Dutra, em que seus irmão Quinca e Plínio,
conhecido como Marinheiro Saldanha figuravam como mentores intelectuais, junto
a alguns parentes, em que mandou seis dos seus jagunços cometerem diversas
tropelias, destacando-se a do dia 25 DE ABRIL DE 1926, que atacaram Brejo do
Cruz, na Paraíba, matando Manuel Paulino de Moraes, Dr. Augusto Resende (Juiz
Municipal), fere Dr. Minervino de Almeida, o “Joca Dutra” Prefeito Municipal),
e Severino Elias do Amaral (Telegrafista).
Autores intelectuais (supostamente): Deputado João Agripino de
Vasconcelos Maia, residente no Sítio “Olho D’Água”, Catolé do Rocha, PB;
Joaquim Saldanha (Quincas Saldanha), residente na fazenda “Amazonas”, Brejo do
Cruz, PB; Odilon Benício Maia, residente na fazenda “Pedra Lisa”, Brejo do
Cruz, PB; Plínio Dantas Saldanha, vulgo “Marinheiro Saldanha”, residente em
Jardim de Piranhas, Caicó, Rio Grande do Norte, como mandantes[9].
Executores: Massilon Leite[10], José Pedro[11] (vulgo Coqueiro), Peitada, João
Domingos, João Boquinha e João Cândido – vulgo Negro Cândido.
Fonte: Denúncia oferecida pelo Promotor Público da Comarca de Souza,
Paraíba, servindo “Ad-Hoc” em Brejo do Cruz, Paraíba, Dr. Emílio Pires
Ferreira, em 10 de fevereiro de 1927, transcrita no Jornal “União”, da Paraíba,
número 82, em 9 de abril de 1927, sábado.
Assim foi o fato: como todos os finais-de-tarde em Brejo do Cruz, no
Sertão paraibano, formou-se uma roda na frente da casa de Antônio Dutra de
Almeida, no começo daquele fatídico ano de 1926. Dr. Joca Dutra (João Minervino
de Almeida), Manoel Paulino Dutra de Morais, José Targino, Dr. Francisco
Augusto de Resende (Juiz da Cidade) eram os presentes.
As cadeiras, dispostas dia-a-dia nos mesmos lugares, eram, pelo hábito,
marcadas: recebiam sempre os mesmos ocupantes. Em certo momento José Targino e
Dr. Antônio Dutra de Almeida se levantam e vão tomar água no interior da casa.
Nas cadeiras nas quais eles estavam sentados, inexplicavelmente se sentam
Manoel Paulino Dutra de Morais e Dr. Francisco Augusto de Resende.
Escurece.
Um atirador tomou posição a alguma distância e, de rifle, atirou nos
ocupantes das duas cadeiras que lhe tinham sido previamente assinaladas.
Dr. Francisco Augusto de Resende tombou morto. Manoel Paulino Dutra de
Morais, ferido, fez menção de se levantar. Os outros tinham fugido.
O atirador aproximou-se e desfechou várias peixeiradas em Manoel Paulino
Dutra de Morais. Ao terminar observou atentamente o semblante do outro morto e
gritou: “matei um inocente”.
Recolheu as armas, montou o cavalo, picou na espora e sumiu na escuridão da noite. Fora Massilon.
Chefe de cangaceiros BENEDITO DANTAS SALDANHA (calçando botas de cano
longo)
BENEDITO foi nomeado Prefeito de Apodi pelo Interventor/governador
Bertino Dutra, tendo assumido no dia 10 de Janeiro de 1933. Devido a cerrada
campanha de divulgação da imprensa oposicionista da capital do estado, que
repudiava o fato de ter sido nomeado um afamado chefe de cangaceiros para
administrar o município de Apodi, teve curta duração à frente dos destinos
daquele rincão, tendo sido demitido a 23.07.1933, portanto, com gestão de 05
meses e 23 dias. Investido da condição de Prefeito nomeado, à época denominado
de Interventor, protagonizou violento atentado, quando na manhã do dia 18 de
Abril de 1933 mandou trazer à sua presença o Coronel Lucas Pinto, escoltado sob
ameaça de três cangaceiros/capangas armados, ocasião em que empunhando um
revólver, tentou obrigar o Coronel Lucas Pinto engolir duas bolas feitas com
jornal, sob a alegativa de que o líder político Apodiense mandara veicular
notícia no Jornal "A RAZÃO", impresso e com sede em Natal, dando
conta de que ele e seu irmão Quinca Saldanha comandavam grupo de cangaceiros,
acoitados em sua fazenda em Caraúbas, e com atuação em Apodi e região.
O Coronel Lucas Pinto foi salvo desse vexame graças à intervenção do
valente Apodiense DECA CAVACO, que ao saber que o seu padrinho se encontrava
sob ameaça do Benedito, dirigiu-se até o sobrado onde se desenrolava o sério
atentado à integridade física do Cel. Lucas Pinto. Em lá chegando, dois
cangaceiros tentaram impedir o acesso do Deca Cavaco, que ao descer do seu
cavalo já empunhou seu punhal e deu dois sopapos nos dois cangaceiros,
derrubando-os de uma só vez, ao mesmo tempo em que advertiu-os para que não
insistissem em impedir o seu acesso. Ao chegar ao pavimento superior, encontrou
Benedito aos gritos, obrigando o Coronel Lucas Pinto a engolir as bolas de
jornal. Incontinenti, o Deca cravou o seu punhal no birô do Benedito e
exclamou: Se não comeu não come mais. Encarou o Benedito e falou: Vou levar o
meu padrinho, e se você se meter derrubo-lhe com um só tiro no meio da testa.
Dito isto, mandou que o Coronel Lucas Pinto seguisse na frente que ele
iria atrás, protegendo-o. Ao Benedito, que já havia sofrido uma cantada do Deca
Cavaco, só restou a alternativa de convidar o Deca para mais tarde beberem e
jogarem baralho juntos, no que o Deca respondeu que não bebia nem jogava com
bandido. Nesse dia, o Coronel Lucas Pinto era o homem marcado pra morrer.
Benedito Saldanha faleceu envenenado por sua amante, na cidade de Maranguape,
onde residia, por volta do ano de 1954.