sábado, 26 de maio de 2012
VEJAM COMO É UM COMENTÁRIO BEM FEITO DE UMA PARTIDA DE FUTEBOL!
André Kfoury
lucasmergel.webnode.com.br
MAIS DAS COPAS
por André Kfouri em 25.mai.2012 às 13:30hhttp://blogs.lancenet.com.br/andrekfouri/
Tende-se a dizer que quando um jogador é expulso numa partida equilibrada, a diferença numérica produz mais espaço para o adversário.
Nem sempre é verdade.
É mais provável que um time consiga fazer valer a vantagem de um homem a mais quando o oponente continua tentando construir algo.
Quando se trata apenas de proteger um resultado, é comum ver o time inferiorizado se defender com a mesma eficiência.
Foi o que aconteceu ontem, na vitória que classificou o Santos (1 x 0 no Vélez: Kardec, e 4 x 2 nos pênaltis) para as semifinais da Libertadores.
O jogo já estava difícil para o Santos, com 11 contra 11.
O time argentino marcava com notável aplicação e ainda oferecia algum perigo, numa clara proposta de controle do placar.
Quando perdeu seu goleiro, expulso corretamente, o Vélez não afrouxou. Talvez tenha acontecido o contrário.
A noção da inferioridade pode ter reforçado a mentalidade defensiva dos argentinos, àquele momento dispostos a correr ainda mais.
O Vélez perdeu a condição que tinha de contra-atacar, mas não de ocupar os espaços à frente de sua área.
Em situações como essa, como disse Muricy Ramalho, só há duas alternativas:
Girar a bola de um lado para o outro, esperando uma brecha na parede por onde a bola possa entrar.
E chutar de fora da área.
O gol que levou a decisão para os pênaltis saiu num lance em que Ganso (quem mais?) encontrou essa brecha, ao servir Léo, que fez a bola chegar a Alan Kardec.
O passe de Ganso é a aparição do jogador diferente, que enxerga o que a maioria não vê.
Importante a entrada de Léo no segundo tempo, sua participação no gol e nas cobranças decisivas.
Ele pode ser utilizado na solução que Muricy precisa encontrar para a ausência de Ganso.
A propósito: é sempre refrescante quando um jogador descreve, sem pudores ou preocupações, momentos como os que Léo viveu na hora dos pênaltis.
Ele declarou que comentou com alguns companheiros que não fazia ideia de como executaria sua cobrança.
E que não tinha noção de que o dele era o pênalti da classificação.
Léo merece aplausos pela honestidade.
O campeão da América foi testado nesses dois jogos contra o Vélez. Passou com uma dose de dificuldade um pouco maior do que se esperava.
A marcação argentina conteve Neymar, algo que não estamos acostumados a ver por aqui.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
CAVACO CHINÊS
Paulo, vinte anos vendendo cavaco chinês
"Olhe o cavaco chinês!
Olhe o cavaco chinês!
Eu vou casar no fim do mês..."
Seu Chico Honório (1927-1910)
quinta-feira, 24 de maio de 2012
FUTEBOL
Marcelo Bielsa, argentino, treinador do Athletic Bilbao
Caricaturas.blogspot.com
Do http://blogs.lancenet.com.br/andrekfouri/
“El fútbol es el primer deporte del mundo porque una misma causa puede ofrecer diferentes efectos. La mayoría de las cosas que suceden no son como las imaginamos. Hay mucho de casual. Sin embargo, los que pronostican y aciertan son considerados sabios. En cualquier caso, son atrevidos, no sabios. El que vaticina tiene la misma posibilidad de acertar que de no acertar.”
BIELSA, Marcelo
LANÇAMENTO DE "DESCENDÊNCIA DOS BESSA: GENEALOGIA"
Recado do amigo e escritor Marcos Pinto:
"Amigo Honório,
O meu parente próximo Dr. FRANCISCO PRAXEDES FERNANDES, incumbiu-me de convidá-lo e aos demais Confrades para se fazerem presentes ao lançamento do seu memorável livro intitulado "DESCENDÊNCIA DOS BESSA - GENEALOGIA", cujas orelhas tem as minhas simples opiniões.
A solenidade de lançamento será no dia 26 deste, às 10 horas da manhã, na sede do Clube Recreativo de Itaú. Após o lançamento, será oferecido almoço aos presentes.
Com certeza vai ser muito concorrido, posto que sairão vários ônibus daqui de Mossoró para o Itaú, como também contará com presenças de Confrades e Confreiras de Apodi e região. Conto com sua distinta e honrosa presença.
Aguardo sua confirmação.
Receba efusivo abraço deste COMBOEIRO DO CÓRREGO DA MISSÃO JESUÍTA DA ALDEIA DO LAGO PODY".
quarta-feira, 23 de maio de 2012
O UNIVERSO POLÍTICO BRASILEIRO ESTÁ ULTRAPASSADO, DETONADO E MERECE SER DELETADO!
22/05/2012 - 18h31m
*Helder Caldeira
Já é impossível conviver com o universo político brasileiro que nos cerca. Ele está ultrapassado, detonado e merece ser deletado. Nossos indigníssimos representantes são limitados. Ignorantes à enésima potência. Pior: eleitos e eleitores parecem satisfeitos com essa circunscrição apequenada e rasteira. Já dizia Goethe: Satisfazer-se com as limitações é miserável.
Basta questionar: nas últimas 24 horas, quantos quasímodos políticos estamparam os veículos de comunicação? São tantos! Sobram bigodes indecorosos, panças descuidadas, ridículos cabelos avermelhados e toda sorte (ou seria azar?!) de discursos falseados. Ninguém aguenta mais essas aberrações nacionais, sedimentadas em costumes e tradições tão seculares quanto vagabundas.
Em pleno século 21, a corrupção hedionda promovida pela famigerada indústria da seca no Nordeste rende matérias de capa em grandes jornais, mostrando que o coronelismo ainda vige em boa parte do país, convencendo milhares de ignorantes que até a água que lhes é fornecida à conta-gotas não passa de uma benesse, um favor, um ato de solidariedade de prefeitos, vereadores, deputados e governadores sensíveis à tragédia climática. Ninguém faz questão de dizer que aquela água é um direito dos cidadãos e um dever do Estado, previsto de forma inalienável na Constituição Federal. Ninguém os esclarece que a falta d’água não é apenas um desígnio do tempo e da geografia, mas um reflexo patente de reiterada roubalheira e ausência de investimentos sérios na região.
Nesse mesmo século 21, a maravilha da interatividade também serve à pilantragem política. Um sagaz cinegrafista do SBT conseguiu flagrar o deputado petista Cândido Vaccarezza (ex-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara) atentando contra o decoro, à democracia e até contra a gramática, em mal traçadas linhas trocadas por SMS com governador peemedebista Sérgio Cabral, garantindo que o PT irá blindá-lo no lamaçal da CPMI do Cachoeira. Você é nosso e nós é teu [sic], afiançou Vaccarezza ao mandatário do Rio de Janeiro, atolado até os lenços da cabeça nas cataratas de corrupção do bicheiro e da empreiteira Delta.
Não há nação que se sustente com dignidade com tanta bandalheira, hipocrisia e ladroagem. Nossos pilares estão rachados, prestes a desabar. Com urgência, precisamos de um retrofit. Em engenharia e arquitetura, esse termo define a modernização em larga escala de imóveis antigos, renovando por completo suas estruturas e preservando apenas suas qualidades. Em amplo aspecto é premente um retrofit político no Brasil, para o bem da democracia e da profilaxia.
* Escritor, jornalista , apresentador de TV e Comentarista Político da Rede Record, onde apresenta o iPOLÍTICA.
www.ipolitica.com.br – helder@heldercaldeira.com.br
terça-feira, 22 de maio de 2012
ABSURDO: TRABALHAMOS 5 MESES SÓ PARA PAGAR IMPOSTOS!
Brasileiro trabalha quase 5 meses só para pagar imposto, diz IBPT
21/05/2012, Fonte: O Globo
21/05/2012, Fonte: O Globo
RIO — Faltam nove dias para o contribuinte brasileiro finalmente começar a trabalhar para si próprio. Neste ano, são praticamente cinco meses —um dia a mais que no ano passado, já que 2012 é bissexto— somente para pagar tributos (impostos, taxas e contribuições) ao governo, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) obtido pelo GLOBO. Se morasse na Argentina ou nos Estados Unidos, seriam pouco mais de três meses exclusivamente para pagamento de impostos.
Assim, dá para entender o porquê de o cofundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin, anunciar a renúncia à cidadania americana. O jovem empresário brasileiro se mudou para os Estados Unidos em 1992 e se tornou cidadão americano em 1998. Agora mora em Cingapura, para se ver livre da carga que incide sobre os negócios.
A renda do brasileiro comprometida com os impostos só fez aumentar nos últimos anos, segundo o IBPT. Se em 2003, ele teve de destinar 36,98% de seu rendimento bruto para pagamento de impostos. Em 2012, essa fatia subiu para 40,98%. Em relação à década de 70, hoje se trabalha o dobro de tempo para pagar tributação.
O contribuinte brasileiro paga atualmente 63 tributos que incidem tanto sobre a renda, como o Imposto de Renda, a contribuição previdenciária, quanto impostos embutidos nos preços de produtos e serviços, como o ICMS e o IPI, além da tributação do patrimônio (IPTU e IPVA), e taxas como limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos e iluminação pública.
— A arrecadação tributária cresceu assustadoramente nos últimos anos e ainda temos que trabalhar para prover o que o governo não fornece. Enquanto o governo não fizer uma reforma que altere essa situação drasticamente, o quadro não muda — afirma João Eloi Olenike, presidente do IBPT.
Em 2011, só o governo federal tirou dos contribuintes quase R$ 1 trilhão em forma de impostos, sem contar os tributos pagos aos governos estaduais e municipais. A arrecadação das receitas federais teve um crescimento real, com base no IPCA, de 10,1%. A carga tributária deve bater recorde em 2011, chegando a 36,2% do PIB, segundo estimativas.
O presidente do IBPT pondera que se o contribuinte contar ainda despesas como plano de saúde, escola, e segurança do prédio, serviços que deveriam ser cobertos pelos impostos pagos, mas que, na prática, deixam a desejar, o contribuinte só passa a trabalhar para si próprio nos últimos meses do ano.
—A ineficiência do governo de oferecer serviços de qualidade e infraestrutura faz com que o brasileiro tenha que continuar a trabalhar até o dia 30 de setembro para pagar pelo que é prestado de forma ineficiente.
Imposto de Renda é o que mais incomoda, mas tributo sobre consumo pesa mais.
Os tributos sobre o consumo (ICMS, PIS, Cofins, IPI, ISS) são os que mais pesam na conta. Segundo o IBPT, eles correspondem a 23,24%, em média, da renda do contribuinte. Mesmo assim, é o Imposto de Renda o tributo que mais faz sofrer o brasileiro.
—É dele que as pessoas mais reclamam porque veem descontado no contracheque - avalia Rubens Branco, da Branco Consultores. —Já o imposto de consumo, ele não vê, o que não quer dizer que o imposto indireto seja mais justo— considera.
Segundo o IBPT, os tributos sobre a renda “comem” 14,72% da renda das famílias, enquanto que aqueles sobre o patrimônio correspondem a 3,02%.
Burocracia também traz custo alto para empresas.
Branco afirma que além das alíquotas altas, as empresas brasileiras ainda têm de arcar com o custo da burocracia. O tributarista cita a Declaração Anual de Capitais brasileiros no exterior, entregue todos os anos ao Banco Central por pessoas físicas e jurídicas com investimento superior a US$ 100 mil no exterior.
— A teia tributária asfixia não só pelas alíquotas, mas pelo trabalho que dá pagar direito. É uma mera obrigação estatística, mas pode custar até R$ 250 mil em caso de erro — afirma. —A Receita transformou as empresas em funcionários do governo impondo como obrigação acessória recolher uma parte para ela Receita e, uma vez que a informação esteja errada, as multas são altíssimas — acrescenta.
sábado, 19 de maio de 2012
JOAQUIM DE MOURA, MATADOR DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA: NOVAS INFORMAÇÕES!
Joaquim de Moura, o segundo da esquerda para a direita, no sentido horário (não considerar o homem de chapéu)
Ao escritor Ângelo Mário de Azevedo Dantas, autor da “CRONOLOGIA
DA POLÍCIA MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE” (175 anos de história – 1834 a 2009),
volumes 1 e 2, prefácio de Manoel Onofre Jr.; edição do Autor; 2010; obra de
inestimável valor para os estudiosos da história do Rio Grande do Norte, encaminhei
a consulta seguinte:
Amigo,
Consulta ao grande
historiador da Polícia Militar do Rn:
Que temos acerca do
Coronel Joaquim Teixeira de Moura, importante no Governo Juvenal Lamartine?
Temos foto?
Um grande abraço,
Honório de Medeiros.
E recebi, prontamente, a seguinte resposta:
Como vai o amigo?
Quanto a Joaquim de Moura, temos sim!
Ele era um dos grandes homens de confiança de JL[1].
Era pau pra toda obra. Necessitando matar alguém era com ele mesmo. Aquela
"estória" da virada do caminhão que transportava Chico Pereira ficou
engasgada por muito tempo.
Eu vou separar aqui algumas informações que tenho sobre ele
e repasso ao amigo. Tenho apenas duas fotos. Uma consta do livro História do
Batalhão de Segurança. A outra foi tirada de um jornal de 1935, onde ele está
postado ao lado de outros oficiais.
Joaquim de Moura atingiu o posto de coronel ao ser
transferido para a reserva remunerada. Em serviço ativo só chegou a major, mas
o pessoal daquela época conquistava até três degraus quando se aposentava.
Coronel Bento Manuel de Medeiros, pai de Maurilio Pinto era
major quando passou para a reserva. Foi a tenente coronel por direito natural
(um posto a mais) e foi a coronel por ter participado da intentona de 1935.
Como ainda tinha direito a mais um posto e já tinha alcançado o mais elevado,
então ganhou um adicional de 20% nos vencimentos.
Isso ocorreu com inumeros oficiais. Tivemos um oficial chamado
Antonio Mozart Soares - genitor do coronel Simar Lasfir Soares. Ele foi pra
reserva no posto de capitão era capitão quando atingiu o tempo de serviço para
a reserva e foi promovido a major, tenente coronel e coronel num mesmo ato,
justamente porque tinha direito a três promoções. A chamada lei de guerra e de
esforço de guerra também beneficiou policiais militares. Este era o terceiro
direito.
Ok, amigo: Vamos lá - da esquerda para a direita (o cara de
chapéu nada tem a ver):
1) Tenente Francisco Bilac de Faria - parente de
Juvenal Lamartine. Ele era o oficial de dia em 23 de novembro de 1935, quando
irrompeu a Intentona Comunista aqui em Natal. Bilac chegou a Coronel e foi
deputado estadual nos anos 60, salvo engano.
Como capitão, foi prefeito nomeado de Martins. Outro
detalhe: foi o primeiro oficial combatente a se formar em odontologia, isso em
1940, e chegou a atuar como dentista da PM mesmo antes de se formar. Tais
informações constarão do meu futuro livro - História do Serviço de Saúde da
PM-RN que pretendo publicar em agosto próximo.
2) Capitão Joaquim Teixeira de Moura;
3) Tenente Coronel
Luis Júlio - que era o Cmt da PM na Intentona de 1935. Ele também era sogro do
Dr. Onofre Lopes da Silva - patrono do atual Hospital Universitário. Era
cunhado do Tenente-Coronel Jacinto Tavares Ferreira que concluiu o inquérito
policial contra Lampião acerca do Fogo da Caiçara.
Luis Júlio era tio da minha avó paterna, fato que descobri há
cerca de quatro anos passados. Antes de 1970, morei na Av. Rio Branco, quase
esquina com a Juvino Barreto e me lembro bem de um irmão mais novo do coronel
Luis Júlio. Chamavam-no "Dinda" e ele gostava muito de mim, me levava
para tirar retrato 3x4, cortar o cabelo etc.
4. Tenente Severino
Raul Gadelha - era o Cmt do Esquadrão de Cavalaria durante a intentona. Chegou
a ser Cmt Geral da PM nos anos 50.
[1]
Juvenal Lamartine.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
DJALMA MARANHÃO, O QUIXOTE POTIGUAR
Antenor Laurentino Ramos
Por Antenor Laurentino Ramos
Conheci Djalma Maranhão em Nova Cruz, quando eu era ainda estudante secundarista. Estava no ardor da mocidade. O grande político fora fazer uma palestra juntamente com Aldo Tinoco, o pai. Salatiel, George, Marcílio de Dr. Otacílio, Claudionor Soares, Raimundo Menezes e eu fôramos convidados por Eliezer Menezes, líder operário comunista da cidade. A reunião teria lugar no Cinema Éden, de Paulo Bezerra Souto, simpatizante também esquerdista também, da época.
Tempos depois, iria reencontrá-lo no seu exílio em Montevidéu. Já o conhecia de vista no Jornal de natal de sua propriedade. Via-o sempre, em conversa animada com meu irmão Afonso e Luis Maranhão Filho. Eu trabalhava, nesse tempo, no Diário de Natal. Como revisor.
Na viagem ao Uruguai, comemorávamos a conclusão de nosso curso, os Bacharéis de Direito de 1971, o Planex. Fazia parte dessa excursão 13 alunos, 6 homens e 7 mulheres. Entre eles relembro Lúcio Teixeira dos Santos, Andrier Abreu, Molina, Mizael Barreto, Elias Maciel, Cléa Bacurau, Lúcia Barbosa, Méssia Feitosa, Jandira, Nadja Lopes Cardoso, Salete do Ó Pacheco…
Foi uma longa e estafante viagem via terrestre. Saíramos de Natal, pernoitando no Rio, para retomarmos nossa viagem rumo às terras gaúchas. Chegamos mesmo a assistir em Porto Alegre a um jogo no Estádio Beira-Rio, Internacional versus Atlético Mineiro.
Na capital do Uruguai ficamos hospedados no Hotel Campeotti, Calle General Artigas. Após um demorado repouso, saíramos para o primeiro encontro com a bela cidade. Era uma das que nos tempos de estudante do Ginásio Natal desejava conhecer e o responsável por esse desejo o era meu saudoso professor de geografia.
Djalma já nos procurara à noite com Dona Dária, sua esposa. Trazíamos uma carta de seu filho, Marcus, nosso contemporâneo de Faculdade. Não chegamos a vê-lo nesse primeiro contato, Mizael e eu. Fôramos convidados por um amigo que fizéramos em Montevidéu a um passeio noturno pelo lugar com direito a vinho e cerveja.
No dia seguinte, lá estava Djalma de novo. Oferecera-se para ser nosso guia turístico e não largamos mais. Relembro o nosso primeiro contato, os colegas nos apresentaram a ele e a Dona Dária. Foi quando eu disse: “- Djalma, a gente já se viu em Nova Cruz. Eu era bem jovem. Depois, acostumei-me a vê-lo conversar com o meu irmão”. “- Quem é seu irmão?” “- Afonso Laurentino Ramos”. “- Não acredito, disse-me ele.
Desde ontem que eu pergunto a esses meninos se conhecem Afonso e deparo-me agora com o seu irmão!” “- Como vai ele? Namora ainda Lourdinha Alves, Diúda, irmã de Aluizio?” E notava em seu semblante, a alegria de saber notícias do Afonso! Maior surpresa, para mim, foi quando me perguntou: “- E Antonio Laurentino, seu pai?” “- E você conhece meu pai?” “- Ora, responde-me rindo: mas que a Afonso! Tomei muita cachaça e uísque com teu pai na praia da Redinha”. Sentia-me orgulhoso e emocionado por sabê-lo íntimo de meu pai e de meu querido irmão. Foi assim que vi Djalma Maranhão pela última vez.
Só falava em Natal; sentia-se nele a saudade do solo querido. Contou-nos muitas de suas peripécias após a prisão em Natal, a caminho do exílio. Que figura interessante e carismática, o Djalma! Um ano depois, voltava a Natal, não mais para retomar as suas atividades políticas que era a razão de ser de toda a sua história. Chegava morto e aplaudido pelo povo, com gritos de alegria e de lágrimas, ele que fora o maior prefeito de Natal de todos os tempos, o verdadeiro prefeito do povo!
Djalma era um político raro nos dias de hoje, uma espécie em extinção. Sentia Natal e o seu povo; confundia-se com ele, e a sua popularidade não era uma popularidade fabricada pela mídia, era natural, fruto da sua empatia com a gente potiguar. Tinha aquele que os franceses chamam de rapport, uma ligação afetiva que se estabelecia num primeiro momento com as massas.
Djalma merecia ser mais bem lembrado em Natal. O muito que se fizer em sua homenagem, é pouco pelo que para nós representou como líder e administrador. Revolucionou mesmo a administração da cidade. Foi, com Aluizio Alves, o exemplo maior, infelizmente não continuado, de excelência administrativa aliada a um idealismo sem par. Considero-me um privilegiado em ter com ele privado da sua convivência, do seu sonho de ser o redentor de sua terra. Grande Djalma, figura marcante, Dom Quixote mesmo, condestável de seu tempo em Natal! Salve!
A COPA NATALINA
Woden Madruga
blogdojohanadonis.blogspot.com
Por Woden Madruga
O artigo do deputado e ministro Aldo Rebelo, “A Copa em Natal”, publicado nesta Tribuna, quarta-feira (16), é um primor de vereador. Começando pelas lutas dos índios empurrando os franceses do Rifoles para fora da barra do Potengi. Referiu-se aos holandeses (não os do fantástico carrossel da seleção da Holanda de 1974, do técnico Dinus Michelis - seu inventor - e do craque Johann Cruyft, plagiado agora pelo Barcelona, mas os compatriotas de Jacob Rabi, cabreiro e sanguinário), lembrou-se de Nísia Floresta, depois de tirar um fino em Clara e Felipe Camarão, e, num pulo, chegou a Cascudo, sem esquecer de citar mais duas celebridades: Micarla de Souza e Rosalba Ciarlini. O ministro do Esporte parecia estar se exercitando para a prova do Enem. Seria aprovado?
Tenho minhas dúvidas. No capítulo futebol, tiraria zero. Na apologia que fez da construção da Arena das Dunas, enfileirando as mesmas mesmices oficiais e outros lugares comuns - sempre reservados - o ministro escreveu que o estádio “acolherá a tradição e paixão dos torcedores do ABC, América, Alecrim, Riachuelo e outros times...”. Ora bolas, o time do Riachuelo já não existe há mais de vinte anos. A última vez que o Riachuelo pisou o gramado (os locutores esportivos de hoje dizem “adentrando o gramado”) do finado Machadão, o almirante Tamandaré ainda era guarda-marinha.
Semana passada teve outra figuraça de Brasília que “adentrou” no cenário natalense. Foi o presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho (nascido em Canoas) Marcos Maia, PT (o Rabelo, que também presidiu a Câmara, é alagoano-pernambucano, do PCdoB, eleito por São Paulo). Era a primeira vez que o canoense visitava a cidade. Veio apenas para receber o título de Cidadão Natalense, que lhe foi conferido pela luzidia Câmara de Vereadores. Desceu aqui de um avião da Força Aérea, em voo oficial, e se dirigiu do aeroporto até a Rua Jundiaí, no Tirol, onde fica a Câmara Municipal. Era noite. Casa lotada de políticos e personagens afins. Na mesma noite retornou a Brasília, sem ter visto o por do sol de Igapó.
No discurso de agradecimento, com acentuado sotaque gaúcho-canoense, o deputado disse que se sentia honrado e feliz por ser, a partir daquele instante, mais um “natalino”. Na cabeça do deputado quem nasce em Natal é natalino, certamente o seu imaginário despertando em volta dos Três Reis Magos adorando o menino na manjedoura. Na lógica do canoense, perfeito: Natal, natalino. Mas o novo “natalino” corrigiu a gafe, soprado por alguém mais bem informado (na Câmara Municipal sempre tem um mais sabido) e se autoproclamou, feliz que só e sem um desconfiômetro, “a partir de agora, sou um natalense”.
Quando li nos blogues daqui e de acolá a gafe do presidente da Câmara dos Deputados, me lembrei do meu tempo de menino (puxa, como faz tempo!) e que tinha um amigo que se chamava Natalino, batizado e registrado em cartório. Eram três irmãos, todos do mesmo tope: Natalino, Riograndino e Ipiranga. Filhos do velho Luiz Cortez, dono da mais famosa banca de jornais e revistas de Natal, o Zepelim, que ficava na esquina da avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa (calçada do Natal Clube), Natal do tempo da Guerra, idos de 40 e 50. O irmão mais velho do trio foi Antônio Cortez, vereador de Natal por muitos mandatos. Saudades deles todos, principalmente de Ipiranga e Riograndino, que eram companheiros das peladas na Praça João Tibúrcio e da Rua das Laranjeiras, por trás do Convento Santo Antônio, e das conversas fiadas na esquina com a Rua Padre Pinto, mais embaixo, na jusante, a Casa de Maria Boa, atiçando a curiosidade (ou seria a imaginação?) da maloca excitada. Por ali passavam figuras respeitáveis da aldeia.
Pois bem, se o deputado Marco Maia, homenageado pela Câmara de Vereadores, se autoproclamou um “natalino”, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, depois de seu artigo nesta Tribuna do Norte, pode ser considerado (por que não?) um “riograndino”.
Leva jeito.
Tenho minhas dúvidas. No capítulo futebol, tiraria zero. Na apologia que fez da construção da Arena das Dunas, enfileirando as mesmas mesmices oficiais e outros lugares comuns - sempre reservados - o ministro escreveu que o estádio “acolherá a tradição e paixão dos torcedores do ABC, América, Alecrim, Riachuelo e outros times...”. Ora bolas, o time do Riachuelo já não existe há mais de vinte anos. A última vez que o Riachuelo pisou o gramado (os locutores esportivos de hoje dizem “adentrando o gramado”) do finado Machadão, o almirante Tamandaré ainda era guarda-marinha.
Semana passada teve outra figuraça de Brasília que “adentrou” no cenário natalense. Foi o presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho (nascido em Canoas) Marcos Maia, PT (o Rabelo, que também presidiu a Câmara, é alagoano-pernambucano, do PCdoB, eleito por São Paulo). Era a primeira vez que o canoense visitava a cidade. Veio apenas para receber o título de Cidadão Natalense, que lhe foi conferido pela luzidia Câmara de Vereadores. Desceu aqui de um avião da Força Aérea, em voo oficial, e se dirigiu do aeroporto até a Rua Jundiaí, no Tirol, onde fica a Câmara Municipal. Era noite. Casa lotada de políticos e personagens afins. Na mesma noite retornou a Brasília, sem ter visto o por do sol de Igapó.
No discurso de agradecimento, com acentuado sotaque gaúcho-canoense, o deputado disse que se sentia honrado e feliz por ser, a partir daquele instante, mais um “natalino”. Na cabeça do deputado quem nasce em Natal é natalino, certamente o seu imaginário despertando em volta dos Três Reis Magos adorando o menino na manjedoura. Na lógica do canoense, perfeito: Natal, natalino. Mas o novo “natalino” corrigiu a gafe, soprado por alguém mais bem informado (na Câmara Municipal sempre tem um mais sabido) e se autoproclamou, feliz que só e sem um desconfiômetro, “a partir de agora, sou um natalense”.
Quando li nos blogues daqui e de acolá a gafe do presidente da Câmara dos Deputados, me lembrei do meu tempo de menino (puxa, como faz tempo!) e que tinha um amigo que se chamava Natalino, batizado e registrado em cartório. Eram três irmãos, todos do mesmo tope: Natalino, Riograndino e Ipiranga. Filhos do velho Luiz Cortez, dono da mais famosa banca de jornais e revistas de Natal, o Zepelim, que ficava na esquina da avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa (calçada do Natal Clube), Natal do tempo da Guerra, idos de 40 e 50. O irmão mais velho do trio foi Antônio Cortez, vereador de Natal por muitos mandatos. Saudades deles todos, principalmente de Ipiranga e Riograndino, que eram companheiros das peladas na Praça João Tibúrcio e da Rua das Laranjeiras, por trás do Convento Santo Antônio, e das conversas fiadas na esquina com a Rua Padre Pinto, mais embaixo, na jusante, a Casa de Maria Boa, atiçando a curiosidade (ou seria a imaginação?) da maloca excitada. Por ali passavam figuras respeitáveis da aldeia.
Pois bem, se o deputado Marco Maia, homenageado pela Câmara de Vereadores, se autoproclamou um “natalino”, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, depois de seu artigo nesta Tribuna do Norte, pode ser considerado (por que não?) um “riograndino”.
Leva jeito.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
A MORTE DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA
Por Volney Liberato (*)
Graças à mediocridade-plural.blogspot.c om.br (Laélio Ferreira).
“Desde o dia em que um desconhecido foi morto pela polícia na estrada de Currais Novos, espalhou-se pelo sertão, vaga mas persistente, a suspeita de que ali morrera outro que não Chico Pereira”.
(Padre Pereira – Vingança, não!).
Derna do tempo d'eu menino”, quando a escritora pernambucana Aglae Lima de Oliveira respondia sobre “Lampião” no Programa J. Silvestre, na extinta TV Tupi, que eu começei a me interessar, a ler e a pesquisar sobre o cangaço – e isso já vão mais de 30 anos.
Chico Pereira
Quem passa diariamente por aquele trecho da Maniçoba, talvez não perceba esta capelinha lá existente, a esquerda da Rodovia BR 226, sentido Currais Novos-Natal. Foi o exato local que o cangaceiro Chico Pereira foi assassinado quando vinha responder júri no Acari. E o pior é que Chico Pereira morreu inocente, pois nenhum crime seu foi constatado pela justiça norte-riograndense.
*Volney Liberato é filho deurrais Novos, Seridó - RN. Bacharel emRuínas do casarão pertencente a Chico Pereira de Nazarezinho, Situado no sítio Jacu, município d
Graças à mediocridade-plural.blogspot.c
Currais
Novos na vida de Chico Pereira
“Desde o dia em que um desconhecido foi morto pela polícia na estrada de Currais Novos, espalhou-se pelo sertão, vaga mas persistente, a suspeita de que ali morrera outro que não Chico Pereira”.
(Padre Pereira – Vingança, não!).
Derna do tempo d'eu menino”, quando a escritora pernambucana Aglae Lima de Oliveira respondia sobre “Lampião” no Programa J. Silvestre, na extinta TV Tupi, que eu começei a me interessar, a ler e a pesquisar sobre o cangaço – e isso já vão mais de 30 anos.
Tempos depois, ao passar pela BR 226, quase a
entrada da cidade, deparei-me com um cruzeiro erguido para sinalizar o local
onde morreu o cangaceiro paraibano Chico Pereira. Depois disso, ao visitar o
Museu do Acari (onde funcionou a antiga Cadeia Pública), vi a foto do citado
cruzeiro, com uma outra foto de Chico Pereira, aí comecei a nutrir a
curiosidade de ler o livro “Vingança, não! - Depoimento sobre Chico Pereira e
Cangaceiros do Nordeste”, 5ª ed. Rep's Gráfica e Editora – João Pessoa / PB –
2004, de F. Pereira Nóbrega (Padre Pereira), filho do cangaceiro Chico Pereira,
que naquele quase amanhecer do dia 28 de outubro de 1928, pereceu macabramente,
exatamente no KM 177 da hoje rodovia BR 226, próximo a cidade de Currais Novos,
pelas mãos de uma escolta policial, que tinha no comando nada menos do que o
famigerado então Tenente Joaquim de Moura.
A escolta era ainda composta pelo sargentos Luís
Auspício e Feliciano Tertulino, sendo o “chofer” o sargento Genésio Cabral de
Lima. O livro citado, na época, era difícil, pois até hoje só foram feitas
cinco edições do mesmo, e é esta última que encontra-se em minhas mãos hoje,
que me foi entregue pelas mãos de um companheiro também pesquisador, a quem
agradeço que, dia 08 de Janeiro, colocou-lhe sobre a minha mesa, no Detran. Ali
estava mais de 20 anos de espera, por aquele que, um dia, seria o delator da
verdadeira história da morte do cangaceiro Chico Pereira, nos “aceros” de
Currais Novos.
Chico Pereira
A história se inicia quando Chico Pereira,
paraibano de Sousa, já envolvido numa questão de vingança familiar e já andando
debaixo da “canga”, é acusado – injustamente, segundo relatos da época – de
ter, junto com um pequeno bando, assaltado uma propriedade, na Rajada, de
Joaquim Paulino de Medeiros, o legendário coronel Quincó da Ramada. Chico foi
preso na Paraíba e recambiado para a detenção de Natal, onde responderia juri
no Acari.
No dia 28 de Outubro de 1928, a escolta que o
recambiava algemado para o Acari, comandada pelo Tenente Joaquim de Moura,
estanca a poucos quilómetros da entrada de Currais Novos, numa parte da estrada
de terreno elevado, tirando-o da carroceria e o golpeando a coices de fuzil. Já
no chão, ferido de morte, o Tenente Moura ordena ao sargento Genésio para
precipitar o carro sobre o corpo de Chico Pereira, numa altura de alguns metros,
o que fez com que o corpo fosse esmagado em algumas partes (cabeça e abdómen).
Os participantes da escolta passaram então a
ferirem-se mutuamente, para fazerem crer que realmente tinham sido vítimas do
desastre que vitimou fatalmente somente o preso. Enquanto eram “atendidos” em
Currais Novos, o corpo de Chico Pereira era levado para a Cadeia, na então Rua
do Rosário (hoje Vivaldo Pereira), onde permaneceu exposto á visitação pública
até a hora do seu sepultamento, que ocorreu lá pelas 21 horas, no Cemitério
Público de Santana, em cova hoje não mais identificada.
A verdade é que Chico Pereira jamais havia posto os
pés em Currais Novos, e quando o fez foi tão somente por alguns minutos, que
separaram a sua vida da sua morte. Pisou no solo curraisnovense o tempo
necessário para permanecer de pé e receber as coronhadas de fuzil que o vitimou
e ser também vítima de um plano macabro, e por que não dizer “político”.
O advogado de Chico Pereira, em Natal, era ninguém
menos do que João Café Filho, o criador de dezenas de sindicatos na capital, e
que por isso ganhou a pecha de “comunista”. Era plano de Café Filho acompanhar
a escolta, de seu carro, de Natal ao Acari, para assim ter certeza da
integridade física do seu constituído. Mas, uma pessoa do seu relacionamento,
alertou-o: “Se a polícia vai mesmo matar Chico Pereira, pelo caminho, não vai
deixar testemunhas sem farda. Na certa você morrerá também”. Café então
retornou para Natal.
No dia seguinte, lá pelas 10 horas da manhã, recebe
telegrama narrando-lhe o “desastre” e a morte “acidental” do seu constituído. O
Tenente Moura era “pau-mandado”, como se dizia, do governo do estado, que tinha
Juvanal Lamartine no poder. O coronel Quincó era gente grande no dinheiro e na
política regional, influente nas eleições de voto de cabresto e possuidor de
curral eleitoral nutrido. Por isso, gente grada aos interesses da burguesia
instalada no comando do poder estadual.
Mas, se a morte de Chico Pereira se deu,
involuntariamente, em Currais Novos, a do Tenente Joaquim de Moura, por ironia
do destino, também. Anos mais tarde, já nos anos 40, o já então Coronel Joaquim
de Moura vem a Currais Novos, sob pretexto de participar de uma festa numa
fazenda avizinhada á cidade. Mas o verdadeiro motivo da estada do coronel Moura
em Currais Novos, segundo me relatou o saudoso Euzébio Hipólito de Azevedo,
carnaubense, octogenário, que conheceu o Coronel Joaquim de Moura de perto e
privou de sua amizade, que o motivo da sua vinda a Currais Novos era para se
“acertar” com uma certa mulher – casada – oriunda de uma família “importante”
do município, que havia tido um caso com ele na capital.
Como o coronel apaixonou-se pela tal mulher, veio
disposto a tudo, até ameaçando matar o marido dela, caso ela não aceitasse
juntar-se a ele. Pela tarde, o coronel Moura sente-se mal e é acometido de um
ataque cardíaco, vindo a falecer. Contou-me ainda Euzébio que, seu corpo foi
vestido com a farda da Polícia - mandada buscar em Natal ás pressas - numa casa
de esquina, que depois pertenceu a Severino Maroca, na atual Rua Dix-Sept
Rosado (hoje residência de Maria José Mamede Galvão). O destino fatal uniu as
duas personagens: Chico Pereira e Joaquim de Moura. Vítima e algoz, ambos
finando-se em Currais Novos, em épocas diferentes, numa cidade em que ambos não
tinham a menor relação.
O capítulo que trata da morte de Chico Pereira, em
Currais Novos, é intitulado “O Morto que Ninguém Chora”, e é escrito de uma
forma, digamos, poética, dada a verve do autor, que não conhecia Currais Novos,
mas a descreveu tão bem, como resultante dos depoimentos, que mais parecia um
curraisnovense contemporâneo dos fatos, descrevendo a vida e os costumes da nossa
comuna, naquele distante e fatídico 1928.
*Volney Liberato é filho deurrais Novos, Seridó - RN. Bacharel emRuínas do casarão pertencente a Chico Pereira de Nazarezinho, Situado no sítio Jacu, município d
Ruínas do casarão pertencente a Chico Pereira de
Nazarezinho, Situado no sítio Jacu, município de Nazarezinho, encontra-se,
infelizmente em ruínas.
(*) Volney Liberato é filho de
Currais Novos, Seridó - RN. Bacharel em Administração pós-graduado pela UFRN;
repórter pela Oficina de Jornalismo "Genival Rabelo"; pesquisador do
cangaço, história regional e cultura popular.
COMENTÁRIOS:
Anônimo disse...
Anônimo disse...
Sou filho de um dos primos de 2ºgrau do
Chico Pereira, Manoel Pereira de Lira, que nasceu em Souza-PB em 04/11/1928.
Filho de Maria da Glória Pereira, dona da Fazenda Mãe D'Água. Soube de como
mataram o Chico Pereira de forma diferente. Ele não foi preso por suspeita de
assalto. Ele se entegou à polícia por orientação de seu amig e advogado Café
Filho que lhe prometeu um julgamento justo. Ele era caçado por ter matado um
camarada que havia matado um membro de sua família. Ele prendera o assassino a
primeira vez e o entregou à polícia, que logo em seguida liberou o assassino
(Provavelmente que om contratou para cometer o crime teve poder para isso).
Chico Pereira pendreu, de novo o miliante, e o entregou à polícia com a
promessa de que se o soltassem de novo, ele o mataria, e foi o que acnteceu.
Quando soltaram o cabra pela 2ªeira o matou, passando a ser foragido da polícia
que passou a considerá-lo integrande do cangaço. Chico Pereira chegou a trocar
favores com o Lampião e chegou a contar com a ajuda de Corisco para fugir das
ciladas dos "macacos", como os policiais eram conhecidos na época.
Depois que Chico Pereira se entregou à polícia, para ser julgado em Natal, no
trajeto, eles o mataram simulando o acidente. Eu tenho um tio que tem este
livro "Vingança Não!" Mas achava que o autor fosse o Frei Lira. Não
sabia que era conhecido como Padre Pereira, afinal, eu tinha apenas 9 anos
quando me contaram esta história. Hoje tenho 48. Sou economista, mas me
interesso por história, principalmente quando se refere à cultura popular.
Quando tverem mais informações sobre o Chico Pereira e a família dele, me
passe, por favor. Meu e-mail é michaellir@hotmail.com Grato, Michael Pereira de
Lira.
Mendes e Mendes disse...
Michael Pereira de Lira: Não sou
detetive e nem tão pouco advogado. Mas acredito plenamente que Café Filho (que
depois chegou a ser presidente do Brasil), sabia muito bem do malabarismo do
comando policial. Mataram o cangaceiro Chico Pereira no meio da covardia,
quando as autoridades devem proteger, e não fingar absurdos de qualquer ser
humano. A obrigação da polícia é nada mais do que prender o réu, e entregá-lo
ao poder judiciário, não matá-lo como aconteceu com ele, Jararaca, que foi
covardemente assassinado em Mossoró, no dia 18 de junho de 1927, cinco dias
depois da invasão de Lampião. Com medo da jararaca humana se soltar, ou mesmo
Lampião voltar à cidade para resgatá-la, os policiais resolveram assassiná-la.
É claro que não devemos deixar de elogiar os bravos homens que defenderam
Mossoró do ataque de Lampião. Mas também não devemos dizer que Mossoró foi uma
grande heroína. Qual é a razão finalmente? Heroína desse jeito? O jornalista
Geraldo Maia, diz que no depoimento baseado que Pedro Sílvio de Morais, um dos
integrantes da escolta que matou o cangaceiro, fez ao historiador Raimundo
Soares de Brito, disse-lhe que no momento da saída da cadeia de Mossoró,
conduzindo-o para o cemitério São Sebastião para ser executado (o cangaceiro
sem saber da covardia), e ao dar entrada no carro, Jararaca disse que tinha deixado
as alpargatas na prisão. Pediu ao comandante para mandar buscá-las, pois não
queria chegar na capital com os pés descalços. O tenente-comandante então disse
que em Natal lhe daria um par de sapatos de verniz. Quando os automóveis
pararam no portão do cemitério, Jararaca interrogou: - Mas isto aqui é o
caminho de Natal? Como resistisse descer do automóvel, um soldado,
empurrando-o, deu-lhe uma pancada com a coronha do fuzil. No cemitério,
mostraram-lhe uma cova aberta lá num canto, e um policial perguntou-lhe: -Sabe
para que é isso? -Saber de certeza não sei não. Mas, porém estou calculando. -
Disse Jararaca. Não é para mim? Agora, isso só se faz porque me vejo nestas
circunstâncias, com as mãos inquiridas e desarmadas! Um gosto eu não deixo para
vocês: é se gabarem de que eu pedi que não me matassem. Matem! Matem que matam,
mas é um homem! Fiquem sabendo que vocês vão matar o homem mais valente que já
pisou neste... Mas o Jararaca não teve tempo de dizer o que queria. Um soldado,
por trás dele, deu-lhe um tiro de revólver na cabeça. Ele caiu e foi empurrado
com os pés para dentro da cova. Ainda comentam que ele foi enterrado vivo. Uma
justificativa para que possamos defender o bandido, é que ele estava algemado,
baleado, faminto e muito doente. Existe um dito popular que diz: “não se mata
homem deitado e nem amarrado”. Dizem que foi chamado um médico para tratar do
bandido. Mas tenho plena convicção que não passa de uma grande mentira, pois o
nome deste médico não aparece em documentos sobre o fato. Não deram ao marginal
nenhum comprimido, para que ele se sentisse aliviado das dores causada pela
bala que perfurou o seu peito e caminhou rasgando o pulmão. Isso, se ver
claramente na foto que foi tirada no momento em que ele estava na cadeia.
Desculpa-me minha Mossoró! Mas você não deve se gloriar dos absurdos feitos
pelos teus filhos. Eu sei que você não tem culpa dos erros cometidos por eles.
Mas essa prática violenta está sendo abominada pelos teus netos, e será sempre
pelos teus bisnetos, trinetos e futuras gerações. José Mendes Pereira -
Mossoró-Rn.
domingo, 13 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
A QUESTÃO DO PODER
Ernest Becker
Por Honório de Medeiros
Em “Power:
A New Social Analysis”, Sir Bertrand Russel expõe a teoria de que os
acontecimentos sociais somente são plenamente explicáveis a partir da idéia de
Poder[1].
Não algum Poder específico, como o Econômico,
ou o Militar, ou mesmo o Político[2], mas
o Poder com “P” maiúsculo, do qual todos os tipos são decorrentes, irredutíveis
entre si, mas de igual importância para compreender a Sociedade.
A causa da
existência do Poder, diz ele, é a ânsia infinita de glória[3],
inerente a todos os seres humanos.
Se o homem não ansiasse por
glória, não buscaria o Poder. Ânsia infinita posto que o desejo humano não
conhece limites.
Essa ânsia de glória dificulta a
cooperação social, já que cada um de nós anseia por impor, aos outros, como ela
deveria ocorrer e nos torna relutantes em admitir limitações ao nosso poder
individual. Como isso não é possível, surge a instabilidade e a violência.
Essa ânsia
de glória, cuja manifestação objetiva é o exercício do Poder, pode ser
encontrada em qualquer ser humano: explicitamente nos guerreiros, santos, ou
políticos, e implicitamente nos seus seguidores: Xerxes não precisava de
alimentos, roupas, ou mulheres quando invadiu Atenas; Newton não precisava
lutar pela sobrevivência quando empreendeu escrever seus “Principia”; São
Francisco de Assis e Santo Inácio de Loyola não precisavam criar ordens
religiosas para difundir a palavra de Cristo.
Somente o amor ao Poder
explicaria realizações tão singulares.
Portanto,
para Russel, a força propulsora das transformações sociais se resume no apego do
indivíduo ao Poder glorioso, que é inerente a qualquer ser humano.
Cabe agora
indagar: o que leva o homem a ansiar por glória, e em ansiando, lutar pelo
Poder, posto que este é o instrumento, segundo se depreende da leitura de
Russel, por meio do qual nós a obtemos?
Ernest
Becker desenvolveu, a partir da leitura de Oto Rank e Soren Kiekergaard, em sua
obra premiada com o Pulitzer de 1974, a teoria de que buscamos o heroísmo para
lutarmos contra a morte. Poderíamos introduzir a noção de “heroísmo” como uma etapa a ser trilhada para
alcançarmos a “glória” sem desconstruirmos sua teoria? Creio que sim.
Diz-nos ele
em seu prefácio:
“A
perspectiva da morte (...) impõe uma concentração admirável da mente. A tese
principal deste livro é que ela faz muito mais que isso: a idéia de morte, o
temor a ela, persegue o anima humano como nenhuma outra coisa: ela é um dos
maiores incentivos da atividade humana – atividade em grande parte destinada a
evitar a fatalidade da morte, a vencê-la negando de algum modo se ela o destino
final do homem”.
Mas e qual
a causa dessa tão acirrada, desmedida, imemorial, mas não unânime luta contra a
morte? Que ela não é unânime nos dá idéia o suicídio, algo tão complexo que
levou Albert Camus a dizer certa vez ser ele a grande questão filosófica do
século XX.
E quanto ao
desaparecimento voluntário, a negação da busca pela glória, no qual cabe, tão
bem, “l’enfant terrible” francês Arthur Rimbaud, autor do célebre “Une saison en enfer”?
Complexo.
É possível que muito embora Russel tenha razão
quanto à explicabilidade dos fatos sociais a partir do Poder, assim mesmo com
“P” maiúsculo, não seria a ânsia de glória que levaria o Homem a buscá-lo, mas,
talvez, a necessidade de ampliação do espaço de possibilidade de sua
sobrevivência, e da sua espécie, uma herança hereditária, tal como nos aponta
Charles Darwin, que, em tendo razão, coloca o que o marxismo propõe como etapa
natural do processo...
[1] Poder,
segundo Bobbio, em Teoria
Geral da Política, no início do capítulo acerca de Política e
Direito, diz que Poder deve ser
entendido como a capacidade de influenciar, condicionar, determinar a conduta
de alguém.
[2] Bobbio, em Teoria Geral da
Política, abre o capítulo alusivo a Política e Direito expondo que o termo
“Política” diz respeito às ações por meio das quais se conquista, mantém e
exerce o Poder último ou soberano, tal e qual o dos governantes sobre os
governados.
[3] Em
Darwin a obtenção da“glória” é um dos
meios por intermédio dos quais o homem amplia as possibilidades de
sobrevivência dos seus gens.
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