sexta-feira, 4 de abril de 2025

OS QUE DIZEM "NÃO"

 


Por Gustavo Sobral


Sobre o mais novo livro de Honório de Medeiros, uma publicação da Biblioteca Ocidente

 

Honório de Medeiros descobre o ensaio como forma de expressão e o usa como exercício para expor como a ciência, a história, a filosofia e a literatura trataram a figura do fora do comum, o outsider. Numa forma toda sua, apresenta em livro um ensaio erudito para um tema rebelde.

Um passo de alguém que, ao estudar casos concretos de figuras fora da curva como Massilon e Jesuíno Brilhante, agora sai dos casos em particular para pensar o arquétipo. Também é, observando a obra do autor e o seu último livro, o De uma longa e áspera caminhada (2022), mais um abraço ao exercício de pensar polifônico.

Ler Honório de Medeiros é também ler todos aqueles que foram eleitos para acompanha-lo. Uma bibliodiversidade impressionante e instigante. Talvez, você termine a leitura como uma listinha de autores e livros para ler, porque é um livro que também nos leva para fora.

A leitura corre como um thriller, os assuntos vão se sucedendo, se completando, ou abrindo janelas paralelas (e não). O outsider está lá, como também o seu contrário, o homem comum, e não faltam eles, os cangaceiros, tema caro ao autor, e, nesta parte em especial, o autor é narrador, e temos mais uma camada deste livro.

O livro de Honório de Medeiros é curioso, interessante, novidadeiro, tanto na opção da forma, o ensaio; quanto na eleição do tema, o outsider, sendo ele mesmo, o autor, um outsider ao produzir uma obra incomum. Singular e inclassificável. É o livro do ano.

Publicação caprichada da editora Biblioteca Ocidente, comandada por Francisco Issac Dantas, pode e deve ser adquirido, digital ou impresso, no site da editora: https://revistagalo.com.br/selo-bo/os-que-dizem-nao/

Uma resenha sobre o livro anterior: O fio que conecta a trama e uma apreciação da trilogia:  A trilogia de Honório de Medeiros

quarta-feira, 26 de março de 2025

ESSE AMOR...



* Honório de Medeiros


Esse amor que não sufoca, mas, se fazendo necessário, sim. Esse amor que reclama da ausência, e se declara em silêncio, quando a lua chega e ilumina o quarto por entre as persianas, a camisa do pijama se deslocando pelo corpo ao qual cobria para ocultar os nuances realçados pelo luar. Esse amor que é uma dança, às vezes arrebatador como uma valsa, outra, suave como um samba malemolente; às vezes frenético como um rock; outra, coreografado, e complexo como um tango. Esse amor que é suave como uma gota de suor descendo lentamente ao longo do pescoço, ou denso e apaixonante como uma pega de boi na vaquejada raiz; esse amor que é tempestade e calmaria. Esse amor...

quarta-feira, 12 de março de 2025

OS QUE DIZEM "NÃO"

Disponível o livro físico na AMAZON e no site da UICLAP (loja.uiclap.com)

Ebook na aba Editora Biblioteca do Ocidente do site da Revista Galo (www.revistagalo.com.br)


SUMÁRIO

PREÂMBULO

À guisa de introdução.

OS QUE DIZEM “NÃO”

1.    Pensadores existiram e existem que supõem ser o processo histórico impulsionado por seres humanos singulares. 

2. A conjectura de que seres humanos singulares são aqueles que dizem “não” a suas circunstâncias, e, assim, impulsionam o processo histórico.

3. Dizer “não”. 

4. O que é um “outsider”? 

5.  Prometeu: o mito fundante de uma nova perspectiva. 

6. O homem comum. 

CONEXÕES

7. Há algumas histórias no meio do caminho. 

8. Uma outra história, mais complexa.

9. Os excêntricos, dotados de pensamento flexível, e tendentes à divergência. 

10. Todo “não” é um “meme”; todo “meme” é um “não”. 

11. Os cangaceiros: “outsiders”?

ADENDOS

12. O individualismo metodológico.

13. Inato ou adquirido?

14.     O “bem” e o “mal”. 

CONCLUSÃO

15. A experiência de tentar conectar fios soltos em uma trama de urdidura complexa.

16. Uma última palavra. 

BIBLIOGRAFIA

sábado, 22 de fevereiro de 2025

O JUSTO ESTÁ EM MIM

 



* Honório de Medeiros
honoriodemedeiros@gmail.com
@honoriodemedeiros


O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as "Coisas" (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (suas essências).

Ou seja, nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, dizemos aquilo que nossos sentidos apreendem de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido (Immanuel Kant, Gaston Bachelard, Sir Karl Popper...).

Podemos rastrear tal concepção, de certa maneira, até o relativismo sofista Protágoras de Abdera, Antístenes versus Platão, mesmo até Parmênides de Eleia, quiça Heráclito de Éfeso.

O nominalismo também impede a fenomenologia de Henri Bergson e Edmund Husserl, bem como a pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o termo “salinas” (lugar onde se cultiva sal) que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento entranhado que já possuo.

Não por outra razão a beleza desse trecho do Ato II, Cena II, de "Romeu e Julieta":

            "JULIETA - Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há em um simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservava a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título.
            Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira".

Não há, pois, essência a ser apreendida em um nome, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.

Thomas Nagel (Visão a Partir de Lugar Nenhum); São Paulo: Martins Fontes. 2004 (Nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as intransigentes teorias empiristas do conhecimento”.

Nominamos relações, processos, evanescências: não há coisas previamente  nominadas dizendo-nos a essência de algo.

O Justo não está fora de mim, está em mim...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O ESTADO É INVENÇÃO DO TINHOSO

 

* Honório de Medeiros


O ESTADO - com "E" maiúsculo, é uma invenção do tinhoso. 

Não existe de fato, não é uma "coisa", é uma abstração, uma ruma de leis e homens no Poder, massacrando, espoliando, manipulando os outros - a imensa maioria, em proveito próprio... 

 No começo, disseram que o total do "pacto social", pai do Estado, era necessário para defender os homens comuns dos criminosos,  das doenças, e da ignorância.

A Igreja entrou nessa, para alegria dos reis e seus cortesãos. 

O tempo mostrou que é somente conversa fiada, coisa do tinhoso. O que eles - os criadores desse lero - queriam, era ficar por cima da carne seca, no bem-bom, fazendo maldade. 

E assim tem sido, desde que o homem deixou de rastejar e passou a andar em pé. Nada mais, nada menos. Tanto é que nada mudou, de lá para cá.

Mas Deus tá vendo!

* honoriodemedeiros@gmail.com.br

* @honoriodemedeiros