“Nenhuma
classe da sociedade civil pode desempenhar este papel sem provocar um momento
de entusiasmo em si e nas massas, momento durante o qual confraterniza e
funde-se com a sociedade em geral, confunde-se com ela, sendo sentida e
reconhecida como sua representante geral; momento em que suas exigências da
própria sociedade, em que é realmente a cabeça e o coração da sociedade. Somente
em nome dos direitos gerais da sociedade pode uma classe especial reivindicar
para si a dominação geral. Para a tomada de assalto desta posição emancipadora
e, portanto, para a exploração política de todas as esferas da sociedade no
interesse de sua própria esfera, não bastam apenas a energia revolucionária e o
orgulho espiritual. Para que coincidam a revolução de um povo e a emancipação
de uma classe especial da sociedade civil, para que um estamento seja
reconhecido como o estamento de toda a sociedade, é necessário, ao contrário,
que todas as falhas da sociedade se concentrem numa outra classe, que um
determinado estamento seja o estamento do repúdio geral, que seja a soma da
limitação geral; é necessário que uma esfera social particular seja considerada
como o crime notório de toda a sociedade, de tal modo que a libertação desta
esfera apareça como a autolibertação total. Para que um estamento seja par
excellence o estamento da libertação, é necessário, inversamente, que outro
estamento seja o estamento declarado da subjugação. O significado negativo
geral da nobreza e do clero franceses condicionou o significado positivo geral
da classe primeiramente delimitadora e contraposta, a burguesia” (Marx, "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel").
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
domingo, 8 de setembro de 2013
UMA PAIXÃO DA ADOLESCÊNCIA
Honório de Medeiros
A segunda paixão literária da minha vida, da infância para a adolescência: os três mosqueteiros, que na realidade eram quatro: D'Artagnan, Atos (o Conde de La Fère), Aramis (o Abade D'Herblay) e Porthos. Longa vida à genialidade de Alexandre Dumas! A primeira foram os personagens do também genial Monteiro Lobato: Pedrinho, Narizinho, Emília de Rabicó, o Visconde de Sabugosa, o próprio Rabicó, Dona Benta, Tia Nastácia. A terceira foram os personagens de Karl May, hoje tão esquecido, "Mão-de-Ferro" e Winnetou e, ao mesmo tempo, Edgar Rice Burroughs e seu imortal Tarzan. Finalmente Jean Valjean, "O Homem que Ri", todos de Victor Hugo. As duas primeiras graças à biblioteca de Jaci Rêgo, a terceira e quarta graças à biblioteca do Colégio Diocesano Santa Luzia, e a última graças à biblioteca de Seu Luís Fausto, que o bom Deus o tenha, a ele e a Jaci, em seu regaço.
sábado, 7 de setembro de 2013
PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO 2013
Cariri Cangaço
17 Setembro 2013
Terça-Feira
19:00 h - Juazeiro do Norte
Abertura - Memorial Padre Cícero
19:30 h - Conferência: PADRE CÍCERO E O TEMPO CONTEMPORÂNEO
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
MESA: Honório de Medeiros, Ângelo Osmiro, Leandro Cardoso
18 Setembro 2013
Quarta-Feira
BARRO
11:30 h -Visita ao Coité - Casa do Padre Lacerda - Mauriti-CE
12:30 h - Visita à Fazenda do Cel Domingos Furtado- Milagres-CE
15:10 h - Visita à Casa de Sinhô Pereira - Barro -CE
PLACA HOMENAGEANDO O LOCAL
PLACA HOMENAGEANDO O LOCAL
16:30 h - Homenagem à Dona Chiquinha Pereira
PLACA EM HOMENAGEM À FAMÍLIA PEREIRA
Presenças dos Filhos de Luis Padre:
Hagahús Araujo e Wilson Póvoa
PLACA EM HOMENAGEM À FAMÍLIA PEREIRA
Presenças dos Filhos de Luis Padre:
Hagahús Araujo e Wilson Póvoa
Átrio do Santuário de Santo Antônio - Barro -CE
17:00 h -Visita à Casa das André - Barro - CE
17:00 h -Visita à Casa das André - Barro - CE
Fazenda do Major Zé Inácio -Barro - CE
19:20 h - Conferência: SINHÔ PEREIRA
Leandro Cardoso Fernandes
Mesa: Napoleão Tavares Neves , Professor Pereira e Sousa Neto
19 Setembro 2013
Quinta-Feira
Juazeiro do Norte
9:00 h - Juazeiro do Norte
INGRA PREMIUM HOTEL
HOMENAGEM A ALCINO ALVES COSTA
Lançamento DVD Alcino o Caipira de Poço Redondo
Ivanildo Silveira
Homenagens ao Decano, por:
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
Inácio Loyola Damasceno
Juliana Pereira Ischiara
11:00 h - Posse do Conselho Curador Cariri Cangaço
CONSELHO ALCINO ALVES COSTA
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
Inácio Loyola Damasceno
Juliana Pereira Ischiara
11:00 h - Posse do Conselho Curador Cariri Cangaço
CONSELHO ALCINO ALVES COSTA
ALMOÇO LIVRE
PORTEIRAS
13:30 h - Saída para Porteiras
14:45 h - Visita à Fazenda Piçarra - Porteiras-CE
15:00 h - Roda de Conversa: A VIDA DE ANTÔNIO DA PIÇARRA
Wilton Santana Filho (Vilson da Piçarra)
16:00 h - Visita à Fazenda Guaribas - Porteiras-CE
16:20 h - Roda de Conversa: O FOGO DAS GUARIBAS
16:20 h - Roda de Conversa: O FOGO DAS GUARIBAS
Manoel Severo Barbosa
18:30 h - A Chegada de Lampião no Inferno
Aldo Anísio
18:30 h - A Chegada de Lampião no Inferno
Aldo Anísio
Ginásio de Esportes
18:40 h - Conferência: CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS
Múcio Procópio
Mesa: Sabino Bassetti, Luitgarde Barros, Wescley Rodrigues
20 Setembro 2013
Sexta-Feira
Missão Velha
8:30 h - Missão Velha
9:00 h - Visita à Casa do Cel Isaías Arruda
9:30 h - Visita ao prédio da Prefeitura Municipal
Aposição da Foto do Cel Isaías Arruda no Rol de Ex-Prefeitos
Presenças:
Presenças:
Familiares de Isaías Arruda e José Gonçalves e Coronéis de Missão Velha
10:00 h - Jamacarú
Mesa:João Bosco André, Archimedes Marques, Kiko Monteiro
12:00 h - Visita a Gameleira de São Sebastião
Serra do Mato - Fazenda Cel. Santana
12:00 h - Visita a Gameleira de São Sebastião
Serra do Mato - Fazenda Cel. Santana
AURORA
15:00 h - Visita ao Tipi – Fazenda de Marica Macedo
15:00 h - Visita ao Tipi – Fazenda de Marica Macedo
16:00 h – Visita à Fazenda Ipueiras – do Cel. Isaías Arruda
17:30 h – Visita à Estação Ferroviária da RVC e a sede da Secult.
Escola Técnica Federal do Araçá
19:30 h - Conferência: MARICA MACEDO DO TIPI
Vicente Landim de Macedo
19:30 h - Conferência: MARICA MACEDO DO TIPI
Vicente Landim de Macedo
Mesa:José Cícero, Juliana Ischiara, Aderbal Nogueira
21 Setembro 2013
Sábado
Barbalha
8:30 h - Visita ao Alto do Leitão
9:30 h - Patrimônio Histórico
Exposição do Pau da Bandeira
Exposição do Pau da Bandeira
Balneário do Caldas
10:30 h - Conferência: A ANTROPOLOGIA CRIMINAL DAS CABEÇAS
Dr. Lamartine Lima
11:15 h - Conferência: A ETNOFARMACOBOTANICA A PARTIR DA VISÃO PANORÂMICA DE UMA TURISTA APRENDIZ, PELOS CAMINHOS QUE CRUZAM O GEOPARK ARARIPE
Dra. Maria Thereza Camargo
10:30 h - Conferência: A ANTROPOLOGIA CRIMINAL DAS CABEÇAS
Dr. Lamartine Lima
11:15 h - Conferência: A ETNOFARMACOBOTANICA A PARTIR DA VISÃO PANORÂMICA DE UMA TURISTA APRENDIZ, PELOS CAMINHOS QUE CRUZAM O GEOPARK ARARIPE
Dra. Maria Thereza Camargo
Mesa:Paulo Gastão, Leandro Cardoso, Narciso Dias
14:00 h - Conferência: ROTEIROS INTEGRADOS DO CANGAÇO
João de Sousa Lima
Mesa:Geraldo Ferraz, Kydelmir Dantas, Carlos Elydio
CRATO
Largo da RFFSA
17:00 h - Tarde de Lançamentos e Relançamentos
DÉ ARAUJO, de Geraldo Ferraz
COMO CAPTURAR LAMPIÃO, de Luiz Ruben
LAMPIÃO, CANGAÇO E CORDEL, de Rubinho Lima
QUEM É QUEM NO CANGAÇO, de Paulo Gastão
ASSIM ERA LAMPIÃO de Ângelo Osmiro
LAMPIÃO EM PAULO AFONSO, de João de Sousa Lima
A OUTRA FACE DO CANGAÇO, de Antônio Vilela
O AUTO DE ANGICO, de Luiz Zanotti
ASSIM MORREU LAMPIÃO, de Antônio Amaury
17:00 h - Tarde de Lançamentos e Relançamentos
DÉ ARAUJO, de Geraldo Ferraz
COMO CAPTURAR LAMPIÃO, de Luiz Ruben
LAMPIÃO, CANGAÇO E CORDEL, de Rubinho Lima
QUEM É QUEM NO CANGAÇO, de Paulo Gastão
ASSIM ERA LAMPIÃO de Ângelo Osmiro
LAMPIÃO EM PAULO AFONSO, de João de Sousa Lima
A OUTRA FACE DO CANGAÇO, de Antônio Vilela
O AUTO DE ANGICO, de Luiz Zanotti
A CÂMARA MÁGICA DE BENJAMIM ABRAHÃO, de Vilma Maciel
SITIO DOS NUNES DE FLORES, de Ana Lúcia e Paulo GastãoASSIM MORREU LAMPIÃO, de Antônio Amaury
TIPI, DE ARBUSTO A DISTRITO, de Vicente Landim Macedo
Largo da RFFSA
SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
19:00 h -Apresentação e Debate sobre o Filme
Jonasluis DA SILVA, de Icapuí
Sábado, dia 21 e Domingo, dia 22 em Crato...
SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
19:00 h -Apresentação e Debate sobre o Filme
Jonasluis DA SILVA, de Icapuí
Sábado, dia 21 e Domingo, dia 22 em Crato...
MOSTRA DE DOCUMENTÁRIOS
LÁ PRAS BANDAS DE MARIA, de Louise Farias
SOBRE CABRAS, MACACOS E CANGACEIROS, de Camilo Vidal
CANDEEIRO, de Aderbal Nogueira
FEMININO CANGAÇO, de Manoel Neto
QUERÊNÇA, de Iziane Mascarenhas
MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO, de Aderbal Nogueira
SILA, de Aderbal Nogueira
CANGACEIRO GATO, de João de Sousa Lima
NA CABEÇA DO POVO, de Helena Pereira
FIDERALINA AUGUSTO LIMA, de Ana Célia de Oliveira
FATOS, de Aderbal Nogueira
Cariri Cangaço 2013
Onde o Brasil de Alma Nordestina se Encontra...
Espero que todos possam se unir a esta
Grande e Maravilhosa Família,
a Família Cariri Cangaço;
sejam todos muito bem vindos !
Manoel Severo
CURADOR DO CARIRI CANGAÇO
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
E O TRIBUNAL DE CONTAS?
Honório de Medeiros
O espantoso, nisso tudo, ou seja, no que diz respeito à situação financeira do Estado do Rio Grande do Norte, é o comportamento do Tribunal de Contas.
Se sabia que a situação do Estado estava nas condições em que se encontra, fosse porque vem de muito, fosse porque é de agora, deveria ter tomado alguma providência além de produzir relatórios que ninguém lê ou dá atenção, principalmente o próprio Governo.
Se não sabia é de uma incompetência absurda. Aliás, se sabia ou sabe e nada fez, ou se não sabia e não sabe, portanto nada pode fazer, em qualquer dessas situações, cabe questionar acerca da necessidade de um Tribunal de Contas a sorver dinheiro, a rodo, do Tesouro Estadual. Dinheiro nosso, suado, que poderia estar alavancando a saúde, educação ou segurança pública.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
DE COMO PROCEDEM OS RATOS
Honório de Medeiros
Certo comensal
do Poder, da estirpe dos ratos escolados, percebendo que o barco
"Governo do Rio Grande do Norte" está fazendo água, e juntando os
cacarecos para cair fora - segundo ele - antes do naufrágio, denomina de "absurdamente
incompetente" o desempenho da tripulação.
Pondero-lhe
que desde o início a tripulação teve que lidar com sérias dificuldades
financeiras ao herdar uma imensa dívida da gestão anterior, agravadas pela
queda acentuada na arrecadação que mantém o barco.
O
comensal desdenhou de minha ponderação retrucando que "essa dívida
deveria ter sido escancarada em todos os portos e entregue
imediatamente à Justiça para as providências legais que evitariam tudo
quanto aconteceu; e as medidas para saneá-las deveriam ter sido tomadas
desde o início, quando a tripulação tinha credibilidade para fazê-lo".
"O
resultado disso tudo", continuou ele, "é que hoje a tripulação não
conta com ninguém: nem os passageiros, tampouco a Justiça, incluindo aí
Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e Ministério Público, sequer a
Assembleia Legislativa, por fim até mesmo seus parceiros nos negócios que
os levaram ao comando do barco a abandonou."
Pergunto-lhe
porque sabendo de tudo isso demorara tanto a cair fora. "Ainda havia algum
queijo no porão", respondeu.
"A
tripulação não tem como resolver todas essas dificuldades em um passe de
mágica", tento ainda.
"Então
que caia fora. Saia. Peça licença e se retire. Deixe o espaço para
outros."
E com
seu andar nervoso de rato escolado subiu a bordo do escaler e se foi, sem
sequer olhar para trás, para ver o banco adernando.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
A CANÇÃO DE AMOR DE J. ALFRED PRUFROCK
Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
Prêmio Nobel de literatura em 1948
S'io credesse che mia risposta fosse
A persona che mai tornasse al mondo,
Questa fiamma staria senza piu scosse.
Ma perciocche giammai di questo fondo
Non torno vivo alcun, s'i'odo il vero,
Senza tema d'infamia ti rispondo.
A persona che mai tornasse al mondo,
Questa fiamma staria senza piu scosse.
Ma perciocche giammai di questo fondo
Non torno vivo alcun, s'i'odo il vero,
Senza tema d'infamia ti rispondo.
Dante Alighieri. Ladivina Commédia
Inferno, XXVII, 61-66 (N. do T.)
Inferno, XXVII, 61-66 (N. do T.)
Sigamos então, tu e eu,
Enquanto o poente
no céu se estende
Como um paciente
anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas
ruas quase ermas,
Através dos
sussurrantes refúgios
De noites
indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de
botequins onde a serragem
Às conchas das
ostras se entrelaça:
Ruas que se
alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso
intento
É atrair-te a uma
angustiante questão . . .
Oh, não perguntes:
"Qual?"
Sigamos a cumprir
nossa visita.
No saguão as mulheres vêm e vão
A falar de Miguel
Ângelo.
A fulva neblina que roça na vidraça suas espáduas,
A fumaça amarela
que na vidraça seu focinho esfrega
E cuja língua
resvala nas esquinas do crepúsculo,
Pousou sobre as
poças aninhadas na sarjeta,
Deixou cair sobre
seu dorso a fuligem das chaminés,
Deslizou furtiva
no terraço, um repentino salto alçou,
E ao perceber que
era uma tenra noite de outubro,
Enrodilhou-se ao
redor da casa e adormeceu.
E na verdade tempo haverá
Para que ao longo
das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas
espáduas na vidraça;
Tempo haverá,
tempo haverá
Para moldar um rosto
com que enfrentar
Os rostos que
encontrares;
Tempo para matar e
criar,
E tempo para todos
os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato
erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e
tempo para mim,
E tempo ainda para
uma centena de indecisões,
E uma centena de
visões e revisões,
Antes do chá com
torradas.
No saguão as mulheres vêm e vão
A falar de Miguel
Ângelo.
E na verdade tempo
haverá
Para dar rédeas à
imaginação. "Ousarei" E . . "Ousarei?"
Tempo para voltar
e descer os degraus,
Com uma calva
entreaberta em meus cabelos
(Dirão eles:
"Como andam ralos seus cabelos!")
- Meu fraque, meu
colarinho a empinar-me com firmeza o
queixo,
Minha soberba e
modesta gravata, mas que um singelo alfinete
apruma
(Dirão eles:
"Mas como estão finos seus braços e pernas! ")
- Ousarei
Perturbar o
universo?
Em um minuto
apenas há tempo
Para decisões e
revisões que um minuto revoga.
Pois já conheci a todos, a todos conheci
- Sei dos crepúsculos, das manhãs, das tardes,
Medi minha vida em
colherinhas de café;
Percebo vozes que
fenecem com uma agonia de outono
Sob a música de um
quarto longínquo.
Como então me
atreveria?
E já conheci os olhos, a todos conheci
- Os olhos que te fixam na fórmula de uma frase;
Mas se a fórmulas
me confino, gingando sobre um alfinete,
Ou se alfinetado
me sinto a colear rente à parede,
Como então
começaria eu a cuspir
Todo o bagaço de
meus dias e caminhos?
E como iria
atrever-me?
E já conheci também os braços, a todos conheci
- Alvos e desnudos braços ou de braceletes anelados
(Mas à luz de uma
lâmpada, lânguidos se quedam
Com sua leve
penugem castanha!)
Será o perfume de
um vestido
Que me faz divagar
tanto?
Braços que sobre a
mesa repousam, ou num xale se enredam.
E ainda assim me
atreveria?
E como o
iniciaria?
.......
Diria eu que muito caminhei sob a penumbra das vielas
E vi a fumaça a
desprender-se dos cachimbos
De homens
solitários em mangas de camisa, à janela
debruçados?
Eu teria sido um par de espedaçadas garras
A esgueirar-me
pelo fundo de silentes mares.
.......
E a tarde e o crepúsculo tão .docemente adormecem!
Por longos dedos
acariciados,
Entorpecidos . . .
exangues . . . ou a fingir-se de enfermos,
Lá no fundo
estirados, aqui, ao nosso lado.
Após o chá, os
biscoitos, os sorvetes,
Teria eu forças
para enervar o instante e induzi-lo à sua crise?
Embora já tenha
chorado e jejuado, chorado e rezado,
Embora já tenha
visto minha cabeça (a calva mais cavada)
servida numa
travessa,
Não sou profeta -
mas isso pouco importa;
Percebi quando
titubeou minha grandeza,
E vi o eterno
Lacaio a reprimir o riso, tendo nas mãos meu
sobretudo.
Enfim, tive medo.
E valeria a pena, afinal,
Após as chávenas,
a geléia, o chá,
Entre porcelanas e
algumas palavras que disseste,
Teria valido a
pena
Cortar o assunto
com um sorriso,
Comprimir todo o
universo numa bola
E arremessá-la ao
vértice de uma suprema indagação,
Dizer: "Sou
Lázaro, venho de entre os mortos,
Retorno para tudo
vos contar, tudo vos contarei."
- Se alguém, ao colocar sob a cabeça um travesseiro,
Dissesse:
"Não é absolutamente isso o que quis dizer
Não é nada disso,
em absoluto."
E valeria a pena, afinal,
Teria valido a
pena,
Após os poentes,
as ruas e os quintais polvilhados de rocio,
Após as novelas,
as chávenas de chá, após
O arrastar das
saias no assoalho
- Tudo isso, e
tanto mais ainda? -
Impossível
exprimir exatamente o que penso!
Mas se uma
lanterna mágica projetasse
Na tela os nervos
em retalhos . . .
Teria valido a
pena,
Se alguém, ao
colocar um travesseiro ou ao tirar seu xale às
pressas,
E ao voltar em
direção à janela, dissesse:
"Não é
absolutamente isso,
Não é isso o que
quis dizer, em absoluto."
Não! Não sou o Príncipe Hamlet, nem pretendi sê-lo.
Sou um lorde
assistente, o que tudo fará
Por ver surgir
algum progresso, iniciar uma ou duas cenas,
Aconselhar o
príncipe; enfim, um instrumento de fácil
manuseio,
Respeitoso,
contente de ser útil,
Político, prudente
e meticuloso;
Cheio de máximas e
aforismos, mas algo obtuso;
As vezes, de fato,
quase ridículo
Quase o Idiota, às
vezes.
Envelheci . . . envelheci . . .
Andarei com os
fundilhos das calças amarrotados.
Repartirei ao meio meus cabelos? Ousarei comer um
pêssego?
Vestirei brancas
calças de flanela, e pelas praias andarei.
Ouvi cantar as
sereias, umas para as outras.
Não creio que um dia elas cantem para mim.
Vi-as cavalgando rumo ao largo,
A pentear as
brancas crinas das ondas que refluem
Quando o vento um
claro-escuro abre nas águas.
Tardamos nas câmaras do mar
Junto às ondinas
com sua grinalda de algas rubras e castanhas
Até sermos
acordados por vozes humanas. E nos afogarmos.
--- x ---
Belíssima tradução de Ivan Junqueira
QUANTO ÀS MULHERES QUE SE VENDEM, SEJAM QUAIS SEJAM
Em "A Sonata a Kreutzer", de Tolstoi:
"Não
concorda comigo? Permita-me demonstrar-lhe o que digo - começou,
interrompendo-me. - O senhor me diz que as mulheres da nossa sociedade vivem com
interesses diferentes daqueles das mulheres nas casas de tolerância, mas eu lhe
digo que não é assim, e vou demonstrá-lo. Se as pessoas diferem quanto aos
objetivos da existência, quanto ao conteúdo interior da vida, esta diferença tem
que se refletir sem falta na aparência exterior também. Mas olhe para aquelas,
para as infelizes e desprezadas e, depois, para as senhoras da mais alta
sociedade: os mesmos trajes vistosos, os mesmos modelos, os mesmos perfumes, o
mesmo desnudamentos dos braços, dos ombros, dos seios, o mesmo traseiro apertado
e em posição saliente, a mesma paixão por pedrinhas, por objetos caros e
brilhantes, os mesmos divertimentos, danças, músicas e canções. Assim como
aquelas aplicam todos os seus recursos para atrair os homens, fazem estas
também. Nenhuma diferença. Numa distinção rigorosa, deve-se apenas dizer que as
prostitutas a curto prazo são geralmente desprezadas, e as prostitutas a prazo
longo, respeitadas."
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
EU DIGO COMO FOI
Honório de Medeiros
O apagão no Nordeste - mais um dentre tantos outros - causado por uma queimada, segundo o Governo, lembra aquela gozação popular: poste de energia elétrica não aguenta urina de cachorro. E se, em plena copa do mundo, resolverem encoivarar uma touceira de jurema bem embaixo de um desses postes lá pelo Piauí? Ô vergonha!
--- x ---
Quer dizer que para a Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Norte o Ministério Público Estadual vive como se estivesse em uma "ilha da fantasia"? Quem diz assim não é gago. Agora o que eu não entendi foi o seguinte: na "Medida Cautelar na Suspensão de Segurança" a Procuradoria Geral do Estado alude aos "pagamentos vultosos dos atrasados da PAE (parcela autônoma de equivalência)" efetuados, aos seus integrantes, pelo Ministério Público, muito embora, até onde se sabe, aquele Órgão também aja da mesma forma. Quer dizer que a Procuradoria Geral do Estado pode receber a PAE, enquanto o Ministério Público, não?
--- x ---
O Itamaraty reclama a entrada, segundo eles "brutal", da Controladoria Geral da União na Comissão que vai investigar o diplomata que deu fuga ao Senador boliviano mantido em cárcere privado na Embaixada do Brasil. É assim mesmo. Os órgãos buscam espaço, dentro do sistema, para manterem ou ampliarem seu "status quo". Como são reflexos dos homens, agem como se eles fossem. Os homens são assim mesmo, consciente ou inconscientemente, por força da lei da seleção natural. Estão sempre querendo mais. Aqui no Rio Grande do Norte o Tribunal de Contas do Estado açambarca, lenta, mas firmemente, as atribuições da Justiça Estadual. E do Ministério Público.
--- x ---
E a Câmara dos Deputados livra o Deputado Donadon da cassação. Mais uma vez a elite política do País atira no próprio pé e escarra na Sociedade. Donadon, segundo o relator do seu processo na Câmara, participou de uma organização criminosa que assaltou os cofres públicos de Rondônia". E foi condenado pelo STF. Isso não bastou. Uniram-se os covardes sob o manto protetor do voto secreto e evitaram o quórum mínimo para cassá-lo. O Presidente da Casa, constrangido, determinou seu afastamento e imediata convocação do suplente. "Não é possível manter a vaga de um deputado que está preso", disse Henrique Alves. Donadon, que assistiu a sessão, voltou em seguida para o presídio da Papuda, algemado, onde cumpre pena. Antes, em discurso, reclamara das condições da penitenciária. Só no Brasil...
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