quarta-feira, 25 de março de 2015

"LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE", POR SÉRGIO DANTAS

* Honório de Medeiros

“Lampião e o Rio Grande do Norte”, cujo subtítulo é “A história da grande jornada”, de Sérgio Augusto de Souza Dantas, Gráfica Editora, é uma obra seminal. Não é possível mais, a partir do lançamento, tratar do Cangaço, seja no Rio Grande do Norte, seja de uma forma geral, sem uma consulta à obra.

Mossoró é assunto importante, no livro. Não pode ser diferente. Mesmo tratando da incursão do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte, desde sua entrada pela Tromba do Elefante, margeando Luis Gomes, até sua saída, no rumo de Limoeiro do Norte, Ceará, a ida a Mossoró é onipresente, por que o quixó preparado por Massilon e o Cel. Izaias Arruda, de Aurora, Ceará, no qual Virgolino – assim mesmo, com “o”, como nos previne o Autor – é parte fundamental do trabalho.

As informações colhidas durante quatro anos de pesquisa, perambulações, visitas, entrevistas, cruzamento de informações, consulta à literatura hoje vastíssima sobre o cangaço estabelece um contraponto interessante com o estilo do Autor. Para coroar, um valioso acervo fotográfico é colocado à disposição de quem adquiriu o livro.

Em relação a Massilon, acerca do qual mantenho permanente interesse, Sérgio Dantas, jovem juiz norteriograndense agrega informações valiosíssimas, dentre elas o “raid” que esse personagem singular empreendeu nos costados do Jaguaribe e Cariri logo após o episódio de Mossoró. Isso significa dizer que a lenda segundo a qual Massilon, mesmo antes da célebre foto de Limoeiro, Ceará, já se separara de Lampião e teria ido embora para o Norte, não é verdadeira. Alguns, inclusive, diziam que o cangaceiro que aparece na foto tirada em Limoeiro não seria, na realidade, Massilon.

Detalhada, a história da marcha espanta pela riqueza de detalhes. Assim, ficamos sabendo da passagem de Lampião por todo o território do Rio Grande do Norte cidade por cidade, povoado por povoado, sítio por sítio, fazenda por fazenda. Os acontecidos nas cercanias de Martins e Umarizal, antiga “Gavião”, são relatados com precisão. E tudo quanto aconteceu em Apodi, antes da chegada de Lampião, protagonizado por Massilon, recebe tratamento de pesquisador sério e interessado.

A descrição geográfica e sociológica dos lugares pelos quais passou o bando de cangaceiros merece respeito. Através dela é possível perceber o dia-a-dia daquelas comunidades existentes no início do século XX. E a descrição dos mal-tratos, arruaças, bebedeiras, torturas físicas e psicológicas comove e revela a sensibilidade do Autor.

Agora resta esperar que a obra semeie críticas e informações outras, alguma correção de rumo – se for o caso – para retornar ainda mais rica para o acervo dos historiadores e sociólogos do Brasil. É assim que ocorre quando uma obra deixa de pertencer ao Autor, por sua importância, e passa a fazer parte do referencial bibliográfico ao qual pertence.

* Republicação

terça-feira, 24 de março de 2015

A VERDADE CONVENIENTE

* Honório de Medeiros

A VERDADE CONVENIENTE é aquela contaminada pela cômoda aceitação, intuída ou inferida por quem a diz, daquele ou daqueles para quem é dita.
 
Aqui há o que se poderia chamar de covardia da conveniência. Pressupõe a omissão calculada de outras verdades, quais sejam, as que desconstroem as ilusões.
 
Pressupõe a comodidade de deslizar pela vida sem construir arestas que tolham o próprio bem-estar, construindo uma falsa aceitabilidade geral.
 
A covardia da omissão é a afirmação da covardia.

segunda-feira, 23 de março de 2015

MULHER ALTIVA

* Honório de Medeiros

Eu pegava as mãos calosas de minha mãe e lhe perguntava: "como pode"? Ela, pela milésima vez dizia: "foi algo que eu não sei explicar. Mas sua avó nada podia dizer a não ser olhar com aqueles olhos tristes de quem tudo perdoa por tudo compreender. Que posso lhe dizer? Me encantei por aqueles olhos verdes, aquele sorriso, e fui com ele. Movi seus e terras, enfrentei a família, e fui feliz. Chorei muitas lágrimas pelo que não pude lhes oferecer, mas nunca chorei qualquer lágrima pela escolha que fiz." Eu apertava sua mão e fazia uma ligeira cócega na palma, que ela afastava como se tivesse vergonha da dureza de sua pele, antes tão aveludada. Meu pai tudo escutava calado. Nunca soube o que se passava no seu pensamento. Um sorriso enigmático fendia seus lábios. Talvez ficasse pensando no contraste entre a pobreza que deixara para trás, a pé, tantos anos antes, e a lembrança da beleza daquela mulher, quando nova, que decidira largar tudo para acompanhá-lo sem deixar a altivez de lado.

sexta-feira, 20 de março de 2015

DE SOLIDÃO E REDES SOCIAIS

* Honório de Medeiros

No final das contas essa entrega às redes sociais é mais uma declaração pungente da solidão que nos define. Somos, em essência, solitários. Incapazes de estabelecer pontes entre nós, conseguimos dialogar virtualmente sem olhar nos olhos de nosso interlocutor. Um biombo imaginário nos protege do olhar do outro. Assim perdemos a possibilidade de sermos ternos, cúmplices, amorosos, partícipes de um projeto comum que resgate o imenso abismo que separa cada um do outro desde que nascemos.

quarta-feira, 18 de março de 2015

"É PRECISO DUVIDAR DE TUDO", KIERKEGAARD

Kierkegaard

* Honório de Medeiros

“Na cidade de H... viveu há alguns anos um jovem estudante chamado Johannes Climacus, que não desejava, de modo algum, fazer-se notar no mundo, dado que, pelo contrário, sua única felicidade era viver retirado e em silêncio”.

Assim começa “Johannes Climacus”, ou “É preciso duvidar de tudo”, delicioso texto do escritor – meio esquecido – Soren Kierkegaard, nascido em 1813, e morto quarenta e dois anos depois, em 1855, um típico excêntrico pensador do século XIX.

O pequeno livro que tenho em mãos é da Martins Fontes, Coleção “Breves Encontros”, que vem publicando opúsculos de autores variados, como Schopenhauer, Cícero, Sêneca, Schelle, dentre outros menos conhecidos, como o Abade Dinouart e Tullia D’Aragona.

O prefácio e notas, cuidadoso no que diz respeito ao levantamento da história da produção do texto e a um leve perfil do autor, está assinado por Jacques Lafarge – me é desconhecido – e a tradução por Sílvia Saviano Sampaio professora da PUC/SP, doutora em filosofia pela USP com a tese “A subjetividade existencial em Kierkegaard”, e membro da AMPOF – Associação Nacional de Pós-graduandos em Filosofia.

“É preciso duvidar de tudo” é dividido em três partes: "Introdução", "Pars Prima" e "Pars Secunda". A parte primeira contém três capítulos e o primeiro é uma afirmação: “A filosofia moderna começa pela dúvida”. A segunda parte, contendo somente um capítulo, Kierkegaard lhe nomina interrogando: “O que é duvidar?”

A mim, particularmente, interessou a seguinte proposição: “a filosofia começa pela dúvida”, que é o Capítulo II, da "Pars Prima". A conclusão de Kierkegaard, falando por intermédio de Climacus, é de que essa proposição se situava fora da filosofia e a ela era uma preparação. Perfeito.

No próprio texto Kierkegaard alude ao fato de os gregos ensinarem, aludindo a Platão, no "Teeteto", que a filosofia começa com o espanto. Eu traduziria espanto por perplexidade, mas talvez haja diferenças sutis entre os dois termos que não valem a pena serem esmiuçadas.

Muito mais recentemente Karl Popper propôs que o conhecimento novo – não apenas a filosofia – começasse por problemas. Esses problemas surgiriam a partir do conhecimento antigo, ou seja, da expectativa de que regularidades, padrões, se mantivessem, inclusive em relação a nós mesmos. Ao nos depararmos com algo que o nosso conhecimento antigo não explica, há uma fragmentação nas nossas expectativas e surge, então, o problema a ser solucionado. Elaboramos uma nova teoria que explique esse "algo" e, assim, surge o conhecimento novo.

Bachelard diz tudo isso de forma profunda e elegante: "o conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão".

Observe-se que tal teoria pressupõe a existência do conhecimento inato adquirido geneticamente, no que é referendada pela teoria da seleção natural de Darwin. Pressupõe, ainda, dando-se razão a Kant, que o Conhecimento, em última instância, antecede a Realidade.

Em certo sentido estão certos não somente os gregos, como Kiekergaard, Bachelard e Popper. Resta saber se, no início, há o espanto com a dúvida, ou a dúvida com o espanto.

Cabe também observar que Johannes Climacus é um típico caso de personagem acometido da Síndrome de Bartleby, algo que, com certeza, interessaria bastante à Enrique Vila-Matas, referência contemporânea do romance-ensaio.

 * Republicação

terça-feira, 17 de março de 2015

A ESQUERDA BRASILEIRA E O NACIONALISMO DE DIREITA

* Honório de Medeiros

O tempo passa e o ser humano não muda: esses que estão aí se dizendo de esquerda jamais leram sequer a biografia de Marx. Prisioneiros da própria ignorância, são meros joguetes nas mãos e mentes de quem manipula suas consciências. Inocentes úteis. Ou inúteis. O discurso que eles esgrimem, sem entender, poderia ser utilizado, sem que fosse necessário mudar uma vírgula, pelo mais atrasado nacionalista de direita.

segunda-feira, 16 de março de 2015

DE QUANDO FUI MONITORADO PELA DITADURA

Amaro cavalcanti



Fui Presidente do Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti, do Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Na verdade o primeiro Presidente eleito via processo eleitoral normalizado após a reconstrução do Centro Acadêmico.

Antes tínhamos, em Assembléia Geral Extraordinária realizada na famosa Sala F1, do Setor I, reinstalado o Centro Acadêmico, fechado pela ditadura, e entregue a João Hélder Dantas Cavalcanti a responsabilidade de formalizar e normalizar sua existência até a primeira eleição a ser realizada via eleição direta, ampla e geral. 

Belos tempos, aqueles. Muita discussão filosófica e política nos corredores do Curso. 

Pois bem, para minha surpresa me deparei com essa postagem do "Recanto Virtual" do Centro Acadêmico (https://amarocavalcanti.wordpress.com/2015/03/12/60anos-documentos-da-ditadura-militar-sobre-o-caac/#comment-6884).

Tratei logo de trazê-la para o honoriodemedeiros.blogspot.com:



RECANTO VIRTUAL DO CA DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – CAMPUS NATAL


Os documentos em referência podem ser encontrados no Acervo documental da Comissão da Verdade da UFRN, originários do Arquivo Nacional – Agência do Distrito Federal.

Os documentos acima se referem a produções de grau confidencial emitidos por órgãos de vigilância da Ditadura Militar sobre o I e II Fórum de Debates do Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti (CAAC), realizados nos meses de março e setembro de 1982.

Neste ano, o CAAC retomava suas atividades desde sua extinção em 1974. Um dos Informes foi emitido pelo Ministério da Marinha, Comando do 3º Distrito Naval de Natal e o outro pela Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Educação. Apesar do país, naquela época, já vivenciar um clima de abertura politica iniciada em 1979, tais relatórios procuraram descrever os posicionamentos políticos adotados pelos palestrantes dos eventos, bem como suas filiações partidárias, como forma de captação de informações da Universidade e subsidio ao Governo Militar. Nesta época, exercia a presidência do CAAC o aluno Francisco Honório de Medeiros Filho."

DE COMETAS POLÍTICOS

* Honório de Medeiros

Alguns políticos são líderes de um sistema de forças políticas.

Porque sistema? Para diferenciá-lo de conjunto, um aglomerado de alguma coisa reunido sem qualquer propósito específico. Um monte de pedras, por exemplo, largados em algum lugar.

“Forças políticas”, por sua vez, são segmentos constituídos por militantes expostos ou não, que embora integrantes do todo que é o sistema, atuam em espaços e tempos distintos: há o âmbito municipal, o estadual, o federal; há o judiciário, o legislativo, o executivo; há a Igreja Católica, a Evangélica, o Candomblé; há os homossexuais, os negros, as mulheres, os jovens; há os intelectuais, os técnicos, os carregadores-de-piano, há os servidores públicos e os celetistas; há as associações de classe e os sindicatos, e assim por diante. Cada segmento desses é uma força política em si mesma.

O líder de um sistema de forças políticas possui seguidores firmes, no topo e/ou na base, em todos esses segmentos, que são elos de ligação, pontos de intersecção, núcleos irradiadores e receptores da teia ou rede que é como visualmente podemos conceber o ambiente e o tempo onde o sistema se espraia ou se concentra. Tais seguidores podem ter herdado seu próprio “status” ou mesmo tê-lo conquistado ao longo de um processo às vezes demorado, às vezes rápido, mas plenamente absorvível, desde que respeitada a tessitura, o bordado que o compõe e que é seu limite natural de sobrevivência.

Sabe-se acerca da existência de um sistema de forças políticas por intermédio de vários meios, mas o apropriado, realmente, é utilizar o princípio da exclusão ao se analisar o quadro político onde supostamente ele estaria inserido. Basta, então, nos perguntarmos, ao analisarmos um determinado espaço delimitado geograficamente, como o Rio Grande do Norte, qual grupo político nele não poderia faltar, sob pena de descaracterização da pesquisa.

Da mesma forma, podemos utilizar o mesmo princípio da exclusão para localizarmos, sem qualquer dúvida, qual o verdadeiro líder de um sistema político: será sempre aquele sem o qual há um vazio de poder inaceitável, uma fragmentação de toda a rede ou teia, um desmoronamento de todo arcabouço construído.

Obviamente dentro do próprio sistema de forças políticas às vezes o líder é conduzido, embora sempre pareça o oposto; da mesma forma, pode ocorrer, em vida, abruptamente ou não, o deslocamento do bastão de comando das mãos do antigo líder para as de outro mais jovem. Em sistemas de forças políticas razoavelmente sofisticadas, apesar de alguns abalos de percurso, esse processo ocorre naturalmente, embora também haja o contrário, situação esta que, o mais das vezes, conduz a rupturas que iniciam o seu desmanche.

O certo é que há políticos, em contraposição, que não lideram sistemas de forças, mas um conjunto de agregados, vez que não comandam, coordenam ou dão direção à teia, rede, ou malha, com algum propósito que não seja a mera e instintiva sobrevivência.

Não possuem núcleos de Poder nos quais se firmem; não conhecem intercessões técnicas nos processos nos quais estão inseridos; não recebem e enviam informações através de mecanismos de busca e recepção confiáveis.

Por não possuírem recursos humanos qualificados dos quais se valham em qualquer situação, tais líderes políticos supõem comandar quando, na realidade, são pautados ou manipulados a uma distância além da possibilidade do seu entendimento; por não compreenderem que o instante não faz a história; a força não cria o Poder; a circunstância não elabora o definitivo; o presente não engendra o futuro ansiado; o efêmero não constrói o permanente; e a decisão solitária não tece a sabedoria.

Firmam-se, em contraposição à perenidade concreta dos sistemas planetários, para usar uma analogia pobre, mas consistente, como cometas[1] que brilham majestosos por algum tempo, mas logo se desfazem em pó, sequer deixando sua marca no imenso espaço do Universo.

[1] Introdução aos Cometas (http://www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/comet.htm): cometas são corpos pequenos, frágeis e irregulares, compostos de uma mistura de grãos não-voláteis e gases congelados. Eles têm órbitas altamente elípticas, que os trazem para muito perto do Sol e os jogam profundamente no espaço, freqüentemente para além da órbita de Plutão.

* Republicação

sexta-feira, 13 de março de 2015

CARIRI CANGAÇO PRINCESA 2015


Cariri Cangaço Princesa 2015
Programação Completa

19 de Março de 2015
Quinta-Feira
19:00h 
Abertura Oficial – Acqua Clube Hotel
Solenidade de Homenagem do Cariri Cangaço
Às Personalidades e a Canhoto da Paraíba
Apresentação do Grupo Cultural Abolição
Palavras das Autoridades
Manoel Severo – Cariri Cangaço
Benedito Vasconcelos – Presidente da SBEC
Narciso Dias – Presidente do GPEC
Prefeito Domingos Sávio

19:40h 
Conferência: Território Livre de Princesa
Conferencista: José Romero Cardoso
Moderador: Wescley Rodrigues
Debatedores: Paulo Mariano e Juliana Pereira

23:00h

Seresta Homenagem Canhoto da Paraíba
Praça Nathália do Espírito Santo 

20 de Março de 2015
Sexta-Feira
08:30h - Saída para São José de Princesa
9:00h - Visita ao Casarão de Patos de Irerê
9:50h - Visita a Casa de Marcolino Diniz
10:30h - Visita a Capela de Patos de Irerê
Conferencia: "Marcolino e Virgulino –
Elos de um Passado Presente”
João Antas
Moderador: Ângelo Osmiro
Debatedores: Jorge Remígio e José Cícero Silva

15:00h - Retorno a Princesa Isabel
15:30h - Visita ao Palacete do coronel José Pereira 

19:30h - Grito Rock Princesa

Praça Nathália do Espírito Santo 

21 de Março de 2015
Sábado
9:00h – Local – Acqua Clube Hotel
Apresentação da Cia de Teatro Sound Clash
Conferencia: Maria de Lampião e 
as Mulheres no Cangaço
João de Sousa Lima
Conferência: 100 anos da Prisão de Antônio Silvino
Geraldo Ferraz
Debatedores: 
Aderbal Nogueira 
Archimedes Marques
Narciso Dias
Emmanuel Arruda

14:30h - Saída para Nazaré do Pico em Floresta

15:30h - Visita à Vila de Nazaré do Pico,
Visita ao Monumento em homenagens aos Nazarenos,
Visita ao Monumento a João Gomes de Lira,
Visita ao Cemitério onde repousam os Nazarenos,
Visita à fazenda Poço do Negro
 Hildebrando Ferraz Neto (Netinho)
Euclides Ferraz Neto e Ulisses Ferraz

18:00h – Retorno a Princesa Isabel

Noite de Encerramento com Show 
Seu Pereira e Coletivo 401
Sansaruê
Atenção...
Veja onde ficar em Princesa Isabel...

Imagens do Hotel Oficial do Cariri Cangaço Princesa 2015 - Acqua Clube

1)    Acqua Clube Hotel (Tel: 83 – 9861-9056)
HOTEL OFICIAL DO CARIRI CANGAÇO PRINCESA 2015
Endereço: Rodovia Estadual – Entrada principal de Princesa, via Paraíba.
 Quarto completo com Ar, Tv, Frigobar          
R$ 35,00 (trinta e cinco) por pessoa
 R$ 60,00 (sessenta reais) o casal.

OBS: A pousada possui Restaurante, Academia, Parque aquático, Estacionamento, Internet Wi-Fi, Campo de Futebol.

2)    Pousada Ideal (valores por pessoa) – (Tel: 83 – 9604-0393)
Endereço: Rua São Roque – Entrada principal de Princesa, por Pernambuco, via Flores. Localizada no Posto Ideal. 
Quarto com Ar – R$ 40,00 (quarenta reais)
Quarto com Ventilador – R$ 30,00 (trinta reais)
Quarto Completo, com Ar, TV, Frigobar – R$ 50,00 (cinquenta reais)

Obs.: Existe abatimento para grande quantidade de pessoas; está incluído café da manhã, para todas as categorias; todos os quartos possuem banheiros; A pousada tem restaurante e serve, além do café, almoço e jantar.

3)    Pousada São Miguel (valores por pessoa) – (Tel: 83 – 9906-7657)
Endereço: Bairro Maia 
Quarto com Ventilador –R$ 20,00 (vinte reais), com café da manhã.
Quarto com Ar – R$ 25,00 (vinte e cinco reais), com café da manhã.

4)    Pousada São Roque (valores por pessoa) (Tel: 83 – 9971.1151)
Endereço: Rua São Roque, próximo aos Correios.

Quarto com Ar – R$ 30,00 (trinta reais), com café da manhã.
Quarto com Ventilador – R$ 25,00 (vinte e cinco) com café da manhã.

5)    Pousada São José (valores por pessoa) (Tel: 83 – 9901-5824)
Endereço: Praça Coronel José Pereira, Centro. 
Em Frente à Igreja Matriz.
 Quarto com Ar – R$ 25,00 (vinte e cinco reais), com café da manhã.
Quarto com Ventilador – 20,00 (vinte reais), com café da manhã.

 Faça já sua reserva e seja 
bem vindo ao Cariri Cangaço Princesa 2015.


terça-feira, 10 de março de 2015

"DISCURSO SOBRE A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA", LA BOÉTIE

La Boétie


* Honório de Medeiros


Leiam isso: “Aqueles a quem o povo deu o poder deveriam ser mais suportáveis; e sê-lo-iam, a meu ver, se, desde o momento em se vêem colocados em altos postos e tomando o gosto à chamada grandeza, não decidissem ocupa-lo para todo o sempre. O que geralmente acontece é tudo fazerem para transmitirem aos filhos o poder que o povo lhes concedeu. Ora, tão depressa tomam essa decisão, por estranho que pareçam, ultrapassam em vício e até em crueldade os outros tiranos; para conservarem a nova tirania, não acham melhor meio que aumentar a servidão, afastando tanto dos súditos a idéia de liberdade que estes, tendo embora a memória fresca, começam a esquecer-se dela”.

E isso: “Os teatros, os jogos, as farsas, os espetáculos, (...) as medalhas, os quadros e outras bugigangas eram para os povos antigos engôdos da servidão, o preço da liberdade que perdiam, as ferramentas da tirania”.

Parece recente? Não o é. Trata-se, tanto um quanto o outro, de excertos da excepcional obra “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”, de La Boétie, escrita entre 1546-1548. Esse francês, nascido em 1º de novembro de 1530, no condado de Périgord, França, e morto em 1563, perto de Bordéus, aos trinta e três anos, foi o maior dos amigos de Montaigne, que lhe era mais novo dois anos. Dessa amizade o próprio Montaigne deixou registro emocionante: “Vindo a durar tão pouco e tendo começado tão tarde, pois éramos ambos homens feitos e ele mais velho do que eu alguns anos, não tínhamos tempo a perder, nem tivemos de nos ater aos modelos de amizade moles e regulares que necessitam de precauções e conversações prévias”.

Quanto à genialidade de "La Boétie" é bastante o depoimento do seu tradutor, o português Manuel João Gomes na edição Antígona, de Lisboa, Portugal, 1997: “Para La Boétie é ilegítimo o poder que um só homem exerce sobre os outros; (...) "O Discurso afirma a liberdade e a igualdade absolutas de todos os homens; Indo mais longe do que Maquiavel (o primeiro que reconheceu o poder efetivo das massas), La Boétie incita os povos a desobedecerem aos príncipes (governantes) e, com uma clareza até então nunca vista, põe em evidência a força da opinião pública”. Tudo isso aos dezoito anos de idade!

Ler "La Boétie" é, principalmente, perceber quão antiga permanece a luta do homem para não ser completamente subjugado pelo Estado. Ela começou na longínqua Idade Antiga, quando os maravilhosos gregos inventaram a Democracia. Prossegue até hoje, apesar dos percalços. Mas está cada dia mais difícil: no Oriente Médio disputa-se o poder à custa do sangue de inocentes. Israel, secundado pelos Estados Unidos e sua doutrina da “guerra preventiva”, mata, como os nazistas faziam aos serem atacados pela resistência, a dez por um. E assim vamos marchando rumo à barbárie, inexoravelmente, e à tirania, sob o pretexto de combater o terrorismo, como quem está com um encontro marcado com o final de tudo.

* Republicação