sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AINDA LEMBRANÇAS DA POLÍTICA

flickr.com
Colégio Diocesano Santa Luzia


Honório de Medeiros


                                      Não saberia dizer quando começou meu fascínio pela política, e não confundo este estado-de-espírito com as lembranças doloridas das campanhas do passado em Mossoró que o presente insiste em não sepultar. Teria sido na Mossoró de minha meninice, quando meu pai, lacerdista de carteirinha, punha-me em sua frente e, sentado à cadeira de balanço, escutava e aplaudia meus discursos infantis sem nexo? Ou, quem sabe, teria sido quando nos serões familiares iluminados pelos candeeiros de gás em Tibau, nas férias de final-de-ano, falava-se em antepassados políticos e aventureiros da fortuna que levaram consigo, ao morrer, a antiga glória dos Fernandes?

                                      Teria sido a estranha amizade e admiração nascida por meu tio-avô André Fernandes, General de Exército de brilhante carreira – único a chegar a esse posto tendo começado como soldado raso - e ex-deputado federal, a quem atribuíam ter caído em desgraça por sua lealdade não ao político, mas ao ex-Presidente João Goulart, de quem era sub-chefe da Casa Militar, na hora de sua queda e que, próximo aos 70, vinha todos os anos a Tibau e fazia questão de me levar consigo, eu, menino, para ser seu companheiro nas suas longas e silenciosas caminhadas matinais? Como não admirar alguém que assumia contornos heróicos ante meus olhos espantados com feitos tais como ter passado um ano inteiro sem sorrir unicamente para testar sua autodisciplina?    

                                      Talvez, no entanto, nada tenha sido tão importante quanto ter convivido com a “turma da janela”, na 4ª Série “A” Ginasial do Colégio Diocesano Santa Luzia. Era 1972 e nós – eu os nomeio para homenagear a saudade -, Fernando Negreiros, Jânio Rêgo, Paulo Maia, Segundo Paula, Benjamim Júnior, Monte Júnior – tão precocemente desaparecido, e Chaves Júnior, no intervalo das aulas, todos praticamente na faixa dos 14 para 15 anos, invariavelmente tínhamos discussões intensas, apaixonadas, acerca de política. Ali, naquele tempo, espontaneamente, aprendíamos a debater, e, em decorrência, a argumentar: nós ficaríamos reféns da tarefa de nos mantermos atualizados e expor claramente tudo quanto pensássemos, sob pena de sermos contraditados furiosamente. As diferenças políticas entre nossos pais não nos contaminavam. Éramos grandes amigos e não sabíamos.

                                      Ou, então, quem sabe, teria sido o eco longínquo e estranho da luta subterrânea que se travava nos grandes centros, aureolado por aquela palavra que somente falávamos, por um temor muito natural, em voz baixa e entre iguais: “comunismo”. Era o tempo de se deitar no patamar da Igreja de São Vicente e, à meia-noite, de papo-pro-ar, ouvirmos a transmissão da Rádio de Moscou, que somente Janiro Rêgo sabia localizar, para o Brasil. Comentávamos as prisões de mossoroenses que lutavam contra os militares e as cassações dos políticos de oposição no Rio Grande do Norte.

                                      Não havia ainda qualquer leitura ideológica, naquele tempo. Embora fôssemos leitores vorazes, estávamos mergulhados em plena literatura. Não nos passava pela cabeça, e não havia alguém que nos doutrinasse, ler Marx ou quem quer que fosse dessa área. Na época, eu começava a me interessar pelos franceses e devorava Victor Hugo e sua obra completa, e me preparava para ler uma coleção com as principais obras dos prêmios Nobel, todos de “Seu” Luis Fausto Paula de Medeiros, meu vizinho: quem, hoje, se lembra de Knut Hamsun, autor de “Fome”? A biblioteca de Jaci Rêgo, a biblioteca de Ida Marcelino, a biblioteca de Chico Sena... A biblioteca do Diocesano!

                                      O certo é que eu já estava envolvido, seduzido pela Política e não sabia, no final da minha adolescência. Assim não foi difícil, ao chegar em Natal, indo estudar na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, em 1974, entrar na política estudantil. Fiz política estudantil na Etfrn, fiz no Churchill, fiz no Curso de Matemática, fiz no Curso de Direito. De Mossoró eu trouxera essa paixão que nascia; o afeto pelo jogo de xadrez; o amor eterno, perene, pelos livros, e uma timidez com a qual eu lutaria e luto, sem tréguas, e vou lutar, pelo resto da vida.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"O INTELIGENTE E O SABIDO"

Enviado por Ricardo Sobral

Pe. Zé Luiz

A QUEM INTERESSAR POSSA

Pe. Zé Luiz
Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais aproximado: o inteligente e o sabido.
O inteligente é como o grão. Se não morrer, será infecundo. A fecundidade do sabido é feita na cotidianidade dos seus sonhos.
O inteligente é aritmético. Consegue sobreviver. O sabido é geométrico. Quase sempre vive sobre. O inteligente é polivalente na ordem do conhecimento. O sabido, na ordem do aproveitamento. O inteligente é grosseiro às vezes, mas humano, profundamente humano. O sabido se irrita, mas é sempre fino. Fino e aderente. Sobretudo ao poder. E quando eu falo em Poder, não me refiro pura e simplesmente ao Sistema. Me refiro ao poder, podendo. Feito de números. Sobretudo de números.
O inteligente pode ser desligado. O sabido, nunca. O inteligente gosta de se encontrar com velhos amigos. O sabido prefere localizar novos. Se vão lhe render dividendos. O inteligente é simples. O sabido é complexo.
Chegar a ele, às vezes não é fácil. O mundo é dos sabidos. A vida, dos inteligentes. Na sua intensidade. A ambição do inteligente é limitada. Porque limitada, nem consegue ser ambição. O sabido é, sobretudo, ambicioso, explicação maior do seu sucesso. O inteligente poderá ser sábio. O sabido, jamais. A fé do inteligente é escatológica.
Do sabido, circunstancial. O inteligente não consegue ser audaz. A ousadia, porém, é o oxigênio do sabido. O inteligente aguarda a morte como passagem; para o sabido, ela não é objetivo de cogitações.
O inteligente gosta de bibliotecas; o sabido, de computadores. O inteligente sonha com Paris, escreve maravilhosamente sobre Paris, mas suas notas são escritas em Tibau ou na Redinha. O sabido dorme em Lisboa, acorda em Hong-Kong e janta em Ponta Negra.
O inteligente sorri. E no sorriso se esboça a silhueta da paz. O sabido ri. E ri gostosamente. O inteligente tem saudades; o sabido, nostalgia. O inteligente mergulha no silêncio. O sabido vira taciturno. O inteligente fica só, para estar com os outros; o sabido, para libertar-se deles.
O inteligente cria; o sabido amplia. O inteligente ilumina; o sabido ofusca. O inteligente pensa em canteiros de flores; o sabido, em projetos de reflorestamento. O antônimo de inteligente é burro, de sabido é besta; às vezes (quem sabe) viram sinônimos.
Ser, para o inteligente é fundamental. Parecer, para o sabido é prioritário. E como vivemos no mundo das aparências, nele o inteligente não terá vez. Desde que mude os seus critérios. Aí então, aflora a crise do desencanto.
É quando a mediocridade se entroniza, o supérfluo se instala e a inteligência se rende. A não ser que o inteligente se chame Unamuno, reitor imortal. Por isso, ele foi magnífico. Do contrário não teria sido reitor, mas feitor. E de feitores o Brasil está cheio. Sabidos, por sinal.
Sabido é Diógenes da Cunha Lima. Inteligente é Jarbas Martins.
Cascudo é inteligente. Sabida é sua entourage.
Inteligentes são Zila Mamede e Otto Guerra.
Inteligente é Waldson Pinheiro. Inteligente foi Miriam Coeli. Inteligente é Padre Ônio (de Cerro Corá) e Dom Heitor (de Caicó). Inteligente foi Dom Costa (de Mossoró). Inteligente foi o pastor José Fernandes Machado.
Inteligente é Anchieta Fernandes. Inteligente é Vingt-un.
O inteligente compra livros. O sabido, ações.
Para o sabido, as letras que realmente valem são letras de câmbio. Inteligente é quem trabalha para viver razoavelmente. Sabido é quem consegue que outros trabalhem para que ele viva maravilhosamente. O inteligente sua. O sabido transpira.
O inteligente acorda cedo. Para ele, Deus ajuda a quem madruga. O sabido acorda tarde. Outros madrugam por ele. Sem o inteligente, o que seria do sabido?
Inteligentes são Manoel Rodrigues de Melo e Raimundo Nonato.
Sabido é Paulo Macedo. Também "imortal".
Inteligente é Dorian Jorge Freire. Sabido é Canindé Queiróz.
inteligentes são Eulício e Inácio Magalhães. Inteligente era Hélio Galvão. Sabido é Valério Mesquita.
Inteligentes eram José Bezerra Gomes e João Lins Caldas. Inteligente foi Jorge Fernandes. Sabido, Sebastião.
Inteligente é Erasmo Carlos. Sabido é Roberto.
Inteligente foi Garrincha. Sua inteligência, porém, não foi além de suas pernas. Com elas, encantava. Sabido é Pelé. Transformou suas pernas em objeto de lucro. Não é a toa que a cidade de Garrincha se chama Pau Grande. E Pelé nasceu onde? Não foi em Três Corações?
Ao mesmo tempo pode amar Xuxa, o Cosmos ou as audiências na Casa Branca.
Há um campo, porém, onde o número de sabidos é pródigo. Mas pelo menos hoje, eu não quero pensar nos inteligentes e sabidos quando se trata de competição eleitoral.
Aqui, o sabido leva sempre vantagem. Quem não se lembra de 74?
O inteligente não era Djalma? Sabido, porém, foi Agenor.
E o povo do RN optou por quem? Pelo inteligente ou pelo sabido?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

INSTALADO, EM RECIFE, O "COMITÊ DA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA"

Por Jorge Brito

Instalado, em Recife, o “Comitê da Memória, Verdade e Justiça,” com a presença de vultos históricos da luta contra a Ditadura Militar.


“Onde se escondem os criminosos do regime militar”?


Com a presença e representação de vultos históricos da resistência à Ditadura de 64, como Gregório Bezerra (por seu filho Jurandir Bezerra), Francisco Julião (por sua filha Anexina Julião), Elizabeth Teixeira, Abelardo da Hora, ex-deputados Agassiz Almeida e Clodomir Morais, instalou-se, há poucos dias, na av. Visconde de Suassuna 99, Boa Vista, Recife, com mobilização de várias entidades defensoras dos direitos humanos e o apoio do Ministério Público de Pernambuco, o Comitê pela Memória, Verdade e Justiça, visando articular respaldo dos amplos segmentos da sociedade para a aprovação do projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, cujo objetivo é a abertura dos arquivos da repressão militar de 1964/1985.


Obedecendo a uma ampla programação, coordenada pelo vereador Marcelo Santa Cruz e Edival Cajá, com destaque para exibição do filme Os Trinta anos da Anistia e execução do hino das Ligas Camponesas e, afinal, o momento mais alto dos trabalhos: depoimentos de personalidades da contemporânea história de resistência ao regime militar de 64, entre as quais, Elzita Santa Cruz, em nome dos mortos desaparecidos, Alexina Julião, Agassiz Almeida, Elizabeth Teixeira, Clodomir Morais, Abelardo da Hora e Jurandir Bezerra.


Esta mobilização em nível nacional para a criação de Comitês da Memória, Verdade e Justiça em vários estados do país contou, em Pernambuco, com o apoio decisivo do Ministério Público, por seu Procurador-Geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon de Barros, com formação desde as suas lides acadêmicas em defesa das liberdades democráticas. A criação desses comitês visa despertar a sociedade brasileira para o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, que cria a Comissão Nacional da Verdade, a qual tem por finalidade a abertura dos arquivos secretos da repressão militar.


Com o auditório do Ministério Público completamente lotado, vários testemunhos foram ouvidos, destacadamente, com profunda emoção, o de Alexina Julião, que relatou o longo padecimento de seu pai pelos calabouços do regime militar e o seu exílio em vários países.


Outro depoimento pranteado com intenso sentimento de dor foi o de Elizabeth Teixeira, causando na plateia intensa emoção. Depondo, Agassiz Almeida relatou o seu desterro logo nos primeiros dias de abril de 1964 à ilha de Fernando de Noronha, onde se encontravam Miguel Arraes e Seixas Dória. Com grande impacto de indignação, Agassiz externou a sua revolta em face da conivência do Brasil com os torturadores e genocidas da ditadura militar, cuja atitude violadora das convenções internacionais mereceu da ONU e da OEA veemente condenação.


Há 32 anos, acentuou Agassiz Almeida, um congresso emasculado fez publicar, em 1979, uma lei a que deram o nome de anistia.


O que se assistiu no curso desses anos, desde a promulgação dessa caricata lei de anistia? Um desfile da impunidade satisfeita e até agressiva.


Que democracia excrescente!


Na elaboração do meu livro A Ditadura dos generais, estive em vários países: Argentina, Chile e Uruguai. Assisti a torturadores e genocidas arrastados às barras da Justiça e condenados.


Aqui, no Brasil, formou-se, pior do que a impunidade, um nicho do cinismo em que os torturadores, acobertados por certo militarismo caolho e amparados em poderes comprometidos com o que existe de mais sórdido no recente passado da nossa história, agridem o próprio Estado Democrático de Direito.


Este Comitê da Memória, Verdade e Justiça tem a História como fanal.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

ONDE SE SITUA O FENÔMENO DO CANGAÇO

Honório de Medeiros

Como um conjunto dos círculos concêntricos dentro de outros círculos originados pela pedra jogada na plácida superfície de um lago imaginário, assim é a Realidade. Claro que a imagem do círculo não reflete a Verdade. Trata-se, apenas, de uma imagem que permite uma melhor apreensão da idéia exposta. Talvez, para sermos mais precisos, pudéssemos dizer: são campos dentro de campos, entendidos cada campo desses como uma malha aberta cujos pontos de intersecção entre seus fios são lugares mais densos no que diz respeito a algum fenômeno específico e que “funciona” como atrator em relação a epifenômenos que dele sejam conseqüência.

A Norma Jurídica é um epifenômeno que está situado no campo ao qual denominamos “Direito” e este, por sua vez, está situado em outro campo que o abrange, assim como a outros fenômenos, tal qual o econômico, ou o político, que é a Sociedade. A Sociedade está em um campo que, por sua vez, o contém, ao qual podemos denominar de Realidade Social, uma vez que há a Realidade Física. Nesse sentido a Realidade total comportaria a totalidade das Coisas e Fenômenos imaginada por Kant.

Quando dizemos que o coronelismo é um fenômeno específico, singular, estamos deliberadamente afastando a possibilidade de haver fenômeno idêntico, em seu conteúdo e forma, no mesmo ou em outro tempo e lugar. Ao pensarmos o contrário, podemos situar, por exemplo, o cangaço, e o banditismo do Oeste americano em um mesmo campo, qual seja o campo social, e, mesmo, em um campo dentro do campo social, qual seja o da criminalidade, desde que os parâmetros que definem esta sejam compatíveis com o cangaço e o “faroeste”. Hobsbawn tenta tal com sua proposta de “bandido social” mas seus parâmetro não resistem à crítica.

No que diz respeito ao coronelismo, por exemplo, podemos situá-lo no campo social do Poder, assim como o baronato feudal europeu. Haveria outras semelhanças?

A realidade é uma malha aberta cujos pontos de intersecção mais densos – os atratores sociais – congregam fatos e ações mais assemelhados entre si. Tais pontos, ao se conectarem (Direito com Economia com Poder com Religão, etc.), formam a malha social.

É inegável a importância de Pierre Bourdieu para a compreensão do que seja “campo social”.

AINDA AS CONTRATAÇÕES NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RN

Do http://www.marcosdantas.com/

De acordo com o Nominuto.com as nomeações secretas da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, que efetivaram 193 pessoas sem concurso público entre 1992 e 2002, podem estar com os dias contados. Após esbarrar na primeira e segunda instância, o Superior Tribunal de Justiça recebeu um, dos 21 processos, que tentam extinguir os benefícios. Na lista de beneficiados, parentes de políticos, prefeito, jornalistas, membros do judiciário.

Todos efetivados na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte através de atos secretos, que o Marcco considera acintoso e ilegal, de acordo com a própria legislação. As nomeações aconteceram sob as presidências dos deputados José Dias, Raimundo Fernandes, Leonardo Arruda e Álvaro Dias. Das 193 pessoas, o Ministério Público Estadual conseguiu identificar o vínculo de 69. Há casos de salários acima do dos desembargadores do Tribunal de Justiça. Gente que recebe mais de R$ 20 mil.

A maior parte dos vínculos é de pessoas ligadas à própria Assembléia Legislativa. Dos ex-presidentes, Álvaro Dias foi o único que se efetivou em cargo, embora não dê expediente na Casa. Alguns familiares seus estão na lista. Da atual legislatura há o pevista Gilson Moura, também efetivado nos quadros da AL. De chefe de Executivo, há o prefeito de Lajes, Benes Leocádio.

COMENTÁRIO DO BLOG: E a imprensa escrita, nada? E os grandes blogs políticos do Estado, nada? Que mídia é essa?

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RN CONTRATA SEM CONCURSO PÚBLICO?

De http://www.lauritaarruda.com.br/

Em tempos que elucubrações sobre a existência – ou não – de “acordão” político tomam as páginas da imprensa local, o site Nominuto, com rerportagem de Dinarte Assunção, traz à tona assunto mais palpável.


Onde e como o Poder Legislativo do Rio Grande do Norte investiu R$ 33 milhões nos últimos 16 anos?


Segundo o portal, atos secretos efetivaram 193 pessoas entre 1982 e 1992. Pessoas sem concurso público, um ato proibido pela Constituição Federal, portanto.


Diante do silêncio geral da Casa, o deputado Fernando Mineiro (PT) em entrevista a 96 FM esta manhã resgistrou:


- “Vou cobrar explicações à Mesa Diretora; solicitar uma explicação para o que aconteceu. Precisamos saber disso e é importante que tivéssemos acesso a essas informações”.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A CAUSA POLÍTICA DA CRISE NA EDUCAÇÃO

Por Cristovão Buarque

"Além do desprezo pelo povo, que caracteriza uma sociedade classista, aristocrática ou escravocrata, a elite brasileira, talvez inconscientemente, tem interesse em proteger seus filhos dos filhos do povo, assegurando o monopólio do ensino superior.

Ao mesmo tempo em que é contrária à cota para negros, mantém a cota de ingressos na universidade para ricos, ao não oferecer aos pobres a chance de cursar um Ensino Médio de qualidade.

Evita assim a concorrência que beneficiaria a maioria, que é pobre: se todos tivessem acesso à mesma escola, a minoria – os filhos dos ricos – conquistaria um número muito menor de vagas do que a maioria – os filhos dos pobres.

É o que acontece no futebol: uma vez que todos têm a mesma oportunidade, porque a bola é igualmente redonda, as regras são as mesmas, os campos de pelada têm as mesmas características para ricos e pobres. Mas as escolas são completamente diferentes. A bola é redonda para rico e para pobre, mas o lápis do pobre é diferente do computador do rico."

domingo, 4 de setembro de 2011

ATENÇÃO! PROGRAMAÇÃO OFICIAL DO CARIRI CANGAÇO 2011, O MAIOR EVENTO DE ESTUDO DO CANGAÇO, CORONELISMO E MISTICISMO DO BRASIL

PROGRAMAÇÃO OFICIAL

CARIRI CANGAÇO 2011

20 Setembro 2011
TERÇA-FEIRA
Teatro Municipal Salviana Arraes - CRATO-CE
19:00 H - Solenidade Oficial de Abertura
19:30 H - Conferência
BÁRBARA DE ALENCAR E A INSURREIÇÃO
Professora Salete Libório


MESA
Carlos Rafael - CRATO - CE
José Flávio – CRATO - CE
Alessandra Bandeira - CRATO - CE
Alexandre Lucas - CRATO -CE


21 Setembro 2011
QUARTA-FEIRA


Hotel Passárgada - Crato-CE
8:30 H- Conferência
ANGICO, O DEBATE FINAL
Facilitador: Manoel Severo
MESA:
Amaury Correa de Araujo - SÃO PAULO - SP
Aderbal Nogueira - FORTALEZA -CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE
Jairo Luiz - PIRANHAS - AL

Clube Recreativo - Barro - CE
13:00 H - Conferência
MAJOR JOSÉ INÁCIO DO BARRO
Jornalista Sousa Neto
MESA:
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE
Professor Pereira - CAJAZEIRAS - PB
Alfredo Bonessi - FORTALEZA - CE
Carlos Elydio - SÃO PAULO - SP
Salão Paroquial - Aurora - CE
19:00 H - Conferência
AURORA – A TRAMA DA IPUEIRAS E A INVASÃO DE MOSSORÓ
João Bosco André
MESA:
José Cícero - AURORA - CE
Geraldo Ferraz - RECIFE - PE
Archimedes Marques - ARACAJU - SE
João de Sousa Lima - PAULO AFONSO - BA


22 Setembro 2011
QUINTA-FEIRA

SESC Crato - CE
8:30 H - Lançamento e Debate
MINISÉRIE SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
Jonasluis de Icapuí


MESA:
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE -CE
Daniel Abreu - FORTALEZA -CE
Renato Dantas - JUZAEIRO DO NORTE - CE
Huberto Cabral - CRATO - CE
Teatro Nelory Figueira - Barbalha - CE
19:00 H - Conferências
A LITERATURA NA ÉPOCA DO CANGAÇO
Ângelo Osmiro
O CANGAÇO EM FOTOS
Ivanildo Silveira
MESA:
Hugo Rodrigues - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Pedro Luiz Camelo - CRATO - CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE
23 Setembro 2011
SEXTA-FEIRA
Floresta Nacional do Araripe - IBAMA Crato-CE
8:30 H - Conferências
A SAGA DE DELMIRO
Voldi Ribeiro
QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA
Gilmar Teixeira


MESA:
Edvaldo Nascimento - DELMIRO GOUVEIA - AL
Adair Nunes da Silva - DELMIRO GOUVEIA - AL
Wescley Rodrigues - BRASILIA - DF
Ana Lucia Sousa - PETROLINA - PE
Câmara Municipal - Missão Velha - CE
19:00 H - Conferências

AS ESTRATEGIAS DE COMBATE À ATUAÇÃO DOS CANGACEIROS PELO GOVERNO DA BAHIA
Capitão Raimundo Marins
A ILUSÃO DO CANGAÇO
Aderbal Nogueira
MESA:
João Bosco André - MISSÃO VELHA - CE
Honório de Medeiros - NATAL - CE
Juliana Ischiara - QUIXADÁ - CE
Narciso Dias - JOÃO PESSOA - PB


24 Setembro 2011
SÁBADO
Ginásio Poliesportivo Luiz Leite - Porteiras - CE
11:00 H - Conferência
CHICO CHICOTE E A TRAGÉDIA DE GUARIBAS
Napoleão Tavares Neves
MESA:
José Cícero - AURORA - CE
Sousa Neto - BARRO - CE
Barros Alves - FORTALEZA - CE
João Nóbrega - JOÃO PESSOA - PB


Fazenda Piçarra - Porteiras - CE
15:00 H - Conferência
ANTONIO DA PIÇARRA E O CANGAÇO DE LAMPIÃO
VILSON LEITE


Memorial Padre Cícero - Juazeiro do Norte - CE
19:00 H - Conferências
LAMPIÃO, AS VOLANTES E O MITO
Inácio Loiola Damasceno
DADÁ E CORICO
José Humberto Dias

MESA:
Aderbal Nogueira - FORTALEZA-CE
Ângelo Osmiro - FORTALEZA -CE
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE


25 Setembro 2011
DOMINGO
Hotel Pasárgada - Crato - CE
8:30 H - Conferencia de Encerramento
A MUSICALIDADE NORDESTINA
Múcio Procópio
MESA:
Kiko Monteiro - LAGARTO - SE
Kydelmir Dantas - MOSSORÓ - RN
Paulo Moura - RECIFE -PE
Wilson Seraine - TERESINA - PI

O Cariri Cangaço é uma realização Cariri do Brasil

sábado, 3 de setembro de 2011

"CARIRI - CANGAÇO, COITEIROS E ADJACÊNCIAS", DE NAPOLEÃO TAVARES NEVES

Dr. Napoleão Tavares Neves

Honório de Medeiros   

                Deliciosa leitura a do “Cariri – Cangaço, Coiteiros e Adjacências”, do Dr. Napoleão Tavares Neves. O subtítulo “Crônicas Cangaceiras” é precioso, um achado. A edição é relativamente bem cuidada, da Thesaurus Editora, de Brasília, com orelhas de Leandro Cardoso Fernandes, apresentação de José Peixoto Júnior e prefácio de Melquíades Pinto Paiva. Cento e trinta e duas páginas, incluindo a iconografia.

                   São crônicas, não sobram dúvidas, que nos encaminham ao passado conturbado e inigualável do Cariri, do qual Dr. Napoleão Tavares Neves foi e é testemunha privilegiada, seja porque sua história se confunde com a dos seus ancestrais, seja porque ao longo dos anos colheu e preservou a herança oral e escrita dos muitos personagens caririenses aos quais procurou ou por eles foi procurado.

                   Não há história do cangaço sem o Cariri; não há história do coronelismo sem o Cariri; não há história do misticismo sem o Cariri. O Cariri é um mundo dentro do mundo. Como não se quedar admirado com um País, isso mesmo, um País onde fizeram e aconteceram, como dizemos no Sertão, Lampião, Padre Cícero e Floro Bartolomeu? Os Marcelinos, o Pe. Manuel Antônio de Jesus, o Coronel Santana da Serra do Mato? As mulheres da epopéia de Guaribas. O “fogo” do Custodio, da Piçarra, Chico Chicote? Tantos personagens e tantos fatos...

                   Por essas e outras razões, recomendo sempre ouvir Dr. Napoleão Tavares Neves. Quando não possível, ler o que ele – fina flor do Cariri, um fidalgo sem reproche – escreve. O mesmo Dr. Napoleão que menino, tão bem cuidado por “Dondon”, foi criança no Sítio Saco, em Porteiras, no Cariri eterno, e nas noites de lua ficava de papo para o ar deitado na bagaceira do velho engenho de rapadura, “ouvindo os mais idosos contarem as peripécias de Lampião”.

                   As crônicas históricas são assim mesmo: um compósito de lembranças que resulta de um olhar da memória cujo destino foi as pessoas e os acontecidos, tudo suavemente coberto por uma pátina de melancolia que nada mais é senão a nostalgia proustiana do tempo perdido, das eras anciãs, do arcaico que o tempo, há muito, levou.

                   Desafiam o tempo, essas crônicas, se eternizam, pois também nos apresentam o mundo como ele foi e permitem esboçar uma chave canhestra para compreender o presente e, quiçá, o futuro, principalmente quando escritas por alguém que lhes transmite respeitabilidade factual, mesmo que resultando de uma perspectiva personalíssima, como é o caso dessas crônicas do Dr. Napoleão Tavares Neves.                

APRESENTAÇÃO DE CARLOS SANTOS, EM "SÓ RINDO 2"

Honório de Medeiros

                   Talvez o conceito do sociólogo judeu-alemão Norbert Elias não o abarque, mesmo tangencialmente. Não importa. Vou me apropriar do termo e utilizá-lo para o fim visado.

Claro que poderíamos dizer: ele é um gauche, nos lembrando de Carlos Drummond de Andrade. Aplica-se, aqui, o mesmo raciocínio anterior. Prefiro outsiders, à Elias, pelo significado etimológico que o dicionário estudantil, o Michaelis, mostra: s. estranho, intruso.

Os outsiders – todos eles -, como eu já disse em outro tempo e lugar, em algum momento de suas vidas foram moídos por aqueles no meio dos quais conviviam. Foram mastigados, deglutidos e vomitados. Seus jeitos de ser o sistema não assimilava. Não se tratava de oposição externa ou interna ao Poder. Não se tratava de irridência, sublevação, contestação por contestação.

Nada disso.

Nada mais seus jeitos de ser eram que estranhamento em relação ao estamento ao qual, até então, o outsider pertencia, apesar de outsider.Ser tal qual foi sua glória e sua tragédia. Fez com que fosse deglutido e depois expelido. Deglutido graças ao talento, à competência individual – nada que se assemelhe à conseqüência de um compadrio, de um afilhadismo, de um parentesco qualquer.

E expelido porque impossibilitado, graças ao que seria uma excentricidade moral, ou psicológica, ou filosófica, ou todas juntas, de acompanhar a carneirada e sua vocação para ser usado pelos lobos ao custo de balangandãs, bijuterias, penduricalhos materiais ou simbólicos.

Pois Carlos Santos é assim, talvez porque nascido no território imagético composto pelas ruas cujo epicentro é a histórica Capela de São Vicente, coração da Mossoró libertária – não a outra que o Poder tornou sem substância há quase ruins cem anos. Território com população pequena e selecionada por uma dessas felizes circunstâncias que a história mostra ser tão rara, e soberania construída via permanente e anárquica tensão afetiva entre o matriarcado implícito/patriarcado explícito e a insubmissão das gerações mais novas. E logo fez parte da geração que se distanciou da infância, entre alegre e triste, a golpes indisciplinados de leituras de todos os matizes e para todos os gostos, nos anos 70.


Fez-se e se diz repórter, Carlos. Nada mais, segundo ele.

Podo ser, mas há controvérsias. Embora conheça tudo de jornal – até fundou um -, é engano o que diz, e esse dizer nasce de um exercício crítico da razão tolhida pela modéstia e certo laivo de manha.

Como todos nós que nascemos na nossa República Independente de São Vicente tem Carlos uma base comum sobre a qual construímos, ao longo do tempo, nossas distinções de personalidade, muito mais que de caráter: aquela educação ministrada pelos exemplos, tradição dos mais antigos, consolidada por intermédio de orações e devaneios à luz mortiça da Capela, nas longas noites das novenas de Santo Antônio, a cantar as ladainhas e aspirar o doce aroma do incenso que o turíbulo aspergia conduzido por nossas ciosas mãos de meninos.

Qualidades morais, mas há as outras, para além da decência de suas atitudes, que o expõem como muito mais que repórter, entretanto louvado e respeitado seja esse mister.

Por que naqueles dias nos quais o homem que cada um de nós seria amanhã ia sendo produzido nas leituras, bate-papos e discussões – às vezes aguerridas – havia, como que permeando sutilmente nosso presente e preparando o futuro, uma romântica angústia metafísica por Justiça (assim mesmo, com J maiúsculo) nascida do olhar sensível e da razão aguçada que percebiam, mas ainda não entendiam o que se passava no nosso entorno, sorvida nos rios literários nos quais nos dessedentávamos, aguardando uma práxis qualquer que nos tornasse mais Sanchos Panças e menos Quixotes largando mão da retórica adolescente contra os moinhos de vento da Ditadura.

Era um tempo no qual o máximo de ousadia consistia em ouvir, antes da meia-noite, as transmissões da Rádio de Moscou. Falávamos mal dos que não estavam na Oposição. Criticávamos o Regime. Ansiávamos por mudar o mundo e as pessoas.

Então cada um foi para o seu lado, sempre Quixotes, quase nunca Sanchos. Encruzilhadas, conquistas, fracassos.

Da nossa geração, da nossa República, tivemos políticos, escritores, empresários, de tudo um pouco, até mesmo alguns, tão especiais que o Céu, cedo, os levou.

E tivemos jornalistas como Carlos, que também é escritor, pois escolheu ler, escrever e pensar as coisas e as pessoas, as pessoas e as coisas, cada uma no seu tempo, cada tempo uma vez ou tudo. E de suas crenças construiu respeito; de suas idéias, a admiração; de suas escolhas, o afeto, sem perder a sede por Justiça.

Quem o lê, diariamente ou não, em seu blog, logo percebe tal e se gratifica com suas análises políticas e algumas esparsas crônicas, mas anseia por outras incursões literárias, tais quais ensaios, críticas, que tenham sua assinatura, algumas guardadas – ainda não tornadas públicas – junto aos livros que, aos poucos, tomam os espaços restantes do seu bunker, mas não esquece, também, outra faceta sua: o talento com o qual, como ele mesmo diz ao descrever Só Rindo 2, retrata disparates, rompantes inteligentes, gafes homéricas e cenas picarescas em narrativas condensadas, como se fossem esquetes teatrais.

Pelo que diz, e como diz, já temos uma noção da qualidade do texto. Daí porque um jornalista que é escritor; um escritor que é jornalista.

Claro que quereremos mais, nós que o lemos sempre. É esse seu débito para conosco, no geral. No particular, a República deseja que se mantenha no que escreve, mesmo quando cuida de advertir divertindo, com esse compósito de profundidade e ironia – a boa ironia – esculpida a pinceladas incisivas, rascantes, argutamente postas, celebrando a vida no que ela tem de flores e lama: desde o homem que ascende para além dos limites de suas circunstâncias até o homem que mergulha no opróbrio de seus instintos vis de predador social.

Pois a Justiça de ontem em seu coração é a Justiça de hoje em sua razão.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

NAS TETAS DO ESTADO


Laélio Ferreira
 
M O T E :



Quero ser publicitário

chupar nas tetas do Estado



G L O S A:



Não posso mais ser otário,

viver na merda em que vivo;

preciso ser mais ativo,

quero ser publicitário !

Tenho inveja do cenário,

roo as unhas, tô pirado,

fico sonhando acordado,

minha vida desandou

- mas aposto: um dia eu vou

chupar nas tetas do Estado !
 

A HIPÓCRITA CAMPANHA DO DESARMAMENTO

 
Faz-de-conta

Pelo o que se sabe, não apareceu qualquer assaltante ontem no Hotel VillaOeste (Mossoró), entregando arma à Campanha do Desarmamento. Uma pena.

Por lá, várias autoridades proclamaram o início da campanha nacional para recolhimento de armas de fogo. Picotaram algumas peças de artilharia numa maquininha (pura pirotecnia), proclamaram a ideia de combate à violência e repetiram outros lugares-comuns.

Por que não cortam o mal pela raiz, proibindo a fabricação desse produto bélico? Não seria mais sensato?

Em Israel, Estado militarizado, qualquer pessoa tem uma pistola nos “quartos” e índice de criminalidade urbana é baixíssimo. Aqui no Brasil, só bandido pode ter arma.

Cidadão de bem não costuma ter arma privativa das Forças Armadas; qualquer bandido reles, sim.

Desarmamento poderia tentar alcançá-los.

O Estado passa ao cidadão de bem responsabilidades que são suas: desarmar bandido, puni-lo exemplarmente e salvaguardar a vida.

Cinismo. Hipocrisia. Só.

Arma na mão de um cidadão de bem é como plano de saúde: você tem para prevenção, na esperança de não precisar usar. Com bandido, é ganha-pão.

Conta outra, vai.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DO ESTUDO DO CANGAÇO NAS ESCOLAS

Do cariricangaço.blogspot.com

Por Bárbara de Medeiros

Tendo um pai profundamente envolvido com o estudo do cangaço, era de se esperar que eu soubesse bastante sobre o assunto. Mas não, na verdade. E aqui, aproveito para ressaltar a importância de ensinar corretamente as matérias para crianças.


Quando eu tinha uns sete anos, meu pai já demonstrava sinais de seu amor pelo cangaço. Quando eu soube que iria estudar exatamente isso, podem imaginar a minha alegria: Finalmente iria entender as conversas extremamente sem sentido (para mim) mas interessantes (para meu pai e seus amigos) sobre o assunto. Eu deixaria de ser uma “outsider” na conversa.


Pois bem. Qual não foi a minha decepção quando eu descobri que dessa matéria tão importante para a história não só da nossa região, mas também do nosso país, só havia um parágrafo no fim de uma página constituído de quatro linhas. E nenhuma das quatro continha uma informação verdadeira. Eu aprendi, ainda cedo, na escola, que o cangaço era um movimento liderado pelos cangaceiros contra seus coronéis, que matavam seus pais e se recusavam a pagar dinheiro pelos serviços feitos pelos cangaceiros. Então, revoltados, eles invadiam as casas dos tais coronéis, tocavam fogo, estupravam suas mulheres, roubavam seu dinheiro e pegavam seus filhos para eles se tornarem cangaceiros também.


Eu precisei que o meu pai explicasse o cangaço umas seis vezes para que eu finalmente entendesse. Talvez eu nunca chegue a entender completamente. A imagem daquele parágrafo no fim da página falando dos cangaceiros tão erradicamente ainda invade os meus pesadelos, pois o meu maior medo é que outras crianças venham depois de mim e acreditem piamente no que o livro disse. Talvez elas não tenham seus pais para explicar a verdade. Talvez elas cresçam com a informação errada. Talvez morram sem nunca descobrir a verdade, sem nunca entender a importância desse movimento para a história do seu país. Quem sabe?


NOTA CARIRI CANGAÇO: Bem; para quem não conhece, permita apresentar essa pequena sobrinha que é puro encanto, em todos os sentidos. Pela inteligência, pela sensibilidade, pela dedicação em tudo o que faz e principalmente pelos muitos talentos que possui. Bárbara tem 13 aninhos de vida, mas que poderia ser 13 mil... diante de tanta Luz e Força que imprime à sua vida; é filha de Michaela e de Honório de Medeiros, e é uma das convidadas especiais do Cariri Cangaço 2011.

PAULO DE TARSO CORREIA DE MELO LANÇA, HOJE, O "LIVRO DE LINHAGENS"


Do Substantivo Plural:

As experiências e lembranças, vividas e guardadas, pelo escritor Paulo de Tarso Correia de Melo durante viagens pela literatura e por terras portuguesas e gregas são o fio que tece seu novo "Livro de Linhagens", com lançamento marcado para hoje, às 18h, na sede da Academia Norte-Riograndense de Letras. A publicação que sai no Brasil sob a guarda da editora mossoroense Sarau das Letras, também será lançada no próximo dia 1º de outubro na cidade do Porto, em Portugal, pela editora Corpos - uma parceria inédita no RN. A obra custa R$ 30 e poderá ser encontrada, após o lançamento, nas principais livrarias da cidade.