11 DE SETEMBRO E A VIDA
Bárbara de Medeiros
Neste exato momento em que escrevo, as lágrimas caem dos meus olhos como gotas de chuva escorrem em uma janela, e eu tremo com os soluços que já não consigo controlar. Conhecimento mata. Mata sim. E eu sou a prova disso.
Porque até aproximadamente duas horas atrás eu estava bem. Sorrindo. Feliz. Sabia que o mal existia, é claro, mas não esperava que ele vivesse tão próximo ou que ele fosse tão poderoso e assustador. Eu era uma observadora passiva de um quadro pintado por outro artista, já manchado pelo tempo. Mas não hoje. Não mais.
Não que agora eu seja a artista. Vivemos em um período sem maiores perigos, e mesmo que não fosse assim, quem sou eu para ser alguém? Tenho 14 anos. Sou uma menina. Choro fácil. Apego-me fácil. Machuco-me fácil. Não apresento resistência nem esperança pra ninguém.
Mas sou um ser humano. E como ser humano, além de ter capacidade de abstração, também sou capaz de ficar emocionada. De sentir empatia. E é isso que eu sinto. É isso que me faz chorar agora, como não o fazia desde a morte do meu avô.
O motivo? 11 de setembro. Não, não a famigerada terça feira de 2001. Refiro-me a uma que ocorreu 28 anos antes, no Chile. Talvez você nunca tenha ouvido falar do que aconteceu. Até pouquíssimo tempo, nem eu sabia.
Talvez seja hipocrisia minha. Não chorei (tanto assim) ao saber da Segunda Grande Guerra nem da Primeira. A ditadura militar me irritou mais do que me chateou. Mas o que aconteceu nesse país estrangeiro a tão pouco tempo, paralelamente ao nosso próprio sofrimento também influenciado pelos Estados Unidos (embora em uma escala muitíssimo menor) levou-me ao estado de bebê novamente, em posição fetal aos prantos, sendo consolada pela minha mãe.
Não darei aula de história. (Ainda) não sou formada nessa matéria. Se te interessar saber o que aconteceu, assista a esse vídeo, a causa de toda a minha tristeza: http://www.youtube.com/watch?v=nQZ90Dz4OuM&feature=youtu.be
Somos todos seres humanos. Mas o que leva um de nós a exterminar (ou quase isso) sua própria raça? Inteligentes? Animais inteligentes? Só se for piada. Mais do que lágrimas e soluços de tristeza, eu sinto uma reviravolta no meu estômago que quase me faz vomitar. Nojo. Essa é a principal emoção em mim.
Sinto frio e medo. Não pelo passado, já que não podemos mudá-lo, mas pelo futuro. Sinto-me impotente. Assustada. Uma garotinha encolhida que precisa desesperadamente do consolo dos pais. Eu não sabia que era assim. Eu não esperava que fosse assim. Eu não quero que seja assim.
Mas a vida engana.
E a morte seduz.
4 comentários:
UM ABRAÇO FRATERNO
Bárbara, lendo o seu artigo, lembrei-me de uma trabalho que escrevi para futura publicação, assim resumido:
"Neste sábado que passou estava em minhas peregrinações triviais de um dia de nada fazer, quando, em uma loja adentram dois jovens, um casal, e indagam se eu aceitava um abraço. O gesto, num misto de surpresa e alegria tocou-me profundamente e, com emoção aceitei aquela afetuosa e sincera oferta, sem que nada fosse solicitado de volta, que aliviou o meu caminhar.
Não sei se estavam a serviço de alguma religião, talvez da campanha da fraternidade, ou não, mas isso não importa, o que vele é o desprendimento, o propósito, a iniciativa, verdadeira semente para elevar o espírito, notadamente de criaturas que já carregam o peso da canseira do dia a dia ou do tempo presente, prenho de maldade, de violência e de busca de vantagens nem sempre elogiáveis.
Aproveitei, então, para meditar um pouco sobre aquele proceder e,em silêncio roguei a Deus que aumentasse esse exército de amor, principalmente neste momento propício da quaresma, preparação para a páscoa e no limiar da renúncia do Chefe maior da Igreja Católica, Papa Bento XVI.
Dentro desse clima, fiz breve reflexão sobre o papel das religiões e fui obrigado a reconhecer a importância da Igreja Católica no correr do tempo, mantendo vivos os escritos dos nossos ancestrais, berço da sabedoria e do conhecimento teológico e mesmo científico de dois milênios, desde os monges copistas que, sob a pressão dos bárbaros, souberam conservar nos mosteiros todos os escritos, desde fragmentos da Bíblia, Cartas, Sermões, Atos e instrumentos da conservação da grandeza de Jesus e dos seus seguidores até os dias presentes.
Não fosse a Igreja Católica, também através das Escolas e Universidades criadas em todos os recantos da terra, estaríamos amargando a ignorância da criação e da vida santa dos nossos obreiros.
Diante disso meditei a atitude repulsiva de alguns cristãos de outras igrejas, embora do mesmo credo, que insistem em postergar valores das santas criaturas que carregaram física e emocionalmente, os ensinamentos teológicos através dos tempos, que merecem ser reverenciados como heróis e aos quais devemos ser eternamente gratos.
......
Irmãos em Cristo, vamos nos unir para fortalecer a fé, a caridade e o amor pelo próximo, cada um adotando a formalística que cada igreja adotar, mas sem ressentimentos, sem fanatismo, sem racionalidade.
Certa vez enviei para uma aluna uma bela mensagem de Chico Xavier e ela depois me informou que nem chegou a abrir o e-mail, pois mencionado o nome daquele bom cristão, ela não ousaria sua leitura, por ser um agente do demônio.
Apenas, intimamente, lamentei o ocorrido e constatei como alguns não sabem interpretar a mensagem do Senhor e cada dia mais se afastam da máxima de uma igreja única e um só Pastor para dar sequência à nossa vida religiosa,ainda que em casas diferentes.
Uni-vos Igrejas de todos os matizes e vamos trabalhar pelos necessitados, sem disputa de quem dá ou faz mais, mas quem reparte com mais intensidade o amor.
Rogo ao Cristo Jesus, como poderá ser a Buda, Maomé ou Alá pela paz entre os povos e pela erradicação da dor, da fome, da ignorância e da miséria, para que todos os irmãos se abracem todos os dias, fortalecendo e valorizando a vida e possibilitando uma páscoa universal ad aeternum."
Você é uma jovem cheia de potencialidades para oferecer.Não se deixe abater pelas adversidades, mas que estas lhe fortaleça para as grandes conquistas.
Com a admiração e o respeito de um velho professor. Carlos Gomes
mirandagomes1939@yahoo.com.br
Bárbara, Bárbara, você é bárbara. Xero do tio, François.
Obrigada, tio François! Saudades!
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