sábado, 5 de dezembro de 2009

ALUÍSIO LACERDA AVALIA OS JORNAIS DE NATAL



Aluisio Lacerda

Na "Seção Pergunta e Resposta", segunda-feira próxima, Aluisio Lacerda, jornalista e advogado, avalia os jornais da capital "Novo Jornal", "Tribuna do Norte" e "Diário de Natal".

Leia aqui.

BILHETE DE LAURENCE NÓBREGA

Meu caro mestre e amigo:




Li com atenção e interesse o seu ensaio sobre “o teatro subversivo”.



No instante em que se discute a instituição de mais uma esmola oficial, intitulada “Bolsa-cultura”, faz-se oportuna a sua observação sobre a interferência do estado na divulgação da cultura, repetindo suas palavras (....) disfarça e oculta o real e ressalta, para os incautos, uma suposta preocupação do Poder em apresentar, para o povo, uma preocupação com a cultura”. Qual tipo de cultura será vendida aos incautos? Quem lucrará com a idéia? Será que vão criar o vale-abadá, para estimular o Carnatal?



Melhor seria aplicar esses recursos na educação para que, mais instruídos, os jovens pudessem escolher o tipo de literatura e de manifestações artísticas que mais lhes aprouvessem.



Lembro-lhe alfim, que na Paris pré-revolucionária, uma das peças que mais faziam sucesso no teatro popular era “As bodas de Fígaro”, inicialmente apresentada em teatro de marionetes e, posteriormente transformada em obra suprema da ópera universal, pelo magistral Wolfgang Gottlieb Mozart, cuja morte prematura ocorreu em 05 de dezembro de 1791, há exatos 218 anos.



No mais sentimos, Kydelmir e eu, a sua ausência na noite de quarta-feira.



Um grande abraço do seu humilde discípulo.



Laurence

MISSA DE SÉTIMO DIA POR ANTÔNIO RODRIGUES DE CARVALHO

A pedido da família de Antônio Rodrigues de Carvalho a quem apresento, em meu nome, e de minha família, nossos pêsames:

"Maria Augusta (esposa), Nairma e Maranto (filhos), Joana (nora), Antonio, Lucas e Samuel (netos), convidam a todos os parentes e amigos para a Missa de 7º dia, que mandarão celebrar pela alma de Antônio Rodrigues de Carvalho (Toinho), na próxima quarta-feira, dia 09/12/2009, às 17h30min, na Capela de Santa Terezinha (Natal-RN)."

HOMEM LIVRE


Homem livre

“O ascetismo socrático não é virtude monacal, mas sim a virtude do homem destinado a mandar. Naturalmente, não tem validade para Aristipo, que não quer ser senhor nem escravo, mas simplesmente um homem livre, um homem que só deseja uma coisa: levar uma vida o mais livre e o mais agradável possível. E não acredita que esta liberdade se possa alcançar dentro de nenhuma forma de Estado, mas só a margem de toda a existência política, na vida de estrangeiro e meteco permanente, que a nada obriga" (Paidéia; Werner Jaeger).

O TEATRO SUBVERSIVO


Teatro

Por Honório de Medeiros

Fica patente que o Teatro é subversivo, o mais das vezes, é bem verdade, só e somente só quando surge das ruas e não tem qualquer ligação com o Estado. É quando ele retoma sua ligação histórica com uma tradição que talvez venha desde os gregos e seus dramas e comédias nas quais todos os aspectos da vida podiam ser abordados livremente – e era exatamente isso que o povo esperava: Aristófanes ridicularizando Sócrates em “As Nuvens”; Sófocles contrapondo, ao Estado, a insurgência contra leis injustas em “Antígona”.
Tradição que atravessa o medievo com a “Comédia da Arte”, ou seja, o teatro mambembe que a tudo e a todos ridiculariza, através da caricatura ligeira, ferina, e chega a Shakespeare, a quem Harold Bloom atribui a condição de esteio da cultura ocidental. E prossegue até hoje irrompendo marginalmente nas “performances” inesperadas de grupos quase anônimos que aparecem e desaparecem com a mesma rapidez de seus textos cáusticos e ligeiros acerca do homem e de suas idiossincrasias – o poder, o amor, a guerra...
O outro Teatro, mesmo quando de rua, é oficialesco por que patrocinado pelo Estado. E, como tal, no mínimo deve omitir-se de críticas. No máximo deve ser laudatório em uma escala sub-reptícia. Não por outra razão, o mero fato de ser uma superprodução, com a forma preponderando sobre o conteúdo, disfarça e oculta o real e ressalta, para os incautos, uma suposta preocupação do Poder em apresentar, para o povo, uma preocupação com a cultura. Então temos luzes, fogos, brilho, cores, música, tudo em escala colossal, para distrair e ocultar, divertir e esconder. “Panis et Circus”.
O outro Teatro, o subversivo, está próximo do mambembe, da revista, da arena, da cultura popular não estilizada como as cantorias, a poesia de cordel, os pastoris e a dança. Esse Teatro percorria os arrabaldes e bairros proletários da Paris pré-revolucionária, como nos conta Restif de La Bretonne em “Noites Revolucionárias” debochando, juntamente com os jornais de tiragens mínimas, feitos em gráficas clandestinas, do Poder, do Rei e, principalmente da Rainha, e promovendo, inconscientemente, a revolta popular por que mostrando, de forma insidiosa, ao que conduzia – a fome, a miséria – os excessos dos que tinham tudo em detrimento dos que nada tinham.
O Poder, que é fértil em estratagemas, de há muito compreende o potencial subversivo da cultura popular. E a encampou eviscerando-a. No mundo “fashion” do Estado espetáculo Lampião e Maria Bonita desaparecem enquanto símbolos de uma época e circunstância histórica e ressurgem como pálidos personagens de uma historiografia oficial construída para valorizar o investimento que as elites fazem para divertir a massa, atrair turistas, e movimentar recursos que hão de retornar, de uma forma ou de outra, para quem os destinou.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MINHA SOLIDARIEDADE A CARLOS SANTOS

Lê-se hoje, em Carlos Santos (http://www.blogdocarlossantos.com.br/):

"Sexta - 04/12/2009 - 08h40
A quem se foi, ao que ficou
Dona Maura, minha mãe, morreu à madrugada de hoje.
Uma parte considerável de mim, também.
Não há muito a ser dito, nem eu teria como fazê-lo.
Passa um filme, em instantâneo, do que ficou. E ficou muito.
O que resta? Não há sobras, é o que sei.
É-me inteiro o bem-querer e um impagável débito.
Sou feliz devedor de um sentimento maior, feito de renúncia: amor.
Daqui por diante, no tempo que me for possível cumprir, a vida ganha outro contorno. Mesmo assim não estarei só, como nunca estive.
Obrigado por tudo.
Descanse em paz!"

Agora, digo eu: se minha mãe tivesse noção do que lhe cerca, se há muito não tivesse mergulhada no alheamento do Alzheimer, estaria agora misturando lágrimas e orações por sua amiga de tantos anos quanto é a idade do seu filho.






ARTE


Padre José (hábito pardo) ao fundo. Em primeiro plano, Richelieu

"Um artista nasce com certos talentos especificamente seus - mas deles faz uso dentro da tradição artística corrente. O mesmo acontece ao místico, cuja vida religiosa é constituída pela interação entre as suas aptidões espirituais inatas e a tradição dentro da qual ele pensa e trabalha" (Aldous Huxley, "A Eminência Parda").

Observação: o secretário de Richelieu era um capuchinho, Pére Joseph (Francisco Le Clerc du Tremblay) cujo hábito era pardo. Daí a expressão, que fica na história para designar alguém poderoso e que prefere as sombras!

"A SONATA A KREUTZER", TOLSTOI


Tolstoi

"Não concorda comigo? Permita-me demonstrar-lhe o que digo - começou, interrompendo-me. - O senhor me diz que as mulheres da nossa sociedade vivem com interesses diferentes daqueles das mulheres nas casas de tolerância, mas eu lhe digo que não é assim, e vou demonstrá-lo. Se as pessoas diferem quanto aos objetivos da existência, quanto ao conteúdo interior da vida, esta diferença tem que se refletir sem falta na aparência exterior também. Mas olhe para aquelas, para as infelizes e desprezadas e, depois, para as senhoras da mais alta sociedade: os mesmos trajes vistosos, os mesmos modelos, os mesmos perfumes, o mesmo desnudamentos dos braços, dos ombros, dos seios, o mesmo traseiro apertado e em posição saliente, a mesma paixão por pedrinhas, por objetos caros e brilhantes, os mesmos divertimentos, danças, músicas e canções. Assim como aquelas aplicam todos os seus recursos para atrair os homens, fazem estas também. Nenhuma diferença. Numa distinção rigorosa, deve-se apenas dizer que as prostitutas a curto prazo são geralmente desprezadas, e as prostitutas a prazo longo, respeitadas."

RAFAEL NEGREIROS, OU DE UM POEMA QUE SE PENSOU QUE FOSSE DE BORGES


Rafael Negreiros e Ivonete Paula

Por Honório de Medeiros

Alguns anos atrás eu e Franklin Jorge resolvemos lançar um jornal em Pau dos Ferros que cobrisse, para o Estado, todo o Alto Oeste. Seria ele semanal e iria para as bancas aos sábados.
Foi algo insano, mas naquela época não tínhamos noção acerca da aventura na qual nos meteríamos, e a história da “Folha do Alto Oeste” será contada, um dia, através de “perfis”, “sueltos” e “bicos-de-pena” como somente Franklin sabe fazer.
O que importa é ter sido Rafael Negreiros nosso primeiro e mais importante colaborador e, já no terceiro ou quarto número ter criado, com a iconoclastia que o caracterizava, a figura do “ombudsman” jornalístico – isso mesmo que a Folha de São Paulo viria fazer anos depois se arrogando pioneira sem saber que no Sertão do Rio Grande do Norte essa experiência já existira.
Naquele artigo Rafael desancou o jornal com tiradas tipicamente suas: ironias cortantes entremeadas por observações pertinentes e oportunas acerca do exercício do jornalismo. Artigo que ele enviou para publicação e divertiu-se com nosso possível constrangimento. Publicamos, claro, e graças a ele fizemos história.
Essa talvez tenha sido a única vez que mantive um contato mais estreito com ele, apesar de sempre tê-lo conhecido. O final da minha infância e início da adolescência – os últimos anos nos quais morei em Mossoró – foi cheio daquilo que chamávamos de “as histórias de Rafael”, casos que eram contados em todas as esquinas da província e maravilhavam a nós pela rebeldia, sem que disso tivéssemos noção.
Víamos Rafael – pelo menos eu via – como alguém que tinha coragem de tomar posições. Para mim não importava que posições fossem essas, mas, sim, o destemor com que elas eram assumidas e defendidas, além do torrencial volume de erudição que envolvia cada escrito seu.
Anos depois acompanhei, via Fernando Negreiros, seu filho caçula e amigo meu de infância, seu distanciamento da turbulência que o caracterizava. O tempo, esse domador de homens, cumprira seu papel como sempre deslealmente, por que escolhera para cúmplice anões morais com os quais Rafael se recusava a compartilhar a experiência de sorver a vida daquela forma tão sua e tão peculiar.
Era o fim de uma era de titãs. Homens símbolos. Os contemporâneos dos seus últimos dias – imberbes arrogantes e pragmáticos, desletrados e vazios – sequer sabiam, quando o conheciam, ou dele ouviam falar, com que graça esdrúxula, humor derruidor, Rafael desmontava as armadilhas da mediocridade cotidiana. E hoje, com raras e honrosas exceções, lembram-no eles por seu talento menor – o humor, a excentricidade – desconhecendo, lamentavelmente, que se a coragem de firmar opinião usando, como veículo, a iconoclastia, tivesse nome ele seria, com certeza, Rafael Negreiros.
Mas existe ainda uma outra faceta de Rafael que eu considero ímpar. É ela que me lembra um poema atribuído a Borges. Nele, em tom confessional, o autor ou a autora lamenta-se, olhando para o próprio passado e adivinhando a morte, não ter desperdiçado a vida com coisas pueris. Algo como um banho de chuva, um banho de mar, gargalhadas... Não importa caro autor ou autora, Rafael Negreiros fez isso por você.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MORRE TOINHO DO "CAPIM", EX-PREFEITO DE MOSSORÓ



Antônio Rodrigues de Carvalho, de bigode e sem óculos

Deu em Carlos Santos (http://www.blogdocarlossantos.com.br/):

"Morre "Toinho do Capim", ex-prefeito de Mossoró.

Morreu à manhã de hoje, em Natal, o ex-prefeito (duas vezes) de Mossoró Antônio Rodrigues de Carvalho.

Teve complicações cardíacas e renais, vindo a óbito.

A notícia, inicialmente, passei logo cedinho em meu Twitter (www.twitter.com/bcarlossantos).

Adiante darei mais detalhes sobre velório, sepultamento, além de dados biográficos de "Toinho do Capim".

Ele eternizou-se no imaginário político de Mossoró, em memorável campanha municipal, quando venceu Vingt-un Rosado por apenas 98 votos em 1968.
Aguarde.

CLAUDER ARCANJO NO ICOP E LANÇANDO "LÁPIS NA VEIA"

O Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e a editora Sarau das Letras têm dupla atividade à próxima sexta (4).
A programação acontecerá a partir das 19h, no Sesi (Mossoró).
Haverá a posse da nova diretoria do Icop, presidida pelo escritor Clauder Arcanjo, além de lançamento do livro ‘Lápis nas veias’, do próprio dirigente.

CÂMARA FEDERAL APROVA CONGRATULAÇÕES PELA DOAÇÃO DE LIVROS DA COLEÇÃO MOSSOROENSE

Blog da Feira (www.blogdafeira.com.br):

"Iniciativa do deputado Colbert Martins


Câmara Federal aprova congratulações pela doação de livros

A Câmara dos Deputados, por iniciativa do deputado federal Colbert Martins Filho, registrou nos anais do Parlamento brasileiro uma moção de congratulações ao Blog da Feira, Fundação Vingt-Un Rosado e Prefeitura Municipal de Feira de Santana em virtude da doação de livros feita pelas duas primeiras instituições à Prefeitura feirense. “O gesto do Blog da Feira e da Fundação além de enriquecer o acervo da Biblioteca Arnold Silva serviu para estreitar os laços entre mossoroense e feirenses e de resto atestar a intensa e imensa presença da colônia potiguar em Feira de Santana”, disse o deputado ao apresentar a moção aprovada pelos deputados. A doação dos livros da Coleção Mossoroense foi feita através do jornalista Jânio Rêgo, no último dia 25 em solenidade no Salão Nobre da Prefeitura de Feira."

INSTINTOS


Instintos

"Ao longo dos anos Yoel se convenceu de que os instintos da vergonha e do orgulho eram na maioria das vezes mais fortes que outros instintos famosos dos quais os romances costumam tratar. As pessoas estão ansiosas por fascinar e encantar o próximo afim de preencher uma falha em si próprias" (Amos Oz, "Conhecer uma Mulher").

OS OUTSIDERS



Outsider

Por Honório de Medeiros

Poderíamos denominá-los outsiders lembrando-nos da tipologia criada por Norbert Elias. Talvez o conceito do sociólogo judeu-alemão não abarque os que irei estudar, mesmo tangencialmente. Não importa. Vou me apropriar do nome e utilizá-lo para o fim visado. Lógico que poderíamos denominá-los gauches, lembrando-nos de Carlos Drummond de Andrade. Aplica-se, aqui, o mesmo raciocínio anterior. Prefiro outsiders pelo significado etimológico que o Dicionário estudantil, o Michaelis, mostra: s. estranho, intruso.

Estranhos a quê? À privacidade do detentor do Poder – e de sua entourage - para quem, eventualmente trabalhe, por não confundir relação de trabalho com relação pessoal; à idéia de franquear sua intimidade ao detentor do Poder – e à sua entourage; à bajulação; à omissão no que diz respeito à discordância, se preciso for, no que diz respeito às idéias e/ou ações do detentor do Poder; à conformação própria de uma oposição branda para demarcar posições; ao jogo do Poder e ao Poder do jogo do Poder; à atitude de marcar presença física para ser visto e lembrado como alguém da corte; à subserviência; à aniquilação do respeito por si mesmo, na medida em que corpo e mente passa a ser instrumentos daqueles que os mantém.

Intrusos para o círculo íntimo do Poder embora perifericamente dele fazendo parte, momentaneamente, em virtude de sua competência técnica. Quem é intruso não tem acesso às idéias que realmente estão impulsionando o Poder. Não compreende as ações que delas decorrem, por mais inteligente que seja. Não consegue entender – às vezes até mesmo perceber – a linguagem cifrada através da qual os integrantes do círculo íntimo se manifestam. Com sua chegada se estabelece o silêncio ou o barulho dirigido. O intruso incomoda, é um obstáculo tanto mais difícil por que ele faz parte da engrenagem embora atrapalhe na medida em que não possa ser envolvido – usado - sem que perceba aquilo que realmente está por trás do processo no qual está mergulhado.

Os outsiders – todos eles – em algum momento de sua vida foram moídos por aqueles no meio dos quais conviviam. Foram mastigados, deglutidos e vomitados. Suas essências não podiam ser assimiladas pelo sistema. Não se tratou de oposição externa ao Poder. Não é irridência, sublevação, contestação explícita, revolução. Não. É incompatibilidade com o estamento ao qual até então o outsider pertencia apesar de ser outsider. Ser outsider foi sua glória e sua tragédia. Fez com que fosse trazido e depois expelido. Trazido graças a seu talento, sua competência individual – nada que se assemelhe à conseqüência de um compadrio, de um afilhadismo, de um parentesco qualquer. E expelido por que impossibilitado, graças a sua excentricidade moral, ou psicológica, ou filosófica, ou todas juntas, de acompanhar-se da carneirada e sua vocação para serem usadas pelos lobos ao custo de balangandãs, bijuterias, penduricalhos materiais ou emocionais.




A RECUPERAÇÃO DE UM PARADIGMA: O INVESTIMENTO NO SERVIÇO E SERVIDOR PÚBLICO É UMA POLÍTICA DE ESTADO



Barnabé

Por Honório de Medeiros

Há uma nítida distinção, em termos ontológicos, entre serviço público e iniciativa privada. No primeiro caso, o paradigma que norteia a ação pública (iniciativa pública) é cumprir expectativas da sociedade, definidas constitucionalmente, enquanto, no segundo, a ação privada é impulsionada pelo objetivo do lucro.

A própria Constituição Federal, embora estabeleça como princípio constitucional a livre iniciativa e o modelo capitalista de organização da economia ressalvam o caráter social da propriedade. Essa característica, segundo a melhor hermenêutica, referenda o primado de que o público está acima do privado, como de fato a própria legislação infraconstitucional o prevê: trata-se das previsões de intervenção do Estado na Ordem Econômica sem, entretanto, anatemizar-se o lucro.

Quando tratamos de ações voltadas para a sociedade, do primado do público sobre o privado, temos que convir que dada a especificidade da demanda de natureza essencialmente complexa, não somente quanto ao aspecto ético, político e social, mas, também, quanto a quantidade (a sociedade), esta necessariamente é, no mínimo, de médio prazo, inobstante demandas emergenciais, enquanto as ações privadas, muito embora carentes de planejamento de longo curso, por serem pautadas pelo lucro são, essencialmente, instáveis e voláteis.

Se a ação pública desenvolve-se, o mais das vezes, a médio e longo prazo, torna-se fundamental a preservação da sua memória, qual seja o recurso humano nela envolvida e a conseqüente experiência advinda no trato com a questão trabalhada. Sem a preservação dessa memória, não é possível continuidade de políticas públicas, e o resultado é o comprometimento do paradigma que fulcra sua iniciativa. E por que essas políticas públicas – aquelas consistentes – demandam tempo para serem implementadas? Por que envolvem parcela significativa da sociedade durante um longo tempo. É o caso, por exemplo, da erradicação do analfabetismo. E somente é possível a preservação da memória aludida com o respeito ao serviço público, servidor público e a sua carreira diferenciada, assegurando-se-lhe o direito de ser credor do investimento de Estado em sua vida profissional, através de aposentadoria distinta, remuneração razoável e estabilidade na carreira. Ou seja, o serviço e o servidor público deve ser um investimento do Estado, dadas as peculiaridades do exercício da função pública, que exige sacrifícios indiscutíveis.

As ações públicas que ao longo do tempo efetivamente originaram melhoria na qualidade de vida da sociedade foram desenvolvidas sob o prisma da permanência, para além dos humores político-partidários. Podemos comprovar essa afirmação analisando-se o segmento da Saúde e Educação em países comprovadamente desenvolvidos. Acresça-se outra assertiva: o desenvolvimento – não o econômico, mas, sim, o de qualidade de vida - desses países foi decorrente de políticas públicas, nunca privadas (lembremos a Escandinávia). Mesmo no Brasil, onde faltam políticas de Estado, embora abunde as de Governo, muitos avanços foram obtidos graças a políticas públicas permanentes. Na área de saúde, por exemplo, o Brasil é referência mundial não somente no que concerne a erradicação definitiva de algumas moléstias como, também, em relação ao combate preventivo a AIDS.
 
Parece óbvio que, no caso do Brasil, os parâmetros estabelecidos pelo Consenso de Washington e que originaram o cânone neoliberal encontraram solo fértil na tradicional ojeriza da sociedade esclarecida à utilização do serviço público e burocracia como instrumentos de obtenção e manutenção de privilégios de classe. É certo, também, que faz parte da cultura brasileira – embora a raiz possa ser rastreada até Portugal, como lembra Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder” – a construção dessa histórica instrumentalização do aparelho estatal por parte do estamento burocrático. É certo que o capital internacional considera a presença do Estado na economia como um obstáculo à sua desenvoltura, bem como anatematiza a concepção de desenvolvimento econômico por ele impulsionado. O corolário, portanto, é a crença de que o servidor e o serviço público são alavancas do atraso.

Entretanto, a verdade é bem outra. Se não podemos desconsiderar o diagnóstico apresentado pelo senso comum da sociedade e teóricos do neoliberalismo em relação ao serviço público brasileiro naquilo que é apreensível de imediato, podemos e devemos criticar veementemente a causa por eles encontrada desses descaminhos. O Estado não é um mal em si mesmo. Com efeito, condenar o serviço e o servidor público na sua totalidade, por seus desacertos, seria como propor igual condenação do Capital pelas falências e concordatas inerentes à iniciativa privada.

Contra esse ideário quase consensual que se tornou lugar comum no Ocidente, e que nos legou a Argentina e a permanente fragilidade de nossas instituições financeiras, e a favor da compreensão do papel fundamental do serviço e servidor público na obtenção do bem-estar social almejado pela Sociedade, lembra-nos Jânio de Freitas, em seu artigo intitulado “O Bolso e a Vida”, publicado na Folha de São Paulo de 19 de janeiro de 2003:

“A iniciativa privada não faz um país, no sentido de vida social e econômica organizada. Só o serviço público pode fazê-lo. Os estudos sobre a recuperação da Europa, da devastação do pós-guerra ao bem-estar de hoje, sem igual no mudo, demonstram que o êxito não se explica pelo Plano Marshall, mas pelo papel decisivo do serviço público e pela função atribuída ao Estado naqueles novos ou restaurados regimes democráticos”.

Não levar em consideração esse postulado pode levar-nos a passarmos por cima do legado histórico de políticas públicas que foram extremamente úteis à sociedade brasileira e que, com certeza, não poderiam ser implementadas pela iniciativa privada: um exemplo banal é a informatização das eleições no Brasil. Essas políticas públicas foram possíveis graças à preservação, governo após governo, qualquer que tivesse sido seu matiz, da memória da instituição. Esta somente é possível quando o servidor público tem respeitado sua diferença com o privado, como por exemplo, a exclusividade de sua atribuição, ou seja, não poder trabalhar em nada além daquilo para o qual foi investido, e que é uma garantia de Estado.

Por fim, da mesma forma como deve ter acontecido ao longo do processo histórico pelo qual passaram países altamente desenvolvidos e nos quais a participação do Estado foi fundamental, como a Dinamarca, Suécia, Canadá, França, para que o serviço e o servidor público sejam devidamente respeitados, necessário é combater a burocracia, a corrupção, e a ineficiência no Brasil. Em o fazendo, asseguramos um passaporte para um futuro melhor, capitaneados por um Estado que reflita os anseios da Sociedade.

Pois, afinal, o Estado não é um mal em si mesmo.












quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

UFERSA EM PAU DOS FERROS E CARAÚBAS


Prefeitura de Pau dos Ferros

http://www.blogdojeancarlos.blogspot.com/:

"Agora é oficial: Pau dos Ferros e Caraúbas ganharão Ufersa.
O ministro Fernando Haddad, da Educação, cumpriu o que prometeu no dia 26 de agosto passado, a bancada federal do Rio Grande do Norte.

Haddad autorizou ontem à tarde a instalação dos Campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) nos municípios de Caraúbas e Pau dos Ferros.

A instalação caberá à diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior (DRIFES), Adriana Weska, que já solicitou ao reitor Josivan Barbosa a documentação necessária para atualizar os projetos dos dois campus.

'É preciso explicar que a instalação do Campus consiste na contratação dos professores e servidores', explica Josivan Barbosa.

Outro processo também já autorizado e que está sendo agilizado por Adriana Weska são todos os mecanismos legais para que já aconteça a primeira seleção no primeiro semestre de 2010 e as aulas no segundo.

'Diante do quadro fica evidente que nas próximas semanas já vamos trabalhar a questão do concurso público para os servidores dos dois campus'."

CRIME PREMEDITADO

Ricardo Rosado (www.fatorrrh.com.br):
 
"CRIME PREMEDITADO"
 
"Se confirmada a previsão da Destaque Promoções e o Carnatal deste ano receber um milhão de foliões, entre 10% e 30% dos foliões – algo em torno de 100 mil e 300 mil pessoas - poderão contrair o vírus do H1N1.
Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS) e se referem à contaminação em eventos de massa, como o Carnatal.

Diante desses números, o presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia, Hênio Lacerda, reafirmou, em entrevista a TRIBUNA DO NORTE, que o recomendável era que o evento não fosse realizado" (Leia o restante da matéria em www.fatorrrh.com.br).

MÁ FÉ, INCOMPETÊNCIA OU PREGUIÇA?

Bilhete de Aluísio Lacerda (2/12/09):

"Bom dia, Professor Honório,
O bem (que une), o belo (que tudo eleva) e o justo (cada coisa no seu lugar) é a famosa tríade de Platão.

Mas...

... sinceramente, o debate político nesta terra de Poti mais fofoqueira é inteiramente irracional. Má fé, incompetência ou preguiça?"

http://twitter.com/aluisiolacerda

A ARTE


Arte barroca

"- A arte - continuou Cronshaw, abanando a mão - é simplesmente um refúgio que os engenhosos inventaram quando não lhes faltava o alimento e a mulher para fugirem ao tédio da vida" (Somerset Maugham em "Servidão Humana").

"LA CLASE POLÍTICA", DE GAETANO MOSCA


Gaetano Mosca

Por Honório de Medeiros

Recebi, dia desses, pelo correio, comprado através da “Estante Virtual” (www.estantevirtual.com.br) – esse desaguadouro para o qual todos os bibliômanos brasileiros convergem, a obra “La Clase Política”, de Gaetano Mosca, com seleção e introdução de Norberto Bobbio, edição popular (livro de bolso, trocando em miúdos) do “Fondo de Cultura Económica” de 1984, México, após procura na qual se alternavam períodos de calmaria e outros de busca frenética.

Desconfio, claro, muito embora sejam reais as dificuldades de encontrar esse texto – tomo como prova o fato de somente agora conseguir encontrá-la nesse imenso sebo virtual mencionado acima, ao qual recorri em muitas oportunidades – que era para ser assim mesmo, ou seja, não me seria fácil adquirir, manusear, analisar e criticar metodicamente, em seus detalhes, a obra que Gaetano Mosca, já octogenário, classificava como “seu trabalho maior”, “seu testamento científico”, e à qual dedicara suas melhores energias durante quarenta anos, como nos lembra Norberto Bobbio em sua introdução.

Isso por que dou como certo que os livros têm vida, e muito mais que adquiri-los, somos, por eles, adquiridos, tal como nos leva a crer Carlos Ruiz Zafón em seu “A Sombra do Vento”, quando nos apresenta ao “Cemitério dos Livros Esquecidos”, localizado em misterioso lugar do centro histórico de Barcelona, fantasia, bem o creio, nascida de suas leituras do imenso Jorge Luis Borges e de seu maravilhoso conto “A Biblioteca de Babel”, em “Ficções”.

E, em tendo vida, e vontade própria, houve por bem “A Classe Política” brincar comigo de gato e rato, sem dúvida por considerar que meus arroubos juvenis criticando Marx, nos corredores da Faculdade de Direito, firmado em leituras ainda pouco digeridas, de Popper e Aron, não mereciam o suporte final de uma metódica construção teórica da qual resultava a hipótese – que assombrava meus pensamentos em seus contornos imprecisos – de que há uma elite dominante presente em todas as sociedades, sejam quais sejam elas, seja qual seja a época. É como nos diz a apresentação do livro, em sua contracapa: “Mosca considera que hay uma clase política presente em todas las sociedades. Gobiernos que parecen de mayoría están integrados por minorias militares, sacerdotales, oligarquias hereditárias y la aristocracia de la riqueza o la inteligencia”.

Percebo, portanto, que “A Classe Política” aguardou o momento certo: quando fosse possível, na medida de meus esforços, compreender que há uma relação entre sua idéia central, a Teoria da Evolução de Darwin - naquela vertente anatematizada da Sociobiologia – e a Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, que me permitisse não somente iniciar, para mim mesmo, a descrição fenômeno jurídico em sua totalidade, seja como conjunto de normas jurídicas, seja como fato social, ela se tornaria, então, disponível.

Assim, resta ler, ler de novo, e reler o que escreveu, acerca da “elite política” esse italiano nascido em Palermo, em 1º de abril de 1858, falecido em Roma em 8 de novembro de 1941, aos oitenta e três anos. Foi professor de “História das Doutrinas Políticas” na Universidade de Roma e Docente Livre em Direito Constitucional na Universidade de Palermo. Ensinou, também, na Universidade de Turim, Deputado, Senador do Reino, Subsecretário das Colônias, e colaborador do Corriere della Sera e La Tribuna. Em 19 de dezembro de 1923 se retirou da vida política ativa e se dedicou exclusivamente a seus estudos, em particular no campo da história das doutrinas políticas.
 
Ler, com especial atenção, um capítulo denominado “Origens da doutrina da classe política e causas que obstaculizaram sua difusão”, no qual Mosca credita o pouco conhecimento da “teoria da elite política” à hegemonia do pensamento de Montesquieu e Rousseau. Hegemonia essa, ouso dizer, que serve como uma luva feita à mão na estratégia adaptativa de aquisição e manutenção do poder empreendida pelas elites dirigentes após a Revolução Francesa de 1789. E que culminou, no campo do Direito, na inserção, em Constituições Federais, de princípios jurídicos difusos que se prestam a serem interpretados de acordo com as conveniências de quem os interpreta.

Curioso é que muito embora eu, finalmente, tenha conseguido pôr minhas mãos nessa obra, ela ainda não me veio por inteiro. Trata-se, no caso, de uma seleção de textos feita por Bobbio. Tanto que, no final, há um capítulo no qual se apresenta o resumo dos capítulos omitidos. Nestes, há uma refutação das doutrinas do materialismo histórico e da concepção segundo a qual deveriam chegar ao governo os melhores, tema retomado por Karl Popper em “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, onde critica Karl Marx e Platão.

Ou seja, a busca continua.








A VELHA SENHORA



A velha senhora

Honório de Medeiros

Formavam um belo casal. Ambos já acima dos setenta, beirando os oitenta, cabelos totalmente brancos, andar pausado, vinham todos os dias, até nos finais de semana, tomar, por volta da hora do “ângelus”, uma sopa de legumes especialmente preparada para eles. Quando os vi pela primeira vez, despontando na esquina da rua onde estávamos, chamei a atenção: “vejam”. Vinham lentamente, de mãos dadas, parecendo um casal de namorados.
Embora ela aparentasse ser mais idosa, estava em melhor estado de conservação. Notava-se claramente seu cuidado para com ele. A sua mão que enlaçava era também a que conduzia, guiando-o e o afastando de possíveis obstáculos, tais como irregularidades no calçamento ou cadeiras postas no meio do caminho. Mas não era só. Depois de sentados, era ela quem puxava conversa e fazia breves relatos, como querendo entretê-lo, aos quais ele pontuava com monossílabos, ou chamava sua atenção para algo diferente - o olhar cândido e curioso da criança sentada na mesa próxima.
Mesmo após vezes seguidas observando, quase nunca os vi sorrir. Eram muito sérios e somente em uma ou outra oportunidade pude surpreender um carinho eventual de um para o outro. Não que isso demonstrasse distanciamento, ao contrário. Havia, entre eles, uma transcendência – era perceptível – quanto ao trivial de gestos desnecessários, típica de um relacionamento antigo, onde o entendimento era perfeito e o silêncio comum pleno de compreensão e afeto.
Eu e os outros conversamos vezes sem conta sob o casal com quem os atendia. Tinham nascido em outro lugar, dizia ele, uma cidade grande, eram aposentados da receita e optado por não terem filhos. Agora, no final da vida, desejando mais tranqüilidade, vieram para uma cidade menor onde não possuíam parentes próximos nem conhecidos. “Quem cuida deles?”, perguntei. “Ninguém”. “Há uma moça que faz a limpeza do apartamento e do restante eles mesmo cuidam”. “Quando querem sair, já têm um motorista de táxi de confiança que os leva para onde desejam ir”.“Saem?”, continuei. “Vão à missa, aos médicos...”
Após algum tempo trocávamos cumprimentos, mas jamais passou disso. Havia uma certa reserva em cada um deles que desestimulava a aproximação para a conversa coloquial. Talvez já não tivessem interesse em construir novas relações e absolutamente não se sentiam solitários, quem sabe mesmo gostassem da solidão e do tipo de paz que ela proporciona. Se não fosse assim, por qual outro motivo teriam saído de sua cidade e vindo para esta outra, desconhecida?
No fim, tudo acabou como esperado. Ele teve um infarto fulminante e ela ficou só. No início pensou em continuar no apartamento que dividiam e tocar a vida. Mas um dia, ao chegar e perceber sua ausência na hora de costume fui informado que decidira partir e ir morar em um local especializado em receber idosos. Antes, aparecera para se despedir. Deixara, até mesmo, uma pequena lembrança, um “souvenir”. Agradecera muito, delicadamente, toda a atenção recebida. Não tocara no assunto de sua viuvez, nem dissera para onde iria. Depois, apertara a mão dos proprietários do restaurante, desejara felicidade e se fora, com seu passinho miúdo, o vestido elegante, de talhe antigo, deixando, pela última vez, o cálido registro do esvoaçar dos seus finos cabelos brancos e um leve vestígio de “Fleur de Rocaille” no ar...





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

GRIPE SUÍNA É TRATADA COM CINISMO EM NATAL E NO RN


"Meus filhos e eu não vamos para o carnatal".

A declaração é do secretário de Saúde do Estado, George Antunes, em entrevista coletiva.

Ou seja, ele livra os dele e quem quiser que se estrepe.

Numa cidade que computa dez mortes por gripe suína, prestes a conviver com uma festa de grande aglomeração humana, a desfaçatez é a regra em seu combate.

Quando essa doença surgiu no México, com bem menos registros de óbito, foi considerada uma pandemia.

No Rio Grande do Norte é tratada de forma diferente: com cinismo.

PEDRO SIMON: "NÃO ESPEREM NADA DO CONGRESSO"


Pedro Simon

Deu em "O Globo"


De Gustavo Autran:

"A máxima de que "de onde não se espera nada é que não vem nada mesmo" foi usada com conotações de humor negro ontem pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), durante um debate sobre corrupção realizado na sede do GLOBO.

A frase foi uma das conclusões do senador frente ao cenário cada vez mais assustador de casos de corrução envolvendo parlamentares, governadores e outros políticos de alto escalão, especialmente agravado este fim de semana, após a divulgação de vídeos mostrando o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), assessores e deputados distritais de Brasília manuseando maços de dinheiro vivo com origens e destinos ainda não explicados.

— Temos um Congresso pobre, sem preparo técnico, sem formação, que se beneficia de um modo de governo calcado em interesses de grupos de influência. Também não percebo nenhum ação concreta no combate à corrupção. Não há interesse. Hoje, o político com problemas judiciais contrata um advogado para emperrar o andamento do processo até o crime prescrever. Se a população brasileira quer mudar a situação que aí está, deve se mobilizar, deve protestar, como já vi fazerem na época dos caras-pintadas, por exemplo. Mas não esperem nada do Congresso. De onde menos se espera é que não vem nada mesmo — disse o senador.

Na saída do debate, o senador gaúcho também classificou o episódio envolvendo José Roberto Arruda de "mensalão do DEM":

— Vinte quatro horas antes de a denúncia ser divulgada, eu era fã do governador, até então considerado um administrador exemplar. Mas as gravações de vídeo e áudio não deixam dúvidas de que existe um mensalão do DEM, que opera mais ou menos no mesmo estilo do que foi denunciado no episódio envolvendo o PT em 2005 — afirmou Simon, completando em tom de desânimo:

— É triste constatar que as denúncias que derrubaram o Fernando Collor hoje parecem brincadeira de criança frente ao que estamos vendo. Em vez de melhorar, as coisas andaram para trás."

"JOGO DE EMPURRA IRRESPONSÁVEL"

Ricardo Rosado (http://www.fatorrrh.com.br/:

"Meus filhos e eu não vamos para o Carnatal", afirmou o secretário estadual da Saúde, George Antunes, em reunião na tarde de ontem, na Sesap, referindo-se ao risco de aumento de casos da Gripe A H1N1 após a micareta, que acontece de quinta-feira a domingo.

A declaração acima é do secretário estadual da Saúde, George Antunes que, a dois dias do evento, sugere também que a população repense a intenção de participar.

Para a promotora de Saúde, Iara Pinheiro, o Carnatal representa um agravo da situação "pela natureza da festa". Ela acredita ainda que a gestão sanitária local foi surpreendida de forma abrupta.

Já outra autoridade do Estado prefere botar a culpa no povo, caso a epidemia da gripe suína se alastre a partir do evento carnavalesco.

A subcoordenadora de vigilância epidemiológica do estado, Juliana Araújo, alertou para o aumento de doenças transmitidas através das vias respiratórias pós-Carnatal. "Por isso a população deve ter consciência de seus atos durante a festa", disse.

Todas as declarações estão hoje em matéria que é manchete principal do Diário de Natal, comprovando o jogo de empurra irresponsável das autoridades de saúde do Estado.

Após a constatação da epidemia todos eles deveriam ser acusados criminalmente pela fuga da responsabilidade.

DO AMOR


Measure for Measure

"A jovem de quem falamos persiste ainda em sua primeira afeição; a conduta injusta e cruel do noivo que, logicamente, deveria apagar o amor, causou nela o que o obstáculo faz com a corrente: tornou o amor mais violento e indomável" (Shakespeare, em "Medida por Medida").

ANTÔNIO AMAURY, REFERÊNCIA EM ESTUDO ACERCA DO CANGAÇO




Antônio Amaury

Antonio Amaury por Kiko Monteiro


A seguir postamos espetacular entrevista concedida pelo mestre Antonio Amaury Corrêa de Araújo, o paulista mais nordestino de todos os paulistas, um dos ícones do estudo e pesquisa da temática cangaço no Brasil, uma das presenças mais honrosas no Cariri Cangaço; a entrevista foi feita ao amigo Kiko Monteiro por ocasião do Cariri Cangaço e transcrita no prestigiado blog "Lampião Aceso" do querido confrade, a qual trasncrevemos para os leitores do blog Cariri Cangaço.

P. Qual é o filho preferido do acervo (sobre o conjunto de sua obra...)?

R. "Assim morreu Lampião". E de outro autor?"Lampião" de Ranulfo Prata.

P.Qual é literatura recomendada para um calouro?

R.Vai soar com autopromoção, mas entre os mais de 200 títulos existentes eu indico que comecem pelo meu acervo que foi fruto de uma pesquisa séria além de muita intuição para repassar depoimentos e narrativas de quem viveu o cangaço.

P. Atualizando números: Com o aparecimento de Durvinha, Moreno e Aristéia quantos personagens desta história foram entrevistados por Antonio Amaury?

R. Moreno e Durvinha não acrescentaram nada, entenda, para o que já sabíamos. Aristéia tem menor importância ainda, pois só viveu seis meses num subgrupo, nunca participou de um combate e nem sequer conheceu Lampião, Maria Bonita etc. Possuo precisamente sete mil entrevistas a maioria em arquivo de áudio. As mais importantes seriam: Sinhô Pereira, João Ferreira e Mané Veio foram peças de grande valia para a construção da história.

P. Quem foi o primeiro?

R. Foi uma figura apagada, filho de um coiteiro que tinha 15 anos quando conheceu Lampião na ocasião de uma visita a fazenda do pai. Mas no ano de 67 eu tive um contato coletivo... um acúmulo de conhecimentos com vários envolvidos conheci: Dadá, João Bezerra, Mocinha (irmã de Lampião ainda viva).

P. Quais destes contatos foram os mais difíceis?

R. Quase sempre com soldados houve certa resistência para dar depoimentos.

P. Amaury teve que pagar para obter entrevista?

R. Sim, várias vezes.

P. Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?

R. Aconteceu mais de uma vez, mas lamento mesmo não ter tido um encontro com o jornalista Melchiades da Rocha ele era do jornal "A noite ilustrada" do Rio de Janeiro e estava em Angico três dias após o Massacre, ele viveu aquele momento conversamos por telefone eu insisti para um encontro, mas ele não cedeu, não quis aproximação.

P. Um cangaceiro?

R. Balão.

P. Um volante?

R. Manoel Neto.

P. Um coadjuvante?

R. Tenente João Maria, de Serra Negra. (Hoje Pedro Alexandre-BA).

P. Uma personagem secundária?

R. Jogo para esta posição na pirâmide o cabo Antonio Honorato, dá impressão que teve grande importância, ele se rogava "o homem que atingiu Lampião", mas nunca foi provada a sua ação.

P. O que pretende fazer com as centenas de horas em entrevistas colhidas em vídeo?

R. Estamos com a proposta de um estúdio e possivelmente vamos criar uma coletânea de vídeos afinal são mais de 250 horas de imagens.

P. E quanto às peças e relíquias é real o desejo de montar um museu particular?

R. Sim, mas já existe uma exposição itinerante com parte de meu acervo que atualmente circula pelo nordeste sob os cuidados de Ricardo Albuquerque neto de Adhemar Albuquerque da ABA films.

P. Nós que gostariamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, sem erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?

R. O mais próximo com a verdade Corisco o diabo loiro, com Leila Diniz e Mauricio do Vale.

P. Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?

R. Ultimamente tenho ouvido cada balela que é difícil destacar a pior, mas "Alguém" disse... pessoas descompromissadas afirmaram para um jornal: Lampião tinha pretensões de ser governador.

P. Além da nova edição ampliada da obra "Assim morreu Lampião" qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?

R. "Assim morreu Lampião" ainda está encaminhada, "Cidades invadidas ou visitadas" também, estou preparando um livro sobre "Maria Bonita", mas meu próximo livro mesmo, o qual esperava ter lançado aqui no Cariri Cangaço é "Lampião, herói ou bandido?", mas a editora não entregou a tempo.

P. Qual é o capitulo preferido do mestre Amaury?

R. A história do cangaço é um tema tão controverso tem capítulos extraordinários e chocantes. Elejo três: Lampião em Juazeiro, Mossoró, e a batalha de Serra Grande.

P. Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: Ezequiel reaparece anos mais tarde, João Peitudo filho de Lampião, O Lampião de Buritis e esta, mais recente sobre a paternidade de Ananias?

R. Sim, o caso Ananias, pois acompanhei de perto. Foi interessante até determinado ponto, depois achei por bem recuar.

P. Qual foi o melhor momento deste Cariri Cangaço?

R. Gostei de todas as palestras, mas as mais interessantes foram a do Promotor Ivanildo Silveira e a de Honório de Medeiros.

Entrevista concedida a www.bloglampiaoaceso.com


A ARTE DE BÁRBARA DE MEDEIROS


Naïf





Abstrato