Blog do Mendes & Mendes
Francisco de Almeida Lopes, carinhosamente chamado em
Mossoró por Cocota, era um seresteiro de primeira categoria, amigo dos amigos, muito
popular.
"Cocota"
Nasceu na cidade de Santa Luzia, era filho de Messias Lopes
de Macedo e Joana Almeida Lopes, e irmão dos cantores Oséas Lopes (Carlos
André), Hermelinda Lopes e João Batista Almeida Lopes, artisticamente conhecido
por João Mossoró.
Uma jovem que era empregada doméstica dos seus pais tinha
uma paixão louca pelo seresteiro e, o mais interessante, ela tinha um irmão
ainda criança, que não se sabe o que ele havia feito contra Cocota fazendo com
que ele o castigasse lhe dando uma terrível surra.
A surra foi tão violenta que seus irmãos, juntos, quase não
conseguiram arrancar a criança dos braços do agressor. Salva das violências
praticadas pelo seresteiro, a criança saiu em choro, lhe prometendo que quando
crescesse iria matá-lo de um jeito ou de outro.
João Mossoró, Hermelinda Lopes e Carlos André (Trio Mossoró)
Anos depois, quando seus irmãos formaram o Trio Mossoró -
Cocota não fazia parte do grupo - e no auge do sucesso no Rio de Janeiro,
resolveram trazê-lo para que tentasse uma "carreira solo".
Não se sabe se o que veio a acontecer com Cocota resultou da
paixão da jovem, embora tudo indique que sim, já que ele estava de viagem certa
para se juntar aos irmãos que brilhavam no mundo artístico carioca. Sabendo que
tão cedo ele não voltaria a Mossoró, é provável que ela tenha sido a
idealizadora de um plano triste e doloroso.
Já que Cocota viajaria definitivamente para a “cidade
maravilhosa”, a jovem o convidou para uma festa em sua residência, onde
cantaria as mais belas músicas que faziam sucesso na época. Como ele era um conhecido seresteiro na
cidade, amigo de muitos, não negou a solicitação, lhe dando sua palavra que à
noite estaria presente em sua residência.
Cocota não dispensava um bom gole, e, nessa noite, bebeu muito,
chegando a ficar totalmente embriagado. É possível que a jovem,
premeditadamente, tenha lhe induzido a beber uns goles a mais. Quando ele
estava muito embriagado, ela o convidou a se deitar, lhe prometendo que no dia
seguinte o levaria para casa dos seus pais.
Cocota concordou.
O seresteiro não imaginava que sua viagem e carreira
artística estariam prestes a ser encerrada, por má sorte ou plano, e que estava
marcado para morrer.
Nessa noite de 12 de fevereiro de 1962 a criança que Cocota
açoitara, e que agora era um jovem, chegou ao local da festa e, apoderado de
uma tesoura, percebendo-o embriagado começou a lhe furar.
Foram 38 perfurações. Cocota tentou escapulir pela porta da
cozinha, mas ao alcançar o muro da casa, como ele era cheio de cacos de vidro
em seu topo, por mais que ele tentasse subir, não conseguiu.
Seu Messias e Dona Joana Lopes o encontraram com o corpo e
os punhos banhados em sangue, perfurado pela tesoura e cacos dos vidros.
Os donos do poder, desde então, nada fizeram para
homenageá-lo, mas seus irmãos ainda não perderam a esperança, e continuam
esperando que na Praça dos Seresteiros seja colocado seu busto, talhado em
bronze, permitindo às futuras gerações conhecer aquele que foi o maior
seresteiro de todos os tempos em Mossoró.
O assassino foi preso e posteriormente assassinado, e sua
irmã, segundo Carlos André, “uns dizem que ela já morreu, outros dizem que ela
ainda vive, não sabemos o certo".
Carlos André
Carlos André, em conversa comigo e Kydelmir Dantas, nos
disse, ainda, que "o sepultamento do Cocota teve muita gente, mas não foi possível
a nossa vinda".
E prosseguiu: "houve julgamento, inclusive o advogado dos
assassinos foi um grande amigo meu, Dr. Jaime Hipólito Dantas, pelo que
lamentei muito. Ele não devia ter pegado essa questão".
Carlos André conclui: "um dia a Praça dos Seresteiros
será feita e será nossa grande homenagem ao meu irmão. Canto a música que
gravei em sua homenagem, pedindo a praça, há 46 anos venho cantando, um dia a
coisa acontece".
"Cocota,
Agora tá no céu,
Tá junto de Noel,
Não tá mais aqui..."
2 comentários:
Acabo de ouvir o lp "O melhor do Trio Mossoró ", e lendo aqui os relatos muito me emocionei com a história, uma pena mesmo que não haja o devido reconhecimento mas com essa leitura minha esposa que é cordelista, Sírlia lima,mossoroense braba vai homenagear esse fds seresteiro, Cocota!
Muito linda a história dessa familia
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