terça-feira, 24 de julho de 2012

COCOTA, O MAIOR SERESTEIRO MOSSOROENSE DE TODOS OS TEMPOS


Por José Mendes Pereira, com informações de Kydelmir Dantas e Carlos André.

Blog do Mendes & Mendes

Francisco de Almeida Lopes, carinhosamente chamado em Mossoró por Cocota, era um seresteiro de primeira categoria, amigo dos amigos, muito popular.


"Cocota"

Nasceu na cidade de Santa Luzia, era filho de Messias Lopes de Macedo e Joana Almeida Lopes, e irmão dos cantores Oséas Lopes (Carlos André), Hermelinda Lopes e João Batista Almeida Lopes, artisticamente conhecido por João Mossoró.
Uma jovem que era empregada doméstica dos seus pais tinha uma paixão louca pelo seresteiro e, o mais interessante, ela tinha um irmão ainda criança, que não se sabe o que ele havia feito contra Cocota fazendo com que ele o castigasse lhe dando uma terrível surra.
A surra foi tão violenta que seus irmãos, juntos, quase não conseguiram arrancar a criança dos braços do agressor. Salva das violências praticadas pelo seresteiro, a criança saiu em choro, lhe prometendo que quando crescesse iria matá-lo de um jeito ou de outro.


João Mossoró, Hermelinda Lopes e Carlos André (Trio Mossoró)

Anos depois, quando seus irmãos formaram o Trio Mossoró - Cocota não fazia parte do grupo - e no auge do sucesso no Rio de Janeiro, resolveram trazê-lo para que tentasse uma "carreira solo".
Não se sabe se o que veio a acontecer com Cocota resultou da paixão da jovem, embora tudo indique que sim, já que ele estava de viagem certa para se juntar aos irmãos que brilhavam no mundo artístico carioca. Sabendo que tão cedo ele não voltaria a Mossoró, é provável que ela tenha sido a idealizadora de um plano triste e doloroso.
Já que Cocota viajaria definitivamente para a “cidade maravilhosa”, a jovem o convidou para uma festa em sua residência, onde cantaria as mais belas músicas que faziam sucesso na época.  Como ele era um conhecido seresteiro na cidade, amigo de muitos, não negou a solicitação, lhe dando sua palavra que à noite estaria presente em sua residência.
Cocota não dispensava um bom gole, e, nessa noite, bebeu muito, chegando a ficar totalmente embriagado. É possível que a jovem, premeditadamente, tenha lhe induzido a beber uns goles a mais. Quando ele estava muito embriagado, ela o convidou a se deitar, lhe prometendo que no dia seguinte o levaria para casa dos seus pais.
Cocota concordou.
O seresteiro não imaginava que sua viagem e carreira artística estariam prestes a ser encerrada, por má sorte ou plano, e que estava marcado para morrer.
Nessa noite de 12 de fevereiro de 1962 a criança que Cocota açoitara, e que agora era um jovem, chegou ao local da festa e, apoderado de uma tesoura, percebendo-o embriagado começou a lhe furar.
Foram 38 perfurações. Cocota tentou escapulir pela porta da cozinha, mas ao alcançar o muro da casa, como ele era cheio de cacos de vidro em seu topo, por mais que ele tentasse subir, não conseguiu.
Seu Messias e Dona Joana Lopes o encontraram com o corpo e os punhos banhados em sangue, perfurado pela tesoura e cacos dos vidros.
Os donos do poder, desde então, nada fizeram para homenageá-lo, mas seus irmãos ainda não perderam a esperança, e continuam esperando que na Praça dos Seresteiros seja colocado seu busto, talhado em bronze, permitindo às futuras gerações conhecer aquele que foi o maior seresteiro de todos os tempos em Mossoró.
O assassino foi preso e posteriormente assassinado, e sua irmã, segundo Carlos André, “uns dizem que ela já morreu, outros dizem que ela ainda vive, não sabemos o certo".


Carlos André

Carlos André, em conversa comigo e Kydelmir Dantas, nos disse, ainda, que "o sepultamento do Cocota teve muita gente, mas não foi possível a nossa vinda".
E prosseguiu: "houve julgamento, inclusive o advogado dos assassinos foi um grande amigo meu, Dr. Jaime Hipólito Dantas, pelo que lamentei muito. Ele não devia ter pegado essa questão".
Carlos André conclui: "um dia a Praça dos Seresteiros será feita e será nossa grande homenagem ao meu irmão. Canto a música que gravei em sua homenagem, pedindo a praça, há 46 anos venho cantando, um dia a coisa acontece".

"Cocota,
Agora tá no céu,
Tá junto de Noel,
Não tá mais aqui..."

2 comentários:

Jonas disse...

Acabo de ouvir o lp "O melhor do Trio Mossoró ", e lendo aqui os relatos muito me emocionei com a história, uma pena mesmo que não haja o devido reconhecimento mas com essa leitura minha esposa que é cordelista, Sírlia lima,mossoroense braba vai homenagear esse fds seresteiro, Cocota!

Anônimo disse...

Muito linda a história dessa familia