Enviado por Ricardo Noblat
Blog de Augusto Nunes
Integrante do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, a ministra Cármen Lúcia teve de suspender por alguns minutos o exame
de coisas sérias para ler a petição encaminhada pelos advogados Marcelo
Figueiredo, Marco Aurélio de Carvalho, Gabriela Shizue Soares de Araújo, Fábio
Roberto Gaspar e Ernesto Tzulrinik.
Os bacharéis a serviço do PT pedem à destinatária que explique aos colegas do
STF que o julgamento do mensalão coloca a pátria em perigo e ameaça o futuro da
nação.
Confira os principais argumentos dos cinco doutores, transcritos em negrito,
acompanhados por ligeiros comentários entre parênteses:
“O desequilíbrio, em desfavor dos partidos envolvidos, é
evidente”. (Os signatários da petição estão dizendo em juridiquês de
palanque que o PT vai ficar mal no retrato justamente na temporada de caça ao
voto. Não necessariamente, deve-se registrar. Só haverá “desequilíbrio em
desfavor” do partido se os acusados tiverem culpa no cartório. Como vivem
jurando que são inocentes, o PT deveria estar feliz: não existe lugar melhor que
o STF para desmascarar a farsa tramada pela oposição e mostrar ao eleitorado que
merece ser castigada nas urnas essa gente que insiste em punir homens
honrados).
“Tem-se o pior dos mundos: a judicialização da política e a
politização do julgamento”. (“Judicialização da política” e
“politização do julgamento” são expressões sinônimas. Em língua de gente, os
doutores estão querendo acabar de vez com essa mania de julgar figurões do PT
que se meteram em bandidagens. Para os pecadores companheiros, o melhor dos
mundos é o Brasil que institucionalizou a corrupção impune. O pior é qualquer
país cujas cadeias têm vagas para criminosos de qualquer categoria econômica ou
classe social).
“Perde a Democracia, com a realização de uma eleição desequilibrada.
Perde a República, com o sacrifício dos direitos dos acusados ao devido processo
legal”. (Quem escreve Democracia com D maiúsculo costuma louvar a
ditadura de partido único em conversas amigas. O sistema democrático só tem a
ganhar quando a Justiça deixa claro que todos são iguais perante a lei. A
República só tem a ganhar quando inimigos do Estado de Direito descobrem a
existência do Código Penal. Os acusados exerceram seus direitos até o limite da
paciência. O mensalão foi descoberto há sete anos. Faz cinco que o processo no
Supremo começou. Se os mensaleiros não foram devidamente defendidos, a culpa é
dos advogados).
O chefe supremo da seita deveria estar eufórico com a chance de desmascarar
os golpistas que tramaram a derrubada do governo. O rebanho deveria estar
festejando a chance de provar que o mensalão não existiu.
A desesperada tentativa de adiar a hora da verdade grita que os farsantes são
eles. A petição dos cinco doutores merecia ser incorporada aos autos do
processo. É mais uma das tantas provas contundentes contra os réus. É uma
confissão de culpa, com rubrica e assinatura.
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