No PT.2.0 não há lugar para Olívio Dutra
Elio Gaspari, O Globo
Num momento luminoso para o PT, o companheiro Olívio Dutra, fundador do
partido, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul, disse
ao deputado José Genoino: “Eu acho que tu deverias pensar na tua biografia, na
trajetória que tens dentro do partido. Eu acho que tu deverias renunciar. Mas é
a minha opinião pessoal, a decisão é tua. Não tenho porque furungar nisso.”
Dias depois o comissário André Vargas, secretário de Comunicação do partido,
disse que Olívio fora “pouco compreensivo”. E mostrou a faca: “Quando ele passou
pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. (...)
Ele já passou por muitos problemas, né?”
Engano. Durante o governo de Olívio Dutra, o PT gaúcho foi apanhado numa
maracutaia, mas ele nunca foi acusado de envolvimento direto no caso.
Processo judicial, nem pensar. Genoino e seu colegas foram condenados pelo
Supremo Tribunal Federal.
Olívio Dutra é de um tempo em que petistas rachavam apartamento em Brasília (seu parceiro era Lula). Quando deixou a prefeitura voltou a ser um bancário.
Com seus bigodes e uma bolsa tétrica, anda de ônibus. Passou por problemas,
mas nunca passou pelas soluções dos comissários de hoje.
A resposta do André Vargas indica que no PT 2.0, uma pessoa com a biografia
de Olívio é um estorvo, tornando-se necessário colocá-lo ao alcance de qualquer
suspeita.
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