Honório de Medeiros
Ao
longo de minha vida enquanto professor encontrei muitos casos de alunos que
claramente não queriam se bacharelar em Direito. Estavam ali, no curso,
cumprindo uma trajetória que não era de seu agrado. Prefeririam se dedicar à
música, à história, a escrever, à arquitetura, jornalismo...
Quando
eu percebia procurava conversar. Às vezes, em alguns casos, sequer o aluno
tinha percebido que sua praia não era aquela. Seduzido por ideais que lhe eram
impostos pela sociedade, como status e dinheiro, ou, pior, por ideais que seus
pais cultivavam, ali ficava ele, nas salas de aula, a passar horas e horas
tomando contato direto com uma realidade, no seu caso, no mínimo entediante.
Mesmo
aqueles que sabiam exatamente o que queriam como fazer um concurso, se tranquilizar
quanto ao futuro, e, então, se dedicar a alguma atividade que lhe desse prazer,
como literatura, era fácil perceber uma dúvida latente e perturbadora a pairar
sobre nossos diálogos enquanto conversávamos: “será que vale a pena todo esse
tempo perdido? A vida é tão curta...”
Pois
bem, se é assim, ou mesmo que seja apenas para lhe assegurar a certeza de sua
escolha, na medida em que isso é possível, ou por pura curiosidade, vale a pena
ler esse livro que eu vou lhes indicar.
Trata-se
de “COMO ENCONTRAR O TRABALHO DE SUA VIDA”, de Roman Krznaric, editora
Objetiva.
Desde
já advirto: não se trata propriamente de livro de autoajuda. O livro é sério,
bem escrito, bem fundamentado, e faz parte de uma coleção “tocada” pelo
filósofo Alain de Botton, autor de “Religião para Ateus” e “Como Proust pode
Mudar sua Vida”. Eu mesmo somente me interessei quando li uma citação de
Richard Sennet, pensador de meu agrado, no livro.
Quanto
a Roman, é membro fundador da The School of Life, e foi nomeado pelo jornal Observer um dos mais importantes
pensadores sobre estilo de vida do Reino Unido, além de ser conselheiro de
organizações tais quais a Oxfam e Nações Unidas.
Então,
se for o caso, mãos à obra. Ah! Última observação: não estou ganhando dinheiro
com essa indicação! Mas estou ganhando capital simbólico...
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