Por Manoel Severo
Sinhô Pereira, sentado e Luiz Padre,
de pé
O ano é 1915
quando vamos encontrar Né Dadu, retornando da cidade de Triunfo após ser
absolvido de crime de morte de João Jovino. Naqueles dias uma volante se formava
para capturar um dos maiores desafetos da família Carvalho. Sob o comando do
Tenente Teófanes Ferraz Torres e contando ainda com os Carvalho: Antonio e José
da Umburana e João Lucas das Piranhas, atacam São Francisco , mas não encontram
Né Dadu, espancando fortemente uma negra de nome Antonia Verônica, governanta do
lugar, conhecida por “Mãe Preta” e prendem o mais novo dos filhos de D.
Constança, irmão de Né Dadu: Sebastião Pereira, então com 16
anos.
A represália dos Pereira veio
logo em seguida, quando é morto José da Umburana em emboscada de Vicente de
Marina, o morticínio continua, desta feita mais um Pereira tomba, Né Dadu morre
em 16 de Outubro de 1916, vítima de covarde traição de um ex-cabra dos Carvalho,
Zé Rodrigues, Zé Grande ou simplesmente “Zé Palmeira” que o matou com seu
próprio rifle no lugar Poço do Amolar, na fazenda Serrinha. Esse caboclo Zé
Palmeira havia se aproximado de Né Dadu após ardilosa trama traçada pelos
próprios Carvalho, simulando o rompimento do referido cabra com a família
inimiga. Apesar de Atento e desconfiado Né Dadu acabou sendo ludibriado pelo
audacioso golpe e acabaria sendo vítima fatal do mesmo.
A morte do irmão empurrou
definitivamente o mais jovem da família para o mundo do crime, nascia ali aquele
que seria o mais valente de todos os cangaceiros, segundo o próprio Virgulino
Ferreira: Sebastião Pereira, vulgo Sinhô Pereira.
Partindo na sanha da formação
de seu grupo, Sebastião Pereira partiu em busca do Coronel Zé Inácio, do Barro,
conhecido coiteiro e protetor de bandidos, dali saiu com um grupo de 20 cabras,
tendo como seu lugar tenente seu primo, Luiz Padre, rumo a Vila Bela, no Vale do
Pajeú.
Invadindo São Francisco,
depredou e queimou a loja de Antonio da Umburana e tomou a pequena vila,
partindo dali para as fazendas dos Carvalho, Umburanas e Piranhas, depredando,
queimando, matando animais, destruindo cercas, arrasando tudo. Os Carvalhos
diante de tanta fúria se retiraram para a cidade, finalizando assim a primeira
grande investida do grande cangaceiro.
Sobre a eterna peleja entre os
clãs vamos ter o episódio da invasão à fazenda Piranhas, narrado por inquérito
na própria delegacia de Vila Bela, como segue: “... no dia 1º corrente
apresentaram-se voluntariamente a prizão os indivíduos José Alves de Barros e
José de tal conhecido por José Caboclo e Francisco Alves de Barros, Cincinato
Nunes de Barros, Antonio Carvalho de Barros, conhecido por Antonio da Umburana,
Antonio Alves Frazão, José André, Feliciano de tal, João Ferreira, Francisco
Porphirio, Antonio Teixeira, Antonio Pedro da Costa Neto, Antonio Pequeno, José
Flor e João Tapia todos denunciados neste município como incursos no artigo 294
por terem morto ao cangaceiro Paixão na ocasião em que os mesmos se defendiam do
ataque feito a fazenda Piranhas pelo grupo chefiado por Sebastião Pereira e Luiz
Padre dos qual fazia parte o referido Paixão (Informe ao Chefe de Polícia pelo
delegado de Vila Bela, 5/9/17).
Algum tempo depois
Sebastião Pereira mataria o assassino de seu irmão Né Dadu, o indivíduo
Palmeira, na localidade de Viçosa em Alagoas, tendo Luiz Padre sangrado o
matador de seu pai Padre Pereira, Luis de França, em São João do Barro Vermelho.
Em outra oportunidade na localidade de Queixada, sob a proteção do Coronel Pedro
da Luz, acabou encontrando Antonio da Umburana que foi sangrado, esquartejado e
queimado, assim se configurava a vingança dos primos, Sebastião e Luis
Padre.
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