sábado, 26 de dezembro de 2009

MARQUETINGUE DE GUERRA ELEITORAL


Marquetingue

Por Honório de Medeiros

Faz parte de nós: decidimos e simplificamos.

Vejam só: bonito X feio; bom X mal; novo X velho; passado X futuro; povo X elite; rico X pobre; Potiguar X Baraúnas; ABC X América; Fla X Flu; Mossoró X Natal; Sertão X Mar; gordo X magro; carne X verdura, e assim por diante.

Essa tendência à simplificação se torna tanto mais presente quanto mais radical for o processo emocional no qual estejamos envolvidos.

Uma guerra, por exemplo, é um processo emocional no qual estamos radicalmente envolvidos.

Toda eleição é uma guerra de idéias: nela, nós eleitores, decidimos e simplificamos.

Agora: essa simplificação pode ser deixada “solta”, numa eleição, e vai surgir de qualquer maneira, ou pode ser induzido seu surgimento.

Induzir o surgimento da simplificação somente é possível quando se capta e veicula massivamente a síntese das idéias que estão em guerra.

Fizemos assim na campanha de Geraldo Melo: era passado (João Faustino) X futuro (Geraldo Melo); foi feito assim na campanha de Aluízio Alves: era o novo (Aluízio) X o velho (Dinarte, representado por Djalma Marinho); foi feito nos EUA: é o arcaico, a guerra (McCain) X a esperança, a paz (Obama, “Yes, We Can”).

Em Mossoró, por exemplo, as sínteses estão à espera de uma indução (marquetingue): rosados X mudança (quem for a favor dos rosados é contra a mudança; quem for a favor da mudança é contra os rosados).

Como se descobre essa síntese? Com inspiração – quando se é um gênio ou próximo disso (Aluísio em 1960), ou com pesquisas qualitativas.

Na primeira campanha de Nilton Figueiredo para Prefeito de Pau dos Ferros, criei o almoço com o eleitor. Todos os dias, em ruas e bairros diferentes, Nilton almoçava na casa de um eleitor simpatizante. Era uma verdadeira festa. E uma festa que se contrapunha ao imobilismo do candidato adversário, perigosamente surfando em uma imaginária onda de favoritismo...

Descobri que era importante desconstruir, imediatamente, a possibilidade de se estabelecer Nilton como candidato da elite, enquanto Aliatah, pelo seu próprio perfil – quem o conhece sabe acerca do que eu estou escrevendo -, seria o candidato do povo. Ao colocar Nilton dentro das casas, em suas cozinhas, em contato direto com o eleitor, comendo com eles, inverti a expectativa. Aliatá passou a ser o que Nilton deixara para trás: alguém distanciado da população, que se recusava a caminhar pelas ruas pedindo voto. Assim vencemos o mito, o governo estadual e o federal.

Quem me apontou esse caminho foram as pesquisas que mandei fazer através de dez jovens recrutados em Alexandria e treinados por mim mesmo. Eles vinham semanalmente e faziam a pesquisa que me permitia monitorar a eleição. Ao interpretá-las compreendi como o eleitor percebia Aliatah e Nilton Figueiredo. E decidimos. Quando Nilton se dirigia para um bairro previamente escolhido, já sabia o que ia encontrar e dizer. Levava propostas e não escondia as omissões de Dr. José Fernandes, Prefeito à época, ou sua atuação apoiando Nilton, quando era o caso.

Nada há de especial em tudo isso. Era apenas a experiência que a campanha de Geraldo Melo para Governador, no Super G, sob a regência de Pedro Simões, me permitira acumular. E comprovada através das edições do “Folha do Alto Oeste”, que em seu último número, “cantou” quanto seria a maioria de Nilton.

Foi tiro e queda.

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