* Honório de Medeiros
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Se o “Termo de Casamento”
informa que José Brilhante estava em Martins, no Sítio Retiro, no dia 25 de
novembro de 1841, com dezessete para dezoito anos, o jornal “O Cearense”,
datado de 22 de abril de 1850 lhe situa, aos vinte e cinco para vinte e seis
anos, em Vila Viçosa, na Serra do Ibiapaba, Ceará, metido em uma confusão
acontecida em março de 1849 , da qual resultou a morte de João da Costa Silva,
José Francisco de Barros, e Vicente Alves Ferreira, todos inimigos seus.
Esse acontecimento será
fundamental na vida de José Brilhante e provavelmente originou-se por questões
políticas, vez que a versão do “Cearense”, jornal ligado ao Partido Liberal,
era contrária a do “D. Pedro II”, ligado ao Partido Conservador, que seguia o
Governo Imperial.
Da sua leitura depreende-se que “Cabé” era Liberal, assim
como os Alves Calado no Rio Grande do Norte.
Para situar “Cabé” no
contexto político de sua época, segue texto da “HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE” :
“Nas Províncias , como
reflexo das idéias e tendências desses partidos nacionais , os partidos
políticos se uniam em dois agrupamentos: Nortistas (também chamados de
saquaremas) e Sulistas (ou Luzias). Essas denominações locais de nortistas e sulistas,
ou saquaremas e luzias, como também eram usadas, não significavam, todavia,
organizações homogêneas. Com programas semelhantes e processos idênticos, não
possuiam nenhuma característica fundamental. A atuação política dos mesmos
estendeu-se até 1853, quando começaram a desaparecer, após a política de
conciliação. As denominações locais, foram, então, pelos nomes dos partidos
Conservador (originado do Nortista) e Liberal (originado do Sulista), que se
mantiveram até a queda do Império.”
No mesmo ano de 1850 “Cabé”
já está em Maioridade, ou seja, Martins, fugindo dos problemas existentes no
Ceará, como escrivão do crime, cível e órfãos, nomeado pelo suplente de Juiz
Municipal, este pessoa do Presidente João Carlos Wanderley, informa-nos o
jornal “A União”, de Pernambuco, datado de 7 de setembro.
O juiz titular da Comarca era Amaro Bezerra
Cavalcanti, que estava afastado do cargo, “refugiado em um cantinho remoto da
Comarca”. Como João Carlos Wanderley governou de março a maio de 1850, é nesse
período que ocorre a nomeação.
É o primeiro embate entre
José Brilhante, “Sulista”, e Amaro Cavalcanti, “Nortista”.
Não se pode confundir esse
Amaro Cavalcanti, na verdade Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, nascido em
Pernambuco, em 15 de janeiro de 1825, com Amaro Cavalcanti, nascido em Caicó,
em 15 de agosto de 1849. Este último foi irmão de Padre João Maria e Ministro
da Justiça e Negócios Interiores do Governo Prudente de Morais. O primeiro foi
Deputado Provincial em várias legislaturas e prestou relevantes serviços à
campanha abolicionista, mas deixou a cena política com a proclamação do regime
republicano.
Em Maioridade, diz o jornal,
“Cabé”, tão logo chegou, matou um soldado do destacamento local e um paisano.
Ocorreu assim: o Presidente da Província do Rio Grande do Norte, ao saber que
José Brilhante era “criminoso de três mortes, mandou um reservado ao comandante
do Destacamento dali para o prender”. “Cabé” matou o soldado do Destacamento e
o paisano que o Comandante mandara para observar a gente que ele tinha consigo.
Em 26 de setembro do mesmo
ano o jornal “A União” continuou a dar notícia das estripulias de José
Brilhante:
“Consta-nos ainda da Comarca
de Maioridade que o facínora José Brilhante de Alencar, ali escrivão do cível e
órfãos, por nomeação dos agentes do célebre João Carlos Wanderley, depois de
haver, no exercício desse cargo, além de outras muitas depredações ,
violentamente extorquido a um cidadão que procedia o inventário de sua falecida
mulher” (...) “depois de haver se retirado para fora da cidade em conseqüência
das ordens terminantes de Sua Excelência , para que fosse preso por ter certeza
de seus crimes, e reunindo em torno de si muitos facínoras armados”(...) “no
meio deles entrou pela cidade em busca do Tenente para o assassinar, escapando
ele felizmente de ser vítima! Queria dest’arte vingar a dúplice ofensa de haver
ele tentado prendê-lo de ordem do Presidente da Província...”
Foi nessa época que “Cabé” descobriu,
no “Cajueiro”, a “Casa de Pedra”, refúgio depois famoso pelo uso que lhe fez
Jesuíno, seu sobrinho.
CONTINUA...
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