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Honório de Medeiros
Como
emerge um sistema?
Se
considerarmos que Einstein estava correto, e “Deus não joga dados”, ou seja, se
está correto o princípio da causalidade que propõe existir uma causa para tudo
quanto existe, é possível supor um retorno causal a um ponto-de-partida.
As
questões metafísicas, claro, surgem, então, aos borbotões: considerando sempre
a perspectiva de uma explicação científica, portanto deixando de lado a
hipótese Deus, é de se perguntar o que havia antes desse ponto-de-partida.
Não
pode ser o “nada”, posto que do “nada”, nada se origina. Entretanto, se o
ponto-de-partida surgiu a partir de algo, voltamos ao início: e o que originou
esse ponto-de-partida?
Independente
dessas dificuldades próprias de uma concepção determinista do “tudo”, contra ela
podemos elencar várias críticas: a concepção indeterminista oriunda da física
quântica, ou mesmo o postulado de Göedel, que demonstra a impossibilidade de
construir uma linguagem matemática definitivamente consistente que expresse uma
realidade, o que nos impossibilitaria de descrever completamente o “tudo”.
Entretanto,
a se aceitar nossa condição humana de sermos programados evolutivamente para
raciocinarmos causalmente (indução e dedução), podemos conceber a realidade (o
“todo”) enquanto um incomensurável sistema, cujo ponto-de-partida perceptível,
nas atuais condições, é o “big bang”.
Mesmo
assim, provavelmente um infinito em termos de tempo tem que ser percorrido até
sermos capazes de compreender como as lacunas entre o “ponto-de-partida” e a
realidade atual são preenchidas. Uma tarefa tanto mais complexa quanto parece
existir uma persistente impossibilidade de conciliação entre a física
newtoniana e einsteiniana com a física quântica.
Em
assim sendo, a questão de como emerge um subsistema dentro de outro subsistema,
ou seja, como surge um subsistema de normas dentro de um subsistema de poder
dentro de um subsistema social dentro de um subsistema orgânico dentro de um
subsistema realidade física, nesse diapasão, é realmente uma tarefa descomunal.
Entretanto, deterministas,
causalistas, sistêmicos, como somos instados a ser para sobrevivermos, mesmo
que não tenhamos sequer uma pálida noção de todas as relações existentes entre
os subsistemas, e muito menos, daquilo que se origina quando subsistemas se
conectam com outros subsistemas engendrando ocupações de “espaços” vazios, não
paramos de teorizar, ou seja, construir explicações acerca das lacunas no
conhecimento, ou mesmo construir teorias que avançam no desconhecido.
A
imagem possível que expressa essa concepção é a mesma, embora em menor
infinitamente menor, que a teoria do “big bang” possibilita: o nada sendo
ocupado pela matéria, ou seja, a ignorância sendo ocupada pelo conhecimento.
Ou
seja, uma realidade finita, mas ilimitada, como pensava Einstein, lentamente
ocupada pelo conhecimento, até que a equação final explique tudo.
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