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Pomba sobre armas
Barack Obama recebeu, dia 10 deste, o prêmio Nobel da Paz em Oslo.
Há dez dias havia ordenado o envio de mais 30.000 soldados ao Afeganistão.
Talvez pressionado por essa contradição, afirmou, em seu discurso de agradecimento, que às vezes é preciso ir à guerra.
E fez a defesa daquilo que ele denominou de “guerras necessárias”. Exemplificou lembrando que “um movimento não violento não poderia ter detido os exércitos de Hitler”.
Dentre os tipos de “guerra necessária” apontou a autodefesa, a intervenção humanitária e a ajuda a alguma nação invadida.
Mas não indicou quais os critérios a serem seguidos para se caracterizar a autodefesa, a intervenção humanitária e a ajuda às nações invadidas. No Governo Bush, era mais fácil: iluminação divina.
Consta que o discurso de Obama foi muito aplaudido. Lá estavam os reis da Noruega, dignitários, aristocratas, e uma platéia entusiasmada.
Mas não se constatou a presença de iraquianos, afegãos, vietnamitas, filipinos, granadinos ou granadenses, panamenses, haitianos...
Todos que sentiram, no corpo, na alma, e no coração os efeitos não de “guerras necessárias”, mas, sim, de “guerras interesseiras”.
Os iraquianos e os vietnamitas poderiam, se lá estivessem, e lhes fosse dada a palavra, falar acerca da estranha coincidência entre as ações militares dos EUA, os interesses do Pentágono e de algumas multinacionais (ou transnacionais).
A face oculta das tais “ambições imperiais” norte-americanas, agora ainda mais subterrâneas, pois ofuscada pela aura de bom-mocismo que emana do ainda carismático, mas já “enquadrado” (que o diga o não-fechamento de Guantánamo) Barack Obama.
Algo tão antigo, tais ambições nas elites que governam, quanto aquelas que impulsionaram a Inglaterra Vitoriana ou o Império Romano.
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