segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CORRUPTOS REZAM PARA AGRADECER DINHEIRO DA PROPINA


Senhor, tende piedade de nós!


Brasília, 30/11/2009 - Durante entrevista ao lado do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, ficou estupefato ao ser informado por jornalistas sobre a cena em que os deputados Leonardo Prudente e Júnior Brunelli, respectivamente presidente e corregedor da Câmara Legislativa do DF, se unem a Durval Barbosa - o secretário exonerado que colaborou com as investigações sobre o escândalo envolvendo o governo do Distrito Federal (GDF) - numa espécie de "oração da propina", na qual agradecem o dinheiro ilícito que receberiam por participar da base aliada do governador José Roberto Arruda. "Essa cena eu ainda não vi e de certo modo foi bom ainda não ter visto, pois me sentiria revoltado", afirmou dom Dimas.
"Lamento que a religião esteja tão banalizada a tal ponto de as pessoas não a verem como serviço a Deus e ao próximo, mas como servir-se da fé e do próximo; isso é uma inversão total de valores", salientou o secretário geral da CNBB. Dom Dimas reafirmou ainda a perplexidade da entidade diante dos diversos vídeos sobre o escândalo exibidos pela televisão, e cobrou apuração rigorosa dos fatos. "Estamos perplexos como o que já vimos nesse caso e queremos que as investigações sejam ágeis e que o quanto antes a ética possa prevalecer e os fatos possam ser esclarecidos", acrescentou o secretário-geral da CNBB aos jornalistas, ao se despedir de Cezar Britto na porta da entidade, onde foi realizado o encontro.

FIM DO EXAME DA ORDEM DOS ADVOGADOS?

Deu em Ricardo Rosado (http://www.fatorrrh.com.br/):

"A proposta de extinção do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) volta à pauta da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) nesta terça-feira (1º).
O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) é autor desse projeto de lei (PLS 186/06), que recebeu parecer favorável, com emenda, do relator, senador Marconi Perillo (PSDB-GO).
A matéria será votada em decisão terminativa pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Em vez de abolir o exame da OAB, Marconi Perillo optou por sugerir mudanças em sua forma de realização, segundo explicou hojel ao Correio Braziliense.
Segundo o parecer, esse teste terá duas fases - a primeira contará com questões objetivas, de múltipla escolha, sobre as matérias integrantes do currículo de Direito, e a segunda incluirá questões práticas e a elaboração de peça técnica privativa de advogado - e deverá ser oferecido três vezes por ano (a cada quatro meses).
Além de habilitá-lo a prestar a segunda fase, a aprovação do candidato na primeira fase irá dispensá-lo de repetir esta etapa no prazo de um ano."

EDUCAÇÃO




Sócrates bebe cicuta

“Assim, pois, a redobrada atenção que Sócrates dedica às ‘coisas humanas’ atua como princípio seletivo no reino dos valores culturais vigentes até então. Por trás da pergunta: ‘até onde se deve levar um estudo?’, levanta esta outra, mais importante: ‘para que serve esse estudo e qual é a meta da vida?’ Sem dar uma resposta a tal pergunta, não seria possível uma educação” (Paidéia; Werner Jaeger).

VOCÊ HOJE ME PAGA O QUE TEM FEITO, COM OS POETAS MAIS FRACOS DO QUE EU


Zé Limeira

Desafio Anastácio Mendes Dantas x Zé Limeira, 1951, Fazenda Poço do Juá, Cariri.

Mote: "Você me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu."

Anastácio:

"Zé Limeira, você cuide em rezar
Que preciso hoje aqui dar-lhe um surrote.
Apresento as virtudes do meu dote
Pra você aprender a me honrar.
Se você resolveu me acompanhar,
Diga logo a esse povo que perdeu,
Um fantasma chegou, lhe interrompeu,
Atraiu sua voz, o verso e o peito...
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu."

Zé Limeira:

"Sou um nego um bocado esbagaçado,
Sou o vatis das glórias desta terra,
Sou a febre que chama berra-berra,
Mastigando eu sou cobra de veado.
Sou jumento pro fora do cercado,
Sou tabefe que dero em seu Lameu...
Se tivé bom guardado bote neu,
Seu caminho de bonde ruim, estreito...
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu."

Anastácio:

"Cantador sem origem, sem ciência,
Miserável, lebrento, pé de péia,
És miséria da guerra da Coréia,
Seu corruto, ladrão da consciência.
Castigado da santa providência,
Que não honra o que Cristo santo deu,
Foste tu, imbecil, o fariseu,
Quem é bom dizes tu que tem defeito...
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu."

Zé Limeira:

"Zé Limeira onde canta, todo mundo
Vai olhá bem de perto a sua orige,
Já cantei no Sertão, no Céu da Virge
Sou doutô de meisinha, furibundo.
Viva o Reis, o juiz, Pedro Segundo.
Sou a cobra que o boi nunca lambeu.
Sou o tijolo da casa de Pompeu,
Peripécia da filha do Prefeito...
Você home me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu."

Repentes à nossa disposição graças à obra "Zé Limeira, Poeta do Absurdo", de Orlando Tejo.

PERGUNTEI A CARLOS SANTOS




Perguntei a Carlos Santos (http://www.blogdocarlossantos.com.br/):

"Em quem você não vota para Governador e Senador, em 2010, e por quê?"

Ele respondeu:

"O jornalista Paulo Francis dizia o seguinte: "Eleição no Brasil é sempre a escolha do menos ruim". Talvez ele estivesse certo.

Nunca votei apenas por ser contra, mas em favor de alguém ou de ideias (partido).

Não tenho vetos, sob uma ótica fundamentalista. Tenho votos. E, como costumo fazer a cada eleição, vou no devido tempo anunciar publicamente os meus escolhidos."

domingo, 29 de novembro de 2009

CONTA DE LUZ TUNGA SEU BOLSO

Do Estadão:

"Conta de luz sobe e qualidade cai ao pior nível desde a privatização:
Em algumas localidades, indicadores da Aneel para o número de horas sem eletricidade são os piores da década.

Renée Pereira

A qualidade dos serviços de eletricidade piorou nos últimos anos, apesar do aumento no custo da conta de luz. Depois de alcançar o menor nível da história, no período após o processo de privatização do setor elétrico iniciado em 1995, o volume de blecautes voltou a subir em todo o País.

Em algumas localidades, os indicadores estão no pior nível da década, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É o caso das distribuidoras do Pará (Celpa) e de Minas Gerais (Cat-Leo e Cemig), entre outras.

No ano passado, os brasileiros ficaram, em média, 16,61 horas sem eletricidade – número superior às 16,57 horas de 2001, quando o racionamento deixou a rede de distribuição mais folgada e menos vulnerável aos blecautes. A média nacional, no entanto, esconde casos extremos, como o de São Luiz do Anauá, em Roraima, onde as interrupções somaram 1.007 horas em 2008. Isso significa ficar um mês e 11 dias sem eletricidade no ano. Apesar disso, a tarifa média da região está em R$ 290 o MWh, a maior do País.

Nesse caso, a explicação para o alto preço e as interrupções está no fato de o Norte fazer parte do sistema isolado, atendido basicamente por termoelétricas movidas a óleo combustível. Mas a relação qualidade e custo da energia está muito distante do desejável em qualquer região do País, diz o professor da Universidade de São Paulo Ildo Sauer. “Temos as contas de luz mais caras do mundo e uma péssima qualidade de energia.”
A justificativa das concessionárias para a piora nos indicadores de interrupção está na severidade do clima, com raios e tempestades. Isso acaba derrubando a rede e interrompendo o fornecimento de energia. “Em São Paulo, o maior problema é a queda de árvores”, diz Roberto Mario Di Nardo, vice-presidente da AES Eletropaulo, maior distribuidora do Brasil.
Segundo ele, até novembro, foram 24.171 interrupções provocadas por queda de árvores ou galhos nas linhas – volume 18% superior a todo o ano de 2008 e 29% em relação a 2007. Isso contribuiu para elevar de 9 para 11 horas o tempo médio que os consumidores ficaram sem luz na região.

“Já havíamos aumentado em 17% as podas de árvores na cidade, para 146 mil plantas. Para 2010, esse número deve subir para 210 mil árvores”, comenta Di Nardo. Ele destaca ainda que o fato de a rede de distribuição estar mais robusta dificulta a recomposição do fornecimento.

As condições climáticas também são justificativas na Cemig, estatal de Minas Gerais. Até setembro, o tempo dos blecautes na área da distribuidora já chegava a 14 horas – o maior desde 1996. “Temos tido tempestades bem mais severas que no passado, com ventos de quase 100 km por hora”, diz a gerente de área de acompanhamento e controle, Rita Fajardo.
Na Light, maior distribuidora do Rio, os dados da Aneel ainda não embutem os últimos blecautes ocorridos esta semana. No período de 12 meses, terminados em setembro, os dados mostram que os clientes da distribuidora ficaram, em média, 9 horas por ano sem eletricidade.

Bem distante dos números desta semana. Entre segunda e terça-feira, cerca de 12 mil moradores ficaram quase 24 horas sem luz. Outros desligamentos menores ocorreram nos demais dias. O vice-presidente de operações da Light, Roberto Alcoforado, diz que apagões foram causados por um aumento repentino da temperatura, aliado ao maior consumo de ar-condicionado e geladeiras. Segundo ele, a temperatura em novembro é a mais alta para este mês desde 2004. “A carga subiu 27% nos últimos dias.”

Na avaliação de especialistas, porém, essa não é uma justificativa razoável. Afinal, as distribuidoras precisam estar preparadas para esse tipo de ocorrência. O fato é que quanto maior o investimento na expansão da malha maior será o custo da energia para o consumidor.

De qualquer forma, por serem regiões mais desenvolvidas, o Sul e o Sudeste ainda têm os melhores indicadores, comparados com o resto do País. No Nordeste, a campeã no ranking de maior tempo sem energia é a Companhia Energética do Piauí (Cepisa), da Eletrobrás. Lá, o tempo médio que os consumidores ficam sem luz por ano é de 47 horas.

O descontentamento com a qualidade dos serviços é tamanho que 24 cidades conseguiram liminares (já derrubadas) para não pagar a conta de luz, conta o presidente da distribuidora, Flávio Decat. Segundo ele, a falta de definição sobre o futuro da empresa, se seria vendida ou incorporada ao grupo, provocou redução dos investimentos. “Isso causou uma deterioração e defasagem do sistema. Mas já estamos revertendo este quadro”, destacou o executivo, frisando que a empresa vai investir R$ 1 bilhão na área de concessão entre 2009 e 2010.
No Centro-Oeste, o pior índice de qualidade foi verificado na Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat). Os consumidores ficam, em média, 30 horas sem luz por ano. Segundo o vice-presidente do Grupo Rede, que administra a Cemat e mais oito concessionárias, Sidnei Simonaggio, a piora nos índices desde 2002 deve-se à universalização dos serviços. Com o programa, iniciado em 2004, as empresas tiveram de expandir as redes para áreas mais remotas, como as zonas rurais.

O engenheiro Carlos Augusto Kirchner explica que as distribuidoras precisam obedecer a limites estabelecidos pela Aneel. Se as metas forem ultrapassadas, elas pagam multas calculadas sobre o faturamento. Ele destaca, entretanto, que os desligamentos que duram menos de três minutos não são considerados pela agência.




INSTITUTO CULTURAL DO OESTE POTIGUAR - ICOP, E "LÁPIS NA VEIA"

Deu em Carlos Santos (www.blogdocarlossantos.com.br):

"Clauder Arcanjo no Icop e com 'Lápis nas veias':
O Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e a editora Sarau das Letras têm dupla atividade à próxima sexta (4).
A programação acontecerá a partir das 19h, no Sesi (Mossoró).
Haverá a posse da nova diretoria do Icop, presidida pelo escritor Clauder Arcanjo, além de lançamento do livro ‘Lápis nas veias’, do próprio dirigente.

QUANDO O SONHO ACABOU



John Lennon

Em Ailton Medeiros (http://www.ailtonmedeiros.com.br/):

"Poucos lembram, mas a data de hoje é especial para a música.
Em 28 de novembro de 1974, Jonh Lennon subiu a um palco pela última vez, para cantar com Elton John “Lucy in the sky with diamonds”.
O show no Madison Square Garden, em Nova York, entrou para a história.
Seis anos depois, Lennon seria assassinado por um maluco em frente ao prédio onde morava, em Nova York.
O sonho definitivamente havia acabado.

DIREITO


Adam Smith

“Num esboço da Riqueza das Nações publicado postumamente, em 1763, Adam Smith constata que ‘num país civilizado os pobres contribuem para a sua própria subsistência e para a enorme riqueza dos seus senhores’. O mecanismo para proceder à distribuição da riqueza é o direito: ‘Numa sociedade de cem mil famílias existirão talvez cem que não trabalham e que, todavia, com a violência ou com a opressão regular da lei, absorvem uma quantidade de trabalho social superior à de dez mil famílias’ (...) A essência desta considerações encontra-se, nos antípodas ideológicos de Adam Smith, na definição de direito extraída do art. 590 do código penal soviético: ‘O direito é um sistema de relações sociais que serve os interesses da classe dominante, sendo portanto mantido pela sua força organizada, ou seja, pelo Estado’” (“Os Grandes Sistemas Jurídicos”; LOSANO, Mário G.).

ALGUMAS CONJECTURAS À PROCURA DE REFUTAÇÃO


Conjecturas de Golbach

Por Honório de Medeiros

“Hipóteses são redes; quem as lança, colherá” (NOVALIS)



1. Em termos ontológicos, este século concretizará a característica epifenomênica do Direito. Será patente ser ele uma técnica de controle social ou, melhor, uma técnica de poder.

2. Tal concretização será uma conquista gnosiológica: o objeto cognoscível que é o poder, e seus epifenômenos, será desvendado a partir do entrechoque darwinista das teorias a seu respeito elaboradas.

3. Como conseqüência, será desfeito o mito da possibilidade de logicização modal do Direito como realidade que se impõe aos seus protagonistas, e recuperar-se-á a perspectiva de explicá-lo enquanto retórica, servindo-lhe a lógica como instrumento para lhe dar coerência interna: este será o enigma epistemológico.

4. Será necessário estabelecer os fundamentos de uma nova hermenêutica jurídica. Seus pressupostos serão estabelecidos, em uma primeira fase, através de insights próprios de uma psicologia da compreensão (apreensão, intelecção) quando se comporta como eminentemente descritiva da realidade e é extrajurídica; numa segunda, via técnicas retóricas; e, numa terceira, análise da norma a partir de uma lógica jurídica (mas necessariamente apofântica) própria previamente estabelecida para utilização estratégico-tática. Ou seja, compreender para interpretar, interpretar para decidir. 
5. As técnicas retóricas exigem o manejo hábil de um instrumento: a norma. Esse manejo é abstrato, mas a conclusão do processo produz efeitos concretos. É ela uma arma a ser estrategicamente brandida para a obtenção do fim almejado.

6. Em síntese: trabalhar com a norma jurídica, no século XXI, necessitará de amplitude técnica e profundidade filosófica.

sábado, 28 de novembro de 2009

PARADOXO DA DEMOCRACIA


Paradoxo da Democracia

“No mesmo sentido (Heráclito) acrescenta: ‘A lei pode exigir, também, que a vontade de Um Só Homem seja obedecida’” (A Sociedade Aberta e Seus Inimigos; Sir Karl R. Popper).



DE SISTEMAS DE FORÇAS POLÍTICAS E COMETAS


Sistemas de forças políticas

Por Honório de Medeiros

Alguns políticos são líderes de um sistema de forças políticas. Por que sistema? Para diferenciá-lo de conjunto, que é um aglomerado de alguma coisa reunido sem qualquer propósito específico. Por que forças? Por que constituído por segmentos que embora integrantes do todo atuam em espaços distintos: há o âmbito municipal, o estadual, o federal; há o judiciário, o legislativo, o executivo; há a Igreja Católica, a Evangélica, até mesmo o Candomblé; há os homossexuais, os negros, as mulheres, os jovens; há os intelectuais, os técnicos, os carregadores-de-piano, e assim por diante.

O líder de um sistema de forças políticas possui seguidores firmes em todos esses segmentos desde há muito tempo, constituindo-se eles em verdadeiros elos de ligação, pontos de intersecção, núcleos irradiadores e receptores da teia ou rede que é como visualmente podemos conceber o ambiente onde o Poder se espraia ou concentra-se. Esses seguidores podem ter herdado seu próprio espaço ou mesmo tê-lo conquistado ao longo de um processo às vezes demorado, às vezes rápido, mas plenamente absorvível pelo sistema desde que respeitada a tessitura, o bordado que o compõe e que é seu limite natural de sobrevivência.

Sabe-se de existência de um sistema de forças através de vários meios, mas o apropriado, realmente, é utilizar o princípio da exclusão ao analisar-se o quadro onde supostamente ele estaria inserido. Basta, então, perguntarmo-nos: ao analisarmos um determinado universo político delimitado geograficamente, qual grupo político não poderia faltar sob pena de descaracterização do estudo? Da mesma forma, podemos utilizar o princípio da exclusão para encontrarmos, sem qualquer dúvida, qual o verdadeiro líder de um sistema político: é sempre aquele sem o qual há um vazio de poder inaceitável, uma fragmentação de toda a rede ou teia, um desmoronamento de todo um arcabouço longamente construído.



Obviamente dentro do próprio sistema de forças às vezes o líder é conduzido, embora sempre pareça o oposto; da mesma forma, pode ocorrer, em vida, abruptamente ou não, o deslocamento do bastão de comando das mãos do antigo líder para as de outro mais jovem. Em sistemas de forças políticas razoavelmente sofisticadas, apesar de alguns abalos de percurso, esse processo ocorre naturalmente, embora também haja o contrário, situação esta que, o mais das vezes, conduz a rupturas que iniciam o seu desmanche.



O certo é que há políticos que não lideram sistemas de forças, mas conjunto de agregados vez que não lideram, coordenam ou dão direção a alguma teia ou rede com algum propósito que não a mera sobrevivência. Não possuem núcleos de Poder nos quais se firmem; não conhecem intercessões técnicas nos processos nos quais estão inseridos; não recebem e enviam informações através de mecanismos de busca e recepção confiáveis. Por não possuírem recursos humanos qualificados dos quais se valham em qualquer situação, supõem comandar quando, na realidade, são pautados ou manipulados a uma distância além da possibilidade do seu entendimento; por não compreenderem que o instante não faz a história; a força não cria o Poder; a circunstância não elabora o definitivo; o presente não engendra o futuro ansiado; o efêmero não constrói o permanente; a decisão solitária não tece a sabedoria, firmam-se, em contraposição à perenidade concreta dos sistemas planetários, para usar uma analogia pobre, mas consistente, como cometas que brilham majestosos por algum tempo, mas logo se desfazem em pó, sequer deixando sua marca no imenso espaço do Universo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009



Milton Marques

Deu em http://www.blogdocarlossantos.com.br/

"A FM Abolição 95, de Mossoró, deverá ser controlada por grupo empresarial comandado pelo reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, o médico-empresário Milton Marques. Negócio fechado.


As conversas arrastavam-se por algumas semanas. Mas as partes chegaram a bom termo. Faltam detalhes burocráticos e levantamentos quanto ao passivo da emissora, para que os números finais sejam amarrados.


A FM 95 é comandada por grupo em que aparece como maior referência o ex-deputado federal Ney Lopes. Há tempos ele tentava vender a empresa, sem sucesso.


Vários interessados abriram entendimento, mas sem conclusão satisfatória. O mais recente seria o pastor Raimundo Ribeiro Soares, o "Missionário R.R. Soares", fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus.


Deficitária, a FM 95 passou a ser um ônus para Ney Lopes, que chegou a pedir R$ 3 milhões para passar a concessão. Pelo que apurou o Blog, de forma ainda extraoficial, os valores da negociação devem ficar em números mais modestos.


Depois trago mais detalhes. Aguarde.


P. S - Milton Marques tem paixão paralela pela área de comunicação. É o principal sócio da exemplar Rádio Princesa do Vale (Assu) e da TV Cabo Mossoró (TCM).


Antes, ele comandou os primeiros anos da Rádio Libertadora (Mossoró) nos anos 80. Saiu da sociedade por divergência com a cúpula do grupo Maia. Não aceitava que a emissora fosse transformada numa mera ferramenta de politicalha."

DAVID LEITE LANÇA "INCERTO CAMINHAR"

O atual Chefe de Gabinete da Universidade Regional do Rio Grande do Norte, advogado e escritor David de Medeiros Leite, recém chegado de um doutorado em Salamanca, terras de Espanha, lança, nos jardins da TV Cabo Mossoró, logo mais às 20:00 hras, em Mossoró, seu livro "Incerto Caminhar", premiado no II Concurso de Poesia em Língua Portuguesa promovido pela USAL - Universidade de Salamanca e Escola Oficial de Idiomas de Salamanca em 2008.


ARGUMENTO DA AUTORIDADE


São Tomás de Aquino

“Santo Tomás notava que, salvo no domínio da Revelação, o argumento de autoridade era o mais fraco de todos. Temos sempre o direito de pedir as fontes e os fundamentos das asserções” (A Arte de Pensar; Pascal Ide).



"NO CAMINHO DE SWANN", PROUST


Proust

"Até então, como muitos homens cujo gosto artístico se desenvolve independentemente da sensualidade, houvera uma estranha disparidade entre as satisfações que concedia a uma e outra coisa, gozando na companhia de mulheres cada vez mais grosseiras, a sedução de obras mais e mais refinadas, levando, por exemplo, uma criadinha a um camarote reservado, para assistir à representação de uma peça decadente que ele tinha vontade de ouvir ou a uma exposição de pintura impressionista, e persuadido, aliás, de que uma mulher do mundo cultivado não compreenderia muito mais do que a criada, mas não saberia calar-se tão gentilmente.
(...)
Tendo aliás deixado enfraquecerem as crenças intelectuais da sua juventude, e havendo o seu ceticismo de mundano penetrado até elas, sem que o soubesse, pensava (ou pelo menos o pensara tanto tempo que ainda o dizia) que os objetos do nosso gosto não possuem em si mesmos um valor absoluto, mas que tudo é questão de época, de classe, tudo consiste em modas, as mais vulgares das quais valem tanto como as que passam por mais distintas."

UM HERÓI MOSSOROENSE



Manoel Duarte

Por Honório de Medeiros

Então um preciso tiro de fuzil ecoou no final de tarde nublado do dia 13 de setembro de 1927, e, aproximadamente cem metros além, atingiu o meio-da-testa de um caboclo puxado para o negro aparamentado com a indumentária típica do cangaceiro, prostando-o na terra nua, de barriga para cima, a contemplar com olhos fixos e vazios o céu acima, ali onde a Avenida Rio Branco cruza a Rua Alfredo Fernandes, bem onde, na quina, fica a famosa Igreja de São Vicente cuja efígie, do seu nicho decenal, tudo contemplava. Era o começo do fim. No alto da casa do Prefeito Municipal - o líder que começara a epopéia, no telhado, o atirador viu quando um outro cangaceiro, de um trigueiro carregado, aproximou-se rastejando e disparando da vítima e começou a rapiná-la, retirando freneticamente, de seus bolsos, munição, dinheiro e jóias. Calmamente, mirou e aguardou. Pressentindo o perigo iminente o feroz bandoleiro ergueu o tronco elevando os olhos até o telhado fatídico da casa cuja frente fora tomada por fardos de algodão prensados. Foi apenas um momento, mas foi fatal. Outro tiro de fuzil ecoou e, no mesmo local onde seu companheiro jazia sem vida mais um cangaceiro foi atingido. O violento impacto da bala derrubara-o momentaneamente e desenhara, em seu tórax, uma rosa de sangue. Começou a debandada. Enquanto os resistentes começavam a perceber que a ameaça fora sustada e o recuo dos cangaceiros era generalizado, o atirador recolhia o fuzil e fitava a cidade no prumo que tinha a Igreja de Nossa Senhora da Conceição como limite. Olhava e pensava. Ele tinha morto um cangaceiro e ferido mortalmente outro. Não havia dúvida quanto à importância desse fato para a vitória. Mas cangaceiros são vingativos, cangaceiros são ferozes, cangaceiros são cruéis. Cangaceiros são dissimulados e não esquecem nunca, matutava ele com seus botões. Se ele aceitasse passivamente as homenagens que lhe seriam tributadas a partir daquele momento tudo poderia, no futuro, desandar no gosto amargo causado pela retaliação de algum anônimo, talvez até mesmo em algum parente, como era prática comum na vida cangaceira. Não que fosse medroso. Ao contrário. Todos quantos lhe conheciam podiam atestar sua coragem e perícia com as armas, que já ficavam lendárias. Mas era melhor precaver-se. Era melhor silenciar. Não seria o caso de negar veementemente, por que não era homem para esse tipo de extroversão. Mas ia silenciar. Não ia comentar nada. O que estava feito estava feito e era de acordo com seu temperamento reservado. Se lhe perguntassem, mudaria de assunto. Se comentassem de alguma roda da qual estivesse fazendo parte, sairia de mansinho. Guardaria a verdade consigo e a contaria apenas para alguns escolhidos, por muito e muito tempo. Até que...

Até que naquele dia banal, sozinho com seu neto de dez anos de idade, sentiu vontade de contar aquilo que nunca contara a ninguém. Era uma necessidade da alma, um anseio de perpetuar um feito honroso, um gesto de heroísmo que o mostrava tão diferente daqueles que tinham fugido em direção ao mar quando os cangaceiros ciscavam nas portas de Mossoró, um gesto que lhe orgulhava por que defendera sua família e sua cidade a um custo alto, que era o de tirar a vida de alguém. Olhou para o neto e compreendeu que ali estava o interlocutor perfeito. Não questionaria, não interromperia, não esqueceria. Guardaria a lembrança do dia e do relato. Assim sendo começou a contar-lhe todo o episódio, detalhe por detalhe. O neto apenas olhava intensamente e sentia que estava sendo transmitido, para ele, algo muito importante e que somente no futuro seria plenamente entendido. Acalmou sua inquietude de menino. Não desgrudou o olho do seu avô, aquele homem reservado e pouco propenso a confidências. No final, quando toda a história havia sido contada, compreendeu que devia guardá-la consigo, até mesmo esquecida, por muito tempo. Guardada até que...

Até que em um final de tarde tipicamente mossoroense, de muito calor, em um café, o neto aproximou-se de uma roda de estudiosos do cangaço e percebeu que discutiam a participação do seu avô na invasão da cidade pelo bando de Lampião. Uns diziam que havia sido ele o autor dos disparos. Outros negavam e apontavam nomes. Quase oitenta anos haviam passado do episódio. O neto, agora, era cinquentão. Sentiu que ali estava o momento certo para contar a história, a sua história, a história do seu avô. Aquela platéia saberia ouvi-lo e entenderia plenamente as razões do silêncio da família. Contou tudo. Fechou-se o ciclo. Dezenas de anos depois já não há mais dúvidas. O atirador postado no alto da casa de Rodolfo Fernandes, o homem que praticamente abortara a invasão lampiônica, o herói entre heróis fora MANOEL DUARTE. Essa é a verdade, como o sabe sua família e a contou seu neto, Carlos Duarte, jornalista, muitos anos depois, a mim, a Kidelmir Dantas e Paulo de Medeiros Gastão, estes últimos dirigentes da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC.

É verdade, dou fé.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SÃO CARLOS TIROU AS CRIANÇAS DA RUA

Deu em Nassif (www.colunistas.ig.com.br/luisnassif):

Por Gustavo Cherubine
Qual o segredo de São Carlos?
Do Estadão
Quarta-Feira, 25 de Novembro de 2009
Versão Impressa
São Carlos tirou crianças das ruas
Brás Henrique, RIBEIRÃO PRETO
Em São Carlos, cidade mais segura do País, segundo a pesquisa, crianças e adolescentes têm programas de educação complementar à escola no Salesianos – entidade mantida por religiosos. Os jovens participam de várias atividades e têm até cursos profissionalizantes. O padre Agnaldo Soares Lima, que foi secretário Especial da Infância e da Juventude na cidade, entre 2005 e 2006, lembra que São Carlos adota ações preventivas desde os anos 90, quando foi criado o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Não temos mais crianças nas ruas”, diz. O Salesianos atende 480 jovens.
Segundo a Polícia Militar, antes de 2001, a média era de 15 homicídios ao ano envolvendo adolescentes. Em 2007 e 2008, houve um por ano. E neste ano ainda não há ocorrência.
Em Franca, a terceira melhor cidade segundo o levantamento, o secretário de Ação Social, Roberto Nunes Rocha, cita vários programas de ações assistenciais que trabalham com os jovens. Para ele, existe uma integração de forças na cidade que, apesar de seus 331 mil habitantes, não tem favelas.

A MORTE DE CHICO PEREIRA


Otoniel Menezes

Por Laélio Ferreira:

Sobre JOAQUIM DE MOURA, Oficial da Força Pública do RN, matador de CHICO PEREIRA, In "Othoniel Menezes - Obra Reunida", "Sertão de Espinho e de Flor - Canto 11 ("taquigrafado numa feira")", com Nota de Laélio Ferreira:
 
"
- Mermo prus perré[1],agora,

Café Fio é a lui da oróra,

Papai Noé do Brasí...

- Ante dele sê tão grande,

cafeísta era no frande[2]

na virola e no fuzí...



- Coração de mé de abêia,

o Café, ocês me creia,

imbora impate robá,

vai dá ciloura[3] e camisa

inté a Joaquim Marfisa[4],

se de tanto percisá...



- Cum tanto do “amigo novo”,

vai mái é ficá pru povo

deferente - é de amaigá!

Num adianta, esse luxo

de teimá sê péla-bucho[5]...

- camalião, vai pra lá![6]

[1] Idem.

[2] Idem, idem.

[3] Ceroula, cueca.

[4] Joaquim Teixeira de Moura - Referência velada, ferina, ao Coronel da Polícia Militar do RN. Durante o relativamente curto período do governo (1928-1930) de Juvenal Lamartine de Faria (1874-1956), esse oficial notabilizou-se pela violenta repressão aos correligionários – e à própria família - do futuro Presidente Café Filho, inimigo político do Governador. Ficou célebre, quando tenente, em 1928, pelo frio assassinato de um certo Chico Pereira, acusado de roubo no interior do Estado e constituinte de João Café – que era advogado provisionado. Itamar de Souza, in A República Velha no Rio Grande do Norte, conta, com detalhes, a terrível façanha do militar. Outro escritor, Ivanaldo Lopes – por sinal, filho de um outro coronel -, no livro Oficiais da PM (1980), retrata Joaquim de Moura como “quase perverso por obrigação do ofício”, revelando que “... às vezes, quando o sacrifício era próximo a núcleos residenciais, sepultava o bandido em cova rasa, ainda vivo, mas inerte, mantendo apenas a respiração ofegante de moribundo. Tanto assim era, que, em muitos casos testemunhados por transeuntes, as reações da vida faziam surgir do túmulo um braço ou uma perna, denunciador de alguém ali sepultado.”

[5] V. Nota de OM, adiante.

[6] OM, nesta e na sextilha anterior, critica João Café Filho – que praticamente nada fez pelos amigos da primeira hora, esquecendo-os quando assumiu o poder. Othoniel foi um dos que se desiludiram das promessas do político."


O SURTO DE GRIPE SUINA NO CARNATAL

Deu no Nominuto.com:

"Os médicos tratam o assunto como uma obviedade.
'Se a transmissão do vírus (H1N1) é feito pelas via aéreas, lógico que um evento como o Carnatal traz o risco de ocorrer um verdadeiro surto', declarou o infectologista do Hospital Giselda Trigueiro, Luiz Alberto Marinho.
Alguns profissionais da saúde acreditam até que caberia ao Ministério Público, junto à Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), reavaliar a viabilidade da festa.
Há cerca de duas semanas, os hospitais voltaram a registrar os casos de gripe influenza A.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) já registra, pelo menos oficialmente, oito mortes e 70 casos confirmados.
A população começa a ficar apreensiva sobre como anda o controle da doença no Rio Grande do Norte e até mesmo como está sua velocidade de transmissão, a ponto de questionar a realização do Carnatal, evento tradicional na cidade, que reúne milhares de pessoas.
Segundo Luiz Alberto, o fato de as pessoas estarem muito próximas no mesmo espaço remete a transmissão mais acelerada do H1N1.
A infectologista Marise Reis, do Hospital do Coração, é mais incisiva.
Para ela, esse não é o momento ideal para realizar a micareta.
'Normalmente depois do Carnatal temos muitos casos de doença virais. Só que a diferença deste ano é que o vírus é influenza A'.
'Não sei como vai ficar este hospital depois do Carnatal', declarou a enfermeira do Hospital do Coração, Edna Aparecida.
Segundo ela, nos primeiros 18 dias de novembro a unidade registrou 14 casos suspeitos, 11 a mais que em outubro, quando foram registrados três casos.
Desde maio até novembro, 73 pessoas foram consideradas suspeitas de estarem com gripe A.
A empresa promotora do Carnatal, a Destaque, informou que não se pronunciará sobre o assunto. E o setor de Vigilância Epidemiológica da Sesap não foi encontrado."

A COLEÇÃO MOSSOROENSE EM FEIRA DE SANTANA


Jornalista Jânio Rêgo

Paço Municipal lotado para a entrega dos livros em Feira de Santana:

Aconteceu no Paço Municipal Maria Quitéria, ontem, a entrega de 500 livros da Coleção Mossoroense pelo Blog da Feira e Fundação Vingt-Un Rosado, através do jornalista Jânio Rêgo (foto), à Prefeitura Municipal de Feira de Santana. Na composição da mesa estiveram, além de Jânio, o prefeito Tarcízio Pimenta, Milton Brito, chefe de Gabinete, Selma Soares, diretora do CUCA, Newton Belas Vieira, assessor de gabinete e Raymundo Luiz, representando a Universidade Estadual de Feira de Santana (Orisa Gomes).

Jânio Rego é parabenizado pela ação:

O chefe de gabinete da Prefeituna de Feira de Santana, Milton Brito, parabenizou Jânio pela ação. “Aprendi com o poeta Castro Alves, que bendito aquele que semeia livro. Tomara que muitas pessoas tenham atitudes como essa de doar cultura e literatura para nossa Biblioteca e engrandecer o nosso povo”, afirmou. Newton Belas Vieira completou dizendo que se todos os brasileiros estudassem a história do Brasil, através do conhecimento da história do seu estado, poderiam dizer que realmente conhecem a história do país. "Como um modesto historiador e modesto estudante de história, eu afirmo que não conheço a história de Mossoró e vou poder fazer isso através desses livros”, destacou (Orisa Gomes).


Coleção Mossoroense em Feira:


O Prefeito Tarcízio Pimenta finalisou o momento de entrega dos livros dizendo que eles vão fazer parte do projeto que a prefeitura está implementando para o próximo, de modernização da Biblioteca Municipal. "Como estudante tive o acesso aos livros da Biblioteca, que mesmo com sua precariedade,nos serviu. É muito importante que a gente esteja assistindo a essas mudanças. Em 2010 vamos levar para a Biblioteca o que existe de mais moderno, onde as pessoas possam ter acesso a livros, boletins a qualquer momento. Estamos satisfeitos e agradecidos. Este material vai ser documentalizado e encaminhado para a Biblioteca Municipal Arnold Silva", disse (Orisa Gomes).

O PODER


O poder

O Poder é o parâmetro fundamental para o estudo da tragicomédia sócio-humana. Ele está por trás de tudo: engendra as soluções para transpor os obstáculos que possam surgir. Constrói estratégias adaptativas. Não há vazio no espaço social, por que o Poder está sempre presente. Mudam seus titulares por que o Poder muda de dono de acordo com fatores tais como competência, circunstância... Tudo é prolongamento ou instrumento do Poder. O que há para além dele? Ernst Becker diria: o medo da morte. Darwin diria: a necessidade de sobreviver. Isto é, queremos o Poder por que queremos deixar nossa marca na história. Ou queremos o Poder por que somente assim asseguramos a sobrevivência dos nossos gens através dos descendentes (Honório de Medeiros).

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CONHECER



Árvore do conhecimento

Conhecer é apreender. A idéia de apreender, “intelegere”, deve-se a Platão, no Teeteto. Apreender é tomar consciência de algo. Esse apreender é conjuntural. Trata-se de um ensaio, uma hipótese-rede, uma estratégia de desvendamento da realidade. O apreender revela-se como “insight” e é, sempre, conjuntural. Nunca, portanto, verdade acabada. Trata-se de um ensaio, uma teoria, uma hipótese, uma estratégia instantânea de desvendamento da realidade (Honório de Medeiros).

MEDO, COVARDIA E NEGLIGÊNCIA

Deu no Blog de Ricardo Rosado (www.fatorrrh.com.br):

"Ok, finalmente as entidades responsáveis pela saúde do Estado vieram a público, através de nota distribuída ontem para a imprensa, publicada na íntegra no post anterior, alertar a população dos riscos de contrair o vírus H1N1 da gripe suína,

Mas limita-se tão somente a falar de "registro de novos casos" e às orientações profiláticas para evitar o contágio.

Isso tem em qualquer bula para fugir de uma gripe besta.

Na nota não há um só fato concreto que possa ser levado a sério.

Poderia ser distribuída em qualquer época do ano, dizendo as mesmas coisas.

Toda a manifestação das entidades médicas e órgãos públicos escrita na nota é superficial, teórica, fugidia, frouxa, inconsequente, boba, infantil, singela, escorregadia, disfarçada, pueril, negligente, incompleta, imprecisa, atemporal e sem nenhuma objetividade.

Sem falar em informações inúteis para a população, como saber pra onde seguem os resultados das coletas, se pra Belém ou Quixeramobim.

E ainda alertam que ninguém deve tomar remédio sem indicação e orientação médicas.

Ora, tudo pra fugir, escamotear, esconder o principal motivo de preocupação iminente.

O que é importante saber não são somente explicações genéricas a respeito da gripe suína e do vírus circulando na cidade.

Sim, mas em que nível vem se dando este aumento, " especialmente em Natal e em municípios do interior do estado, o que é uma evidência de que o vírus está circulando no nosso estado", conforme reconhece a nota?

Quantas pessoas estão infectadas em Natal e no Estado?

Quantas já moreram ou estão internadas?

O que quer dizer " em casos de doença respiratória aguda grave e em surtos de síndrome gripal em comunidades fechadas", escrito na nota?

Que tipo de perigo corre a população frequentando (ou não) o carnaval fora de época previsto para primeira semana de dezembro?

O que as entidades médicas e órgãos públicos tem a dizer para os milhares de jovens que vão participar do evento movidos a hormônios, bebidas, drogas e música?

O evento pode provocar uma epidemia na cidade?

Por que a nota da saúde e das entidades médicas e órgãos públicos não toca neste assunto?

Por que fugiu do tema, quando médicos e médicas infectologistas denunciaram publicamente o perigo que corre a população?

Somente no último parágrafo, escondido e quando ninguém normal aguentaria chegar ao fim do texto depois de ler tanta cultura inútil, a nota dos setores da saúde diz que "é recomendado, ainda, buscar manter-se em ambientes ventilados, procurando não circular em aglomerações e locais fechados".

Que tipo de aglomerações e locais fechados não são recomendáveis pelas entidades médicas eórgãos publicos da saúde?

A aglomeração de milhares de pessoas nos próximos dias em Natal, de gente de todo o país, não se enquadra nestas preocupações e recomendações?

Missa, procissão, comício, inauguração, jantar de fim de ano, ceia de natal em restaurante lotado, dentro de um shopping center, distribuição de bicicleta, show artístico, vaquejada, jogo no Machadão ou no Frasqueirão são aglomerações não recomendáveis pelas entidades médicas e os órgãos públicos da saúde?

De que tipo de ameaça sofrem os médicos, os órgãos públicos da saúde e as entidades médicas do Estado se falarem com franqueza e seriedade profissionais?

O medo, a covardia, a negligência e o desrespeito à população, explícitos na nota que as entidades de saúde e órgãos públicos do Estado distribuíram, não deixam mais dúvidas: em caso de uma epidemia nos próximos meses a população já tem a quem acusar criminalmente."
























"ANTÔNIO SILVINO" por SÉRGIO DANTAS



Antônio Silvino no centro, agachado

Em narrativa linear, atenta à lógica dos fatos históricos, Sérgio Augusto de Souza Dantas nos reapresenta a um Antônio Silvino cru, recortado do contexto mítico e inserido em sua dimensão humana, sem que restasse perdido tudo quanto o tornou um dos mais interessantes personagens da trindade básica que forjou a alma sertaneja – o cangaço, o misticismo, o coronelismo.

Louve-se a felicidade na escolha do “nome” de cada capítulo bem como o excerto que o acompanha, próprio para chamar a atenção do comprador desatento, em uma homenagem ao estilo jornalístico de outrora, e a indicar um texto enxuto, leve, de parágrafos curtos e bem encadeados. Chamam a atenção episódios trazidos a lume que por si só têm dimensão histórica, como a convivência entre Antônio Silvino e Gregório Bezerra, lendário líder comunista pernambucano, sua entrevista com Graciliano Ramos, e o assalto à Usina Santa Filonila na qual morreu Feliciana na flor da idade – crime do qual o cangaceiro jamais deixou de se arrepender. Aliás, qual teria sido o desfecho do embate entre Antônio dos Santos Dias e José Tavares de Melo, este, genro, aquele, pai de Teresa Tavares de Melo, pivô da questão? Qual teria sido o fim de cada um deles?

O Antônio Silvino que emerge do ótimo texto de Sérgio Dantas é um personagem emblemático: é o retrato nítido de uma saga que nos permite identificar e compreender os nexos causais que originam certa circunstância histórica – o período do cangaço – e até mesmo ir além, na medida em que também permite identificar o viés comum a entrelaçá-los, ou seja, a questão do Poder. Basta colocar esses retratos sobre a mesa e examiná-los com olhar crítico: Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Lampião; Coronel Zé Pereira, Coronel Isaías Arruda, Coronel Floro Bartolomeu; Pe. Cícero, Beato Zé Lourenço, Antônio Conselheiro... Tomando distância de qualquer tentativa de apreender o fenômeno a partir de uma explicação oriunda exclusivamente de fatos alusivos à posse da terra.

É possível conjecturar se Sérgio Dantas vai aventurar-se em novos resgates ou cuidará de desbravar outras fronteiras. Sua obra tem sido, até agora, a fronteira entre um ciclo e outro no que diz respeito à literatura do cangaço. Esse ciclo por ele estudado até o momento está chegando ao fim. Já não é mais possível, até onde sabemos, ressalvada a possibilidade de documentos desconhecidos surgirem inesperadamente, prosseguir com a literatura elaborada a partir de relatos, fotos, testemunhos ou escritos, ou seja, fontes primárias. São poucos os sobreviventes e deles já se extraiu mais do que tudo. Os papéis estão virando pó, vítimas da ação inclemente do tempo e da incúria das nossas elites. Um outro ciclo está surgindo: a interpretação de todos esses dados, ou seja, uma literatura de tese, algo timidamente iniciado por Frederico Pernambucano de Mello com “Guerreiros do Sol”, através da criação do conceito de “escudo ético”.

A não ser que – e talento não lhe falta – resolva mergulhar com sua característica obstinação no jornalismo literário brindando-nos com alguma pesquisa onde sobrem indícios, mas, faltem provas – como de fato acontece nessa espécie literária - e, no entanto, seja possível povoar um texto com interrogações perturbadoras tais quais, por exemplo, as razões do estranho silêncio do Juiz e do Promotor de Mossoró em relação aos fatos que lá aconteceram em junho de 1927.