sábado, 28 de novembro de 2009

DE SISTEMAS DE FORÇAS POLÍTICAS E COMETAS


Sistemas de forças políticas

Por Honório de Medeiros

Alguns políticos são líderes de um sistema de forças políticas. Por que sistema? Para diferenciá-lo de conjunto, que é um aglomerado de alguma coisa reunido sem qualquer propósito específico. Por que forças? Por que constituído por segmentos que embora integrantes do todo atuam em espaços distintos: há o âmbito municipal, o estadual, o federal; há o judiciário, o legislativo, o executivo; há a Igreja Católica, a Evangélica, até mesmo o Candomblé; há os homossexuais, os negros, as mulheres, os jovens; há os intelectuais, os técnicos, os carregadores-de-piano, e assim por diante.

O líder de um sistema de forças políticas possui seguidores firmes em todos esses segmentos desde há muito tempo, constituindo-se eles em verdadeiros elos de ligação, pontos de intersecção, núcleos irradiadores e receptores da teia ou rede que é como visualmente podemos conceber o ambiente onde o Poder se espraia ou concentra-se. Esses seguidores podem ter herdado seu próprio espaço ou mesmo tê-lo conquistado ao longo de um processo às vezes demorado, às vezes rápido, mas plenamente absorvível pelo sistema desde que respeitada a tessitura, o bordado que o compõe e que é seu limite natural de sobrevivência.

Sabe-se de existência de um sistema de forças através de vários meios, mas o apropriado, realmente, é utilizar o princípio da exclusão ao analisar-se o quadro onde supostamente ele estaria inserido. Basta, então, perguntarmo-nos: ao analisarmos um determinado universo político delimitado geograficamente, qual grupo político não poderia faltar sob pena de descaracterização do estudo? Da mesma forma, podemos utilizar o princípio da exclusão para encontrarmos, sem qualquer dúvida, qual o verdadeiro líder de um sistema político: é sempre aquele sem o qual há um vazio de poder inaceitável, uma fragmentação de toda a rede ou teia, um desmoronamento de todo um arcabouço longamente construído.



Obviamente dentro do próprio sistema de forças às vezes o líder é conduzido, embora sempre pareça o oposto; da mesma forma, pode ocorrer, em vida, abruptamente ou não, o deslocamento do bastão de comando das mãos do antigo líder para as de outro mais jovem. Em sistemas de forças políticas razoavelmente sofisticadas, apesar de alguns abalos de percurso, esse processo ocorre naturalmente, embora também haja o contrário, situação esta que, o mais das vezes, conduz a rupturas que iniciam o seu desmanche.



O certo é que há políticos que não lideram sistemas de forças, mas conjunto de agregados vez que não lideram, coordenam ou dão direção a alguma teia ou rede com algum propósito que não a mera sobrevivência. Não possuem núcleos de Poder nos quais se firmem; não conhecem intercessões técnicas nos processos nos quais estão inseridos; não recebem e enviam informações através de mecanismos de busca e recepção confiáveis. Por não possuírem recursos humanos qualificados dos quais se valham em qualquer situação, supõem comandar quando, na realidade, são pautados ou manipulados a uma distância além da possibilidade do seu entendimento; por não compreenderem que o instante não faz a história; a força não cria o Poder; a circunstância não elabora o definitivo; o presente não engendra o futuro ansiado; o efêmero não constrói o permanente; a decisão solitária não tece a sabedoria, firmam-se, em contraposição à perenidade concreta dos sistemas planetários, para usar uma analogia pobre, mas consistente, como cometas que brilham majestosos por algum tempo, mas logo se desfazem em pó, sequer deixando sua marca no imenso espaço do Universo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009



Milton Marques

Deu em http://www.blogdocarlossantos.com.br/

"A FM Abolição 95, de Mossoró, deverá ser controlada por grupo empresarial comandado pelo reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, o médico-empresário Milton Marques. Negócio fechado.


As conversas arrastavam-se por algumas semanas. Mas as partes chegaram a bom termo. Faltam detalhes burocráticos e levantamentos quanto ao passivo da emissora, para que os números finais sejam amarrados.


A FM 95 é comandada por grupo em que aparece como maior referência o ex-deputado federal Ney Lopes. Há tempos ele tentava vender a empresa, sem sucesso.


Vários interessados abriram entendimento, mas sem conclusão satisfatória. O mais recente seria o pastor Raimundo Ribeiro Soares, o "Missionário R.R. Soares", fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus.


Deficitária, a FM 95 passou a ser um ônus para Ney Lopes, que chegou a pedir R$ 3 milhões para passar a concessão. Pelo que apurou o Blog, de forma ainda extraoficial, os valores da negociação devem ficar em números mais modestos.


Depois trago mais detalhes. Aguarde.


P. S - Milton Marques tem paixão paralela pela área de comunicação. É o principal sócio da exemplar Rádio Princesa do Vale (Assu) e da TV Cabo Mossoró (TCM).


Antes, ele comandou os primeiros anos da Rádio Libertadora (Mossoró) nos anos 80. Saiu da sociedade por divergência com a cúpula do grupo Maia. Não aceitava que a emissora fosse transformada numa mera ferramenta de politicalha."

DAVID LEITE LANÇA "INCERTO CAMINHAR"

O atual Chefe de Gabinete da Universidade Regional do Rio Grande do Norte, advogado e escritor David de Medeiros Leite, recém chegado de um doutorado em Salamanca, terras de Espanha, lança, nos jardins da TV Cabo Mossoró, logo mais às 20:00 hras, em Mossoró, seu livro "Incerto Caminhar", premiado no II Concurso de Poesia em Língua Portuguesa promovido pela USAL - Universidade de Salamanca e Escola Oficial de Idiomas de Salamanca em 2008.


ARGUMENTO DA AUTORIDADE


São Tomás de Aquino

“Santo Tomás notava que, salvo no domínio da Revelação, o argumento de autoridade era o mais fraco de todos. Temos sempre o direito de pedir as fontes e os fundamentos das asserções” (A Arte de Pensar; Pascal Ide).



"NO CAMINHO DE SWANN", PROUST


Proust

"Até então, como muitos homens cujo gosto artístico se desenvolve independentemente da sensualidade, houvera uma estranha disparidade entre as satisfações que concedia a uma e outra coisa, gozando na companhia de mulheres cada vez mais grosseiras, a sedução de obras mais e mais refinadas, levando, por exemplo, uma criadinha a um camarote reservado, para assistir à representação de uma peça decadente que ele tinha vontade de ouvir ou a uma exposição de pintura impressionista, e persuadido, aliás, de que uma mulher do mundo cultivado não compreenderia muito mais do que a criada, mas não saberia calar-se tão gentilmente.
(...)
Tendo aliás deixado enfraquecerem as crenças intelectuais da sua juventude, e havendo o seu ceticismo de mundano penetrado até elas, sem que o soubesse, pensava (ou pelo menos o pensara tanto tempo que ainda o dizia) que os objetos do nosso gosto não possuem em si mesmos um valor absoluto, mas que tudo é questão de época, de classe, tudo consiste em modas, as mais vulgares das quais valem tanto como as que passam por mais distintas."

UM HERÓI MOSSOROENSE



Manoel Duarte

Por Honório de Medeiros

Então um preciso tiro de fuzil ecoou no final de tarde nublado do dia 13 de setembro de 1927, e, aproximadamente cem metros além, atingiu o meio-da-testa de um caboclo puxado para o negro aparamentado com a indumentária típica do cangaceiro, prostando-o na terra nua, de barriga para cima, a contemplar com olhos fixos e vazios o céu acima, ali onde a Avenida Rio Branco cruza a Rua Alfredo Fernandes, bem onde, na quina, fica a famosa Igreja de São Vicente cuja efígie, do seu nicho decenal, tudo contemplava. Era o começo do fim. No alto da casa do Prefeito Municipal - o líder que começara a epopéia, no telhado, o atirador viu quando um outro cangaceiro, de um trigueiro carregado, aproximou-se rastejando e disparando da vítima e começou a rapiná-la, retirando freneticamente, de seus bolsos, munição, dinheiro e jóias. Calmamente, mirou e aguardou. Pressentindo o perigo iminente o feroz bandoleiro ergueu o tronco elevando os olhos até o telhado fatídico da casa cuja frente fora tomada por fardos de algodão prensados. Foi apenas um momento, mas foi fatal. Outro tiro de fuzil ecoou e, no mesmo local onde seu companheiro jazia sem vida mais um cangaceiro foi atingido. O violento impacto da bala derrubara-o momentaneamente e desenhara, em seu tórax, uma rosa de sangue. Começou a debandada. Enquanto os resistentes começavam a perceber que a ameaça fora sustada e o recuo dos cangaceiros era generalizado, o atirador recolhia o fuzil e fitava a cidade no prumo que tinha a Igreja de Nossa Senhora da Conceição como limite. Olhava e pensava. Ele tinha morto um cangaceiro e ferido mortalmente outro. Não havia dúvida quanto à importância desse fato para a vitória. Mas cangaceiros são vingativos, cangaceiros são ferozes, cangaceiros são cruéis. Cangaceiros são dissimulados e não esquecem nunca, matutava ele com seus botões. Se ele aceitasse passivamente as homenagens que lhe seriam tributadas a partir daquele momento tudo poderia, no futuro, desandar no gosto amargo causado pela retaliação de algum anônimo, talvez até mesmo em algum parente, como era prática comum na vida cangaceira. Não que fosse medroso. Ao contrário. Todos quantos lhe conheciam podiam atestar sua coragem e perícia com as armas, que já ficavam lendárias. Mas era melhor precaver-se. Era melhor silenciar. Não seria o caso de negar veementemente, por que não era homem para esse tipo de extroversão. Mas ia silenciar. Não ia comentar nada. O que estava feito estava feito e era de acordo com seu temperamento reservado. Se lhe perguntassem, mudaria de assunto. Se comentassem de alguma roda da qual estivesse fazendo parte, sairia de mansinho. Guardaria a verdade consigo e a contaria apenas para alguns escolhidos, por muito e muito tempo. Até que...

Até que naquele dia banal, sozinho com seu neto de dez anos de idade, sentiu vontade de contar aquilo que nunca contara a ninguém. Era uma necessidade da alma, um anseio de perpetuar um feito honroso, um gesto de heroísmo que o mostrava tão diferente daqueles que tinham fugido em direção ao mar quando os cangaceiros ciscavam nas portas de Mossoró, um gesto que lhe orgulhava por que defendera sua família e sua cidade a um custo alto, que era o de tirar a vida de alguém. Olhou para o neto e compreendeu que ali estava o interlocutor perfeito. Não questionaria, não interromperia, não esqueceria. Guardaria a lembrança do dia e do relato. Assim sendo começou a contar-lhe todo o episódio, detalhe por detalhe. O neto apenas olhava intensamente e sentia que estava sendo transmitido, para ele, algo muito importante e que somente no futuro seria plenamente entendido. Acalmou sua inquietude de menino. Não desgrudou o olho do seu avô, aquele homem reservado e pouco propenso a confidências. No final, quando toda a história havia sido contada, compreendeu que devia guardá-la consigo, até mesmo esquecida, por muito tempo. Guardada até que...

Até que em um final de tarde tipicamente mossoroense, de muito calor, em um café, o neto aproximou-se de uma roda de estudiosos do cangaço e percebeu que discutiam a participação do seu avô na invasão da cidade pelo bando de Lampião. Uns diziam que havia sido ele o autor dos disparos. Outros negavam e apontavam nomes. Quase oitenta anos haviam passado do episódio. O neto, agora, era cinquentão. Sentiu que ali estava o momento certo para contar a história, a sua história, a história do seu avô. Aquela platéia saberia ouvi-lo e entenderia plenamente as razões do silêncio da família. Contou tudo. Fechou-se o ciclo. Dezenas de anos depois já não há mais dúvidas. O atirador postado no alto da casa de Rodolfo Fernandes, o homem que praticamente abortara a invasão lampiônica, o herói entre heróis fora MANOEL DUARTE. Essa é a verdade, como o sabe sua família e a contou seu neto, Carlos Duarte, jornalista, muitos anos depois, a mim, a Kidelmir Dantas e Paulo de Medeiros Gastão, estes últimos dirigentes da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC.

É verdade, dou fé.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SÃO CARLOS TIROU AS CRIANÇAS DA RUA

Deu em Nassif (www.colunistas.ig.com.br/luisnassif):

Por Gustavo Cherubine
Qual o segredo de São Carlos?
Do Estadão
Quarta-Feira, 25 de Novembro de 2009
Versão Impressa
São Carlos tirou crianças das ruas
Brás Henrique, RIBEIRÃO PRETO
Em São Carlos, cidade mais segura do País, segundo a pesquisa, crianças e adolescentes têm programas de educação complementar à escola no Salesianos – entidade mantida por religiosos. Os jovens participam de várias atividades e têm até cursos profissionalizantes. O padre Agnaldo Soares Lima, que foi secretário Especial da Infância e da Juventude na cidade, entre 2005 e 2006, lembra que São Carlos adota ações preventivas desde os anos 90, quando foi criado o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Não temos mais crianças nas ruas”, diz. O Salesianos atende 480 jovens.
Segundo a Polícia Militar, antes de 2001, a média era de 15 homicídios ao ano envolvendo adolescentes. Em 2007 e 2008, houve um por ano. E neste ano ainda não há ocorrência.
Em Franca, a terceira melhor cidade segundo o levantamento, o secretário de Ação Social, Roberto Nunes Rocha, cita vários programas de ações assistenciais que trabalham com os jovens. Para ele, existe uma integração de forças na cidade que, apesar de seus 331 mil habitantes, não tem favelas.

A MORTE DE CHICO PEREIRA


Otoniel Menezes

Por Laélio Ferreira:

Sobre JOAQUIM DE MOURA, Oficial da Força Pública do RN, matador de CHICO PEREIRA, In "Othoniel Menezes - Obra Reunida", "Sertão de Espinho e de Flor - Canto 11 ("taquigrafado numa feira")", com Nota de Laélio Ferreira:
 
"
- Mermo prus perré[1],agora,

Café Fio é a lui da oróra,

Papai Noé do Brasí...

- Ante dele sê tão grande,

cafeísta era no frande[2]

na virola e no fuzí...



- Coração de mé de abêia,

o Café, ocês me creia,

imbora impate robá,

vai dá ciloura[3] e camisa

inté a Joaquim Marfisa[4],

se de tanto percisá...



- Cum tanto do “amigo novo”,

vai mái é ficá pru povo

deferente - é de amaigá!

Num adianta, esse luxo

de teimá sê péla-bucho[5]...

- camalião, vai pra lá![6]

[1] Idem.

[2] Idem, idem.

[3] Ceroula, cueca.

[4] Joaquim Teixeira de Moura - Referência velada, ferina, ao Coronel da Polícia Militar do RN. Durante o relativamente curto período do governo (1928-1930) de Juvenal Lamartine de Faria (1874-1956), esse oficial notabilizou-se pela violenta repressão aos correligionários – e à própria família - do futuro Presidente Café Filho, inimigo político do Governador. Ficou célebre, quando tenente, em 1928, pelo frio assassinato de um certo Chico Pereira, acusado de roubo no interior do Estado e constituinte de João Café – que era advogado provisionado. Itamar de Souza, in A República Velha no Rio Grande do Norte, conta, com detalhes, a terrível façanha do militar. Outro escritor, Ivanaldo Lopes – por sinal, filho de um outro coronel -, no livro Oficiais da PM (1980), retrata Joaquim de Moura como “quase perverso por obrigação do ofício”, revelando que “... às vezes, quando o sacrifício era próximo a núcleos residenciais, sepultava o bandido em cova rasa, ainda vivo, mas inerte, mantendo apenas a respiração ofegante de moribundo. Tanto assim era, que, em muitos casos testemunhados por transeuntes, as reações da vida faziam surgir do túmulo um braço ou uma perna, denunciador de alguém ali sepultado.”

[5] V. Nota de OM, adiante.

[6] OM, nesta e na sextilha anterior, critica João Café Filho – que praticamente nada fez pelos amigos da primeira hora, esquecendo-os quando assumiu o poder. Othoniel foi um dos que se desiludiram das promessas do político."


O SURTO DE GRIPE SUINA NO CARNATAL

Deu no Nominuto.com:

"Os médicos tratam o assunto como uma obviedade.
'Se a transmissão do vírus (H1N1) é feito pelas via aéreas, lógico que um evento como o Carnatal traz o risco de ocorrer um verdadeiro surto', declarou o infectologista do Hospital Giselda Trigueiro, Luiz Alberto Marinho.
Alguns profissionais da saúde acreditam até que caberia ao Ministério Público, junto à Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), reavaliar a viabilidade da festa.
Há cerca de duas semanas, os hospitais voltaram a registrar os casos de gripe influenza A.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) já registra, pelo menos oficialmente, oito mortes e 70 casos confirmados.
A população começa a ficar apreensiva sobre como anda o controle da doença no Rio Grande do Norte e até mesmo como está sua velocidade de transmissão, a ponto de questionar a realização do Carnatal, evento tradicional na cidade, que reúne milhares de pessoas.
Segundo Luiz Alberto, o fato de as pessoas estarem muito próximas no mesmo espaço remete a transmissão mais acelerada do H1N1.
A infectologista Marise Reis, do Hospital do Coração, é mais incisiva.
Para ela, esse não é o momento ideal para realizar a micareta.
'Normalmente depois do Carnatal temos muitos casos de doença virais. Só que a diferença deste ano é que o vírus é influenza A'.
'Não sei como vai ficar este hospital depois do Carnatal', declarou a enfermeira do Hospital do Coração, Edna Aparecida.
Segundo ela, nos primeiros 18 dias de novembro a unidade registrou 14 casos suspeitos, 11 a mais que em outubro, quando foram registrados três casos.
Desde maio até novembro, 73 pessoas foram consideradas suspeitas de estarem com gripe A.
A empresa promotora do Carnatal, a Destaque, informou que não se pronunciará sobre o assunto. E o setor de Vigilância Epidemiológica da Sesap não foi encontrado."

A COLEÇÃO MOSSOROENSE EM FEIRA DE SANTANA


Jornalista Jânio Rêgo

Paço Municipal lotado para a entrega dos livros em Feira de Santana:

Aconteceu no Paço Municipal Maria Quitéria, ontem, a entrega de 500 livros da Coleção Mossoroense pelo Blog da Feira e Fundação Vingt-Un Rosado, através do jornalista Jânio Rêgo (foto), à Prefeitura Municipal de Feira de Santana. Na composição da mesa estiveram, além de Jânio, o prefeito Tarcízio Pimenta, Milton Brito, chefe de Gabinete, Selma Soares, diretora do CUCA, Newton Belas Vieira, assessor de gabinete e Raymundo Luiz, representando a Universidade Estadual de Feira de Santana (Orisa Gomes).

Jânio Rego é parabenizado pela ação:

O chefe de gabinete da Prefeituna de Feira de Santana, Milton Brito, parabenizou Jânio pela ação. “Aprendi com o poeta Castro Alves, que bendito aquele que semeia livro. Tomara que muitas pessoas tenham atitudes como essa de doar cultura e literatura para nossa Biblioteca e engrandecer o nosso povo”, afirmou. Newton Belas Vieira completou dizendo que se todos os brasileiros estudassem a história do Brasil, através do conhecimento da história do seu estado, poderiam dizer que realmente conhecem a história do país. "Como um modesto historiador e modesto estudante de história, eu afirmo que não conheço a história de Mossoró e vou poder fazer isso através desses livros”, destacou (Orisa Gomes).


Coleção Mossoroense em Feira:


O Prefeito Tarcízio Pimenta finalisou o momento de entrega dos livros dizendo que eles vão fazer parte do projeto que a prefeitura está implementando para o próximo, de modernização da Biblioteca Municipal. "Como estudante tive o acesso aos livros da Biblioteca, que mesmo com sua precariedade,nos serviu. É muito importante que a gente esteja assistindo a essas mudanças. Em 2010 vamos levar para a Biblioteca o que existe de mais moderno, onde as pessoas possam ter acesso a livros, boletins a qualquer momento. Estamos satisfeitos e agradecidos. Este material vai ser documentalizado e encaminhado para a Biblioteca Municipal Arnold Silva", disse (Orisa Gomes).

O PODER


O poder

O Poder é o parâmetro fundamental para o estudo da tragicomédia sócio-humana. Ele está por trás de tudo: engendra as soluções para transpor os obstáculos que possam surgir. Constrói estratégias adaptativas. Não há vazio no espaço social, por que o Poder está sempre presente. Mudam seus titulares por que o Poder muda de dono de acordo com fatores tais como competência, circunstância... Tudo é prolongamento ou instrumento do Poder. O que há para além dele? Ernst Becker diria: o medo da morte. Darwin diria: a necessidade de sobreviver. Isto é, queremos o Poder por que queremos deixar nossa marca na história. Ou queremos o Poder por que somente assim asseguramos a sobrevivência dos nossos gens através dos descendentes (Honório de Medeiros).

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CONHECER



Árvore do conhecimento

Conhecer é apreender. A idéia de apreender, “intelegere”, deve-se a Platão, no Teeteto. Apreender é tomar consciência de algo. Esse apreender é conjuntural. Trata-se de um ensaio, uma hipótese-rede, uma estratégia de desvendamento da realidade. O apreender revela-se como “insight” e é, sempre, conjuntural. Nunca, portanto, verdade acabada. Trata-se de um ensaio, uma teoria, uma hipótese, uma estratégia instantânea de desvendamento da realidade (Honório de Medeiros).

MEDO, COVARDIA E NEGLIGÊNCIA

Deu no Blog de Ricardo Rosado (www.fatorrrh.com.br):

"Ok, finalmente as entidades responsáveis pela saúde do Estado vieram a público, através de nota distribuída ontem para a imprensa, publicada na íntegra no post anterior, alertar a população dos riscos de contrair o vírus H1N1 da gripe suína,

Mas limita-se tão somente a falar de "registro de novos casos" e às orientações profiláticas para evitar o contágio.

Isso tem em qualquer bula para fugir de uma gripe besta.

Na nota não há um só fato concreto que possa ser levado a sério.

Poderia ser distribuída em qualquer época do ano, dizendo as mesmas coisas.

Toda a manifestação das entidades médicas e órgãos públicos escrita na nota é superficial, teórica, fugidia, frouxa, inconsequente, boba, infantil, singela, escorregadia, disfarçada, pueril, negligente, incompleta, imprecisa, atemporal e sem nenhuma objetividade.

Sem falar em informações inúteis para a população, como saber pra onde seguem os resultados das coletas, se pra Belém ou Quixeramobim.

E ainda alertam que ninguém deve tomar remédio sem indicação e orientação médicas.

Ora, tudo pra fugir, escamotear, esconder o principal motivo de preocupação iminente.

O que é importante saber não são somente explicações genéricas a respeito da gripe suína e do vírus circulando na cidade.

Sim, mas em que nível vem se dando este aumento, " especialmente em Natal e em municípios do interior do estado, o que é uma evidência de que o vírus está circulando no nosso estado", conforme reconhece a nota?

Quantas pessoas estão infectadas em Natal e no Estado?

Quantas já moreram ou estão internadas?

O que quer dizer " em casos de doença respiratória aguda grave e em surtos de síndrome gripal em comunidades fechadas", escrito na nota?

Que tipo de perigo corre a população frequentando (ou não) o carnaval fora de época previsto para primeira semana de dezembro?

O que as entidades médicas e órgãos públicos tem a dizer para os milhares de jovens que vão participar do evento movidos a hormônios, bebidas, drogas e música?

O evento pode provocar uma epidemia na cidade?

Por que a nota da saúde e das entidades médicas e órgãos públicos não toca neste assunto?

Por que fugiu do tema, quando médicos e médicas infectologistas denunciaram publicamente o perigo que corre a população?

Somente no último parágrafo, escondido e quando ninguém normal aguentaria chegar ao fim do texto depois de ler tanta cultura inútil, a nota dos setores da saúde diz que "é recomendado, ainda, buscar manter-se em ambientes ventilados, procurando não circular em aglomerações e locais fechados".

Que tipo de aglomerações e locais fechados não são recomendáveis pelas entidades médicas eórgãos publicos da saúde?

A aglomeração de milhares de pessoas nos próximos dias em Natal, de gente de todo o país, não se enquadra nestas preocupações e recomendações?

Missa, procissão, comício, inauguração, jantar de fim de ano, ceia de natal em restaurante lotado, dentro de um shopping center, distribuição de bicicleta, show artístico, vaquejada, jogo no Machadão ou no Frasqueirão são aglomerações não recomendáveis pelas entidades médicas e os órgãos públicos da saúde?

De que tipo de ameaça sofrem os médicos, os órgãos públicos da saúde e as entidades médicas do Estado se falarem com franqueza e seriedade profissionais?

O medo, a covardia, a negligência e o desrespeito à população, explícitos na nota que as entidades de saúde e órgãos públicos do Estado distribuíram, não deixam mais dúvidas: em caso de uma epidemia nos próximos meses a população já tem a quem acusar criminalmente."
























"ANTÔNIO SILVINO" por SÉRGIO DANTAS



Antônio Silvino no centro, agachado

Em narrativa linear, atenta à lógica dos fatos históricos, Sérgio Augusto de Souza Dantas nos reapresenta a um Antônio Silvino cru, recortado do contexto mítico e inserido em sua dimensão humana, sem que restasse perdido tudo quanto o tornou um dos mais interessantes personagens da trindade básica que forjou a alma sertaneja – o cangaço, o misticismo, o coronelismo.

Louve-se a felicidade na escolha do “nome” de cada capítulo bem como o excerto que o acompanha, próprio para chamar a atenção do comprador desatento, em uma homenagem ao estilo jornalístico de outrora, e a indicar um texto enxuto, leve, de parágrafos curtos e bem encadeados. Chamam a atenção episódios trazidos a lume que por si só têm dimensão histórica, como a convivência entre Antônio Silvino e Gregório Bezerra, lendário líder comunista pernambucano, sua entrevista com Graciliano Ramos, e o assalto à Usina Santa Filonila na qual morreu Feliciana na flor da idade – crime do qual o cangaceiro jamais deixou de se arrepender. Aliás, qual teria sido o desfecho do embate entre Antônio dos Santos Dias e José Tavares de Melo, este, genro, aquele, pai de Teresa Tavares de Melo, pivô da questão? Qual teria sido o fim de cada um deles?

O Antônio Silvino que emerge do ótimo texto de Sérgio Dantas é um personagem emblemático: é o retrato nítido de uma saga que nos permite identificar e compreender os nexos causais que originam certa circunstância histórica – o período do cangaço – e até mesmo ir além, na medida em que também permite identificar o viés comum a entrelaçá-los, ou seja, a questão do Poder. Basta colocar esses retratos sobre a mesa e examiná-los com olhar crítico: Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Lampião; Coronel Zé Pereira, Coronel Isaías Arruda, Coronel Floro Bartolomeu; Pe. Cícero, Beato Zé Lourenço, Antônio Conselheiro... Tomando distância de qualquer tentativa de apreender o fenômeno a partir de uma explicação oriunda exclusivamente de fatos alusivos à posse da terra.

É possível conjecturar se Sérgio Dantas vai aventurar-se em novos resgates ou cuidará de desbravar outras fronteiras. Sua obra tem sido, até agora, a fronteira entre um ciclo e outro no que diz respeito à literatura do cangaço. Esse ciclo por ele estudado até o momento está chegando ao fim. Já não é mais possível, até onde sabemos, ressalvada a possibilidade de documentos desconhecidos surgirem inesperadamente, prosseguir com a literatura elaborada a partir de relatos, fotos, testemunhos ou escritos, ou seja, fontes primárias. São poucos os sobreviventes e deles já se extraiu mais do que tudo. Os papéis estão virando pó, vítimas da ação inclemente do tempo e da incúria das nossas elites. Um outro ciclo está surgindo: a interpretação de todos esses dados, ou seja, uma literatura de tese, algo timidamente iniciado por Frederico Pernambucano de Mello com “Guerreiros do Sol”, através da criação do conceito de “escudo ético”.

A não ser que – e talento não lhe falta – resolva mergulhar com sua característica obstinação no jornalismo literário brindando-nos com alguma pesquisa onde sobrem indícios, mas, faltem provas – como de fato acontece nessa espécie literária - e, no entanto, seja possível povoar um texto com interrogações perturbadoras tais quais, por exemplo, as razões do estranho silêncio do Juiz e do Promotor de Mossoró em relação aos fatos que lá aconteceram em junho de 1927.

A PEQUENINA FLOR LILÁS


Criança e flor

Por Honório de Medeiros

Havia uma pequenina flor lilás no nicho de cimento onde algumas plantas resistiam bravamente. Era um restaurante em um terraço, ao cair da noite cálida de Natal. Bárbara desceu da cadeira na qual a tínhamos colocado e enquanto se preparava para se aventurar pediu nossa aprovação com o olhar com o silêncio próprio dos seus dois anos e pouco. Em passos ainda trôpegos se dirigiu para o canteiro. Parou. Fixou sua atenção na pequena flor solitária e, em seguida, estendeu até ela sua mãozinha gorducha. Não a pegou com a mão como deveria fazer na sua idade. Com o polegar e o indicador, cuidadosamente, pegou no talo que sustentava a flor e o puxou decidida. Arrancou a flor na primeira tentativa. Com a flor na mão a contemplou durante algum tempo, como se resolvesse o que fazer. Virou-se para nossa mesa. Olhou para mim e, atenta ao meu olhar, veio em minha procura bamboleando com a flor estendida numa oferta silenciosa enquanto meu coração derretia lentamente antegozando o instante em que a receberia.



Essa flor, a pequenina flor lilás, eu, quanto a ela não tive dúvida: em frente ao local onde trabalhava havia um mercado aberto de camelôs e, dentre estes, alguém operava uma máquina de plastificação de documentos. Procurei-o e lhe expus meu projeto: aprisionar aquele instante através do enclausuramento da flor entre duas páginas de plástico. Ele entendeu – eu poderia jurar que um ligeiro brilho clandestino formado por um misto de lembrança e saudade surgiu no canto dos seus olhos – e a flor foi depositada em cima de uma folha de plástico, recebeu outra por cobertura e a máquina, previamente aquecida, as comprimiu unindo-as para sempre. Depois, foi só recortar e depositá-la, para que ficasse guardada, qual talismã, na minha carteira de documentos onde jaz, ela, a primeira flor, lilás, que minha filha me deu de presente quando tinha dois anos e pouco de idade.



De lá para hoje, várias vezes me pego pensando acerca daquele momento mágico, o da oferta da flor. Tento reproduzir em detalhes toda a cena, desde o início até o final, quando suspendi minha filha e a cobri de beijos. Os detalhes vão ficando esmaecidos ao longo do tempo, os contornos dos objetos – a mesa, as cadeiras, o terraço, minha esposa, a imagem de Bárbara – desaparecendo lentamente, e todo o processo de recordar vai sendo substituído, aos poucos, pelo desejo de compreender algo impossível: o quê se passava na cabecinha dela quando olhou para a flor, resolveu colhe-la e, em seguida, entregá-la a mim. Em que momento decidiu dar esse último passo? Por quê? Como uma criança de dois anos e pouco poderia ter em seu ainda pouco povoado universo simbólico, a noção de que a oferta da flor é um gesto através do qual se externa um afeto?



Claro que dirão que estou sonhando. Nada houve ali de especial. É tudo muito simples e fácil de explicar: trata-se de um gesto surgido de uma associação de idéias. Ela viu alguém fazendo isso e lembrou-se de fazer o mesmo. Ora, meu Deus. Essas pessoas não crêem. Não conseguem extrapolar seu materialismo árido. Percebem o mundo apenas através dos seus nexos lógicos. São os homens-ocos, dos quais fala o poeta T. S. Elliot em “A Terra Desolada”. Por causa delas eu mesmo não acredito, hoje, em fadas, mas sei que elas existem, existem sim, sou capaz de jurar...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

APENAS ENGROSSAR AS FILEIRAS DA PM MELHORARÁ A SEGURANÇA?

Bilhete eletrônico do Professor Rinaldo Barros, comentando a postagem "APENAS ENGROSSAR AS FILEIRAS DA PM MELHORARÁ A SEGURANÇA?":

"Honório,


Em entrevista recente, o chefe de organização criminosa - Marcola - afirmou que já leu cerca de 2 mil livros na cadeia. Cita Dante em suas respostas.

Veja como as forças de segurança estão em desvantangem."

"COLEÇÃO MOSSOROENSE" EM FEIRA DE SANTANA

A doação de livros da Coleção Mossoroense em Feira de Santana, uma ação cultural do jornalista mossoroense radicado em Feira de Santana, Bahia, Jânio Rêgo (www.blogdafeira.com.br) repercute no Rio Grande do Norte. O jornalista Carlos Santos (www.blogdocarlossantos.com.br) registra o evento que vai acontecer no Paço Maria Quitéria**. E Gilberto de Souza enviou o link do seu blog com um especial artigo, bem humorado e leve como ele próprio, falando sobre o fundador da Coleção Mossoroense, Vingt-Un Rosado. Leia o artigo completo do jornalista mossoroense no blog Caderno Mil.

**O Blog da Feira e a Fundação Vingt-Un Rosado reiteram o convite a todos os leitores, feirenses, mossoroenses, nordestinos e sulistas a comparecer na Prefeitura Municipal de Feira de Santana, nesta quarta-feira, dia 25, às 17 horas.



ESTADO


Bartolo de Sassoferrato

(...) “com Bartolo de Sassoferrato (1315-1317) nasce a escola que lança as bases da teoria do Estado moderno. É nas obras deste período que se encontra o germe dos actuais direitos constitucionais, administrativo e fiscal” (“Os Grandes Sistemas Jurídicos”; LOSANO, Mário G.; Editorial Presença/Martins Fontes; pág. 54).


(...)


“Na realidade, o Estado nada mais é que o aspecto jurídico da sociedade política. É burguês numa sociedade burguesa. É proletário numa sociedade em que a classe burguesa foi suprimida” (Sociologia do Direito; LÉVY-BRUHL, Henri; Martins Fontes; São Paulo; 1997; p. 19).

A MORTE DE CHICO PEREIRA


Chico Pereira
Especial obséquio de Ivanildo Silveira

ADAUTO GUERRA FILHO, em “O SERIDÓ NA MEMÓRIA DE SEU POVO”; Julho de 2001; Editora: Departamento Estadual de Imprensa; Natal, Rn; P. 107:

“Apesar de ser uma história longa e complexa, não é difícil entender a razão de tanta contradição. Em primeiro lugar, levemos em consideração uma informação do livro ‘Vingança, Não’ de F. Pereira Nóbrega, o qual diz que os dois Presidentes de Província, Dr. Juvenal Lamartine, então Presidente do Rio Grande do Norte, e João Suassuna, Presidente da Paraíba, fizeram um pacto de morte no dia 18.08.1928. Isto assim se explica: O Presidente da Paraíba não queria entrar em choque com o recém-eleito Cel. João Pessoa, que dera a Chico garantia de liberdade. Então idealizou uma forma de condená-lo fora do Estado. Ele bem sabia que cangaceiro no Rio Grande do Norte tinha vida curta e, por isso, oportunamente se aproveitou do assalto à casa do Cel. Quincó para idealizar uma forma de incriminar Chico Pereira . Isto aconteceria ao induzir o bandido principal, Antônio Jerônimo, conhecido por Antônio Chofer, a dizer que Chico estava entre eles. Pessoas maliciosas vão mais além, afirmando que o assalto fora programado, tanto é que, logo após a ida de Chico para a detenção, em Natal, Antônio Chofer caiu no desinteresse da Justiça, inclusive sendo solto e ficando no anonimato.

Outro fato curioso que nos induz a pensar que o assalto foi programado é o excessivo interesse de Antônio Suassuna – o Tonho, sobrinho do Presidente da Paraíba, pela ‘liberdade’ de Chico Pereira. Ele próprio hospedou Chico em sua casa, na Fazenda Cajueiro, no município de Catolé do Rocha. Ali chegando, Chico foi alvo de sua atenção, havendo Tonho servido de mediador entre ele e João Pessoa, ao levá-lo à presença do Presidente eleito. Naquela ocasião, Tonho convenceu Chico de que, após o júri em Princesa, nada mais lhe aconteceria. Este fato, aliás, o demoveu da idéias de se retirara para Goiás.

Em Acari, Chico Pereira, sentindo o acre da traição, escreveu a Tonho, fazendo paralelos entre a cadeira e a Fazenda Cajueiro e, na doce ilusão de que um dia seria solto, dizia ao traidor que após ficar livre, não hesitaria em matá-lo.

Ainda com referência ao fato, o Sr. Abdias Pereira Dantas, numa conversa com o autor em Nazarezinho, no dia 04.01.1985, assim falou:

‘Só me queixo da morte do finado Chico, de João Suassuna. Depois que Chico morreu, ele mandou me chamar para conversar. Respondi que, com um bandido da qualidade dele, não queria conversa. Quem fez o assalto à casa do Cel. Quincó foi o sobrinho dele.’

Ainda par tornar mais clara a contradição da Justiça, o Pe. Francisco Pereira Nóbrega falou ao autor em João Pessoa, em 10.01.1985, que, no momento do assalto, seu pai se encontrava no município de Pombal. Ele é também dos que acreditam na hipótese do assalto ter sido programado naquele lugar.

Pelo menos uma coisa não se põe em dúvida: a morte de Chico estava programada. Isto está confirmado no depoimento de um soldado sobrevivente que reproduziu um diálogo entre Juvenal Lamartine e o Tem. Joaquim de Moura. O Presidente solicitou a presença do Tenente em seu gabinete e a ele assim se dirigiu:

- É verdade que aquele cangaceiro da Paraíba vai voltar para Acari?

- É, sim.

- Olhe! Não quero esse homem vivo.

Essa determinação, a priori, até dispensa pesquisadores de fazer exames mais apurados sobre notas de jornais diversos, tais como:

Correio de Campina – 17.12.1928. ‘Teria sido Chico Pereira vitimado mesmo de um desastre de carro? Pessoas residentes no interior do Estado (Rio Grande do Norte) põem dúvida à afirmação. O Presidente potiguar é acusado de mandar fuzilar sumariamente os sertanejos acusados.’ (Livro Vingança, Não, pág. 254).

Diário da Manhã, de Recife (PE) – 02.11.1928. ‘Chico Pereira, preso há pouco, ao ser transportado para a cidade de Acari, onde devia ser julgado, foi morto de ordem superior pelos policiais que o conduziam. Alegou-se que o carro que o conduzia capotou, verificando-se terrível desastre.’ (Livro ‘Vingança, Não’, pág. 254).”



Pág. 102:

“O Sr. José Pereira da Costa, cidadão de Ouro Branco, tabelião da cidade e curioso das histórias da região, assim detalhou o fato, em 09.07.1984:

‘Chico Pereira chegou preso a Santa Luzia na companhia do Ten. Manoel Arruda e alguns soldados. O Ten. Francisco Honorato, de Serra Negra do Norte, foi indicado para recebê-lo. Chico vinha de paletó e gravata e isso provocou censura da parte do Tenente:

- Como se conduz um bandido de paletó e gravata? Isso é um cachorro de fila.

Em seguida, com arrebates, tirou o paletó e a gravata de Chico e autorizou os soldados a lhe colocarem as algemas. O Ten. Francisco Honorato esperava que o matador de Chico fosse ele. Porém a ordem do governo veio para o Ten. Joaquim de Moura. Ele ficou revoltado.’”

FOTOGRAFIAS DE NATAL, 1957

Gentilmente cedidas por Marília Bulhões


Praia de Areia Preta, Natal, 1957



Aeroporto de Natal, 1957


Avenida Rio Branco, 1957

"INCERTO CAMINHAR"


David Leite e família em Salamanca

O atual Chefe de Gabinete da Universidade Regional do Rio Grande do Norte, advogado e escritor David de Medeiros Leite, recém chegado de um doutorado em Salamanca, terras de Espanha, lança, nos jardins da TV Cabo Mossoró, dia 27 de novembro, às 20:00 hras, em Mossoró, seu livro "Incerto Caminhar", premiado no II Concurso de Poesia em Língua Portuguesa promovido pela USAL - Universidade de Salamanca e Escola Oficial de Idiomas de Salamanca em 2008.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

APENAS ENGROSSAR AS FILEIRAS DA PM MELHORARÁ A SEGURANÇA?

Leio na mídia que o Governo convocará mais 650 suplentes do último concurso para a Polícia Militar.

O objetivo é engrossar as fileiras da "briosa".

Nada contra, muito antes pelo contrário.

Quanto mais PM na rua - e não em desvio de função - melhor.

Ocorre que a história nos ensina que não é volume que ganha guerra. Nesse caso, guerra contra a violência.

Se volume ganhasse guerra, a França não teria saido vergonhosamente da Indochina. Nem os EUA do Vietnã. Nem o Rio estaria perdendo a guerra do tráfico.

De que adianta colocar mais 650 PMs na rua se eles não têm veículos específicos para seu serviço? E quando têm, a gasolina é racionada?

Se suas armas não são apropriadas? 

Se eles não têm uma base, um suporte de Inteligência que lhes coordene a ação? Uma Inteligência com recursos humanos e materiais que norteie as estratégias e táticas no combate ao crime?

Se não há rigor na punição aos excessos de alguns PMs fora-da-lei, o que contamina a ação dos outros?

Se a politicagem impede o desenvolvimento de políticas de segurança que sejam do Estado, ultrapassando os governos e se confundindo com o futuro?

A luta contra o crime, dizem os especialistas, é uma luta de inteligência. O mais é consequência.

E, por fim, que fique claro: se o problema da segurança, assim como o da educação e o da saúde não é somente do Rn, isso apenas significa que em todos os lugares - do Brasil - há um deserto de idéias. E de outra coisas.

TÉCNICA DE ESCREVER


Jorge Luis Borges

"Desvario laborioso e empobrecedor o de compor vastos livros; o de explanar em quinhentas páginas uma idéia cuja exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular que estes livros já existem e apresentar um resumo, um comentário. Assim procedeu Carlyle em 'Sartor Resatus' (...) Mais razoável, inepto, ocioso, preferi a escrita de notas sobre livros imaginários" ("FICÇÕES", Jorge Luis Borges, 5a. edição, Globo, Prólogo).

PERGUNTEI A FRANÇOIS SILVESTRE


François Silvestre

Perguntei a François Silvestre:

"Em quem você NÃO vota para Senador e Governador nas próximas eleições?"

Ele respondeu:

"Para senador eu voto nulo. Nem o senado nem os nossos candidatos merecem o voto. Para governador ainda não fiz a lista negativa. Tô no limbo."

SONETO IMAGINÁRIO PARA NOVEMBRO


Jarbas Martins

Por Jarbas Martins, em "Contracanto" (Prêmio Fundação José Augusto de Poesia - 1978):

"Agora que novembro libertou os
enigmas que habitam o calendário
e - gaivota imatura - fez-se em vôos
ao Atlântico azul e legendário;
agora que novembro - operário
do mar - alicerçou a estação
e levantou os muros de verão
para prender-te o corpo imaginário,
seremos livres pássaros. Então -
além do bem e do mal, nas nossas bocas -
beijos e gritos inverntar-se-ão
e lúcidas canções de frases loucas.

Agora, que é novembro e me descubro,
desfaço-me das vestes de outubro."

domingo, 22 de novembro de 2009

LA BOÉTIE E O FIM DE TUDO


La Boétie

Por Honório de Medeiros

Leiam isso: “Aqueles a quem o povo deu o poder deveriam ser mais suportáveis; e sê-lo-iam, a meu ver, se, desde o momento em se vêem colocados em altos postos e tomando o gosto à chamada grandeza, não decidissem ocupa-lo para todo o sempre. O que geralmente acontece é tudo fazerem para transmitirem aos filhos o poder que o povo lhes concedeu. Ora, tão depressa tomam essa decisão, por estranho que pareçam, ultrapassam em vício e até em crueldade os outros tiranos; para conservarem a nova tirania, não acham melhor meio que aumentar a servidão, afastando tanto dos súditos a idéia de liberdade que estes, tendo embora a memória fresca, começam a esquecer-se dela”.



E isso: “Os teatros, os jogos, as farsas, os espetáculos, (...) as medalhas, os quadros e outras bugigangas eram para os povos antigos engodos da servidão, o preço da liberdade que perdiam, as ferramentas da tirania”.



Parece recente? Não o é. Trata-se, tanto um quanto o outro, de excertos da excepcional obra “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”, de La Boétie, escrita entre 1546-1548. Esse francês, nascido em 1º de novembro de 1530, no condado de Périgord, França, e morto em 1563, perto de Bordéus, aos trinta e três anos, foi o maior dos amigos de Montaigne, que lhe era mais novo dois anos. Dessa amizade o próprio Montaigne deixou registro emocionante: “Vindo a durar tão pouco e tendo começado tão tarde, pois éramos ambos homens feitos e ele mais velho do que eu alguns anos, não tínhamos tempo a perder, nem tivemos de nos ater aos modelos de amizade moles e regulares que necessitam de precauções e conversações prévias”.



Quanto à genialidade de La Boétie é bastante o depoimento do seu tradutor, o português Manuel João Gomes na edição Antígona, de Lisboa, Portugal, 1997: “Para La Boétie é ilegítimo o poder que um só homem exerce sobre os outros; (...) O Discurso afirma a liberdade e a igualdade absolutas de todos os homens; Indo mais longe do que Maquiavel (o primeiro que reconheceu o poder efetivo das massas), La Boétie incita os povos a desobedecerem aos príncipes (governantes) e, com uma clareza até então nunca vista, põe em evidência a força da opinião pública”. Tudo isso aos dezoito anos de idade!



Ler La Boétie é, principalmente, perceber quão antiga permanece a luta do homem para não ser completamente subjugado pelo Estado. Ela começou na longínqua Idade Antiga, quando os maravilhosos gregos inventaram a Democracia. Prossegue até hoje, apesar dos percalços. Mas está cada dia mais difícil: no Oriente Médio disputa-se o poder à custa do sangue de inocentes. Israel, secundado pelos Estados Unidos e sua doutrina da “guerra preventiva”, mata, como os nazistas faziam aos serem atacados pela resistência, a dez por um. E assim vamos marchando rumo à barbárie, inexoravelmente, e à tirania, sob o pretexto de combater o terrorismo, como quem está com um encontro marcado com o final de tudo.