segunda-feira, 12 de junho de 2023

UM HOMEM-ILHA

 

Imagem: Honório de Medeiros


Honório de Medeiros (honoriodemedeiros@gmail.com)


Não lhes pergunto acerca dessa melancolia, o cinza do dia-a-dia, uma espera solitária, quando cai a noite. "Siga em frente", digo para mim mesmo. "Pegue o trem". "Reaja". Descarto. Onde está o Outro? Não há. Não me aproximo: a intimidade, qualquer que seja, gera o desprezo. Então, fico parado, em meu canto, sou uma ilha. Compreendo-me, não me importo, devaneio: sou uma tarde de domingo, um adeus, uma bolha de sabão levada pelo vento, um nicho no tempo que flui, apenas uma ilusão, nada mais que palavras vazias. Na minha frente, o trem passa e o Outro se vai, um homem-ilha...

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