quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O PODER DA REDE SOCIAL CONTRA O PODER DO ESTADO


 
Por Carlos Santos


 

A informação no universo cibernético é uma novidade e um desafio para todos nós, que de alguma forma convivemos de forma profissional com a tarefa de comunicar. É um aprendizado diário, uma esfinge longe de ser decifrada por inteiro.
Alguns dogmas, clichês e verdades absolutas com as quais o jornalismo prosperou até aqui, começam a ser questionados ou simplesmente desmoronam como castelo de cartas.
Exemplo fácil de marcar essas observações a gente pode ver na política do Rio Grande do Norte atual.
O desgastado Governo Rosalba Ciarlini (DEM) praticamente não tem oposição formal na Assembleia Legislativa e convive com vozes desarticuladas nos aglomerados partidários. Seus problemas maiores, nesse campo, também não estão fincados em jornais, rádios ou TV´s.
De forma viral, sua má fama tem sido construída na Internet. De modo articulado, ou não.
Há poucos dias, do nada, utilizando câmera de um celular, o médico Jeancarlo Cavalcante ganhou notoriedade por filmar procedimento médico numa sala de cirurgia do Hospital Walfredo Gurgel, em que remendava paciente sem uso de um necessário fio de aço.
“Bombou”, como se diz no meio virtual. Ganhou manchete em toda a imprensa do país, desmoralizando mais ainda o governo.
Jeancarlo não é jornalista, não é dono de cadeia de comunicação ou muito menos político. Teve seus 15 minutos de fama, que talvez sequer planejara. Fez mais estrago do que toda a oposição política reunida.
Virótico, seu vídeo é uma entre tantas outras manifestações que pipocam na Internet através de redes sociais, sem que o governo consiga controlar ou encontre meio simples ou sofisticado de fazer frente. Perde feio essa guerra.
Sátira e Lilliput
Qualquer um pode alvejar o governo. A qualquer momento. E de forma mortal.
Antes mesmo do médico Jeancarlo, outros “guerrilheiros” ocuparam a rede de microblogs Twitter para denúncias diárias quanto às péssimas condições de trabalho nas unidades de saúde pública. Alguns são médicos também.
Postam comentários, fotos e vídeos estarrecedores também no Facebook e blogs.
Bem antes, Natal testemunhou uma mobilização com dezenas e centenas de manifestantes contra a então prefeita Micarla de Sousa (PV).
Muitos anônimos derrubaram ditaduras no Oriente Médio e abalaram o poder em outras partes do mundo.
O Rio Grande do Norte não está descontextualizado do mundo. Não estamos em Lilliput (ilha fictícia do romance “As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift), mas parece que somos minúsculos cidadãos num reino de absurdos. Somos uma sátira de nós mesmos.
Apesar disso, temos muitos políticos, marqueteiros e comunicólogos de diversos matizes que continuam com a mentalidade e aplicação de técnicas de sobrevivência fincadas lá no passado. Estão longes da realidade.
Nem os milhões destinados à propaganda têm sido capazes de estancar essa epidemia. O vírus dessa militância continua a se espalhar e outros homens-bomba como Jeancarlos estão à solta por aí.
Até o momento, o governo perde feio essa guerra digital.
 

Um comentário:

Luziana Medeiros disse...

O que revolta diante deste cenário todo é que o Governo Rosalba Ciarline, ainda estuda uma forma de punir o médico pelo que fez, e então eu me pergunto: Será que é errado fazer o certo ou será certo fazer o errado? Fio de Nylon deveria mesmo está sendo utilizado em cirurgias ou foi apenas um fatídico caso e que não vai mais acontecer?

Eu não sou da área de Humanas e muito menos sou médica, mais acredito veementemente que fio de nylon não deveria ser usado em cirurgias, assim como acredito que as filas e as pessoas que ficam deitadas nos corredores do Walfredo Gurgel não é apenas um fatídico caso para o Governo, vemos coisas do tipo todos os dias e não só na Gestão Rosalba, mais na gestão de tantos outros que passaram e não melhoraram a situação,talvez o desabafo deste corajoso médico que provavelmente por uma inversão de valores em que vivemos ou por safadeza mesmo do Governo e de seus governantes,perderá o seu cargo,estivesse apenas transbordando uma situação que para ele é corriqueira, e talvez por cansaço ou indignação o mesmo tenha filmado e feito o que fez, o problema da nossa sociedade como um todo, é que todos os dias vemos os erros, as safadezas e os absurdos que são impostos a nós, porém, não fazemos nada além de reclamar e reclamar, afinal, temos plano de saúde, uma cama quentinha e um bom prato de comida, não somos nós que seremos costurados no Walfredo e não será a gente que vai ficar caído pelos corredores ou em filas quilométricas.

Se todo mundo saísse as ruas e fizessem a marcha do médico, a marcha do Walfredo, como foi feita a marcha por uma passagem de ônibus menor, a parada gay(Nada contra a classe), talvez tivéssemos mais chances contra todo esse sistema em que vivemos, mais para isso precisamos sair da nossa zona de conforto.

Antes que eu esqueça, parabéns ao médico por este ato de indignação, coragem e humanidade.