Coronel Rodolpho Fernandes: a história os uniu...
Massilon: em lados opostos.
Honório de Medeiros
Terá sido assim que tudo aconteceu? Concretamente
não se sabe. Os indícios, entretanto, estão aí, para quem quiser analisá-los,
relacioná-los e descobrir o que eles formam.
São fortes esses indícios. São como pontos de uma
malha, intersecções de uma rede, elementos possivelmente conectados formando uma
unidade, aguardando que alguém consiga tirá-los da sombra e trazê-los para a
luz do sol, revelando a verdade que o tempo cada vez mais condena ao
esquecimento.
Os personagens são todos fartamente citados na
literatura acerca do assunto. Uns mais, outros menos: o Coronel Rodolpho
Fernandes; o Coronel Francisco Pinto; o jagunço/cangaceiro Massilon Leite;
Lampião, o rei do cangaço; o Coronel Isaías Arruda; os coronéis apodienses; os
coronéis paraibanos; o Governador José Augusto Bezerra de Medeiros.
É difícil acreditar que todas as questões levantadas
e não respondidas teriam respostas circunscritas à própria causa específica que
as fez surgir, sem que houvesse qualquer relação entre as mesmas que suscitasse
uma conexão, uma unidade de propósitos.
Essa teoria, evidentemente, ainda está sob o domínio
da especulação: talvez jamais venha a ser descartada ou encampada
definitivamente, se não surgir algum fato novo, como alguma correspondência,
algum diário, relato, guardada em baús, armários ou armazéns, em propriedades
rurais ou imóveis urbanos, coberta pelo pó do tempo.
Há muito que pode ser dito para negar essa teoria, a
de que o ataque de Lampião a Mossoró foi resultado de um complô político que
visava assassinar o Cel. Rodolpho Fernandes. Tal complô, se houve, foi um dos
últimos espasmos[1] do
coronelismo que sob a forma pela qual ficou conhecido, ditou os rumos do Sertão
nordestino, o Sertão de Lampião e Pe. Cícero, dos cantadores de viola, dos
jagunços, das volantes, do final do ciclo do couro, até a chegada de Getúlio
Vargas e do Estado Novo.
Esse coronelismo sucumbiu à presença do Estado. O
coronelismo, não.
Então resta dizer, à guisa de conclusão, que as
coisas podem não ter acontecido como descrito até agora.
Mas que poderia ter sido assim, isso poderia...
[1] O
último mesmo, até onde se sabe, foi o assassinato do Cel. Chico Pinto, de
Apodi, na famosa campanha do Partido Popular contra o Interventor Mário Câmara.
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