sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MORRE ALCINO COSTA, ESTUDIOSO DA CULTURA SERTANEJA NORDESTINA

 
ALCINO ALVES COSTA
 
17/06/1940
 
à
 
1º/11/2012
 
DESCANSE EM PAZ, GUERREIRO DO CANGAÇO.
 
CANGAÇO QUE É UMA DAS MAIS LEGÍTIMAS EXPRESSÃO DA CULTURA SERTANEJA NORDESTINA.

"O VÔO DO SOLITÁRIO PARA O INFINITO" (PLOTINO)

Plotino
 
Honório de Medeiros
 
 
“É como se vc, estando dentro de um ambiente fechado, uma clausura, criasse uma saída e a utilizasse. Lá, do outro lado da saída, lhe espera um outro ambiente, também fechado, só que maior. Sua tarefa, assim, é sempre criar outra saída, sair, entrar em outro ambiente ainda maior, criar outra saída, sempre, em uma escala exponencial”, disse-lhe eu.

“Não tem fim?”, me perguntou.

“A morte”, lhe respondi, “que acaba com tudo ou lhe leva a um infinito que está além de todas as coisas, onde não há qualquer tipo de limite ao conhecimento”. “Agora, ao lhe falar, sei o que significa aquela frase de Plotino, o vôo do solitário para o infinito”, continuei. “Nossa busca pelo conhecimento é sempre solitária, a morte nos liberta e nos remete ao infinito”.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

NOVA PESQUISA APONTA VITÓRIA DE ALDO PARA A OAB/RN


Do justicaempauta.com.br:
 
Eleição OAB/RN: enquete aponta Aldo Medeiros como advogado para unir a categoria

"1 de novembro

No dia da eleição do Quinto Constitucional, 1.252 advogados participaram de uma enquete realizada pela Focos Marketing para avaliar qual dos dois candidatos à presidência da Ordem, Sérgio Freire e Aldo Medeiros, teria mais condições de unir a categoria.

Pois bem, o blog Justiça em Pauta recebeu a autorização para divulgar o resultado. E deu Aldo Medeiros, com 47,0%, enquanto o adversário Sérgio Freire contou com 30,4% dos votos.

Segundo o Focos Marketing, todos os questionários foram aplicados no dia da eleição para o Quinto Constitucional e 50,6% do público é formado por mulheres, enquanto os outros 49,9% correspondem à homens.

Apesar da vitória expressiva de Aldo Medeiros, é preciso estar atento também a quantidade de votos nulos e indecisos que juntos somam mais de 22%."

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ; QUARTA E ÚLTIMA TEORIA, TERCEIRA PARTE

Honório de Medeiros
 
Quarta teoria: o ataque a Mossoró resultou de um plano político (terceira parte)


QUESTÕES SEM RESPOSTA (continuação), SEGUIDO DE MASSILON E O PLANO DENTRO DO PLANO 


Vigésima-quarta: nos primeiros dias de setembro de 1927 a fazenda Bálsamo, da família Hollanda, fronteira do Ceará com o RN, foi invadida pela polícia à cata de cangaceiros, à procura de Júlio Porto, Francisco Brilhante e dois irmãos seus, envolvidos no assalto a Apodi. Por que lá não estavam Massilon nem Décio Hollanda, o proprietário da Fazenda?
 
Vigésima-quinta: por qual razão os cangaceiros não atacaram a residência do Gerente do Banco do Brasil para sequestrá-lo em busca de resgate, como supostamente queriam fazer com o Prefeito?
 
Vigésima-sexta: a que se atribui a lenda de que Jerônimo Rosado, correligionário do Coronel Rodolpho Fernandes e personalidade influente em Mossoró desde os tempos do Coronel Francisco de Almeida Castro, líder político que havia falecido há pouco tempo, estaria por trás do ataque, e não permitira saque ao comércio? Seria em decorrência de sua estranha omissão quanto à defesa da cidade?
 
Jerônimo Rosado
 
Em relação a esta última questão, é interessante a transcrição, feita por Kydelmir Dantas[1], de uma entrevista com Jerônimo Lahyre de Melo Rosado, 78 anos, farmacêutico e funcionário público federal aposentado[2]:
 
E seus familiares, onde estavam?
 
“O velho Rosado, meu avô, com quem eu morava desde a morte do meu pai, Jerônimo Rosado Filho, não queria sair da casa do centro da cidade. Ele chegou a fazer uma seteira (buracos enviesados nas paredes da sala), pois queria se defender dentro de casa com a família. Duó (Duodécimo), seu filho, ponderou que ele deveria retirá-la para um lugar seguro, pois ele tinha muitas filhas e o bando era terrível. Então ele passou a transportar todos, em várias viagens de automóvel, na manhã do dia do ataque. Foram todos para o “Canto do Junco”, de propriedade do Sr. Dobinha, no caminho de Tibau. Imagine, umas casinhas de palha num descampado, sem proteção... Mas era fora da cidade. Na casa da rua só ficaram o velho Enéias, avô de Wilson Rosado, e seu Chico, antigo empregado da Farmácia, com as portas e janelas trancadas.”
 
E o que fizeram com ele?[3]
 
“Acho que pensavam que ele ia morrer; mas como isso não aconteceu, resolveram matá-lo, temendo que Lampião voltasse para buscá-lo. Aí, ninguém teria sossego. Natal reclamou muito porque ele foi morto. O Major Laurentino, de Mossoró, se justificou com esse argumento.”
 
Faz sentido o quê Lahyre de Melo Rosado diz, ou teria sido ele industriado por seu avô?
 
Elencadas todas essas indagações extremamente sérias e ainda não respondidas, que teimam em parecerem importantes na justa medida em que as outras teorias acerca da invasão de Mossoró por Lampião não se sustentam, como visto antes, passemos então para o “x” da questão, conscientes que os indícios existentes acerca do viés político no ataque são muitos, e o difícil é conectar os fatos e lhes dar unidade de propósitos, tornando verossímil a conjectura exposta a seguir.
 
Sabemos que quando da invasão de Apodi por Massilon, o projeto de atacar Mossoró já existia, como noticiou o jornal “O Mossoroense”, em 15 de maio de 1927[4], insinuando, sem rodeios, que a invasão à cidade, a ocorrer em dias vindouros, integrava empreitada[5] (grifo do Autor) de grande vulto, e dele dera conhecimento, ao Coronel Rodolpho Fernandes, a carta de Argemiro Liberato.
 
Tudo isso foi abordado antes, neste livro.
 
Agora é preciso aprofundar o estudo do papel de Massilon no ataque a Apodi para, somente então, realmente começarmos a entender o cerne da teoria que atribui a um complô político o ataque de Mossoró por Lampião.
 
MASSILON E O “PLANO DENTRO DO PLANO”
                  
Para tanto, recordemo-nos que foi dito, antes, que a idéia de atacar Apodi e Mossoró não fora do Coronel Isaías Arruda. Do Coronel havia sido o planejamento e a “logística”, digamos assim.
 
A idéia do ataque a Apodi chegara ao Coronel Isaías Arruda por intermédio de Décio Hollanda, fidalgote de Pereiro, Ceará, levado a ele por José Cardoso, seu[6] primo, residente em Aurora, no mesmo Estado, e responsável por apresentar Massilon a Lampião[7].
 
Décio Hollanda era genro de Tylon Gurgel, o principal líder de oposição ao Coronel Francisco Pinto em Apodi, Rio Grande do Norte.
 
Casa de Tilon Gurgel em Pedra de Abelhas
 
Dá-nos conta de tudo isso o pesquisador Marcos Pinto[8]:
 
Em 10 de maio de 1927, a pequena e pacata cidade de Apody é assaltada por uma horda de cangaceiros comandados pelo célebre bandido Massilon Leite ou Massilon Benevides, chefiando parte do bando de Lampião[9].
 
Igreja Matriz de Apodi. Foto de 1918.
 
A malta de desordeiros procedia do Pereiro, no Ceará, por determinação de Décio Holanda, Tilon Gurgel e Martiniano de Queiroz Porto, ferrenhos e virulentos adversários da família Pinto, do Apody.
 
Chegaram à cidade por volta das três horas da madrugada tendo início, de imediato, uma série de truculências, culminando com o assassinato do comerciante Manoel Rodrigues.
 
O bandido Mormaço, preso posteriormente nas imediações de Martins, RN, em princípio de junho, afirmou, em seu depoimento, que Décio Holanda os acompanhou até a fazenda Pau de Leite, próximo a Apody. Décio era genro de Tilon Gurgel.
 
Mormaço
 
De início os bandidos inutilizaram os aparelhos do telégrafo nacional. Dando seqüência à macabra missão de que estavam contratados, aprisionaram alguns cidadãos. Saquearam e incendiaram totalmente a casa comercial ‘Jázimo & Pinto’, da viúva do Coronel João Jázimo Pinto, a Senhora Isabel Sabina Filha, conhecida como Dona Bebela de João Jázimo.
 
Dentre os cidadãos presos estava o Coronel Francisco Pinto, prefeito municipal, que obteve sua liberdade mediante pagamento de vultuosa quantia e pela eficaz e enérgica intervenção do padre Benedito Alves, vigário da cidade, que intercedia piedosamente pelo preso já condenado à morte.
 
O ataque terminou às 11 horas, para alívio da pequena urbe oestana.
 
O eminente historiador Válter Guerra escreveu minucioso artigo sobre este episódio, intitulado “A Madrugada do Terror”, publicado no jornal “Gazeta do Oeste”.
 
Neste mesmo dia o Coronel Francisco Pinto enviou mensageiro especial a Mossoró, montado em fogoso alazão, com a missão de procurar o seu parente Rodolfo Fernandes e entregar uma missiva, com pormenores que soubera por terceiros, de que o celerado grupo de Lampião tencionava atacar Mossoró. O historiador Raimundo Nonato aborda este fato em seu livro ‘Lampião em Mossoró’, à pág. 53[10].
 
Por ocasião do ataque, Apody assumira o aspecto de cidade saqueada e sitiada, invadida que fora pelos bandidos comandados por Massilon, deflagrando os mais hediondos crimes, enormes pela truculência e brutalidade com que foram perpetrados.
 
Esse episódio fora antecedido, em 12 de maio de 1925, pelo denominado “Fogo de Pedra de Abelhas”, também relatado na obra mencionada do historiador Marcos Pinto, e que tem relação direta com os acontecimentos acima relatados:
 
Neste dia ocorreu o famoso “Fogo de Pedra de Abelhas”. Os truculentos Décio Holanda e seu sogro Tilon Gurgel arregimentaram vultoso grupo de jagunços, em consonância com Martiniano Porto, primo do bandido Júlio Porto, componente do bando de Lampião, espalhando o terror em Apody e região.
 
Como era do seu dever, o Coronel João Jázimo comunicou ao governador José Augusto a triste e vexatória situação vivida no Apody e região circunvizinha. De imediato o chefe do Executivo Estadual encaminhou um contingente policial composto por 40 praças, comandado pelo Capitão Jacinto Tavares, exemplar oficial da Polícia Militar do Estado que ficou aquartelada em Apody.
 
Na manhã de 12 de maio a tropa dirigiu-se até a povoação de “Pedra de Abelhas” objetivando efetuar a prisão de Décio, Tilon Gurgel e toda a jagunçada. Antes da força policial chegar ao seu destino, já Décio era sabedor de que o contingente estava vindo ao seu encontro, por mensageiro enviado por Martiniano Porto.
 
Quando Décio preparava-se com seus “cabras” para empreenderem fuga rumo ao Ceará, eis que surge a tropa policial, travando-se cerrado tiroteio, culminando com a debandada da jagunçada rumo ao Rio Apody, morrendo na ocasião um “cabra” de Tylon Gurgel, por nome Mamédio Belarmino dos Santos, da família dos “Caboclos”, daquela paragem.
 
Após esse entrevero bélico, a tropa policial retornou ao Apody, com a missão de retornar no dia seguinte, o que não se efetivou pelas informações concretas de que o grupo armado se homiziara no Ceará.
 
Depois desta ocorrência coibitiva, voltou a reinar a paz naqueles rincões, mas não satisfeitos com a reprimenda policial, eis que Martiniano, Tilon, e seu genro Décio (primo do coiteiro Izaías Arruda, protetor de Lampião[11]) tramam e efetivam o famoso ataque de 10 de maio de 1927 à cidade do Apody, contando com o empenho de Massilon Leite, comandando parte do grupo de Lampião.
 
Continua...
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PARA ENTENDER O QUÊ SE EXPÕE AQUI, É CONVENIENTE LER OS TEXTOS ANTERIORES POSTADOS EM www.honoriodemedeiros.blogspot.comPROCURE Cangaço, DENTRE OS Marcadores, E LEIA TUDO QUANTO FOI ESCRITO ACERCA DO TEMA.



[1] “MOSSORÓ E O CANGAÇO”; Coleção Sociedade Brasileira do Cangaço; volume V; Fundação Vingt-Un; Coleção Mossoroense; Série “C”; Vol. 950; junho de 1997; Co-edição com EFERN-UNED de Mossoró; Mossoró, RN.
 
[2] Jerônimo Lahyre era neto de Jerônimo Rosado com quem morava desde a morte de seu pai Jerônimo Rosado Filho. A entrevista foi concedida a Ilná Rosado.
 
[3] Jararaca.
 
[4] Sérgio Dantas, em “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”, obra citada.
 
[5] O termo utilizado foi exatamente esse.
 
[6] Do Coronel.
 
[7] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”; Dantas, Sérgio; Cartgraf Gráfica Editora; 2005; 1ª edição; Natal, RN.
 
[8] “DATAS E NOTAS PARA A HISTÓRIA DO APODY”; Coleção Mossoroense; Série “C”; Volume 1.164; Mossoró, RN; 2001.
 
[9] Aqui há um evidente equívoco. Não se tratava de “parte do bando de Lampião”.
 
[10] Grifei.
 
[11] Aqui se trata de outro equívoco. Não havia qualquer parentesco entre Décio Hollanda e Isaías Arruda.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A VELHA SENHORA

prdl.blog.uol.com.br
 
 
Honório de Medeiros


Formavam um belo casal.

Ambos já acima dos setenta, beirando os oitenta, cabelos totalmente brancos, andar pausado, vinham todos os dias, até nos finais de semana, tomar, por volta da hora do “ângelus”, uma sopa de legumes especialmente preparada para eles.

Quando os vi pela primeira vez, despontando na esquina da rua onde estávamos, no restaurante, chamei a atenção: “vejam”. Vinham lentamente, de mãos dadas, parecendo um casal de namorados a apreciar a companhia um do outro enquanto flanavam.

Embora ela aparentasse ser mais idosa, estava em melhor estado de conservação. E notava-se claramente seu cuidado para com ele. Sua mão que enlaçava era também a que conduzia, guiando-o e o afastando de possíveis obstáculos, tais como irregularidades no calçamento ou cadeiras postas no meio do caminho.

Mas não era só. Depois de sentados, era ela quem puxava conversa e lhe fazia breves relatos - querendo entretê-lo - aos quais ele pontuava com monossílabos, ou chamava sua atenção para algo diferente, tal como o olhar cândido e curioso da criança sentada na mesa próxima a sua.

Mesmo após vezes seguidas observando, ao longo dos dias, quase nunca os vi sorrir. Eram muito sérios e somente em uma ou outra oportunidade pude surpreender um carinho eventual de um para com o outro. Não que isso demonstrasse distanciamento, ao contrário. Havia, entre eles, uma transcendência – era perceptível – quanto ao trivial de gestos desnecessários, típica de um relacionamento antigo, onde o entendimento era perfeito e o silêncio comum pleno de compreensão.

Eu e os outros conversamos vezes sem conta sob o casal, com quem os atendia. Tinham nascido em outro lugar, dizia o garçom, uma cidade grande, eram aposentados e tinham optado por não terem filhos. Agora, no final da vida, desejando mais tranquilidade, vieram para uma cidade menor onde não possuíam parentes próximos nem conhecidos.

“Quem cuida deles?”, perguntei. “Ninguém; há uma moça que faz a limpeza do apartamento e do restante eles mesmos cuidam”. “Quando querem sair”, prosseguiu, “já têm um motorista de táxi de confiança que os leva para onde desejam ir”. “Saem?”, continuei. “Vão à missa, aos médicos...”

Após algum tempo trocávamos cumprimentos, mas jamais passou disso. Havia certa reserva em cada um deles que desestimulava a aproximação para a conversa coloquial. Talvez já não tivessem interesse em construir novas relações e absolutamente não se sentissem solitários; quem sabe gostassem da solidão e do tipo de paz que ela proporciona? Se não fosse assim, por qual outro motivo teriam saído de sua cidade e vindo para cá, um lugar desconhecido, pensava eu...

No fim, tudo acabou como esperado, como sempre acaba tudo. Ele teve um infarto fulminante e ela ficou só. No início, pelos relatos, pensou em continuar no apartamento que dividiam e tocar a vida. Mas um dia, quando cheguei e percebi sua ausência na hora de costume, fui informado que decidira partir e ir morar em um local especializado em idosos.

Antes, aparecera para se despedir. Deixara, até mesmo, uma pequena lembrança, um “souvenir”, para cada um dos que trabalhavam no restaurante. Agradecera muito, delicadamente, toda a atenção recebida. Não tocara no assunto de sua viuvez, nem dissera para onde iria. Depois, apertara a mão dos proprietários, desejara felicidade, e se fora, com seu passinho miúdo, o vestido elegante, de talhe antigo, deixando, pela última vez, o cálido registro do esvoaçar dos seus finos cabelos brancos e um leve vestígio de “Fleur de Rocaille” no ar.

Em mim, como vieram, foram-se. Deixaram por muito tempo uma lembrança vaga, de um matiz suave, crepuscular, como uma fotografia em sépia, algo a ficar em um nicho adormecido do museu de lembranças.

Resolvi resistir proustianamente. Na medida dos meus limites, eis esse registro, enquanto homenagem à elegância, discrição, e à arte de cultivar a reserva pessoal.

domingo, 28 de outubro de 2012

O QUE É FILOSOFIA

Honório de Medeiros

Em poderedireito.blogspot.com.br o texto completo com a continuação de INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DO DIREITO:
 
"Filosofar é a atitude de tentar CONHECER e EXPLICAR as coisas e os fenômenos, e se concretiza, quando presentes: a) um Sujeito Cognoscente que intencionalmente busca o conhecimento; b) um Objeto Cognoscível (aquilo que se quer conhecer); c) uma interação (relação) crítico-metódica (onde há método) entre Sujeito Cognoscente e Objeto Cognoscível que é expressa (comunicada) por intermédio de teorias acerca do Objeto Cognoscível."

Continua em poderedireito.blogspot.com

 

sábado, 27 de outubro de 2012

GOSTO MUITO DO FACEBOOK

radamesm.wordpress.com



 
Honório de Medeiros
 
                   Gosto muito do facebook. E do Google também. Aliás, pelo Google tenho certa reverência. Penso no Google como a biblioteca de Babel, descrita em um conto de Jorge Luis Borges no livro Ficções, de 1944. O conto, metafísico, diz-nos acerca de uma realidade constituida por uma biblioteca que abriga uma quantidade infinita de livros que são, cada um deles, uma possibilidade alternativa da existência.

                   Como não reverenciar um ambiente virtual que lhe apresenta, quando consultado, em tempo real, um erudito artigo acerca do “Código de Leicester”, um manuscrito de 36 páginas escrito por Leonardo da Vinci e comprado por Bil Gates por U$ 30,8 milhões?  

                   Entretanto não é acerca do Google que quero escrever. É acerca do “face” como nós o denominamos.

                   O “face” é uma imensa praça virtual. Não sei se fui a primeira pessoa a utilizar essa metáfora, mas é assim que a “batizei” desde o início. Uma praça como o Hyde Park em Londres, só que em ambiente virtual. Aliás, uma praça como qualquer outra deste mundo de meu Deus.

                   Nela é possível encontrar de tudo. E, usando novamente essa expressão virótica, em “tempo real”. Muita fofoca, muita coisa ruim, mas também, em contraposição, informações atualizadas, considerações críticas interessantes, rasgos de inteligência fulgurantes, muito humor, tomadas de posição acerca de assuntos candentes, e, talvez o que seja mais importante, a possibilidade de interagir com pessoas com as quais habitualmente você não encontra, mas por quem tem afeto.

                   Não é ele um fabuloso “nicho sociológico”?

Esses dias, por exemplo, houve um apagão no Nordeste. Perto da meia-noite. Eu estava acordado e fui cascavilhar nos sites e blogs de notícia em busca de informação. Nada. Fui, então, para o "face". Quando entrei fiquei logo sabendo que o apagão atingira todos os bairros de Natal, as cidades vizinhas, Recife, Mossoró, Sousa, na Paraíba, e até Manaus.

Depois comecei a me divertir com os comentários. Um deles, impagável, dizia que Dilma estava reunida com o ministério, em Brasília, à luz de velas, criando, para o Nordeste, o Programa “Minha Vela, Minha Vida” e o “Bolsa Lamparina”. Essa história, depois, me foi ratificada por uma querida amiga e ex-aluna.

Onde encontrarmos algo semelhante, ou seja, quase tudo em quase nada?

No "face" já vi e li pedido de sangue para transfusão e, em pouco tempo, o agradecimento. Vi e li oração, súplica, declaração de amor, de ódio, pedido e oferta de emprego, fotos belíssimas, outras muito ruins, flagrantes da vida real, diatribes, solidão, felicidade, narcisismo, analfabetismo, enfim, tudo quanto caracteriza o ser humano.

Parodiando Terêncio, tudo que é humano interessa ao “face”.

Por outro lado, não consigo aceitar as declarações que atribuem ao "face" um poder alienante sobrenatural. Compreendo que nessas críticas está presente a primitiva mania de antroformizar as coisas, de a elas atribuir o que somente a nós diz respeito, tais como os valores a partir dos quais julgamos o que nos cerca, a nós mesmos e aos outros. O mal está em nós, não nas coisas. O "face" é um instrumento como outro qualquer. Cabe a nós dar-lhe o destino apropriado.

E, me parece, para finalizar, que não há outra opção, no que diz respeito ao “google”, ao “face”, a esse mundo virtual que é o grande salto no futuro: render-se ou se render.
 
Ficar fora dessa “aldeia global” - fantástica premonição intelectual de Marshall MacLuhan -, em algum tempo será praticamente impossível: momentos atrás acompanhei, de perto, um senhor já idoso, frentista, lutando contra as dificuldades que lhe impunha o manuseio, na tela do computador, do programa de pagamento de cartões, em um posto de venda de gasolina.

Em certo sentido muito próprio, lutava ele pela sobrevivência em um mundo totalmente desconhecido seu quando era menino.

Bom, quanto aos que torcem o nariz para o “face”, ainda há tempo de correr atrás do prejuízo...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O IDEALISMO RADICAL É A LOUCURA DA RAZÃO

ideiasparalelas.blogspot.com
 
O idealismo radical é a loucura da Razão: nele estamos à mercê de uma realidade que somente existe em nossa imaginação enquanto, talvez, o sonho de um semideus demiurgo, e, nele, sonhamos que sonhamos.

 
A realidade imaginária de Matrix, única e exclusiva criação em um sonho conduzido e coletivo, onde sonhamos que estamos vivos, é uma instigante analogia com o idealismo radical.
 
 
 O quê nos conduz à fonte dessa ousadia alegórica, qual seja a realidade imaginária criada por Maya, a deusa hindu, que nos faz crer que estamos vivos e conscientes quando, na realidade, nada mais fazemos que sonhar.
 
 
Estranho paralelo com o mito da caverna, de Platão, no qual aprendemos o quanto estamos distantes do real, imersos na contemplação de nossas próprias sombras.