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O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as "Coisas" (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (suas essências).
Ou seja, nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, dizemos aquilo que nossos sentidos apreendem de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido (Immanuel Kant, Gaston Bachelard, Sir Karl Popper...).
Podemos rastrear tal concepção, de certa maneira, até o relativismo sofista Protágoras de Abdera, Antístenes versus Platão, mesmo até Parmênides de Eleia, quiça Heráclito de Éfeso.
O nominalismo também impede a fenomenologia de Henri Bergson e Edmund Husserl, bem como a pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o termo “salinas” (lugar onde se cultiva sal) que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento entranhado que já possuo.
Não por outra razão a beleza desse trecho do Ato II, Cena II, de "Romeu e Julieta":
"JULIETA - Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há em um simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservava a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título.
Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira".
Não há, pois, essência a ser apreendida em um nome, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.
Thomas Nagel (Visão a Partir de Lugar Nenhum); São Paulo: Martins Fontes. 2004 (Nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as intransigentes teorias empiristas do conhecimento”.
Nominamos relações, processos, evanescências: não há coisas previamente nominadas dizendo-nos a essência de algo.
O Justo não está fora de mim, está em mim...
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