Chávez radicaliza (Editorial)
Proibida de transmitir seu sinal aberto em 2007, a rede televisiva RCTV, de perfil crítico ao atual governo da Venezuela, teve agora o seu canal a cabo também suspenso, no último domingo.
Outras cinco emissoras foram retiradas das grades de programação no mesmo dia, por ordem do Executivo venezuelano, acusadas de descumprir a obrigação de retransmitirem "mensagens do governo".
De nada adiantou a Rádio Caracas Televisão recorrer judicialmente da obrigação de fornecer um palanque a mais ao presidente Hugo Chávez. Antes mesmo de haver decisão judicial, o corte do sinal foi imposto pelo governo da Venezuela.
O gesto autoritário, recorrente sob Chávez, reflete também as circunstâncias atuais de seu governo. A recessão econômica, a inflação crescente e a "cubanização" de serviços básicos -o país convive com racionamentos de água e energia- cobram seu preço político.
Enquanto, no início de 2009, a aprovação popular do governo alcançava 60%, ao final do ano o apoio caíra para menos da metade da população.
Acuado, Chávez tenta limitar a atuação da mídia, pois, num país de instituições carcomidas e cooptadas, o que sustenta o regime é sua ligação direta com as massas -para o que a imprensa livre é sempre um entrave.
É nesse objetivo que se inserem seus longos discursos, a tentativa de impô-los a todos os meios televisivos e também seu histrionismo.
Sempre que ameaçado, Chávez lança mão desses recursos para agitar e polarizar o país, com resultados às vezes trágicos. Desde anteontem, protestos favoráveis e contrários ao presidente já levaram à morte de dois estudantes.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, criticou a suspensão da transmissão dos canais de TV. Os governos dos Estados Unidos e da França também condenaram o cerceamento do direito à informação.
Do Itamaraty, nenhuma palavra. Após os surtos de exaltação em Honduras, o Brasil não vê razão para manifestar-se diante dos ataques do chavismo à imprensa.
Para a ministra Dilma Rousseff, Chávez "faz isso em função da problemática dele". E a "problemática" do governo Lula é adotar padrões opostos de reação, conforme sua proximidade ideológica com o agressor.
Um comentário:
As palavras de Da. Dilma são características de quem vive procurando agressores o tempo todo. Pobres X Ricos, Negros X Brancos, Desenvolvidos X Subdesenvolvidos. Que bom seria um governo que tratasse com igualdade as diferenças que existem na humanidade. Que no lugar de procurar culpados, procurasse soluções. Um governo que entendesse que não são decretos, nem esmolas que corrigem as desigualdades, e sim a valorização do indivíduo e a concorrência livre. Menos estado e mais liberdade.
Carlos Eduardo
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