Honório de Medeiros
sábado, 11 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
O GREGO, A "PLACE DU TARTRE", E A CULTURA...
O Grego, Bárbara, e a Place du Tartre
Honório de Medeiros
Em “E Foram Todos para Paris” (Casa da Palavra; 2011), Sérgio Augusto (jornalista, escritor), infatigável leitor da romaria americana do Século XIX à França (Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Fenimore Cooper, Henry James, etc.), conta que seu chamego pela cidade começou quando assistiu ao musical Sinfonia de Paris (An American in Paris), de Vicente Minelli, com músicas de ninguém mais, ninguém menos, que Gershwin.
Diz ele que em 1952 teve um coup de foudre pelo personagem de Gene Kelly, um ex-combatente americano, Jerry Mulligan, que decide virar pintor e morar para sempre em Paris quando terminou a Segunda Grande Guerra, vendendo seus quadros em Montmartre.
Lendo o trecho olhei instintivamente para duas imagens feitas com giz de cera cor vermelho-terra que adornam a parte superior acima da minha cama. São datadas de 26 de abril de 2008 e 3 de maio do mesmo ano, quando eu e Bárbara, minha esposa, posamos para um grego de barba cerrada, francês macarrônico, que passava o dia na Place du Tartre, coração de Montmartre, a fumar e colher turistas para sobreviver com sua arte.
Aquele 26 de abril foi inesquecível. Eu completava cinquenta anos, estava em Paris com Bárbara e alguns amigos queridos, e iríamos terminar a noite no La Coupole, tradicional e histórico restaurante do Boulevard Montparnasse inaugurado no ano que Lampião invadiu Mossoró, 1927, e que durante muito tempo foi o centro da vida artística e intelectual da cidade, pois era frequentado assiduamente por Picasso, Man Ray, Cartier-Bresson, Buñuel, Henry Miller, Anais Nin, Hemingway, Giacometti, Sartre, Gainsbourg, Jane Birkin, entre outros.
Dois anos depois voltei à Place du Tartre. Será que o grego ainda desenhava por lá, me perguntei. Chegáramos cedo da manhã. Muitos cavaletes ainda estavam fechados, aguardando seus donos, desenhistas, pintores, como o grego. Poucos turistas flanavam no local. Decidimos enveredar, a flanar, enquanto os artistas não chegavam, por ruelas que, da praça, descem sinuosas e estreitas, até o entorno de Montmartre.
Algum tempo depois, alguns copos de Guiness a mais, voltamos. Fui direto ao local onde o Grego ficava. Não estava. Fiquei na dúvida se perguntava por ele. Resolvi que sim, perguntaria. Dirigi-me a outro pintor, e lhe perguntei pelo Grego, descrevendo-o o melhor possível.
Nem precisei esperar a resposta. Olhando acidentalmente para outro recanto da praça encontrei-o placidamente sentado, a fumar um cigarro e tomar uma caneca de café, enquanto na cadeira na qual se sentavam os que iriam posar, uma bela adolescente de beleza diáfana tão tipicamente francesa aguardava pacientemente o resultado da sua (dele) busca por inspiração ou, apenas, que resolvesse começar seu dia.
Hoje, após ler o texto acerca do qual comentei acima, fico me perguntando que tipo de decisão conduziu o Grego ao estilo de vida que inspirou o personagem do musical aludido por Sérgio Augusto. Terá sido o Sinfonia de Paris?
Acerca da influência da cultura, entendida esta enquanto “estilo de vida”, como pensava Eliot, rios de tinta foram já escritos. Cultura que influenciou gerações e as levou a tomar decisões fundamentais em suas vidas, e que tende a desaparecer na justa medida da futilidade própria da “civilização do espetáculo”, como a define Llosa em seu livro de ensaios homônimo, leitura da qual não devemos abrir mão para entender o que se passa hoje conosco no universo da literatura, pintura, escultura, as artes, enfim...
É como diz Llosa, citando o sociólogo Frédéric Martel: “A imensa maioria do gênero humano não pratica, não consome nem produz hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada pelos setores cultos, de maneira depreciativa, mero passatempo popular, sem parentesco algum com as atividades intelectuais, artísticas e literárias que constituíam a cultura.”
Bom, voltando ao que importa, cito Llosa por que ele captou, no espírito da época, na indústria do entretenimento que nos aliena e embrutece, na massificação onipresente, na frivolidade típica da cultura do nosso tempo, a ausência de referências fundamentais como aquelas que desabrocharam em Viena, Berlim, Paris e Nova Iorque entre os séculos XIX e XX.
Referências que levaram, quem sabe, à construção do personagem Jerry Mulligan, calcado em Picasso ou outro pintor famoso; referências que levaram o Grego a fazer, de sua vida, uma elegia à arte, dedicando-a à mítica Paris e à Place du Tartre.
Quanto ao Grego, pode não ser verdade minha hipótese, mas me apraz pensar que sim...
Em “E Foram Todos para Paris” (Casa da Palavra; 2011), Sérgio Augusto (jornalista, escritor), infatigável leitor da romaria americana do Século XIX à França (Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Fenimore Cooper, Henry James, etc.), conta que seu chamego pela cidade começou quando assistiu ao musical Sinfonia de Paris (An American in Paris), de Vicente Minelli, com músicas de ninguém mais, ninguém menos, que Gershwin.
Diz ele que em 1952 teve um coup de foudre pelo personagem de Gene Kelly, um ex-combatente americano, Jerry Mulligan, que decide virar pintor e morar para sempre em Paris quando terminou a Segunda Grande Guerra, vendendo seus quadros em Montmartre.
Lendo o trecho olhei instintivamente para duas imagens feitas com giz de cera cor vermelho-terra que adornam a parte superior acima da minha cama. São datadas de 26 de abril de 2008 e 3 de maio do mesmo ano, quando eu e Bárbara, minha esposa, posamos para um grego de barba cerrada, francês macarrônico, que passava o dia na Place du Tartre, coração de Montmartre, a fumar e colher turistas para sobreviver com sua arte.
Aquele 26 de abril foi inesquecível. Eu completava cinquenta anos, estava em Paris com Bárbara e alguns amigos queridos, e iríamos terminar a noite no La Coupole, tradicional e histórico restaurante do Boulevard Montparnasse inaugurado no ano que Lampião invadiu Mossoró, 1927, e que durante muito tempo foi o centro da vida artística e intelectual da cidade, pois era frequentado assiduamente por Picasso, Man Ray, Cartier-Bresson, Buñuel, Henry Miller, Anais Nin, Hemingway, Giacometti, Sartre, Gainsbourg, Jane Birkin, entre outros.
Dois anos depois voltei à Place du Tartre. Será que o grego ainda desenhava por lá, me perguntei. Chegáramos cedo da manhã. Muitos cavaletes ainda estavam fechados, aguardando seus donos, desenhistas, pintores, como o grego. Poucos turistas flanavam no local. Decidimos enveredar, a flanar, enquanto os artistas não chegavam, por ruelas que, da praça, descem sinuosas e estreitas, até o entorno de Montmartre.
Algum tempo depois, alguns copos de Guiness a mais, voltamos. Fui direto ao local onde o Grego ficava. Não estava. Fiquei na dúvida se perguntava por ele. Resolvi que sim, perguntaria. Dirigi-me a outro pintor, e lhe perguntei pelo Grego, descrevendo-o o melhor possível.
Nem precisei esperar a resposta. Olhando acidentalmente para outro recanto da praça encontrei-o placidamente sentado, a fumar um cigarro e tomar uma caneca de café, enquanto na cadeira na qual se sentavam os que iriam posar, uma bela adolescente de beleza diáfana tão tipicamente francesa aguardava pacientemente o resultado da sua (dele) busca por inspiração ou, apenas, que resolvesse começar seu dia.
Hoje, após ler o texto acerca do qual comentei acima, fico me perguntando que tipo de decisão conduziu o Grego ao estilo de vida que inspirou o personagem do musical aludido por Sérgio Augusto. Terá sido o Sinfonia de Paris?
Acerca da influência da cultura, entendida esta enquanto “estilo de vida”, como pensava Eliot, rios de tinta foram já escritos. Cultura que influenciou gerações e as levou a tomar decisões fundamentais em suas vidas, e que tende a desaparecer na justa medida da futilidade própria da “civilização do espetáculo”, como a define Llosa em seu livro de ensaios homônimo, leitura da qual não devemos abrir mão para entender o que se passa hoje conosco no universo da literatura, pintura, escultura, as artes, enfim...
É como diz Llosa, citando o sociólogo Frédéric Martel: “A imensa maioria do gênero humano não pratica, não consome nem produz hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada pelos setores cultos, de maneira depreciativa, mero passatempo popular, sem parentesco algum com as atividades intelectuais, artísticas e literárias que constituíam a cultura.”
Bom, voltando ao que importa, cito Llosa por que ele captou, no espírito da época, na indústria do entretenimento que nos aliena e embrutece, na massificação onipresente, na frivolidade típica da cultura do nosso tempo, a ausência de referências fundamentais como aquelas que desabrocharam em Viena, Berlim, Paris e Nova Iorque entre os séculos XIX e XX.
Referências que levaram, quem sabe, à construção do personagem Jerry Mulligan, calcado em Picasso ou outro pintor famoso; referências que levaram o Grego a fazer, de sua vida, uma elegia à arte, dedicando-a à mítica Paris e à Place du Tartre.
Quanto ao Grego, pode não ser verdade minha hipótese, mas me apraz pensar que sim...
No final disse o Grego que esse, acima, era eu.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
DEPRESSÃO
Honório de Medeiros
Às vezes penso que a depressão resulta da extrema lucidez e surge quando todos os filtros, todos os véus, todos os empecilhos que a mente cria para esconder a realidade desabam e, então, a terrível apreensão imediata de todas as coisas e todos os fenômenos, como de fato eles são, e, não mais, como parecem ser, se instala em nossa consciência de si. Nesse instante a solidão imanente, intrínseca, em cada um de nós, nos assume e esmaga sem piedade, e somos levados à compreensão absoluta da total irrelevância de tudo quanto nos cerca e envolve...
* Arte em vivianeguimarães.wordpress.com
domingo, 5 de janeiro de 2014
O CHAPLIN (REGINA AZEVEDO) ENTREVISTA BÁRBARA DE MEDEIROS
Regina Azevedo*
Entrevista originariamente postada em "OCHAPLIN.COM"
Bárbara de Medeiros nasceu dia 27 de fevereiro de 1998, em Natal. Com 13 anos de idade, escreveu – e publicou! – um drama psicológico chamado ”O Escritor de Sonhos” e conquistou muitos amigos, fãs, e, sobretudo, leitores vorazes. Hoje, beirando os 16 anos, ela conversa com a gente sobre literatura, projetos futuros e incentivo.
O CHAPLIN: Com quantos anos você começou a escrever?
Eu comecei a escrever assim que aprendi a escrever: com 6 anos de idade. Eu não me lembro de uma data especial na qual eu decidi ser escritora. Desde sempre quis fazer isso. Mesmo quando dizia: ”mamãe, quero ser bailarina”, eu queria ser bailarina e escritora. Pra mim, um escritor era uma espécie de mágico. E isso, acredite, é muito bom.
O CHAPLIN: Vamos falar sobre família. Qual a participação de seus pais e familiares em tudo isso?
Meus pais são muito interessados em leitura. Meu pai, aliás, é escritor. Desde muito cedo, fui incentivada a ler. Fiquei fascinada pela leitura. O incentivo a escrever veio automaticamente, depois disso.
O CHAPLIN: O que você lia aos 6 anos? E hoje em dia, quase 10 anos depois, o que você costuma ler?
Eu lia fantasia e gostava muito de histórias em quadrinho, em especial Turma de Mônica. Hoje em dia, continuo gostando de ambas as coisas, mas também leio muita ficção científica, biografias, terror e drama.
O CHAPLIN: O Escritor de Sonhos é seu primeiro livro publicado. Um drama psicológico, certo? Como foi o processo de escrita e criação desse livro?
Escrever é sempre doloroso. Escrevi esse livro em um único mês, o último do ano letivo, e fiquei como uma morta-viva: quase não comia, não falava – e eu falo muito! – e todo mundo percebeu como eu fiquei diferente. O processo foi extremamente desgastante: o antes, o depois e, claro, o durante.
O CHAPLIN: Nem mesmo algumas das pessoas que leram o livro sabem definir o que REALMENTE a trama fala. Na sua cabeça, o que essa história conta?
“O Escritor de Sonhos” fala sobre um homem que mora num hospício, e, como ele não pode viver – porque ninguém vive num hospício; aquilo não é vida -, ele começa a sonhar. Com o livro, eu ambiciono questionar se quando a gente passa a viver através de sonhos, o sonho passa a ser vida, e a vida, um sonho. É basicamente isso.
O CHAPLIN: Você tem muito bloqueio de escritor? Como você lida com isso?
Eu tenho muito mesmo, mas procuro continuar escrevendo, de qualquer forma, mesmo que seja sobre o bloqueio, a falta de inspiração e tudo o mais. Sento à mesa e: vamos lá, Bárbara!
O CHAPLIN: Quando você escreveu seu livro, você fazia o 8º ano na ED (Escola Doméstica de Natal, uma escola tradicional que faz parte de um complexo escolar bastante renomado em terras natalenses). A escola te deu algum apoio?
Não. Apoio zero, inicialmente. Nem sabiam que eu estava escrevendo um livro, aliás. Mas os meus professores preferidos foram ao lançamento, porque eu os convidei, e isso foi muito importante pra mim. Alguns meses após o lançamento, a escola me deu a oportunidade de palestrar no Dia do Livro, e eu adorei, primeiro porque eu adoro palestrar e depois porque, na ocasião, eu conheci dois escritores que se tornaram grandes amigos: Jorge Enrique e José de Castro. Foi muito legal.
O CHAPLIN: E os planos para o futuro? O que você pretende fazer?
Eu estou editando meu livro Sindicato das Bailarinas Circenses, que é uma antologia de textos – poemas, contos, crônicas – inéditos ou já publicados no meio virtual. Mais além, só quero viver. É isso. E ser diplomata.
O livro de Bárbara está à venda na Saraiva do Midway Mall e você também pode comprá-lo através do e-mail barbie.bldm@gmail.com. (R$35)
* Poeta, performer em estudo e agitadora. fundei o iapois poesia, publiquei ''das vezes que morri em você'' (jovens escribas) e escrevo às vezes pro reginazvdo.tumblr.com. tenho um peixe chamado cachorro e amo bukowski.
"MINHA VIDA NA FRANÇA"; Julia Child
Bárbara Lima
Minha Vida na França, de Julia Child com Alex Prud’homme (SEOMAN) – As memórias deste livro inspiraram o filme Julie & Julia. Trata-se da autobiobrafia de Julia Child, considerada a introdutora da culinária francesa nos Estados Unidos. A descoberta de sua vocação para a culinária se deu em 1948, quando se mudou para a França e resolveu se inscrever no renomado instituto Le Cordon Bleu, sem nem mesmo saber falar francês. Foi aí que tudo começou. Mesmo com todos os percalços, conseguiu se impor em um meio dominado por homens, tornando-se uma escritora e apresentadora de sucesso e ensinando receitas sofisticadas, de forma pioneira, para milhares de americanos. Excelente leitura; contagia até quem não é fã dos romances culinaristas.
sábado, 4 de janeiro de 2014
DA JUSTIÇA
Honório de Medeiros
A Justiça é assim mesmo: de quando em vez, no varejo, aparentemente "justa"; no geral, no atacado, às vezes reacionária, quase sempre conservadora.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
HISTÓRIA E DESTINO
Florentino Vereda
A História e o Destino vivem juntos. Casal inseparável, como dois velhos tinhosos, divergem bastante, mas continuam de mãos dadas, alterando as vidas dos animais que se dizem humanos.
A História e o Destino vivem juntos. Casal inseparável, como dois velhos tinhosos, divergem bastante, mas continuam de mãos dadas, alterando as vidas dos animais que se dizem humanos.
Assim foi na França, ao fim da Idade Média. Enquanto a História circulava pelos salões elegantes de Versailles, o Destino, sorrateiramente, conspirava contra a monarquia nos arredores de Paris.
Do mesmo modo, na Alemanha, a História tentava fazer daquela nação um grande império, mas o Destino levou-a à Primeira Guerra Mundial. Ao final do conflito, - destroçada e humilhada - seria apenas mais uma colônia dividida entre a França e o Reino Unido.
A História, insistentemente, faz ressurgir das cinzas um povo orgulhoso, guiado não por um super-herói ao estilo americano, mas por um pintor medíocre, um megalomaníaco prepotente que promete um império de mil anos. Derrotado depois de seis, deixou o país dividido entre russos e americanos, mais arrasado do que em 1917.
Alguns anos depois a União Soviética se esfacelaria e, por via de consequência, cairia o muro de Berlim, reunificando a Alemanha. Fukuyama, apressadamente, decretou o fim da História. Hoje, depois de quase um século de tragédias, a Alemanha é a âncora da Europa, em meio de uma crise que não foi imaginada por nenhum futurólogo. Nenhuma bola de cristal previu esses acontecimentos. Hiroshima e Nagasaki não estiveram nos pesadelos dos visionários.
Videntes são assim mesmo. Ótimos para prever o futuro, quando ele já se tornou passado.
Quase ninguém se lembra de Herman Kahn, futurólogo da guerra fria, arauto da destruição nuclear, felizmente desmentido pelo Destino.
Mas o senhor, Professor Honório, deve estar se perguntando qual o motivo de toda essa lenga-lenga.
Mas o senhor, Professor Honório, deve estar se perguntando qual o motivo de toda essa lenga-lenga.
É que no apagar deste 2013 não faltará quem faça previsões para 2014. Falsos profetas que não acertarão um palpite sequer. Ao que me consta nenhum Nostradamus contemporâneo anunciou a destruição das Torres Gêmeas.
Talvez nem Michelle, nos seus sonhos de adolescente, imaginou rolar nos lençóis de linho da casa branca, nos braços negros do seu marido - meio queniano, meio americano - hoje presidente dos Estados Unidos pela segunda vez. E que, em pleno funeral de Mandela, a Dinamarca flertaria abertamente com os Estados Unidos, com o piscar dos olhos azuis e o riso esfuziante da Primeira-ministra Helle Thorning Schmidt.
Enfim, o preto no branco, e no reino da Dinamarca já há algo de preto.
O Cardeal Bergoglio, embora finalista na escolha de Bento XVI, quase não era mencionado na sua sucessão, após uma renúncia que não foi “cantada” pelos videntes de plantão. Logo depois de a fumaça branca subir aos céus do Vaticano, o mundo surpreendeu-se com Francisco, o Papa das multidões, que levantou o tapete e sacudiu a poeira medieval de uma igreja corrompida e vilipendiada nos gabinetes e nas alcovas, reacendendo a fé que brota das ruas e renova a esperança de uma gente sem rumo e sem futuro, a não ser o longínquo paraíso depois da morte.
E o Brasil, depois de atravessar quase um século de golpes e contra-golpes, de viver algumas ditaduras, empossar malucos e corrutos, seria a grande esperança dos países emergentes, enquanto por trás das cortinas, é o parceiro ideal para as grandes negociatas com as corporações financeiras, braços dados com a outrora progressista esquerda sindicalista.
Portanto, não tenho previsões a fazer. Nenhum fim de mundo se avizinha, embora os Maias não tenham desistido. Asteroides não se desviaram das suasórbitas, planetas não se alinharam para acabar com a farra da copa e a grana da FIFA. O que se pode prever é o que já vem acontecendo há anos. E em 2014 as notícias serão as mesmas de sempre:
“Passageiros revoltados incendeiam composição após pane no metrô”;
“PIB do Brasil sofre queda pela enésima vez. Ministro Mantega diz que, apesar disto, o país -mesmo ruim das pernas -está crescendo;
“Paciente morre em hospital público, depois de 24 horas esperando na recepção. Diretor do hospital lamenta mais essa fatalidade”;
“Chuvas fortes causam inundações, desabamentos e mortes no Rio, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e na Bahia. Pobres perdem tudo o que não tinham.”
“Paulo Maluf é reeleito deputado federal”.
E a História e o Destino continuarão estrada afora, rindo de nós, pobres mortais, que não sabemos planejar um futuro decente para os nossos descendentes e continuamos a ouvir as besteiras em que nos fazem acreditar os falsos videntes.
Feliz 2014 para você, Professor Honório.
O Cardeal Bergoglio, embora finalista na escolha de Bento XVI, quase não era mencionado na sua sucessão, após uma renúncia que não foi “cantada” pelos videntes de plantão. Logo depois de a fumaça branca subir aos céus do Vaticano, o mundo surpreendeu-se com Francisco, o Papa das multidões, que levantou o tapete e sacudiu a poeira medieval de uma igreja corrompida e vilipendiada nos gabinetes e nas alcovas, reacendendo a fé que brota das ruas e renova a esperança de uma gente sem rumo e sem futuro, a não ser o longínquo paraíso depois da morte.
E o Brasil, depois de atravessar quase um século de golpes e contra-golpes, de viver algumas ditaduras, empossar malucos e corrutos, seria a grande esperança dos países emergentes, enquanto por trás das cortinas, é o parceiro ideal para as grandes negociatas com as corporações financeiras, braços dados com a outrora progressista esquerda sindicalista.
Portanto, não tenho previsões a fazer. Nenhum fim de mundo se avizinha, embora os Maias não tenham desistido. Asteroides não se desviaram das suasórbitas, planetas não se alinharam para acabar com a farra da copa e a grana da FIFA. O que se pode prever é o que já vem acontecendo há anos. E em 2014 as notícias serão as mesmas de sempre:
“Passageiros revoltados incendeiam composição após pane no metrô”;
“PIB do Brasil sofre queda pela enésima vez. Ministro Mantega diz que, apesar disto, o país -mesmo ruim das pernas -está crescendo;
“Paciente morre em hospital público, depois de 24 horas esperando na recepção. Diretor do hospital lamenta mais essa fatalidade”;
“Chuvas fortes causam inundações, desabamentos e mortes no Rio, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e na Bahia. Pobres perdem tudo o que não tinham.”
“Paulo Maluf é reeleito deputado federal”.
E a História e o Destino continuarão estrada afora, rindo de nós, pobres mortais, que não sabemos planejar um futuro decente para os nossos descendentes e continuamos a ouvir as besteiras em que nos fazem acreditar os falsos videntes.
Feliz 2014 para você, Professor Honório.
FELIZ 2014!
O vôo do infinito para o infinito.
Imagem: Honório de Medeiros
Aos meus amigos do Blog, a cada um, o meu desejo é um paradoxo: que em 2014 o infinito seja o único limite para nossa busca do autoconhecimento.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
UM BANCO DAS IDÉIAS DO SERVIDOR PÚBLICO
Honório de Medeiros
Quando aceitei o convite do primeiro governo Wilma de Faria (2003/2006) para ser Secretário de Estado da Administração e dos Recursos Humanos, uma das primeiras questões à qual nós, eu e minha equipe, nos propusemos foi o que fazer com o imenso capital humano composto pela massa de servidores públicos estadual até então totalmente inaproveitado.
Nós sabíamos que era necessário, possível e desejável fazer algo que alavancasse não somente a carreira do servidor público, mas, também, significasse uma forte presença do Governo na sociedade, evidentemente a médio e longo prazo, no que diz respeito à qualidade do serviço prestado pelos órgãos que o compõem.
De um lado tínhamos aproximadamente 100.000 servidores, para o mais ou para o menos, cuja potencialidade era plenamente desconhecida, aos quais vinha sendo negado, desde há muito, até mesmo o mínimo, ou seja, um Plano de Cargos e Remuneração.
Do outro, uma sociedade que demandava serviços até então prestados de forma precária, quando não equivocada, em virtude do inexpressivo investimento em recursos humanos feito pelos governos que nos antecederam.
Apresentei, então, na primeira reunião do secretariado, realizada entre 13 e 14 de fevereiro de 2003, o esboço de um projeto denominado “Banco de Idéias”, a ser desenvolvido e administrado pela Secretaria de Administração e Recursos Humanos.
Consistia no seguinte: os servidores públicos seriam estimulados a se cadastrarem em um ambiente virtual apresentando todo seu potencial informal, em termos de idéias e currículo, até então ignorado pela Administração Pública.
Por exemplo, na nossa própria Secretaria existia um ASG com doutorado em Tecnologia da Alimentação.
Apresentei, então, na primeira reunião do secretariado, realizada entre 13 e 14 de fevereiro de 2003, o esboço de um projeto denominado “Banco de Idéias”, a ser desenvolvido e administrado pela Secretaria de Administração e Recursos Humanos.
Consistia no seguinte: os servidores públicos seriam estimulados a se cadastrarem em um ambiente virtual apresentando todo seu potencial informal, em termos de idéias e currículo, até então ignorado pela Administração Pública.
Por exemplo, na nossa própria Secretaria existia um ASG com doutorado em Tecnologia da Alimentação.
Apareceriam, assim, especialistas, pós-graduados, graduados em áreas distintas daquelas nas quais eles trabalhavam. Apareceriam idéias importantes em relação à gestão pública estadual que permaneciam desconhecidas por não encontrarem interlocutores apropriados.
Constituído o Banco ele seria colocado à disposição, em ambiente virtual, dos gestores do Estado, através de um moderno sistema de busca.
Caso um Secretário de Agricultura precisasse de algum especialista em “Tecnologia da Alimentação” digitaria esses termos e a ficha cadastral do ASG da Secretaria de Administração apareceria na sua frente. O Secretário de Agricultura nomearia o ASG para um cargo em comissão bem remunerado de uma reserva criada exatamente para ser preenchida em situações específicas iguais a essa, ou obteria sua cessão e lhe atribuiria uma gratificação apropriada, e o seu problema estaria resolvido sem que fosse necessário importar “consultoria” de fora.
Caso o Secretário necessitasse de idéias acerca de um problema qualquer, o acervo do Banco também lhe seria extremamente útil – ele disporia de uma consultoria de alto nível, potencializada pela experiência de quem vivera e vivia a Administração Pública Estadual.
Esse Banco de Ideias funcionaria em uma Escola de Gestão cujo programa resultaria na capacitação em torno da demanda do Governo.
Constituído o Banco ele seria colocado à disposição, em ambiente virtual, dos gestores do Estado, através de um moderno sistema de busca.
Caso um Secretário de Agricultura precisasse de algum especialista em “Tecnologia da Alimentação” digitaria esses termos e a ficha cadastral do ASG da Secretaria de Administração apareceria na sua frente. O Secretário de Agricultura nomearia o ASG para um cargo em comissão bem remunerado de uma reserva criada exatamente para ser preenchida em situações específicas iguais a essa, ou obteria sua cessão e lhe atribuiria uma gratificação apropriada, e o seu problema estaria resolvido sem que fosse necessário importar “consultoria” de fora.
Caso o Secretário necessitasse de idéias acerca de um problema qualquer, o acervo do Banco também lhe seria extremamente útil – ele disporia de uma consultoria de alto nível, potencializada pela experiência de quem vivera e vivia a Administração Pública Estadual.
Esse Banco de Ideias funcionaria em uma Escola de Gestão cujo programa resultaria na capacitação em torno da demanda do Governo.
O quê nortearia a confecção do programa?
Parâmetros tais como o quê precisamos, quanto, quando, onde e por que, fundamentais para a elaboração, a médio e longo prazo, para a elaboração de uma política de recursos humanos em termos de treinamento de servidores.
Assim, em, em um prazo de tempo razoavelmente curto no que tange às políticas públicas, daríamos um salto de qualidade em termos de gestão administrativa.
O espaço é curto para maiores exposições acerca do Banco de Idéias do Servidor Público. Do ponto de vista estratégico, entretanto, é possível oferecer a noção daquilo que esteve envolvido no programa/projeto: aproveitar o potencial oculto e inerte de 100.000 servidores que perplexos, vêem o tempo passar e não conseguem crescer enquanto profissionais e tampouco têm a oportunidade de se colocar, concretamente, a serviço do seu Estado e da Sociedade.
O espaço é curto para maiores exposições acerca do Banco de Idéias do Servidor Público. Do ponto de vista estratégico, entretanto, é possível oferecer a noção daquilo que esteve envolvido no programa/projeto: aproveitar o potencial oculto e inerte de 100.000 servidores que perplexos, vêem o tempo passar e não conseguem crescer enquanto profissionais e tampouco têm a oportunidade de se colocar, concretamente, a serviço do seu Estado e da Sociedade.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
FÉ, FOCO E DISCIPLINA?
Honório de Medeiros
Os livros de autoajuda, rico filão explorado à exaustão por alguns espertos em cima da ingenuidade de muitos, ensina que fé, foco e disciplina é a chave para o sucesso.
Fé, ou seja, crer que depende de nós chegar lá, naquele lugar almejado; foco: ficarmos circunscritos ao objetivo, à meta a ser alcançada, evitando decididamente qualquer distração que nos faça perder o rumo; disciplina, por fim, significando aquela entrega de corpo e alma, em termos de esforço, de dedicação, de renúncia, fundamentalmente necessários para se alcançar o sucesso em qualquer empreitada.
Nada mais, nada menos.
No entanto, segundo as mais recentes pesquisas em neuropsiquiatria, realizadas obsessivamente por cientistas ao redor do mundo, aliadas ao conhecimento adquirido em áreas tão diversas quanto matemática, teoria da seleção natural e estatística, demonstram que tudo isso é, em uma medida para lá de razoável, pura balela.
O que existe, mesmo, é o acaso, aquilo que o senso comum chama de "sorte".
É o que se lê no livro "O Andar do Bêbado", de Leonard Mlodinow, recomendado por ninguém menos que o maior físico pós Einstein, Stephen Hawking, acerca do fenômeno da aleatoriedade.
O autor ensina teoria da aleatoriedade no famosíssimo Instituto de Tecnologia da Califórnia, o Caltech, celeiro de cientistas premiados com o Nobel, e é autor de obras com consagrados físicos mundiais, tais como Stephen Hawking ("Uma Nova História do Tempo") e Richard Feynman ("A Janela de Euclides" e "O Arco-Íris de Feynman").
Em "O Andar do Bêbado", Mlodinow demonstra, por a+b, que ao contrário do que se supõe, a grande maioria dos eventos são fruto de uma combinação de fatores em grande parte aleatórios. Os exemplos por ele elencados, minuciosos e contundentes. A análise, verossímil. As conclusões, pertinentes.
No final das contas, após a leitura do livro, que em certos largos trechos demanda um conhecimento mais profundo de matemática probabilística que poderão ser deixados de lado sem que se comprometa o entendimento do tema, o "coup de grace" é o seguinte: em qualquer empreendimento nosso, consciente ou inconsciente, não temos como saber, mesmo após todo os esforços, seja de planejamento, seja de realização, qual será o resultado; com certeza somente temos como saber que se não empreendermos, não conseguiremos.
Tudo isso em decorrência do fenômeno da aleatoriedade.
Ou seja, o esforço desprendido ao longo dos anos pela grande maioria para chegar lá somente valerá a pena para muitos poucos, e graças a fatores que independem de suas vontades.
É por essa razão que o autor conclui: "(...) a habilidade não garante conquistas, e as conquistas não são proporcionais a habilidade".
E remata: "Nas palavras de Thomas Watson, o pioneiro da IBM: 'se você quer ser bem sucedido, duplique sua taxa de fracassos'."
A questão é a seguinte; vale a pena tamanho sacrifício?
É por essa razão que o autor conclui: "(...) a habilidade não garante conquistas, e as conquistas não são proporcionais a habilidade".
E remata: "Nas palavras de Thomas Watson, o pioneiro da IBM: 'se você quer ser bem sucedido, duplique sua taxa de fracassos'."
A questão é a seguinte; vale a pena tamanho sacrifício?
Talvez seja por isso que no Livro do Eclesiastes O-Que-Sabe advertiu, logo no prólogo: "Que proveito tira o homem de todos os trabalhos com que se afadiga sob o sol?"
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
MINHA ALMA É CHAMA
Honório de Medeiros
A minha própria alma é esta chama,
insaciável de infinitos.
Flameja para o desconhecido sua ânsia,
é preciso asas quando se ama o abismo.
insaciável de infinitos.
Flameja para o desconhecido sua ânsia,
é preciso asas quando se ama o abismo.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
A "SÍNDROME DO PEQUENO PODER" E UM PODER EM CRISE
Carlos Santos
Começou na quinta-feira (12), a reforma da equipe de auxiliares (cargos de confiança) na Prefeitura de Mossoró, gestão do prefeito provisório Francisco José Júnior (PSD). Ontem (segunda-feira, 16), mais uma etapa.
As modificações ocorrem por natural necessidade de ajustes ao perfil do governante, interesses políticos distintos e circunstâncias administrativas que mexem com a gestão do novo prefeito.
Mesmo com seu discurso de afinação e apoio, além de “desejo” que a prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM) retorne ao cargo, o “aliado” Francisco José Júnior não tem qualquer motivo para realmente pensar assim. Nem agir.
A prefeitura não caiu em seu colo. Contudo não estamos diante de puro acaso ou conspiração com tal fim.
Ao saltar no agrupamento governista após as eleições do ano passado, depois de ser candidato reeleito à Câmara Municipal, ele tinha planos de se fortalecer para novos voos. Por isso, articulou e teve apoio de Cláudia Regina para ser “homem de confiança” no Legislativo, o presidindo novamente.
A princípio, tentava conseguir novo mandato como presidente da Casa, já obtido na legislatura passada. Em segundo plano, mirava mandato de deputado estadual, ascensão que seu pai Francisco José (PMN) já tivera.
Mas eis que aparece uma prefeitura em seu caminho, em seu caminho aparece uma prefeitura fragilizada, sucateada, com erário em sangria e com prefeita e vice afastados.
Claramente, Francisco José Júnior, conhecido como “Silveira”, não está na cadeira do Executivo guardando vaga para Cláudia Regina. As chances dela retornar são escassas. Completar o mandato é praticamente impossível.
A avalanche de cassações (11 em primeiro grau e cinco ratificadas no Tribunal Regional Eleitoral-TRE) a deixa numa situação incomum na história política do Brasil. Nunca antes na história desse país se viu algo parecido.
Consciente do vácuo de poder, Francisco José Júnior age rápido, tenta imprimir identidade própria ao período provisório e construir uma candidatura para completar o mandato iniciado por Cláudia e o vice Wellington Filho (PMDB).
O resto é puro sofisma e retórica. Tudo junto, misturado.
O próprio grupo que Cláudia começara a construir, dissociado de amarras com as lideranças de Rosalba Ciarlini (DEM) e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), está sendo rapidamente aniquilado. Boa parcela de sua militância “apaixonada” começa a se esgueirar para jogar incenso sobre novo guru.
É a vida. ”A vida como ela é”, com toque rodriguiano cruel, muito cruel.
Seus fieis “escudeiros” saíram logo em solidariedade à líder, reagrupados – como antes – e primitivamente, fora da prefeitura. Lá montam barricadas e tentarão se soerguer no exílio, sob o fantasma do ostracismo.
Ah, por favor! Ninguém culpe Silveira por essa tarefa de desconstrução ou asfixia de uma liderança emergente. Ele é parte interessada no espólio político de Cláudia, como qualquer um. Não um usurpador, como certos jagunços cibernéticos tentam vender.
O poder é sempre um serpentário repleto de ressentidos e conspiradores, verdugos e tartufos; gente acostumada à idolatria e à perfídia de laboratório. Tudo por lá parece manipulado em tubos de ensaio.
Para alguns, ele nunca será grande o bastante. Para outros, está além de suas possibilidades.
Nesse cenário confuso, Mossoró corre o perigo de ser solapada por algo pior: o surgimento de algum poderoso com “Síndrome do Pequeno Poder”. É aquele indivíduo que no exercício do mando, usa de forma absolutista para se impor, não se preocupando com as consequências dos seus desatinos.
- Cláudia passou, né? A gente está com Silveira – diz candidamente um vereador governista, com o pragmatismo que a situação costuma produzir na política nacional.
Passou?
Vamos em frente. Temos mais interrogações do que certezas diante de nossos olhos.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
O CANGACEIRO MASSILON E A REPÚBLICA DO PATAMAR DE SÃO VICENTE
Jânio Rêgo
Centralizando a figura do cangaceiro potiguar que foi parceiro de Lampião no ataque que foi rechaçado da torre da igreja, Honório de Medeiros remonta a engrenagem do coronelismo e do Poder político no Nordeste rural e repagina e estimula a revisão crítica da história da invasão do Rei do Cangaço a Mossoró em 1927. (...) um novo conceito para o cangaço, dentro de uma perspectiva científica que identifique o geral no particular e afaste, de vez, o estudo do cangaço do mero "contar casos".
O Cangaceiro Massilon e a República do Patamar de São Vicente
Acho que compreendo a dificuldade de Carlos Santos em escrever no seu blog sobre "Massilon - Nas veredas do cangaço e outros temas afins", o livro de Honório de Medeiros sobre o cangaceiro que foi um dos protagonistas mais importantes do ataque de Lampião a Mossoró em junho de 1927, mesmo ele tendo acompanhado o autor no primeiro lançamento do livro, no sertão do Cariri, durante um seminário sobre o tema Cangaço.
Não é fácil escrever sobre aquilo que acicata nossa memória e nos remete à infância, à turma do Patamar, ao que ele próprio, Santos, tratou de nomear como a "República Independente do Patamar da Igreja de São Vicente" da qual somos remanescentes, como o autor Honório de Medeiros que diz assim, na introdução do livro:
"Nasci e cresci à sombra da Igreja de São Vicente, a igreja da "bunda redonda", brinquei, assisti missa, novena de Santo Antônio, sem perder o contato com as marcas que o combate contra Lampião deixou em suas paredes e na sua torre".
Centralizando a figura do cangaceiro potiguar que foi parceiro de Lampião no ataque que foi rechaçado da torre da igreja, Honório de Medeiros remonta a engrenagem do coronelismo e do Poder político no Nordeste rural e repagina e estimula a revisão crítica da história da invasão do Rei do Cangaço a Mossoró em 1927. (...) um novo conceito para o cangaço, dentro de uma perspectiva científica que identifique o geral no particular e afaste, de vez, o estudo do cangaço do mero "contar casos".
Surpreende no livro também, além desse viés do pesquisador sobre o cangaço, o caráter genealógico e emotivo que o autor revela na introdução: (...)se agregou o interesse de sempre acerca da história da minha família materna, da qual é o momento precioso, desde a fundação de Martins até a resistência oposta por Rodolpho Fernandes à Lampião".
Ao mesmo tempo em que escreve sobre o roteiro geográfico e factual de Massilon que passa pela Paraiba e Ceará, estados por onde andou em busca de informações, Honório constrói um arcabouço emocional da marcante trajetória e origem da família materna dele, os Fernandes do Rio Grande do Norte, do qual ele faz questão de revelar que é a nona geração do patriarca que fundou e deu nome à cidade serrana de Martins.
Mas para leitores como nós, eu e Carlos, fica difícil não ver em cada capítulo a imagem da Igreja de São Vicente. Mesmo que não seja o capítulo em que Honório descreve, preciso como um roteiro cinematográfico, a hora do tiro disparado por Manoel Duarte e que matou o cangaceiro Colchete.
O patamar hoje está mais curto e mais baixo do que aquele em que os republicanos brincavam pela manhã e à noite. Apenas dois degraus e chão pedregoso como nunca. Arrancador de chamboque nos dedos dos pés.
O Cangaceiro Massilon e a República do Patamar de São Vicente
Acho que compreendo a dificuldade de Carlos Santos em escrever no seu blog sobre "Massilon - Nas veredas do cangaço e outros temas afins", o livro de Honório de Medeiros sobre o cangaceiro que foi um dos protagonistas mais importantes do ataque de Lampião a Mossoró em junho de 1927, mesmo ele tendo acompanhado o autor no primeiro lançamento do livro, no sertão do Cariri, durante um seminário sobre o tema Cangaço.
Não é fácil escrever sobre aquilo que acicata nossa memória e nos remete à infância, à turma do Patamar, ao que ele próprio, Santos, tratou de nomear como a "República Independente do Patamar da Igreja de São Vicente" da qual somos remanescentes, como o autor Honório de Medeiros que diz assim, na introdução do livro:
"Nasci e cresci à sombra da Igreja de São Vicente, a igreja da "bunda redonda", brinquei, assisti missa, novena de Santo Antônio, sem perder o contato com as marcas que o combate contra Lampião deixou em suas paredes e na sua torre".
Centralizando a figura do cangaceiro potiguar que foi parceiro de Lampião no ataque que foi rechaçado da torre da igreja, Honório de Medeiros remonta a engrenagem do coronelismo e do Poder político no Nordeste rural e repagina e estimula a revisão crítica da história da invasão do Rei do Cangaço a Mossoró em 1927. (...) um novo conceito para o cangaço, dentro de uma perspectiva científica que identifique o geral no particular e afaste, de vez, o estudo do cangaço do mero "contar casos".
Surpreende no livro também, além desse viés do pesquisador sobre o cangaço, o caráter genealógico e emotivo que o autor revela na introdução: (...)se agregou o interesse de sempre acerca da história da minha família materna, da qual é o momento precioso, desde a fundação de Martins até a resistência oposta por Rodolpho Fernandes à Lampião".
Ao mesmo tempo em que escreve sobre o roteiro geográfico e factual de Massilon que passa pela Paraiba e Ceará, estados por onde andou em busca de informações, Honório constrói um arcabouço emocional da marcante trajetória e origem da família materna dele, os Fernandes do Rio Grande do Norte, do qual ele faz questão de revelar que é a nona geração do patriarca que fundou e deu nome à cidade serrana de Martins.
Mas para leitores como nós, eu e Carlos, fica difícil não ver em cada capítulo a imagem da Igreja de São Vicente. Mesmo que não seja o capítulo em que Honório descreve, preciso como um roteiro cinematográfico, a hora do tiro disparado por Manoel Duarte e que matou o cangaceiro Colchete.
O patamar hoje está mais curto e mais baixo do que aquele em que os republicanos brincavam pela manhã e à noite. Apenas dois degraus e chão pedregoso como nunca. Arrancador de chamboque nos dedos dos pés.
Os canteiros, construídos por padre Sátyro no auge da perseguição aos jogos de bola dos meninos, estes permanecem intactos sendo que agora têm plantas. As crianças foram rareando nas residências em torno do Patamar. A cidade. O tempo. Os hábitos.
O jogo de bola acabou-se muito antes da capelinha da bunda redonda tornar-se cult e festejada.
Estivemos lá na igreja, na missa e quermesse dos 80 anos de idade do Careca com a entrega aos fiéis da capela pintada, restaurada, nova como em 1919. E amarela, bem amarelinha. Foi muito interessante.
Padre Sátyro no altar: "Eu vi São Vicente sorrir! Eu vi São Vicente sorrir!"
O octogenário e sua retórica vibrante, sabedoria dos oradores sacros, tradição dos copistas do conhecimento e da liturgia.
Depois tivemos que ouvir a Prefeita da Cidade.
Mas nos compensaram os doces vicentinos vendidos no meio da rua lateral, a Francisco Ramalho, defronte à casa de Marcos Porto, esse já tornado memória e lenda do Patamar que já carece de um livro. Ele também um Fernandes.
No Rio Grande do Norte esse lado familista é muito importante. O livro de Honório permite ver que laços ancestrais construíram esse orgulho familiar que de certa forma marca o Estado do Rio Grande do Norte.
* Jânio Rêgo é jornalista - janiorego@blogdafeira.com.br
* Extraído do blog Cangaço em Foco do escritor e pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
O JUSTO NÃO ESTÁ FORA DE MIM
Guilherme de Occam
Honório de Medeiros
O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as coisas (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (quais são suas essências).
Nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, aquilo que nossos sentidos apreendem, de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido (Kant, Bachelard, Popper).
Podemos rastrear tal concepção até o relativismo sofista (Protágoras de Abdera, Antístenes versus Platão), mesmo até Parmênides.
O nominalismo também impede a fenomenologia de Bérgson e Husserl e a pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o termo “salinas” que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento que já possuo. Não há essência a ser apreendida, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.
Thomas Nagel (“Visão a Partir de Lugar Nenhum”; Martins Fontes; SP; 2004; 1ª edição; p. 137; nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as teorias empiristas do conhecimento”.
Nominamos relações, processos, evanescências; não há coisas a serem nominadas. O Justo não está fora de mim, está em mim...
O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as coisas (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (quais são suas essências).
Nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, aquilo que nossos sentidos apreendem, de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido (Kant, Bachelard, Popper).
Podemos rastrear tal concepção até o relativismo sofista (Protágoras de Abdera, Antístenes versus Platão), mesmo até Parmênides.
O nominalismo também impede a fenomenologia de Bérgson e Husserl e a pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o termo “salinas” que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento que já possuo. Não há essência a ser apreendida, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.
Thomas Nagel (“Visão a Partir de Lugar Nenhum”; Martins Fontes; SP; 2004; 1ª edição; p. 137; nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as teorias empiristas do conhecimento”.
Nominamos relações, processos, evanescências; não há coisas a serem nominadas. O Justo não está fora de mim, está em mim...
O VÔO DO SOLITÁRIO PARA O INFINITO
Plotino
Honório de Medeiros
“É como se vc, estando dentro de um ambiente fechado, uma clausura, criasse uma saída e a utilizasse. Lá, do outro lado da saída, lhe espera um outro ambiente, também fechado, só que maior, bem maior. Sua tarefa, assim, é sempre criar outra saída, sair, entrar em outro ambiente ainda maior, criar outra saída, sempre, em uma escala exponencial”, disse-me ele.
“Não tem fim?”, perguntei.
“A morte”, respondeu, “que acaba com tudo ou lhe leva a um infinito que está além de todas as coisas e fenômenos, onde não há qualquer tipo de limite ao conhecimento”.
“Agora", continuou, "ao lhe falar, sei o que significa aquela frase de Plotino, por meio da qual ele nos diz acerca do vôo do solitário para o infinito”.
"Penso que ele quis dizer que nossa busca pelo conhecimento é sempre solitária, e que somente a morte nos liberta e nos remete ao infinito”.
sábado, 7 de dezembro de 2013
AS MULHERES SERRANAS
Honório de Medeiros
Ah, as mulheres da Serra, frescas, em flor, sem nada que as enfeite exceto a simplicidade. Elas vestidas de simplicidade. “Uma carne sadia, abundante e rosada”, como descreve Proust, em “No Caminho de Swann”. Nada artificial, nelas. Não há um jogo sequer nas suas atitudes para com os homens. Beber, comer, amar, é tudo tão natural! Swann “prefiria infinitamente à beleza de Odette a de uma pequena operária fresca e rechonchuda como uma rosa, de quem se enamorara...” Está em Proust. Em contraposição a essa naturalidade sadia, o universo urbano recheado de mulheres excessivamente enfeitadas, com a mente tomada por negaceios e articulações, no afã infindável de seduzir por seduzir: o óculos de sol, a roupa de grife, o olhar dissimuladamente distante, o celular através do qual são armados os lances do jogo. Por quem, no final, Vaumont se apaixona em “As Relações Perigosas”, de Chorderlos de Laclos, senão pela inteireza de sentimentos e ações, distante de qualquer dissimulação, da mulher que julgara tão fácil seduzir e descartar? Uma mulher inteira, na plenitude de sua condição feminina. Uma mulher por quem valeria a pena uma entrega total...
Arte: www.swissinfo.ch
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO ACEITA CORTE IMPOSTO PELO EXECUTIVO
Por Dinarte Assunção
A exemplo da Assembleia Legislativa, e conforme
antecipado pelo Portalnoar.com, o Ministério Público editou e publicou nesta
quinta-feira (5) no Diário Oficial do Estado (DOE), resolução na qual promove
contingenciamento orçamentário de 4,72%.
Os motivos apontados no texto são os identificados
pelo estudo realizado por técnicos do MP, Tribunal de Justiça, Tribunal de
Contas do Estado e AL. “o Decreto Governamental nº 23.624 [que impôs cortes de
10,74%], aponta receita orçada no montante R$ 8.155.596.000,00, quando, na
verdade, esse total é de R$ 6.888.375.000,00, vez que daquele montante deve ser
deduzida a contribuição para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB – (Lei
Federal nº 11.494, de 20 de junho de 2007), a qual, conforme ainda o Anexo I da
LOA/13 (natureza da receita 90000000 – deduções da receita corrente), atinge o
montante de R$ 1.267.221.000,00″.
São ainda apontadas como razões outras
incongruências, como a inclusão de despesas em receitas. “O Decreto
Governamental nº 23.624 (Anexos I e II) deduz da receita do Tesouro as
transferências obrigatórias aos Municípios, embora a LOA/13 (Anexo II –
programa de trabalho – encargos especiais – transferências) contabilize tais
transferências como despesa, diferentemente da contabilização da contribuição
para o FUNDEB, segundo a mesma LOA/13, como acima exposto, o que torna ilegal a
dedução da despesa com as transferências obrigatórias aos Municípios da receita
do Tesouro”.
O texto justifica ainda que a frustração da receita
deve atingir 7,72% em 2013, sendo 4,72% apenas sobre o segundo semestre,
período para o qual passou a valer o decreto dos cortes. Tal qual o texto da
AL, o MP também arremata em sua resolução destacando que o Executivo não
cumpriu o próprio decreto.
“Considerando, finalmente, que prova cabal de que a
metodologia usada pelo Poder Executivo no Decreto Governamental nº 23.624/13 é
incorreta, não expressa o verdadeiro fluxo da execução orçamentária, nem está
conforme as regras legais pertinentes, notadamente a LOA/13, é dada pelo
próprio Decreto Governamental nº 23.624, em cujo Anexo III a aplicação do
percentual de redução de 10,74% em relação ao Poder Legislativo, Poder
Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público resulta em valores
aritmeticamente corretos, mas a aplicação dos mesmos 10,74% aos R$
5.650.640.449 do Poder Executivo (Anexo IV, 2ª coluna) resulta em valor
aritmeticamente errado, pois R$ 10,74% de R$ 5.650.640.449 não são R$
417.928.992,00 (4ª coluna), e sim R$ 606.878.784,00, o que gera uma diferença
discriminatória a favor do Poder Executivo de R$ 188.949.792″.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
DO ABISMO, A QUEDA?
Honório de Medeiros
Nada espere de mim:
sou todos, sou ninguém.
De mim colherá um instante,
apenas.
Nele, o que há?
O sopro de um Deus;
A gota de chuva na tempestade;
Ao léu, frases pinçadas;
Do abismo, a queda...
Todos homens são Um,
um homem é Todos.
Tudo espere de mim.
sábado, 30 de novembro de 2013
AS CABEÇAS TROCADAS E A FUGA DO DIREITO NO TRE-RN
Carlos Santos
Como não poderia deixar de ser, os rodeios, labirintos, escapismos, contorcionismos e malabarismos que campeiam no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vão se transformar em denúncia. O caso deverá ser formalizado à Corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ouvimos essa informação de uma fonte credenciada e influente, com livre trânsito nos corredores do mundo forense potiguar.
O julgamento que nunca chega ao fim na corte eleitoral, de variados recursos, deixou de ser simples emperramento processual ou esperteza de hábeis processualistas, para se transformar em aberração jurídica e desdém à própria sociedade.
O ridículo com pompa é, assim mesmo, ridículo.
Até para um leigo, fica fácil perceber que estamos diante de uma chicana (abuso de recursos, sutilezas e formalidades na Justiça com finalidade de adiar decisão).
Em benefício de quem? Por quê?
Um estudante de Direito que acompanhou as mais recentes sessões dessa corte deve se sentir deslocado. Perceberá a nítida distância entre o que é ensinado na academia e o que existe na prática.
No TRE temos de tudo, menos o direito – deve imaginar o outrora utópico acadêmico.
O tal “direito” saiu há tempos pela porta dos fundos, como um anjo torto ou quasímodo moral, se esgueirando por corredores, salas e escadarias até alcançar a rua. Por vergonha, medo ou sabe-se lá por qual razão… sumiu.
Deve estar nas mãos de algum julgador que em vez de julgar, se transformou em estafeta, espécie de ASG (Auxiliar de Serviços Gerais) em tráfego de papeis de grandes causas.
A vida de milhares de cidadãos e instituições públicas, em alguns municípios, ficam à mercê da boa vontade de umas poucas pessoas engravatadas.
Só para lembrar: todos, sem exceção, são servidores públicos; muito bem pagos, que se diga.
Em seu Olimpo, não são deuses ou demiurgos. São mortais que não têm o direito de fazer, do Direito, um direito próprio, particular, a seu tempo e hora ou sem hora para acabar.
Não defendemos a condenação de A ou B. Cobramos, como cidadãos, o julgamento célere, límpido e translúcido, sem macaquices e firulas ou mesmo sob amparo de desculpas esfarrapadas.
Culpado, condene-se. Em contrário, absolva-se.
A justiça que tarda, que se arrasta, por si só já é injustiça.
No TRE do RN, ela fez morada, como aquela coruja de olhos arregalados que dá um giro de 360 graus no próprio pescoço, mas nada vê à luz do dia.
Sem pressa, mantém seus hábitos crepusculares e noturnos, quando aí enxerga tudo que lhe interessa.
A corte eleitoral faz-nos desembarcar no romance “As cabeças trocadas” de Thomas Mann. “Sita”, protagonista, mergulha em dúvidas quanto à predileção mais sensata à sua vida. Fica entre duas preferências em questionamentos atrozes.
O final é trágico e didático. Prefiro não contar aqui. Leia.
Que o TRE bote a sua cabeça no lugar e faça a mais sensata das escolhas: a devoção ao direito.
Só isso.
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