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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

ROBINSON ERROU EM SUA MENSAGEM ANUAL

* Honório de Medeiros

O Governador Robinson Faria, na leitura da Mensagem Anual de 2018, errou.

Errou ao dizer que como era forte, foi pra cima e enfrentou a crise econômico-financeira existente no Rio Grande do Norte.

Ao contrário, ele se omitiu.

Quando cuidou, era tarde demais.

Ele disse: “Vou repetir: não foi o meu governo quem quebrou o estado.”

Tudo errado, Governador.

Como esquecer que você foi Vice-Governador, Presidente da Assembleia e Deputado Estadual nos governos anteriores ao seu?

Seu erro foi a omissão.

Se por desconhecimento ou desídia, não sabemos.

E, claro, somente os fracos transferem suas culpas.


 O escolhido desta vez foi a Petrobrás.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

TODOS ESTAMOS ILHA



* Honório de Medeiros


O mundo está se fragmentando.

Cada homem, hoje, é uma ilha.

Uma ilha em permanente guerra contra as outras.

Tudo quanto formava a unidade entre as pessoas, como a crença em Deus, a fé na Razão, a vida comunitária, se desfaz lentamente.

Não nos damos mais as mãos, a não ser quando tomados por algum interesse menor.

O altruísmo morre. O egoísmo cresce.

Todos são, desde algum tempo, donos da verdade única, e agimos como se quem não concordasse fosse um inimigo visceral.

Breve esse individualismo exacerbado, que se firma nos nossos piores defeitos, há de nos conduzir para uma realidade na qual cada um será somente por si, e ninguém por todos.

* Arte: somostodosum.ig.com.br

sábado, 20 de janeiro de 2018

ALGEMAR DESNECESSARIAMENTE É TORTURA

* Honório de Medeiros

O ex-Governador Sérgio Cabral deve ser punido por seus erros, todos eles. Todos. 

Isso é óbvio.

Mas algemá-lo não é exemplo de outra coisa senão do quão opressor o Estado pode ser quando ultrapassa seus limites.

Pobre ou rico, ninguém deveria ser algemado, exceto em situações excepcionais. Muito excepcionais.

Ao algemá-lo como a Polícia o fez legitimamos o excesso estatal, a tortura que seus agentes - não todos, claro - cometem, a humilhação desnecessária.

Esmagar o espírito de um homem revela quanto somos bestiais, uma vez jogada fora a tênue casca que aprisiona nosso íntimo.

ESQUERDA NACIONALISTA E DIREITA AUTORITÁRIA

* Honório de Medeiros

Um "meme", quando surge, impacta e sobrevive aos trancos e barrancos.

Uma vez estabelecido, retro-alimenta-se e se expande qual vírus, ao ponto de seu surgimento cair no domínio da lenda, da fantasia.

Vem o tempo da manipulação.

É o que acontece com as teorias conspiratórias, muito em uso por grande parte da direita nacionalista e esquerda autoritária.

Irmãos siameses.

REDE SOCIAL E CÃES DE RUA

* Honório de Medeiros

A Rede anda tão tomada por incivilidade que eu não tenho mais ânimo para nela discutir qualquer assunto. 

E uma realidade evanescente como a nossa, na qual tudo pode ser falso, parece somente sobrar espaço para defesas grosseiras das próprias crenças.

 É a vitória do grito, do ódio, da ira.

É a vitória do tribal, da gangue, da luta pelo próprio quintal.

É tempo de escatologias, palavrões, agressões.

Tempo de demarcar território, quais cães de rua.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

ESPECIALISTAS, O TEMPO DELES

* Honório de Medeiros

É o tempo dos especialistas. Sabem cada dia mais acerca de cada vez menos.

Chegará um dia em que saberão quase tudo acerca de quase nada.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

"OS TRÊS MOSQUETEIROS", SEMPRE!

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com

Finalmente repousa entre meus livros da "Coleção Dumas", "Les Trois Mousquetaires", tomos I e II, edição Boutan-Marguin, impresso em 20 de julho de 1966, tiragem com 6.423 exemplares.

Para isso percorreram, em linha reta, 6.726 quilômetros, desde Poitiers, capital do antigo Poitou, França, da qual foi condessa a belíssima Diana de Poitiers, amante do rei Henrique II, que lhe presenteou com o famoso Castelo de Chenonceau, no Vale do Loire.

Os livros foram adquiridos na feira mensal que lá reúne, em sua praça do mercado, inclusive sebos e antiquários, bem como produtores de vinhos e queijos.

  Os Três Mosqueteiros, ilustração de Maurice Leloir, 1894

O que torna essa edição tão especial para mim são as ilustrações de Saint-Justh, tal qual essa abaixo que retrata D'Artagnan, o personagem principal do romance:


A saga completa dos três mosqueteiros e D'Artagnan continua com "Vinte Anos Depois" e, em seguida, "O Visconde de Bragelonne", quando morrem todos, exceto Aramis, o Abade D'Herblay, já sexagenário e Geral da Ordem dos Jesuítas, o então chamado "Papa Negro".

Longa vida à memória de Alexandre Dumas!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

DE SAIR OU NÃO SAIR

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com


Saio pouco para não me incomodar com minha presença.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

GOVERNO DO ESTADO QUER PACTO COM OUTROS PODERES

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com

Leio na Tribuna do Norte de 12 de dezembro de 2017, em matéria acerca de declarações do novo Secretário do Trabalho, Habitação e Ação Social Vagner Araújo quando de sua posse, que o Governo do Estado, dentre outras medidas de curto e médio prazo, pretende propor um novo “pacto com os demais poderes”, quais sejam o Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público, para que cada um dê sua parcela de colaboração e o RN possa, assim, retomar seu equilíbrio financeiro e orçamentário.

Pareceu mais um discurso de Secretário de Planejamento que de Trabalho, Habitação e Ação Social.

Vagner Araújo é qualificado para o cargo. Inteligente, experiente, pragmático. E articulado. Trará, para o planejamento do Governo, o que lhe faltava.

Infelizmente chegou tarde.
Em 12 de novembro de 2014, fiz a seguinte publicação em meu blog (*). 

“Tendo em vista as informações” que vão surgindo na mídia acerca da alarmante situação financeira do Estado, não enxergo alternativa, para o futuro Governador do Estado, a não ser liderar a construção de um novo Pacto Social no Rio Grande do Norte para alavancar a urgente, imprescindível, fundamental, Reforma do Estado.

Pacto Social, vez que todas as forças da Sociedade, representadas pelos poderes constituídos, precisam participar diretamente, sob a legítima liderança do futuro Governador do Estado, da elaboração de uma Carta de Princípios que nortearia a Reforma de Estado.

Reforma de Estado que permita a reconstrução do Rio Grande do Norte social, econômica e financeiramente, estabelecendo os parâmetros necessários a serem seguidos pelos poderes constituídos para assegurar o desenvolvimento do Estado.

Uma vez estabelecidos esses instrumentos fundantes da nova realidade política, social e econômica, todas as medidas necessárias a serem tomadas estarão naturalmente legitimadas e contarão com o apoio da Sociedade. 

É o que se espera de alguém que foi escolhido pelo povo para derrotar todas as forças políticas tradicionais do Estado." 

Em 3 de junho de 2015, voltei a abordar o tema do "pacto social" (**): 

"O problema fundamental do RN, hoje, é antes de tudo, antes do social, do político, do econômico, de natureza orçamentária e financeira.

O Governo precisa de dinheiro e não tem de onde tirar. O saque no Fundo Previdenciário prova isso. E a situação vai piorar, estamos beirando a recessão. Os repasses estão em queda livre. A arrecadação do Estado, com o declínio da atividade econômica, tende a diminuir lenta e inexoravelmente. As demandas dos servidores e da Sociedade tendem a crescer.

Se eu fosse o Governador Robinson convocaria os Poderes e a Sociedade para um novo Pacto Social.

Um pacto social no qual a renúncia e o trabalho de cada um, pensando no todo, fosse mais importante que qualquer demonstração de unilateralidade.

O Governador é o líder institucional apto a convocar e coordenar esse processo. Com os votos que recebeu, na situação em que isso aconteceu, é de se dizer, até mesmo, que deve assumir esse papel.

E com os pés firmemente fincados no presente, lançar as bases do futuro."

Não que eu tenha a pretensão de ser lido por quem quer que seja, mas para ficar claro que as condições que geraram o caos econômico-financeiro do Estado já estavam presentes quando o atual Governador assumiu o Poder.

E tais condições não foram percebidas, o que é terrível, ou foram percebidas e deixadas de lado, o que é apavorante.

E eu penso, embora torça contra, que não há mais tempo para o planejamento e implantação de medidas estruturais.

Quando muito ainda sobra algum tempo para aumentar o endividamento do Estado, na tentativa de colocar o pagamento do funcionalismo em dia e evitar um desastre eleitoral.

E olhe lá!


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

DA LIBERAÇÃO DE PAGAMENTOS DE RESTOS A PAGAR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com


Boatos acerca de cobrança de percentual para liberação de pagamentos de antigos débitos a fornecedores (restos a pagar) de qualquer Estado são sempre preocupantes.

É preciso acompanhar a execução financeira do orçamento no Diário Oficial com uma boa lupa.

A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, considera crime:

"Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei:

Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)."

Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais.

Constatado o crime, isso afeta qualquer pretensão eleitoral.

sábado, 2 de dezembro de 2017

DE CRISES, PODER E BEBIDA

* Honório de Medeiros


Crises, poder e bebida potencializam o que de pior há em cada homem. E o desnudam. O que era esboço se transforma em caricatura.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

LEGALISMO DE CIRCUNSTÂNCIA, LEGITIMISMO DE CONVENIÊNCIA

* Honório de Medeiros


Muito recentemente o Tribunal de Justiça do Rn pagou R$ 39.000.000,00, isso mesmo que você está lendo, aos seus juízes, de auxílio-moradia.

Esse pagamento, realizado em outubro, legal, segundo alguns, ilegal, para muitos, mas claramente ilegítimo, é referente ao acumulado no período entre 2009 e 2014.

No meu entender fere, no mínimo, e claramente, o Princípio da Moralidade, previsto no artigo 37 da Constituição.

Algo não é moralmente correto porque é legal. Tampouco algo não é legal porque é moralmente correto. Mas se for ilegal é moralmente incorreto. E se incorreto moralmente, é ilegal. Ilegal e imoral.

Gilmar Mendes, ministro do STF, por exemplo, declarou recentemente que o "auxílio-moradia" é claramente inconstitucional.

Cada magistrado recebeu, em média, 130 mil, com picos de até R$ 152 mil.

Pois bem, é do conhecimento de todos que o pagamento dos servidores do Rn está atrasado.

O governo conta, desesperado, as migalhas, para pagar outubro e o décimo-terceiro. Nem se cogita pagar novembro e dezembro.

Hoje pela manhã, salvo engano, a Casa da Justiça do Rn deu, ao Governo, o prazo de 48 horas para lhe repassar o duodécimo atrasado.

Duodécimo que incide sobre uma expectativa de receita que não se realizou. Algo puramente formal. Mas não real. Uma das mais terríveis armadilhas do orçamento público.

Talvez tenham acabado, agora, as últimas esperança do servidor público do Rio Grande do Norte, de receber seu salário de outubro e, quiçá, o 13º.

Os homens sempre desmentem a noção de que a norma jurídica almeja a Justiça. 

É como sempre digo: legalismo de circunstância, legitimismo de conveniência.

domingo, 26 de novembro de 2017

A INSENSÍVEL NOTA DE ESCLARECIMENTO DO GOVERNO DO RN

* Honório de Medeiros
Procurei um pedido de desculpas do Governo do RN ao servidor público pelo atraso no seu pagamento e truculência policial na desocupação do prédio da SEPLAN, e nada. 

Quanta insensibilidade! Quanto desprezo! 

A Nota de Esclarecimento é uma graça. 

Afirma que o servidor está com seu salário atrasado somente há 25 dias. E esquece que o atraso no pagamento vem desde 2016. Salvo engano, desde há vinte e dois meses. 

E esse atraso causa todo tipo de transtorno na vida do servidor que precisa pagar a conta da mercearia, da farmácia, da escola, do transporte, do plano de saúde, e, o que é pior, muito pior, os juros do cheque especial e cartão de crédito, para não falar nos agiotas. 

Pois tanto os que ganham mais, quanto os que ganham menos, são iguais na hora de pagar suas contas. 

Lá para as tantas, na deselegante Nota com a qual a Sociedade foi brindada para justificar o atraso no pagamento, o Governo culpa o Poder Judiciário por ter bloqueado mais de R$ 115 milhões em 2017, de suas contas, e ainda obriga-lo a repassar o duodécimo ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público Estadual (MPE).

E adverte que os recursos serão subtraídos, por ordem da Justiça, da mesma conta de onde saem os recursos para pagamento dos salários dos servidores. 

Nada disso. A culpa não é do Judiciário. Tais decisões não existiriam se o Governo tivesse feito seu dever-de-casa. 

O atual Governo está mesmo é pagando o preço por sua incompetência e descaso. 

Incompetência por não ter sido capaz, embora tudo estivesse à vista, de perceber, tão logo chegou ao Poder, qual era a situação econômico-financeira em que se encontrava o Rio Grande do Norte.

Descaso por não ter tomado, então, todas as medidas urgentes, inadiáveis, fundamentais, desde o início, para que não acontecesse o que está acontecendo. 

Mas não. Preferiu viver de expedientes: um ano foi a reserva da previdência, saqueada sem dó, outro ano o repatriamento repassado pelo Governo Federal, enquanto o barco afundava. 

Ou seja, fazer aqui o que a Paraíba fez lá e por essa razão seu funcionalismo está em dia, e nosso vizinho, tão semelhante ao Rn, avança em todas as áreas, enquanto comemos poeira. 

Viva o Governo da Paraíba! 

Não esquece o cidadão que em 2014 Robinson Faria, então vice-governador do Rio Grande do Norte, em plena campanha ao Governo do Estado, prometeu, em seu programa eleitoral, atualizar e cumprir rigorosamente o calendário de pagamento dos servidores públicos estaduais. 

Várias vezes afirmou que “dinheiro tinha, o que faltava era administração”, criticando Rosalba Ciarlini. 

Das duas uma: conhecia a situação econômico-financeira do Estado e mentiu para o eleitor, principalmente para o servidor público, ou não a conhecia e o enganou.

sábado, 25 de novembro de 2017

MOMENTO TRÁGICO NA HISTÓRIA DO ATUAL GOVERNO DO RIO G. NORTE

* Honório de Medeiros


Atos como esse, de uso da força policial utilizando bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e de pimenta, contra servidores públicos que reivindicam pagamento de salários atrasados há dois meses, e que tentaram, sem sucesso, uma audiência com o Governador do Estado ao longo dos últimos dias, deixam cicatrizes definitivas na história de quem decidiu realiza-los.

São cicatrizes que não se apagam. Cicatrizes que resistem ao tempo e às circunstâncias. Cicatrizes indeléveis.

Principalmente quando a Sociedade, por seus líderes morais, ou mesmo em decorrência do senso comum, tem a percepção de que é justo aquilo que se reivindica, e não o é a atitude de truculência do Governo do Estado, mesmo que sob o amparo da Lei.

Pois não disse Santo Agostinho que "a necessidade não conhece Lei"?

A necessidade de comprar alimentos, remédios, pagar as escolas dos filhos, o transporte, as dívidas já contraídas para sobreviver e que se acumulam, essa necessidade não conhece Lei.

Mais ainda, a Sociedade percebe que é justa a reivindicação e injusto o tratamento dado a quem reivindica, quando tudo decorre de incompetência, de descaso, de alienação por parte daqueles que lideram o Estado.

Incompetência por não terem sido capazes os dirigentes, embora tudo estivesse à vista, de perceberem, tão logo chegaram ao Governo, a situação econômico-financeira na qual se encontrava o Rio Grande do Norte.

Descaso por não tomarem as medidas urgentes, inadiáveis, fundamentais, desde o início, para que não acontecesse o que está acontecendo.

Alienação por não entenderem o quanto tudo isso é muito ruim, é trágico, é terrível para todos os norte-rio-grandenses.

Não por outro motivo o venerável Pe. Sátiro Dantas, a quem tanto deve o  Rio Grande do Norte, ex-Reitor da UERN, do alto dos seus oitenta e tantos anos, deixa o seu repouso e, na redes sociais, apela:

"Falta-me força física, estaria ao lados dos colegas professores sofrendo essa humilhação. Apelo, ex-alunos diocesanos, desembargadores, juízes, promotores, advogados, deputados, homens e mulheres de influência residentes em Natal pratiquem o que aprenderam no velho Santa Luzia, exigindo justiça para a causa dos servidores públicos."

Mais claro não poderia ser.

No mesmo sentido foi o pronunciamento do Reitor Jairo José Campos da Costa, lá nas Alagoas:

"Venho, através deste texto, manifestar minha indignação contra o governador nefasto do meu estado de origem, o Rio Grande do Norte, Robinson Faria, que no dia de hoje, através da PM, agrediu, humilhou e jogou bombas e pimenta sobre os meus queridos mestres, professores da UERN, em Natal (...)"

E não somente. As redes sociais regurgitam repúdio, indignação, tristeza.

Ao cidadão comum não escapa, como dito, a percepção de que o movimento é justo, e a atitude do Governo, injusta.

Não esquece o cidadão, como lembrado no blogdocarlossantos.com.br, que em 2014 Robinson Faria, então vice-governador do Rio Grande do Norte, em plena campanha ao Governo do Estado, prometeu, em seu programa eleitoral, atualizar e cumprir rigorosamente o calendário de pagamento dos servidores públicos estaduais (*).

Das duas uma: conhecia a situação econômico-financeira do Estado e mentiu para o eleitor, ou não conhecia e o manipulou.


Mentira, manipulação, incompetência, descaso, ferem e deixam cicatrizes.


Nada como uma crise para as contradições virem à tona, e cada um de nós mostrar quem realmente é.


Cicatrizes terríveis essas que o Governador e seus auxiliares, responsáveis tanto quanto ele, carregarão consigo para o resto de seus dias.

(*) http://blogdocarlossantos.com.br/robinson-faria-promete-atualizar-folha-do-funcionalismo-do-rn/

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

PACTO SOCIAL



* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com

Pacto Social não é o mesmo que Reforma de Estado, assim como Reforma de Estado não é o mesmo que Choque de Gestão.
E, principalmente, conhecimento não é o mesmo que opinião.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

GOVERNO ROBINSON DIVIDE OS SERVIDORES EM DUAS CATEGORIAS

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com

O Blog de Carlos Santos noticia que o Governo Robinson pretende pagar o mês de outubro aos servidores da ativa da Polícia Militar e Polícia Civil, bem como os agentes penitenciários, no próximo dia 13 de novembro.

Ficariam de fora, como sempre, os aposentados e pensionistas, que receberiam junto com os demais servidores da segunda categoria do Estado do Rio Grande do Norte, ou seja, quando houver receita.

Por outro lado leio na Rede que os líderes desses mesmos servidores não aceitam a exclusão dos inativos e pensionistas da Polícia Militar e Polícia Civil do pagamento de outubro no próximo dia 13 de novembro.

Querem ir para o tudo ou nada.

Cabe perguntar: os auditores fiscais do Estado, assim como os Procuradores, aceitarão essa situação?

O Governo de Robinson dividiu os servidores em duas categorias: aqueles que recebem em dia, e aqueles que recebem se e quando houver receita.

Acerca de tal "construção" da Governança, silêncio total do Tribunal de Contas do Estado, da Assembleia Legislativa, do Ministério Público e da Justiça.

Na primeira categoria temos os servidores da Secretaria de Educação, os servidores de órgãos com receita própria e, a partir de agora, os servidores do sistema de segurança do Estado.

Na segunda categoria, o restante, incluindo aí os auditores fiscais e os procuradores do Estado. O "resto", como dizem nas redes sociais.

É interessante notar que apesar do carão que o Governador ministrou à PM via twitter - leia em honoriodemedeiros.blogspot.com - tratou logo de lhes atender privadamente, colocando o caixa do tesouro à disposição para atender sua pretensão de receber o salário em dia.

Carão em público, afago no privado.

Se a moda pega...

terça-feira, 7 de novembro de 2017

TEMPOS DIFÍCEIS PARA O GOVERNO ROBINSON

* Honório de Medeiros

Se o carão que o Governador Robinson Faria deu na Polícia Militar do Rio Grande do Norte ontem, via twitter, funcionar, e o movimento dos policiais, marcado para o próximo dia 13, quando as viaturas serão recolhidas, a tropa em serviço aquartelada, e os demais se farão presente à Governadoria, a partir das oito da manhã, desaparecer, nem assim parecem sossegados os dias vindouros do resto do seu mandato.

Vamos supor que o Governador tenha escolhido a tática de bater em público, para mostrar autoridade, e falar manso no privado, assegurando o pagamento em dia da Polícia Militar. 

Surgirá uma outra questão a ser repercutida continuamente na famosa "Rede": se podia pagar em dia, por que não o fez antes? 

E se não pagar em dia, mesmo depois do carão ministrado na Polícia Militar, como controlar os ânimos exaltados de quem foi enquadrado e continua com os bolsos vazios?

Supondo que pague, como segurar os auditores fiscais? E os procuradores? Todos hão de querer o mesmo tratamento. 

E se pagar a todas essas categorias, usando-se sabe-se lá qual retórica, deixando de lado os demais servidores, bem como os aposentados e pensionistas, como lidar com a inevitável onda de ressentimento por esse tratamento que os iguala a material de segunda?

Poderia ter sido diferente.

Leia http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2017/11/o-caos-de-ha-muito-anunciado.html

De qualquer forma esse ressentimento já cresce avassalador, na Sociedade.

Os servidores são numerosos e sua área de influência é ampla, espraiando-se da base ao topo da pirâmide social, e estão todos os dias, o dia todo na Rede, dando conta do que acontece com seus bolsos e apontando culpados. 

Não há marketing que suporte isso.

Terrível.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O CAOS DE HÁ MUITO ANUNCIADO

* Honório de Medeiros
Emails para honoriodemedeiros@gmail.com

Em 12 de novembro de 2014, fiz a seguinte publicação aqui, neste blog: 
http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2014/11/rn-de-pacto-social-e-reforma-de-estado.html

"Tendo em vista as informações que vão surgindo na mídia acerca da alarmante situação financeira do Estado, não enxergo outra alternativa, para o futuro Governador do Estado, a não ser liderar a construção de um novo Pacto Social no Rio Grande do Norte para alavancar a urgente, imprescindível, fundamental, Reforma do Estado.

Pacto Social, vez que todas as forças da Sociedade, representadas pelos poderes constituídos, precisam participar diretamente, sob a legítima liderança do futuro Governador do Estado, da elaboração de uma Carta de Princípios que nortearia a Reforma de Estado.

Reforma de Estado que permita a reconstrução do Rio Grande do Norte social, econômica e financeiramente, estabelecendo os parâmetros necessários a serem seguidos pelos poderes constituídos para assegurar o desenvolvimento do Estado.

Uma vez estabelecidos esses instrumentos fundantes da nova realidade política, social e econômica, todas as medidas necessárias a serem tomadas estarão naturalmente legitimadas e contarão com o apoio da Sociedade. 

É o que se espera de alguém que foi escolhido pelo povo para derrotar todas as forças políticas tradicionais do Estado." 

Em 3 de junho de 2015, voltei a abordar o tema do "pacto social":
http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2015/06/por-um-novo-pacto-social-para-o-rio.html

"O problema fundamental do Rn, hoje, é antes de tudo, antes do social, do político, do econômico, de natureza orçamentária e financeira.

O Governo precisa de dinheiro e não tem de onde tirar. A entrada no Fundo Previdenciário prova isso. E a situação vai piorar, estamos beirando a recessão. Os repasses estão em queda livre. A arrecadação do Estado, com o declínio da atividade econômica, tende a diminuir lenta e inexoravelmente. As demandas dos servidores e da Sociedade tendem a crescer.

Se eu fosse o Governador Robinson convocaria os Poderes e a Sociedade para um novo Pacto Social.

Um pacto social no qual a renúncia e o trabalho de cada um, pensando no todo, fosse mais importante que qualquer demonstração de unilateralidade.

O Governador é o líder institucional apto a convocar e coordenar esse processo. Com os votos que recebeu, na situação em que isso aconteceu, é de se dizer, até mesmo, que deve assumir esse papel.

E com os pés firmemente fincados no presente, lançar as bases do futuro."

Hoje, 6 de novembro de 2017, a Polícia Militar decidiu parar geral no próximo dia 13, por falta de pagamento e condições de funcionamento. Ficará aquartelada. Quatorze coronéis participaram da assembléia que tomou a decisão. Veículos serão recolhidos. Os policiais estarão na Governadoria a partir das 8:00 hs.

A UERN já decidira por greve geral, pelo mesmo motivo.

Os auditores fiscais também estão indóceis.

Todo o funcionalismo estadual, excetuando a Secretaria de Educação, está com dois meses de salário atrasado.

Aproxima-se o final do ano e o Governo, além de não pagar em dia, deixa a todos em total ignorância acerca de qual é a perspectiva possível, qual é o plano "B", ou "C".

Caos.

No mais é rezar. E esperar juízo nos homens...

sábado, 4 de novembro de 2017

DE COMO AQUILO QUE VOCÊ VÊ PODE NÃO SER O QUE VOCÊ PENSA


*Honório de Medeiros
honoriodemedeiros@gmail.com

É divertido ler “A Elegância do Ouriço”, um romance de Muriel Barbery.

Recomendo.

Vou, aqui, editar um trecho do livro que fala acerca da fenomenologia de Husserl.

“O quê”, vocês devem ter se perguntado. "Fenomenologia? Em um romance?”

É. Em um romance. E esse trecho prova, para mim, por a + b, que somente a literatura salva a filosofia da chatice dos filósofos.

Leiam:

“Então, a segunda pergunta: (o) que conhecemos do mundo?

A essa pergunta os idealistas como Kant respondem.

O que respondem?

Respondem: pouca coisa.

(...)

(Respondem que ) Conhecemos do mundo o que nossa consciência pode dizer dele porque isso aparece assim – e não mais.

Vejamos um exemplo, ao acaso, um simpático gato chamado Leon. (...) E pergunto a vocês: como podem ter certeza de que se trata de verdade de um gato, e até mesmo saber que é um gato? (...) Mas a resposta idealista consiste em demonstrar a impossibilidade de saber se o que percebemos e concebemos do gato, se o que aparece como gato na nossa consciência é de fato conforme ao que é o gato em sua intimidade profunda.

(...)

Eis o idealismo kantiano. Só conhecemos do mundo a IDEIA que dele forma a nossa consciência.”

Agora vem a parte que eu considero hilariante:

“Mas existe uma teoria mais deprimente que essa (...)

Existe o idealismo de Edmund Husserl (...)

Nessa última teoria só existe a apreensão do gato. E o gato? Pois é, o dispensamos. Nenhuma necessidade do gato. Para fazer o quê, com ele? Que gato? (...) O mundo é uma realidade inacessível que seria inútil tentar conhecer. Que conhecemos do mundo? Nada. Como todo conhecimento é apenas a autoexploração da consciência reflexiva por si mesma, pode-se, portanto, mandar o mundo para os quintos dos infernos.

É isso a fenomenologia: a CIÊNCIA DO QUE APARECE À CONSCIÊNCIA. Como se passa o dia de um fenomenologista? Ele se levanta, tem consciência de ensaboar no chuveiro um corpo cuja existência é sem fundamento, de engolir o pão com manteiga inexistente, de enfiar roupas que são como parênteses vazios, ir para o escritório e pegar um gato.

Pouco se lhe dá que esse gato exista ou não exista, e o que ele seja na própria essência. O que é indecidível não lhe interessa. Em compensação, é inegável que na sua consciência aparece um gato, e é esse aparecer que preocupa o nosso homem.”

Aí está. 

Por isso digo para meus alunos que o idealismo radical é a loucura da razão.

Fica mais fácil para eles entenderem o grande mistificador que foi Platão.

Entender que não existe algo Justo-Em-Si-Mesmo.

Entender o uso manipulativo, retórico, das teorias filosóficas.

E entender por qual razão os professores de Direito, com algumas exceções, são como os gatos existencialistas...

(*) Arte em gatoexistencial.com.br

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

DE VOAR ALTO NAS COISAS DO ESPÍRITO

* Honório de Medeiros

Adolescente, recém-chegado a Natal, apaixonado por livros, não sabia por onde começar na biblioteca de minha tia, que me acolhera em seu apartamento lá pelos meados da década de 70.

Li muitos, ali. Alguns livros, várias vezes. Naquele tempo não havia celular, e a televisão engatinhava.

Dia desses me perguntei quais daqueles livros, alguns ainda em minha posse, hoje, me marcaram. Não precisei procurar tanto nos desvãos já meio empoeirados da memória. Foram três, não tenho dúvida.

Um deles é um clássico: "O Meio é a Mensagem", de Marshall McLuhan. Na época, quando o li, não compreendi quase nada. Mas o conceito de "Aldeia Global", um meme de McLuhan, fixou residência definitiva em meu cérebro.

Outro foi um romance de Rabindranath Tagore, "A Casa e o Mundo". Uma estória de amor vivida na Índia, escrito com uma sutileza incomum, e uma prosa densamente poética.

Mas o fundamental, aquele que me marcou para sempre, foi "A Negação da Morte", de Ernest Becker, que ao autor valeu o Prêmio Pulitzer de Não-Ficção Geral de 1974.

É traumatizante a leitura de "A Negação da Morte" para um adolescente. Muito do que li, quando o peguei pela primeira vez, também me era incompreensível. A custo, entretanto, de relê-lo muitas vezes, no período, e ir em busca na obra de Freud, que jazia completa, nas estantes de minha tia, à minha disposição, dos conceitos-chaves utilizados por Becker, terminei entendendo o núcleo de sua argumentação.

Para Becker  o que é há de fundamental no ser humano é o medo da morte.

Esse receio, temor, medo, que está em cada um de nós desde que construímos nossas primeiras noções, é o motor que nos impulsiona e a fonte de nossa permanente angústia. Agimos, em consequência, para reprimi-lo, construindo "mentiras vitais" que nos permitam enfrentar a morte sob a ilusão de permanência histórica e explicam, assim, a conduta do homem.

Uma delas, a mais importante, é a ânsia por heroísmo, que em acontecendo, nos permite sobreviver na memória dos outros.

Creio, mas posso estar enganado, que Becker bebeu na fonte instigante de Sir Bertrand Russel que mina do seu “Power: A New Social Analysis”, onde ele expõe a teoria de que os acontecimentos sociais somente são plenamente explicáveis a partir da ideia de Poder. Não algum Poder específico, como o Econômico, ou o Militar, ou mesmo o Político, mas o Poder com “P” maiúsculo, do qual todas os tipos são decorrentes, irredutíveis entre si, mas de igual importância para compreender a Sociedade.


A causa da existência do Poder, para Russel, é a ânsia infinita de glória, inerente a todos os seres humanos. Se o homem não ansiasse por glória, não buscaria o Poder. Infinita posto que o desejo humano não conhece limites. Essa ânsia de glória dificulta a cooperação social, já que cada um de nós anseia por impor, aos outros, como ela deveria ocorrer e nos torna relutantes em admitir limitações ao nosso poder individual. Como isso não é possível, surgem a instabilidade e a violência.

É possível ler mais em:
http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2015/05/bertrand-russel-e-causa-da-existencia.html

Em tempos mais modernos, a incessante busca por notoriedade substituiu o impulso pelo heroísmo.

Talvez haja uma forte distinção entre um e outro calcada no caráter ético.

Enquanto no primeiro caso as ações parecem determinadas pelo narcisismo, no segundo pode haver a busca de passar para a história pelos feitos realizados em prol de uma ideia de Bem.

Ou será que a causa primeira nada mais seria que o narcisismo?

O certo é que Becker criou raízes fundas em mim, seja pelo impacto de uma teoria que tudo explicava mas nada devia a mitologias, seja pela angústia e prazer intensos que voar alto, nas coisas do espírito, ocasionam.

Nunca mais fui o mesmo.

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