sexta-feira, 9 de novembro de 2018

CONCENTRAÇÃO: VOCÊ CONSEGUE?



* Honório de Medeiros

A ciência começa a comprovar algo que o senso comum já constatara: estamos ficando cada dia mais limitados na nossa capacidade de concentração, principalmente em tarefas de natureza abstrata, tal qual ler um livro.

Em "A Civilização do Espetáculo" Mário Vargas Llosa especula, a esse respeito, por vias transversas, enquanto descreve a banalização da cultura contemporânea na medida da nossa opção pelo entretenimento ligeiro, de conteúdo pobre e forma atraente, em detrimento da complexidade da anterior herança cultural comum.

Não aponta causa específica para o fenômeno, mas alude, obliquamente, à onipresença imperiosa, por trás dos panos, da incessante busca pelo lucro.

Em outra face da questão o filósofo americano Michael J. Sandel, autor do aplaudido "Justiça" menciona, em "O que o Dinheiro não Compra", corroborando Llosa, o poder avassalador do mercado a dominar tudo e todos, corações e mentes, e suas consequências no universo moral. 

Quem diz mercado, diz lucro.

Daniel Coleman, famoso psicólogo americano professor em Harvard, criador do conceito de "Inteligência Emocional", pondera acerca do déficit de atenção cada vez mais profundo em nossa civilização, decorrente da escravidão às redes sociais, a originar uma demanda, no futuro, instaurada pelo próprio mercado, de em relação a todos quanto sejam capazes de se concentrar em tarefas de médio e longo prazo.

E se quando o mercado reagir a catatonia (alienação) já estiver plenamente estabelecida?

Acerca do fenômeno da volatilidade das percepções, causa e consequência desta atual fase do capitalismo, discorre Baumant com excepcional clareza em suas obras, de caráter mais filosófico que sociológico. Somos uma sociedade evanescente, diz ele, na qual a transitoriedade de tudo, cada vez mais acentuada e veloz, será o único fator permanente.

Ou seja, mercado, lucro, redes sociais potencializadoras, volatilidade, déficit de atenção, tudo está interconectado.

Ainda em outra face - são mesmo muitas, para a mesma realidade - Moisés Naím especula acerca da fragmentação do Poder, como o conhecemos, em consequência dessa realidade volátil, evanescente, permanentemente transitória, efeito, entre outras coisas, dos meios por intermédios dos quais ela é alimentada e cresce, ou seja, por exemplo, a rede social e a interconectividade.

O que estaria por trás de tudo isso? Como chegamos a esse patamar? Que teoria explicaria esse fenômeno em sua inteireza?

A menção, feita por Llosa, Sandel, tanto quanto Michel Henry e Debord, estes aqui ainda não citados, mas que também especulam acerca de faces dessa mesma questão social, e a onipresença do mercado poderia dar razão ao Marx sociólogo, embora não a aquele do materialismo dialético. Ou à teoria da seleção natural de Darwin, do qual o capitalismo seria uma consequência, digamos assim.

Nesses casos bem vale o dito atribuído a Proust: "o tempo é senhor da razão."

Ressalve-se, apenas, que as tentativas para conter a alienação, quando e se acontecerem, promovidas seja pelo próprio mercado, seja pelo Estado, poderão encontrar um status quo irreversível. Isso acontecendo, tendo como causa um brutal nivelamento por baixo em termos de capacidade de apreensão, de cognição, de capacidade de pensar em termos complexos, perdemos todos.

Concretamente viveremos a realidade das escolas no Brasil, hoje: cada dia mais alunos, cada dia menos conhecimento.

* Arte em www.daladierlima.com

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

BUCHA DE CANHÃO


* Honório de Medeiros

Os inocentes úteis urram galvanizados enquanto a caravana dos donos do Poder de esquerda ou direita passa. São bucha de canhão para quem os manipula.

Esquerda ou Direita têm o mesmo propósito: a destruição do Estado.

Os donos da Esquerda por ambicionarem o Poder enquanto defendem, para os inocentes úteis, que vão construir o Paraíso sobre os escombros dessa destruição. Socialistas selvagens.

Os donos da Direita por ambicionarem o Poder enquanto defendem, para os inocentes úteis, que todos serão ricos sobre os escombros dessa destruição. Capitalistas selvagens. 

Tanto uns quanto os outros querem o mesmo, acham que os fins justificam os meios, usam praticamente as mesmas táticas e estratégias, e somente diferem naquilo que prometem para quando chegarem ao Poder. São totalitários. 

Michiko Kakutani, prêmio Pulitzer de 1998, crítica literária do “The New York Times”, por mais de quarenta anos, em A Morte da Verdade (Notas Sobre a Mentira na Era Trump), conta que Steve Bannon, estrategista e conselheiro de Trump, certa vez descreveu a si mesmo como um “leninista”. 

O mesmo Bannon, ainda segundo Kakutani, teria dito o seguinte: “Lênin queria destruir o Estado, e esse também é o meu objetivo. Quero acabar com tudo e destruir todo o establishment de hoje em dia.” 

Lênin deve estar rindo muito em alguma das grelhas do inferno, apesar das dores. Ele é o patrono dessa maré de pós-verdade que se tornou praticamente hegemônica nos dias atuais, calcada no uso da retórica violenta, incendiária, em promessas simplórias e desconstrução da verdade, tudo potencializado pela internet. 

O fundador da URSS explicou, certa vez, que sua retórica era calculada para provocar o ódio, a aversão e o desprezo, não para convencer, mas para desmobilizar o adversário, não para corrigir o erro do inimigo, mas para destruí-lo. 

Quem quiser ler um pouco mais, está em “Report to the Fifth Congresso of the R.S.D.L.P. on the St. Petersburg Split of the Party Tribunal Ensuing Therefrom”, segundo Kakutani. 

Pois é.

* Arte em blog.maxieduca.com.br

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

CONHECI UM SANTO


* Honório de Medeiros

Para meu amigo Francisco de Sales Felipe.

Eu tinha dez ou onze anos quando conheci um santo. Chamava-se Helder Câmara, era Arcebispo da Igreja de Cristo em Recife e Olinda. A ele fui levado pela secretária particular do Governador Nilo Coelho, que eu suponho ter sido, muitas vezes, um canal de comunicação entre a Igreja, o Poder Civil e o Poder Militar em Pernambuco, dada sua condição singular de amiga pessoal dos líderes dessas instituições. Fomos eu, ela, uma tia, funcionária da Sudene, minha mãe e minha irmã, em começo de noite, na sede do arcebispado. Estávamos de férias em Recife. D. Helder nos recebeu com aquele seu sorriso luminoso, tão característico, olhos pisados pela falta de sono, o corpo mirrado, frágil, em seu ascético gabinete. Para mim, naquela época, era impossível sequer imaginar que ali estava um gigante moral. Um dique que com a força de suas palavras, atitudes, e carisma, tantas vezes contivera e conteria o furioso redemoinho, em Pernambuco, das águas turbulentas da repressão pós 64. Pregava defendendo uma Igreja simples, voltada para os pobres, e a não-violência. Orador que galvanizava multidões, também era um escritor cultuado. Dele li o belo “Um Olhar Sobre a Cidade”, perdido em alguma das mudanças que minhas muitas vidas me impuseram. Mas dele guardei mesmo, em meu coração, em minha mente, sem nunca esquecer, não somente a benção que seus dedos magros desenharam sob a minha testa ainda infantil, como também uma frase sua, lida em algum lugar, que é a síntese, para mim, do seu apostolado, tão bela quanto densa: “me enriqueces quando discordas de mim”. Eis uma epistemologia em forma de poesia direcionada ao espírito dos homens de boa-fé do povo de Deus. Minha benção, padre. Quando me lembro do senhor, acredito na humanidade.

sábado, 6 de outubro de 2018

EIS COMO VOTAREI EM 7 DE OUTUBRO DE 2018


* Honório de Medeiros


Presidente – João Amoedo (30) 

Governador – Carlos Eduardo (12) 

Senador – Magnólia (777) 

Deputado Federal – Alayde Passaia (333) 

Deputado Estadual – Nina Souza (12123) 

* Faz parte de um compromisso comigo mesmo sempre declinar meu voto antes das eleições.

Arte: Francisco Gomes da Silva

domingo, 30 de setembro de 2018

CHEGA DE SAUDADE


* Florentino Vereda

De passagem pelo Rio, resolvi assistir, mesmo de longe, a uma dessas manifestações que estão mudando a cara do País. Entre tantas placas de “”FORA...”, “BASTA...”, “QUEREMOS...”, uma me chamou a atenção : “CHEGA DE SAUDADE”. Tentei me aproximar da pessoa que a conduzia, mas a multidão me arrastou para outro lado. Só deu pra ver, pelos cabelos grisalhos, que era algum idoso.
Mais tarde, num desses bares de esquina de Copacabana, dei de cara com o tal manifestante, tomando um chope antes de voltar pra casa. Aproximei-me dele e comentei:

- Curiosa sua placa. Saudades de que?

- Senta, cara. Garçom, mais um chope. Olhou em direção do mar e acrescentou:
- Saudades do que poderia ter sido e não foi. Também fui jovem, protestei contra tudo que lá estava, também sonhei com um futuro. Cantava “”Apesar de você”” e acreditava que amanhã seria outro dia. A democracia era, para mim, a mulher com quem todos os homens sonhavam e com quem queriam viver o resto de suas vidas. Hoje a democracia com a qual vivemos é uma balzaquiana de 30 anos, sambada, rodada e prostituída, deformada por cirurgias plásticas intermináveis às quais chamam de emendas constitucionais, medidas provisórias e outros nomes bonitos que disfarçam a feiura de seus propósitos. Já se deitou com centenas de políticos, lambuzando-se nos leitos imundos do poder.

- Posso pedir outro chope?; perguntei.

- Claro. Ainda não acabaram com o papo de bar. Mas já não é a mesma coisa. De futebol, os grandes lances não são as “folhas-secas” de Didi, os dribles geniais de Garrincha e a elegância de Djalma Santos. Os craques de hoje são os cartolas, jogando nos carpetes dos gabinetes, tocando a bola e embolsando uma grana preta. Grana também é o que não falta para os jogadores que somam aos salários astronômicos as vultosas verbas de publicidade, de produtos que sequer usam na vida real. Em campo a vergonha campeia. Veja o Santos do Rei Pelé levar de oito dos deuses do Barça. E a Alemanha meter sete na caçapa da CBF. Saudades do tempo das “”casas simples com cadeiras nas calçadas”” onde vizinhos conversavam depois da janta, até o sono chegar. Hoje está todo mundo trancado em casa, diante da TV, vendo novelas com personagens ridículos, perversos e traiçoeiros tramando golpes e safadezas, coisas que serão imitadas posteriormente na vida real enquanto os anunciantes empurram produtos supérfluos e desnecessários a otários desprevenidos.

Chama o garçom, pede mais dois chopes e continua:

- Por isto, amigo, que ainda saio de casa e me junto à turba ignara, talvez com saudades da minha época de estudante. Vivemos hoje uma agoracracia. O povo está nas ruas forçando o Legislativo a legislar e o Executivo a executar. Não sei se vai dar certo. Sempre há os espertos. Vândalos e saqueadores misturam-se com sindicalistas, todos tentando arrancar algo do navio que está afundando. Políticos adotam como suas as ideias que jaziam adormecidas em berço esplêndido. Mas é melhor do que não fazer nada. Quem sabe, alguma coisa muda? A esperança verde é a última que morre amarela.

Arrisco uma pergunta, olhando nos seus olhos, se essas saudades são também de alguma mulher; algum amor da juventude, cuja chama ainda arde no peito, cuja lembrança ainda não se despregou da memória.

- Nada disso, amigo. Neste quesito dei sorte. Naqueles tempos conheci uma colega de universidade, lá no Calabouço, ali onde mataram Edson Luís. Juntos corremos da Policia. Juntos gritamos palavras de ordem. Juntos cantamos “”pra não dizer que não falei de flores.” Namoramos, juntamos nossas escovas e, desde aquela época continuamos juntos, dois companheiros e dois amantes. Pena que ela não queira mais sair comigo à noite. Anda com medo dos arrastões em bares e restaurantes. Fazer o que? Aliás, se o amigo me permite, vou embora. Ela está me esperando com açúcar, com afeto.

Levantou-se, pediu a conta, pagou as duas rodadas de chope (não admitiu a minha intervenção) e se despediu com um forte aperto de mão, dizendo:

- Boa sorte pra você, que mal vê a luz que mal se acende.

E sumiu no meio da multidão.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

NO TEMPO DOS CANGACEIROS E DOS CORONÉIS

NO TEMPO DOS CANGACEIROS E DOS CORONÉIS: CANGACEIRO MOITA BRAVA DELATA O ENVOLVIMENTO DE IMPORTANTES CORONÉIS PARAIBANOS EM ASSALTOS NA REGIÃO DE POMBAL


* José Tavares de Araújo Neto

O Dr. José Ferreira de Queiroga, deputado estadual, chefe político que comandava Pombal desde 1915, mantinha estreitas ligações com o coronel José Pereira, líder da cidade de Princesa, também com assento na Assembleia Legislativa da Paraíba. José Pereira e José Queiroga integravam, na condição de primeiro e segundo vice-presidentes, a “Chapa dos Três Jotas”, encabeçada por Júlio Lyra, e que apresentada em 1928 pelo Presidente do Estado Joao Suassuna para sua sucessão, mas que foi vetada pelo todo poderoso ex-presidente da República Epitácio Pessoa.

Inimigo declarado do coronel José Pereira, o Presidente João Pessoa se incomodava com essa relação de compadrio entre os dois coronéis, não dispensando o menor sentimento de confiança ao pombalense. Em 1929, na tentativa de indicar o prefeito de Pombal, Dr. José Queiroga teve três nomes rejeitados pelo Presidente João Pessoa, que nomeou para o cargo Elias Camilo de Sousa, sugerido por seu cunhado, o Procurador Geral do Estado Dr. Mauricio de Medeiros Furtado, pai do economista Celso Furtado.

Em 1930, a Paraíba se encontrava no estágio máximo de sua efervescência política. Sob o pretexto de manter a ordem e garantir lisura na eleição presidencial, marcada para dia 1º de março, o Presidente do Estado João Pessoa, candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Getúlio Vargas, enviou à cidade de Teixeira um forte efetivo da polícia militar, comandado pelo tenente Ascendino Feitosa, que determinou a prisão de importantes figuras da oligarquia Dantas, aliada do Coronel José Pereira Lima, e este, por sua vez, em face dos acontecimentos, tinha se feito inimigo político e pessoal do Presidente do Estado.

Sabedor da prisão dos seus correligionários, o coronel José Pereira mandou um recado para o tenente Ascendino Feitosa: Se não soltasse os presos, ele mesmo iria libertá-los e não sobraria um só soldado para contar a história. A princípio o tenente resistiu, porém cedeu quando soube que as tropas do coronel, em grande quantidade e bem municiada já se dirigia a Teixeira. Percebendo a grande desvantagem numérica, o tenente não viu outra saída a não ser ordenar aos seus comandados a imediata retirada. Este evento marcou o início do sangrento conflito que ficou conhecido como “A Guerra de Princesa”.

Para enfrentar os sediciosos de Princesa, o Presidente João Pessoa havia disposto o efetivo policial da Paraíba sob três comandos: um com o Coronel Comandante da Polícia Militar da Paraíba, Elísio Sobreira; outro com o Delegado Geral do Estado, Severino Procópio; e, o terceiro, com o Secretário de Interior e Justiça, José Américo de Almeida. Enquanto os combates com as forças paraibanas centralizavam-se na região de polarizada por Princesa, o coronel José Pereira formou grupos armados destinados a buscar meios para financiar a guerra nas regiões de Coremas, Malta, Pombal, Catolé do Rocha, Brejo do Cruz e São Bento. Os locais de apoio se concentravam no município de Pombal, nas Fazendas Oriente e Olhos D’água, propriedades dos irmãos Dr. José Queiroga e Coronel Manuel Queiroga, ambos filho do Coronel Benedito Queiroga, conhecido coiteiro do cangaceiro Antonio Silvino, falecido em 1921. Os jagunços do coronel José Pereira haviam recebido ordem expressa para atacarem a fazenda Conceição, do Coronel José Avelino de Queiroga, abastado fazendeiro, principal adversário político de Dr. José Queiroga. A rota de fuga seria na direção de cidade de Serra Negra, no vizinho Estado do Rio Grande Norte.

O Grupo, comandado pelo ex-cabo João Paulino, desertor da Polícia Militar do Estado da Paraíba que se aliou ao Coronel José Pereira, tinha como pontos de apoio as Fazendas Oriente e Olhos D’água, propriedades dos irmãos Dr. José Queiroga e Coronel Manuel Queiroga, ambos filho do Coronel Benedito Queiroga, conhecido coiteiro do cangaceiro Antonio Silvino; falecido em 1921. O grupo havia recebido ordem expressa para atacar a fazenda Conceição, do Coronel José Avelino de Queiroga, que apesar de primo, era o principal adversário político de Dr. José Queiroga. Avisado que a força volante se dirigia a Fazenda Aliança, onde o bando se encontrava acoitado, João Paulino juntou seus homens, montaram em seus cavalos e partiram em desenfreada disparada na direção fa Fazenda Olho D’água. Ele, como uma pessoa bastante experiente, sabia que era preciso esquivar-se de embates com a polícia a fim de evitar perdas desnecessárias de homens e, principalmente, economizar munição. Além desses motivos, havia a recomendação de fazer o máximo possível para não comprometer a respeitável figura do deputado Dr. José Queiroga. Na pressa, o cangaceiro Moita Brava sofre uma queda do cavalo, não suportando as dores, sendo deixado aos cuidados de um sertanejo amigo de Dr. Queiroga, enquanto o bando se divide em três subgrupos, que tomam diferentes direções.

Sob a coordenação do Secretário José Américo, a tropa governista impõe uma intensa perseguição. Em 08 de julho, localiza e prende Moita Brava. No dia 10, cerca e mata Candido Honorato, no sitio Pau Ferrado. No dia seguinte, a volante comandada pelo tenente José Guedes ataca o grupo no Sitio Almas, matando uma pessoa, e fazendo apreensão de dois fuzis e recuperação de vários objetos roubados. No dia seguinte, o bando com invade a fazenda Ipueiras, de propriedade de Pedro Marques de Medeiros, roubando dinheiro, objeto e incendeia a fazenda, logo após fugindo na direção vizinha cidade de Serra Negra, no Rio Grande do Norte.

Preso, o cangaceiro Moita Brava é levado para à cadeia da cidade de Brejo do Cruz, onde no dia 10 de julho presta um bombástico depoimento (v. anexo), no qual delata o envolvimento do coronel José Pereira e do Dr. José Queiroga nos fatos acontecidos em Pombal. Quatro dias depois, ou seja, no dia 14 de julho, Moita Brava falece na prisão, acometido por uma pneumonia dupla, cujo diagnostico foi assinado pelo médico Dr. Américo Maia, primo e cunhado dos futuros governadores João Agripino (PB) e Tarcísio Maia (RN).

(*) TERMOS DO DEPOIMENTO DO CANGACEIRO MOITA BRAVA PRESTADO AO SUBDELEGADO DE BREJO DO CRUZ

Aos dez dias do mez de julho do anno de mil novecentos e trinta, nesta Villa de Brejo do Cruz, na cadeia pública, presente o subdelegado de polícia, sargento Delmiro Pereira da Silva, foi ouvido Euclydes Bezerra, que respondeu as perguntas que foram feitas pela dita autoridade, pelo modo seguinte: Perguntado qual o seu nome, filiação, idade, profissão, estado, nacionalidade, residência e se sabia ler e escrever, respondeu chamar-se Euclydes Bezerra, vulgo “Moita Brava”, filho de José Bezerra, com vinte e cinco annos de idade, solteiro, Josécultor, brasileiro, no Espírito Santo, Estado de Pernambuco, não sabe ler nem escrever. Perguntado mais como se passado o facto de ter elle sido preso, respondeu que foi preso pelo dr. secretário de segurança, no logar cujo nome elle ignora, sabendo, entretanto, ter sido o município de Pombal, devido fazer parte do grupo que vinha de Princeza, chefiado por João Paulino, Abilio e Rogério de tal; que ficou em sua casa doente, por não poder seguir com seus companheiros; que faz uns dezoito ou vinte dias que fazia parte do grupo, tendo entrado no grupo no logar Barra, do município de Princeza; que de Barra seguiu para Olho d’Água, dahi dirigiram-se para a fazenda do coronel João Alves, onde houve um tiroteio de dez minutos mais ou menos, tendo o grupo roubado, incendiado e feito outras depredações; dahi da propriedade de João Alves foram para a propriedade do subdelegado de Malta, que reside no município de Piancó, de nome Tota Assis, onde o prenderam e o conduziram, fazendo ali pequeno roubo; que dahi seguiram para o “Oriente” do dr. José Queiroga, onde passaram três dias, onde não fizeram nenhuma depredação, por terem ordem do coronel José Pereira para ali não tocarem em nada; que sahiram do oriente, porque foi um portador de Pombal avisar que ia uma força em perseguição e levava um dinheiro que foi entregue a João Paulino, cuja quantia elle ignora; que lá no “Oriente” receberam quatro animaes de presente, mandados por um senhor por nome de Cabeçudo e mais um rapaz para fazer parte do grupo, de nome José, que foi appellidado pelo grupo pelo nome de “Norato”, cujos signaes característicos são os seguintes: alto, alvarento, secco do corpo, cabello vermelho, faltando um dedo mínimo na mão esquerda; que logo depois da chegada do aviso de Pombal com algumas horas o grupo foi atacado, pela força, havendo um pequeno tiroteio, que dahi eles correram em direcção da rodagem de Malta a Pombal, onde fizeram alguns roubos e depredações; que o grupo era composto de quarenta e seis homens chefiadas por João Paulino, Rogério e Abilio, tendo outro grupo chefiado por José Joca, com perto de trinta e cinco homens, que se separou do grupo de João Paulino no logar Olho d’Água; que o grupo trazia ordem do coronel José Pereira de só passarem três semanas, voltando novamente para Princeza, mas o chefe do grupo disse que passava até três mezes se pudesse; que o grupo tinha ordem do coronel José Pereira de saquear e fazer depredações e não atirarem para não estragar a munição, que o grupo falava em atacar Pombal, Brejo do Cruz, Curema, Catolé, Conceição do Coronel José Avelino, Catingueira, e Serra Negra, não sabendo se nesta era para atacar ou descansar; que o producto do roubo os cabras entregaram ao chefe do grupo; que elle interrogado fez parte do grupo por ter se desgostado com a família; que os nomes do pessoal do grupo e seus apellidos de guerra eram os seguintes: João Paulino, Rogério, Abillo, Adaucto, José Joca, que ficou em Olho d’Água; Adalberto, Sebastião Engraxate, Arthur, cícero Fernandes, Briba, nome de guerra que ignora o nome; Garrincha, Euclydes de Goes, Lino, Norato, José Caetano, Manoel Rocha, Felix Raymundo, Leopoldo e outros que não sabe do nome nem do apellido. E como nada mais foi perguntado, deu a autoridade o auto por findo, mandando lavrar o presente auto, que depois de lido e achado conforme, assigna com Ildefonso Chaves e Octávio Olympio Maia, por não saber o interrogado escrever, commigo Urbano Maia, escrivão que o escrevi, Delmiro Pereira da Silva, Ildefonso Chaves e Octávio Olympio Maia.


(*) Depoimento Transcrito do Diário de Pernambuco, edição de quinta-feira, 24 de julho de 1930, página 3. (edição 00168).

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

MAS, NUM POSTE, VOTO NÃO! (POETA RAMIM ALEIJADO, SANTA CRUZ-RN

E SE TODAS AS CAMPANHAS POLÍTICAS NO BRASIL FOSSEM DISPUTADAS NA VIOLA E NO VERSO?

Autor: poeta Ramim Alejado /Sta Cruz-RN


Eu voto numa gazela

Num pedaço de imbira
Numa espinha de traíra
Na tampa de uma panela
Eu voto numa suvela
Num pedaço de carvão
Voto num pano de chão
Numa cadela com xanha
Voto na mãe de pantanha
Mas num poste, voto não!

Voto num galo goguento
Apoio até João badalo
Voto na tampa de um ralo
Num cachorro bem sarnento
Voto em qualquer lazarento
Na zuada de um trovão
Eu voto num gavião
Mas não voto num fantoche
Dou meu voto ate num broche
Mas num poste, voto não!

Eu voto num carroceiro
Numa velha maltrapilha
Mas não elejo quadrilha
Pra roubar nosso dinheiro
Não dou voto a cachaceiro
Que vive numa prisão
Eu voto até num furão
Voto num arroto xôco
Voto na bucha de um côco
Mas num poste, voto não!

Por ser um bom eleitor
Voto numa muriçoca
Voto numa franga choca
Na carroça de um trator
Num avião sem motor
Numa casca de limão
Voto na irmã do cão
Numa quenga depravada
Voto num cabo de enxada
Mas num poste, voto não!

Pra mudar este pais
Eu voto até numa muda
Não voto em cobra barbuda
Que tem nome de Luiz
Voto numa meretriz
Dou meu voto a safadão
Mas gigolô de ladrão
Nessa terra eu não aceito
Dou meu voto num confeito
Mas num (POSTE) voto não!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

MADURO SE BANQUETEIA ENQUANTO VENEZUELANOS PASSAM FOME

* Honório de Medeiros

Seja de direita ou esquerda, os tiranos são todos iguais.

Nada mais repugnante, ultimamente, que o banquete de Maduro, o ditador venezuelano, com direito a charutos individualizados enviados direto de Cuba e bebidas finas, na Turquia, enquanto seu povo, literalmente, passa muita fome.

Leia matéria e julgue você mesmo, em "El Pais": 
(https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/internacional/1537231749_772809.html)

Ou leia transcrição abaixo:

"Voltando de uma viagem à China e à Rússia, onde pediu um empréstimo para reativar a deprimida estatal petroleira PDVSA em meio à pior crise econômica já vivida na Venezuela, Nicolás Maduro fez uma parada em Istambul. O líder chavista visitou o restaurante do famoso chef turco Nusret Gökçe, conhecido como Salt Bae, que viralizou nas redes sociais por sua teatral maneira de cortar e depois salgar as carnes, como se estivesse jogando um feitiço na comida.

Os vídeos publicados nas contas do Instagram e Twitter dessa celebridade da Internet (@nusr_ett) mostram o mandatário e sua esposa, Cilia Flores, desfrutando de um corte de carne servido pelo próprio cozinheiro, e logo depois de charutos levados num umidificador personalizado com seu nome. O famoso chef também lhes entregou camisetas promocionais e, numa das gravações, Maduro faz um convite para que ele vá a Caracas.

“Queria agradecer o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por sua visita”, escreveu o chef, que em sua rede internacional de restaurantes já recebeu celebridades como os jogadores David Beckham, Cristiano Ronaldo e Diego Armando Maradona, e também o cantor de reguetón J Balvin. Este último, aliás, insultou Maduro nos comentários da publicação, que foi apagada da conta do chef no Instagram. O vídeo se tornou trending topicmundial e gerou grande indignação nas redes sociais na Venezuela. A crise socioeconômica e a escassez fizeram os indicadores da fome se multiplicarem, segundo o último relatório da FAO (agência da ONU para a alimentação): entre 2015 e 2017, 3,7 milhões de venezuelanos sofreram de subnutrição, quatro vezes mais que no triênio de 2010-2012.

O próprio Maduro se referiu na noite de segunda-feira ao jantar em Istambul, no seu primeiro pronunciamento após pousar em Caracas. “Envio daqui uma saudação ao Nusret. Ele nos atendeu pessoalmente, ficamos conversando, nos divertindo com ele. Um homem muito simpático, ama a Venezuela", disse. O país sofre uma crônica escassez de alimentos, e especialmente de carne, que desapareceu dos estabelecimentos depois de uma nova tentativa governamental de impor controles aos preços como parte do pacote de medidas econômicas para resgatar a economia venezuelana."

domingo, 16 de setembro de 2018

TRISTE BRASIL

* Honório de Medeiros

Bem dizia Oswaldo Aranha em 1933: "O Brasil é um deserto de homens e ideias". 

Mais de homens que de ideias, acrescento eu.

Que tempos, estes!

Qual futuro pode ter um país cujo STF é presidido por um Toffoli, o Senado por um Eunício Oliveira, a Câmara por um Rodrigo Maia, e a Presidência por um Michel Temer?

Como um professo de Direito pode estimular seus melhores alunos a estudar quando um nulo, sem qualquer mérito, como Toffoli, chega à Presidência do STF?

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

CONVITE DE UM PAI ORGULHOSO

A imagem pode conter: texto

Local, dia e hora: Temis Clube Balcão Bar, Avenida Rodrigues Alves, 950 - Tirol, Sede do América Futebol Clube, 20 de setembro do corrente, a partir das 18 horas.

E o convite de Bárbara de Medeiros:

"LANÇAMENTO DO MEU TERCEIRO LIVRO

Gente, veio mais rápido do que a gente pensava, mas talvez não da forma que vocês esperavam, hahaha.

É com muito orgulho (e algumas lágrimas de incredulidade) que convido vocês ao lançamento do meu primeiro livro em colaboração - um livro de Direito, fruto de árduo trabalho com meus colegas do Núcleo de Pesquisas em Direito Internacional (NUPEDI).

Mesmo se você não é da área de Direito, esse livro pode ser importante pra você, por dois motivos:

1. Trata de temáticas atuais que permeiam o nosso dia-a-dia, se você está atualizado com as notícias do jornal. O meu artigo no livro, por exemplo, trata de refugiados e apátridas.

2. Você vai estar ajudando a desenvolver a pesquisa universitária no Brasil, que urgentemente precisa de patrocínio.

Espero vocês lá pra lhes dar um abração!"

terça-feira, 11 de setembro de 2018

PLATÃO E SUA ONIPRESENÇA


Honório de Medeiros

* Emails para honoriodemedeiros@gmail.com
* Respeitemos o direito autoral. Em conformidade com o artigo 22 dLEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.


Platão põe na boca de Codro, no Banquete: "Supondo acaso que Alcestes... ou Aquiles... ou o próprio Codro teriam buscado a morte - afim de salvar o reino para seus filhos - se não tivessem esperado conquistar a memória imortal de sua virtude, pelo qual, em verdade os recordamos?"

Recordo, então, de Ernst Becker, e seu A Negação da Morte.

Para Becker  o que há de fundamental no ser humano é o medo da morte.

Esse medo, que está em cada um de nós desde que construímos nossas primeiras noções acerca de nós mesmos e do que nos cerca, é o motor que nos impulsiona e a fonte de nossa permanente angústia.

Agimos, em consequência, para reprimi-lo, construindo "mentiras vitais" que nos permitam a ilusão de permanência histórica e explicam, assim, a conduta do homem.

Delas a mais importante é a ânsia por heroísmo, que em acontecendo, nos permitiria sobreviver na memória dos outros.

Creio, mas posso estar enganado, que Becker bebeu na fonte instigante que mina de Power: A New Social Analysis, de Sir Bertrand Russel, onde ele expõe a teoria de que os acontecimentos sociais somente são plenamente explicáveis a partir da ideia de Poder.

Não algum Poder específico, como o Econômico, ou o Militar, ou mesmo o Político, mas o Poder com “P” maiúsculo, do qual todas os tipos são decorrentes, irredutíveis entre si, mas de igual importância para compreender a Sociedade.

A causa da existência do Poder, para Russel, seria a ânsia infinita de glória, inerente a todos os seres humanos.

Se o homem não ansiasse por glória, não buscaria o Poder. Infinita posto que o desejo humano não conhece limites. Essa ânsia de glória dificulta a cooperação social, já que cada um de nós anseia por impor, aos outros, como ela deveria ocorrer e nos torna relutantes em admitir limitações ao nosso poder individual.

Como isso não é possível, surgem a instabilidade e a violência.

Mas não somente.

No Estadista Platão alude, em tradução direta do grego arcaico por Sir Karl Popper para A Sociedade Aberta e Seus Inimigos a uma "Idade de Ouro, a era de Cronos, uma era em que o próprio Cronos rege o mundo e em que os homens nascem da terra, (...) seguida pela nossa própria era, a de Zeus, um período em que o mundo é abandonado pelos deuses e só conta com seus próprios recursos, sendo, consequentemente, um tempo de acrescida corrupção."

É de se recordar toda a obra de Talkien, principalmente o Silmallirion e sua cronologia do surgimento das raças que povoaram a Terra Média até que os homens a assumissem em definitivo, na Quarta Era.

Teria a leitura de Platão influenciado a obra do erudito autor de O Senhor dos Anéis?

 Arte: filosofia.com.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

CARIRI CANGAÇO EM SÃO JOSÉ DE BELMONTE - PROGRAMAÇÃO

IMPERDÍVEL! Em um lugar mágico, no qual a literatura, o misticismo, o cangaço e o coronelismo marcaram encontro por intermédio dos seus estudiosos, o Cariri Cangaço, mais uma vez, expõe a alma sertaneja nordestina brasileira para seus admiradores pelo Brasil e o mundo, sob a batuta de seu Curador Manoel Severo Barbosa.


PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO
SÃO JOSÉ DE BELMONTE 2018


QUINTA-FEIRA, 11 de Outubro de 2018

19h – Noite Solene de Abertura 
Castelo Armorial
São José de Belmonte

19h10min - Apresentação do Grupo de Bacamarteiros
Associação dos Bacamarteiros de São José de Belmonte

19h20min – Formação da Mesa de Autoridades
19h30min – Hino Nacional


19h30min – Apresentação do Cariri Cangaço
Por Conselheiro
HONÓRIO DE MEDEIROS 
Natal-RN

19h45min - Fala das Autoridades

20h20min - Entrega de Diplomas a homenageados
ROMONILSON MARIANO 
KAYSON DE OLIVEIRA PIRES 
ROBÉRIO CARVALHO BEZERRA
JACKSON CARVALHO 
VALDIR JOSÉ NOGUEIRA MOURA
Por Conselheiros e Pesquisadores 
JOÃO DE SOUSA LIMA
ELANE MARQUES
RODRIGO HONORATO
WILTON SILVA

20h40min - Comenda ao Mestre Ariano Suassuna
"Personalidade Eterna do Sertão"
MANUEL DANTAS SUASSUNA
Por Conselheiros
IVANILDO SILVEIRA 
JULIANA PEREIRA

20h45min - Comenda ao Castelo Armorial
"Equipamento Imprescindível à Memória e Cultura do Sertão" 
CLÉCIO NOVAES
Por Conselheiros
WESCLEY RODRIGUES
CRISTINA COUTO

20h50min - A Força e a Tradição de São José de Belmonte
VALDIR JOSÉ NOGUEIRA MOURA

21h20min - O Legado do Cariri Cangaço
MANOEL SEVERO BARBOSA

21h45min - Coquetel de Encerramento
Castelo Armorial

SEXTA-FEIRA
Dia 12 de Outubro de 2018

8h30min - Saída para Visita Técnica

9h - Fazenda Cristóvão de Ioiô Maroto
São José de Belmonte

9h30min - Descerramento da Placa Comemorativa do
Marco da Fazenda Cristóvão

10h – Conferência: “A Trama da Invasão de Belmonte e a 
Morte de Gonzaga em outubro de 1922"
VALDIR JOSÉ NOGUEIRA MOURA

12h - Almoço 

14h - Visita Guiada e Comentada:
Centro Histórico de Belmonte
Rua Cel. Luiz Gonzaga Gomes Ferraz
Rua Soldado Heleno
Antiga Casa do Coronel Gonzaga Ferraz
COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL

15h30min - Adro da Matriz de São José
CORTEJO DA CAVALHADA DE ZECA MIRON

16h20min -Estádio Carvalhão
Apresentação da Cavalhada de Zeca Miron 

NOITE

19h45min - Castelo Armorial
São José de Belmonte

Mestre de Cerimônia 
ROSSI MAGNE

20h - Comenda à Cavalhada Zeca Miron
MESTRE RÉGIS 
Por Conselheiro e Pesquisador:
KYDELMIR DANTAS
ROBÉRIO SANTOS

20h10min - Comenda à Associação de Bacamarteiros
ERNESTO SÁVIO CARVALHO
Por Conselheiro e Pesquisador:
EDVALDO FEITOSA
DANIEL WALKER

20h15min - Comenda ao IHGP-Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú

AUGUSTO MARTINS
Por Conselheiro e Pesquisador:
GERALDO FERRAZ
HEITOR FEITOSA MACEDO

Noite de Conferências

20h30min -A Saga Carvalho e Pereira
HELVÉCIO NEVES FEITOSA 
DÊNIS CARVALHO
LUIZ FERRAZ FILHO

21h30min -Sinhô Pereira e Luis Padre
SOUSA NETO
JORGE REMÍGIO

Mesa:
MANOEL SEVERO
VALDIR JOSÉ NOGUEIRA

SÁBADO
Dia 13 de Outubro de 2018

8h30min - Saída para Visita Técnica

9h30min - "Casa de Pedra" - Serra do Catolé
São José de Belmonte

10h30min - Conferência:“O Fogo de 1924 e Ferimento no Pé de Lampião pela Volante de Teophanes Ferraz"
CLÊNIO NOVAES

11h - Visita ao Sítio Histórico da "Pedra do Reino"
Entrada do Rei e da Rainha da Cavalgada 2018, 
sob salva de tiros dos Bacamarteiros e Cruzamento de Lanças.

11h20min - Conferência: "A Espetacular Ilumiara Pedra do Reino"
MANUEL DANTAS SUASSUNA

12h - Conferência: “No Reino Encantado da Pedra do Reino"
ERNANDO ALVES DE CARVALHO

13h - Almoço

13h30min - Homenagem e Diploma ao "Tempero do Reino"
Por Conselheira e Pesquisadora:
LILI CONCEIÇÃO
RÚBIA LÓSSIO

NOITE

19h45min - Castelo Armorial
São José de Belmonte 

19h30min - Apresentação
RITA PINHEIRO
A Garimpeira da Cultura

20h15min – Entrega de Diplomas a Homenageados
CARLOS SANTOS 
ELIANE GIOLO 
JORGE FIGUEIREDO
CÍCERO AGUIAR
LUCIANO COSTA
Por Conselheiros e Pesquisadores:
MANOEL SERAFIM
PROFESSOR PEREIRA
LUIZ RUBEN BONFIM
CARLOS ALBERTO SILVA

Noite de Conferências

20h30min -A Pedra do Reino na Literatura Nacional e Internacional
DÉBORA CAVALCANTES DE MOURA

21h10min -Vídeo e Debate
"Mentiras e Mistérios de Angico"
ADERBAL NOGUEIRA
Laser Vídeo
Mesa:
JOÃO DE SOUSA LIMA
JULIANA PEREIRA
NARCISO DIAS

DOMINGO

Dia 14 de Outubro de 2018

9h - Visita Guiada ao Castelo Armorial

10h - Confraternização de Encerramento
Forró Pé de Serra


Realização
INSTITUTO CARIRI DO BRASIL
Co-realização
CASTELO ARMORIAL
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DE BELMONTE

Apoio
IHGP - INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PAJEÚ
ICC - INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI
SBEC- SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO
GECC - GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DO CEARÁ
GPEC-GRUPO PARAIBANO DE ESTUDOS DO CANGAÇO
LASER VÍDEO

Mídia e Redes Sociais
GRUPO LAMPIÃO CANGAÇO E NORDESTE
GRUPO OFICIO DAS ESPINGARDAS
COMUNIDADE O CANGAÇO
GRUPO HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO
O CANGAÇO NA LITERATURA
GRUPO SERTÃO NORDESTINO
PROGRAMA RAÍZES DO SERTÃO
ODISSÉIA DO CANGAÇO

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

CANGAÇO , CORONELISMO E FANATISMO SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER

Massilon: ele estava no ataque a Apodi e Mossoró em 1927

Honório de Medeiros
* Emails para honoriodemedeiros@gmail.com
* Respeitemos o direito autoral. Em conformidade com o artigo 22 dLEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

O coronelismo e o cangaço, assim como o fanatismo (misticismo) tão característicos de certo período histórico do Sertão nordestino brasileiro, são manifestações do fenômeno do Poder, de como ele é obtido, se instaura  e é mantido em qualquer circunstância.

A forma como o Poder se instaura diz respeito a fatores circunstanciais, mas o conteúdo permanece o mesmo desde que o Homem surgiu na face da terra.

Exemplos que comprovam essa afirmação são quaisquer processos políticos que aconteceram ao longo da história, tais quais os descritos em farta literatura acerca de Atenas, Roma, a Inglaterra vitoriana, ou qualquer outro que seja.

A forma se modifica ao longo do tempo em decorrência do avanço tecnológico, por exemplo. Se antes o Homem combatia com arcos e flechas, hoje usa mísseis teleguiados.

Assim, o coronelismo, o cangaço e o fanatismo são "cases" do fenômeno do Poder próprios de uma determinada circunstância histórica. São semelhantes, em sua estrutura, ao feudalismo europeu e japonês.

As narrativas acerca do coronelismo, cangaço, e fanatismo devem ser estudadas levando-se em consideração o fator de "ocultamento" que é próprio da lógica de atuação dos que detêm o Poder.

Nesse sentido, escrever, omitir, manipular, direcionar os textos, tudo isso e mais, cumprem o papel de impor a lógica dos que podem impor sua percepção das coisas e dos fenômenos.

No Rio Grande do Norte, por exemplo, é difusa, porém persistente, a concepção de que os coronéis da política eram homens afastados da lide com o cangaço, bem como é persistente a concepção de que o cangaço, excetuando a invasão de Mossoró por Lampião, pouca relevância teve no Rio Grande do Norte.

São "esquecidos" José Brilhante, o Cabé; Jesuíno Brilhante; a invasão de Apodi por Massilon; a invasão de Mossoró por Lampião e Massilon; e a morte de Chico Pereira.

Não se estuda, como deveria ser estudado, a invasão de Apodi por Massilon e sua relação com a invasão de Mossoró por Lampião pouco mais de um mês depois. Bem como não se estuda a participação do coronelato da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte no evento.

E perdemos todos pois, na verdade, em essência, o que se deve estudar quando analisamos fatos históricos como esses, é o fenômeno do Poder, tão onipresente quanto a existência do Homem na face da terra.