terça-feira, 30 de julho de 2013

CRESCE O JORNALISMO OPINATIVO


 

 

Do portal Observatório da Imprensa
O jornalismo passou por muitas mudanças durante as últimas cinco décadas, por uma revolução devido à televisão e por outra, devido à internet. O caso Watergate também desempenhou um papel, alterando a função da imprensa, com os repórteres ficando mais agressivos e duros e cada vez mais críticos aos líderes dos governos.
Entretanto, uma importante mudança tem sido subestimada nas avaliações da mídia – o número crescente de artigos jornalísticos mais analíticos. Na década de 50, as matérias tinham por foco, em grande parte, o “quem, o que, onde e quando”, mas atualmente, e cada vez mais, os textos fornecem as informações de bastidores.
Consequentemente, os leitores recebem muito mais do que somente os fatos. Recebem também os “e daí” e os “por quês”.
Dando a esse novo estilo de reportagem o nome de “jornalismo contextual”, os professores Katherine Fink e Michael Schudson, da Universidade de Columbia, fizeram um levantamento de três jornais – o New York Times, o Washington Post e o Milwaukee Journal Sentinel – durante os anos de 1955, 1967, 1979, 1991 e 2003.
Os pesquisadores fizeram uma análise de conteúdo de cerca de 1.900 matérias individuais, agrupando-as em gênero ou tipo. No estudo que resultou desse trabalho em 2013, “The Rise of Contextual Journalism, 1950s-2000s”, que foi lançado na revista acadêmica Journalism, os autores destacam que os jornalistas adicionam cada vez mais interpretações aos principais fatos de uma matéria.
Mudança ainda está aberta ao debate
Entre as questões apontadas pelo estudo, estão:
** A “reportagem contextual”, caracterizada por maior análise e interpretação, cresceu de cerca de 10% em todos os artigos, em 1955, para cerca de 40% em 2003.
** As matérias convencionais, com foco no “quem, o que, quando e onde”, diminuíram de 80% ou 90%, nas três publicações, para cerca de 50% no mesmo período.
** O número de artigos por página diminuiu 53%, de 13,5 em 1955, para 7,3 em 2003. Parte dessa queda pode ser atribuída ao tamanho cada vez maior dos artigos, mas também ao fato de se acrescentarem fotos e material promocional à medida que os jornais se esforçavam para refletir o estímulo visual da televisão.
** Embora o número de matérias investigativas na primeira página tenha crescido – não havia matéria alguma na amostra de 1955 examinada, mas sete em 1991 e quatro em 2003 –, continuou sendo muito pequeno o número de artigos investigativos devido ao tempo e esforço gastos para produzi-los.
** Matérias de empatia social aumentaram de 1% do total de cobertura para 6% em 1991, percentual que foi mantido em 2003.
Embora alguns críticos argumentem que acrescentar comentários a matérias jornalísticas pode representar uma violação dos padrões e normas jornalísticos (que os repórteres deveriam limitar-se a apresentar os fatos), Jonathan Stray escreve, num artigo para o Nieman Journalism Lab, da Universidade de Harvard, que essa mudança pode ser apropriada.
“Ninguém precisa de uma organização jornalística para saber o que a Casa Branca está dizendo, uma vez que todos os despachos de imprensa são repassados para o YouTube”, escreve Stray. “O que precisamos é de alguém que nos diga o que isso significa. Em outras palavras, o jornalismo deve atualizar a cadeia alimentar da informação.”
Katherine Fink e Michael Schudson avaliam que o veredicto sobre o lado positivo da mudança na direção do “jornalismo contextual” ainda está aberto ao debate. “O jornalismo contextual emergiu como um companheiro poderoso e predominante da reportagem convencional. O impacto que ele tem sobre a maneira das pessoas compreenderem seu mundo ainda tem que ser explorado.”
Nota do Blog – O jornalismo contextual, ou analítico-opinativo, tem sido o forte deste Blog.
Foram seus próprios webleitores que através dos anos foram definindo esse perfil e tendo papel colaborativo, o que concorre para formação de uma bolha crítica e quebra do monopólio da opinião.
Assim, nunca existe uma notícia-postagem de cima para baixo, definitiva e sem retoques, mas uma espécie de “linha de montagem” industrial.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

JUSTIÇA EXCLUI NÃO CONCURSADOS DA ASSEMBLÉIA DO RN



 

Juiz determina exclusão de integrantes do quadro da Assembleia:

 

O Juiz Aírton Pinheiro, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal, reconheceu a inconstitucionalidade de Resolução da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte que “integrou” seis pessoas no seu quadro de servidores efetivos, determinando a exclusão dos requeridos Ana Fabíola Rego Torquato, Caio Otávio da Cunha Alencar, Carlos Frederico Rosado do Amaral, Helga Maria Torquato Oliveira, José Pádua Martins Oliveira e Marcelo Escóssia de Melo como servidores efetivos do quadro permanente de referida casa legislativa estadual, sem concurso público.

O Magistrado atendeu pedido formulado pelo Ministério Público Estadual, em Embargos de Declaração contra sentença que, reconhecendo a consumação do prazo prescricional, extinguiu o processo com resolução de mérito.

Em sua sentença, publicada no Diário Oficial do Estado, o Magistrado determinou a exclusão dos requeridos do quadro de servidores efetivos da Assembleia Legislativa, denegando apenas o pedido de condenação dos requeridos a devolverem o que receberam, sob o argumento de que a devolução importaria em enriquecimento sem causa do Estado, já que a remuneração foi devida pelos serviços efetivamente prestados. A decisão repercute, inclusive, nos atos administrativos subsequentes relacionados às carreiras dos requeridos, como eventuais aposentadorias.

Antes de conhecer o mérito da ação, foi afastada a alegação de prescrição, sob o fundamento de que não ocorreu a publicação do ato de “integração” dos servidores no Diário Oficial do Estado, bem como porque a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que a afronta direta a previsão de ingresso no serviço público efetivo através de concurso público seria imprescritível.

O MPRN instaurou inquérito civil público para apurar a regularidade de acesso a cargos de provimento efetivo do quadro de pessoal da ALRN. No inquérito, a Promotoria de Justiça informa que é fato público e notório que a Assembleia Legislativa jamais realizou um concurso público para provimento de seus cargos, no entanto, possui um número elevado de ocupantes de cargos de provimento efetivo e que isto se deu de maneira inconstitucional.

Após análise das informações prestadas pela Assembleia Legislativa, ficou constatado que, no período de 1990 à 2002, a investidura de diversos servidores naquela Casa Legislativa, sem concurso público, em cargos de provimento efetivo, compreendeu pessoas que: não possuíam vínculo com o serviço público; ocupavam exclusivamente cargos em comissão na Assembleia Legislativa, e; possuíam algum vínculo com o serviço público.

O Ministério Público Estadual observou que é fato incontroverso que o ato de "integração" dos servidores ao Quadro de Pessoal da Assembleia Legislativa somente foi publicado no "Boletim Oficial" daquela Casa, sendo certo que não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE).
 

domingo, 28 de julho de 2013

SOLIDÃO



A VERDADE CONVENIENTE

Honório de Medeiros

 
 
A Verdade Conveniente é aquela contaminada pela cômoda aceitação, intuída ou inferida por quem a diz, daquele ou daqueles a quem é dita.
 
Aqui há o que se poderia chamar de covardia da conveniência.
 
Pressupõe a omissão calculada de outras verdades, quais sejam, as que desconstroem as ilusões.
 
Pressupõe a comodidade de deslizar pela vida sem construir arestas que tolham o bem-estar, construindo uma falsa aceitabilidade geral.
 
A covardia da omissão é a afirmação da covardia.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

O CAOS NA SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE


César Alves 
O interesse do Governo Rosalba no caos da segurança no RN
Havia R$ 8 milhões previstos no Orçamento Estadual 2013 para investir em Polícia Civil. Haviam R$ 2.028.849,89 destinados pelo Governo Federal desde 2010 para construir duas delegacias modelo, reformar outras 24, reaparelhamento da PM e também da PC. Destes valores, ficamos com pouco mais de R$ 2 milhões. 
Sobre a necessidade de investir não R$ 8 milhões, mas pelo menos R$ 100 milhões em Polícia Civil/ITEP e botar os presos para trabalhar no RN não precisaria expor mais razões de tão evidente que são diante da matança que está acontecendo. 
Mas o farei. 
Observem que são mais de 870 assassinatos no RN só em 2013. De 2000 a 2013 foram 7.812 assassinatos, o que corresponde à população da belíssima cidade turística de Martins inteira. Assassinamos o equivalente a uma cidade inteira no RN em 13 anos.
Se considerar que para cada 1 assassinato são 3 ou 4 famílias destruídas, temos aí um universo de pelo menos 70 mil pessoas no Rio Grande do Norte afetadas/traumatizadas diretamente pela violência em seu lado mais brutal, extremo: a morte. 
Por si só estes dados já justificaria prioridade absoluta do Governo do Estado na destinação de recursos. Mas não foi o que aconteceu. A Governador Rosalba Ciarlini destinou 1 milhão para uma cerca em Governador Dix Sept Rosado, 1 milhão para asfaltar as ruas de Tibau... 
...Destinou R$ 570 mil para fazer o acesso da Porcellanat, R$ 12 milhões para fazer o contorno de Baraúna, R$ 8 milhões para fazer uma ponte no Vale do Açu, R$ 38,9 milhões para duplicar a RN 013, pagou R$ 50 mil por uma maquete do Nogueirão... 
... R$ 102 mil de aluguel de um jato para a governadora Rosalba Ciarlini ir ao Rio de Janeiro e voltar... Além destes valores já torrados, outros estão a caminho para outros setores que poderiam esperar enquanto o Estado estancava a matança no RN. 
Entretanto, a governadora Rosalba Ciarlini pegou os míseros R$ 8 milhões destinados para investimentos em Polícia Civil em 2013 travou (contigenciou) R$ 2 milhões e cortou R$ 4 milhões, deixando pouco mais de R$ 2 milhões para todo o Rio Grande do Norte. 
Para completar o caos: Rosalba Ciarlini devolveu ao Governo Federal o valor de R$ 2.028.849,89 que haviam sido destinados pelo Ministério da Justiça para construir duas delegacias modelo, reformar outras 24, aparelhar a Polícia Civil/ITEP e também a Militar. Além destes mais de R$ 2 milhões, de 2012 para cá o Governo Rosalba já deixou voltar outros R$ 10 milhões enviados pelo Governo Federal para PC, ITEP e PM. 
A governadora também não aceitou assinar o Programa Brasil Mais Seguro para o Rio Grande do Norte que foi ofertado pelo Governo Federal para reduzir a violência no Estado de forma sustentável.  Veja o que oferece este programa AQUI. 
Antes, a governadora Rosalba Ciarlini devolveu uma quantia de R$ 47 milhões que haviam sido destinados para construir e reformar presídios e cadeias no Rio Grande do Norte pelo Ministério da Justiça, conforme noticiou a Tribuna do Norte em julho de 2012. 
O caos no sistema penitenciário do RN dispensa apresentação de tão absurdo. 
Além disto, este repórter foi informado por pessoas da cúpula da Segurança Pública do Rio Grande do Norte que todos os projetos que estão sendo apresentados para melhorar a segurança do RN estão sendo colocados num canto onde não vigorem. Fiquem parados. 
Enquanto isto, a governadora Rosalba Ciarlini, em discurso proferido em Pau dos Ferros, disse que a violência que destrói as famílias em Mossoró é advinda do Presídio Federal, numa colocação infeliz, absurda e irresponsável considerando que em mais de 80% dos crimes em Mossoró é praticado por presos do presídio estadual. Rosalba sabe desta informação, afinal o filho do deputado Betinho Rosado foi sequestrado por presos do sistema estadual. 
Diante de tantos dados concretos e evidências claras, nos resta supor, imaginar, pensar... que o Governo do Estado, na pessoa da governadora Rosalba Ciarlini Rosado, está fazendo com a segurança pública o mesmo que fez com a saúde, ou seja, deixando o caos acontecer, com centenas de mortes, para decretar calamidade pública e contratar a “solução” sem licitação. 
Que o governo consiga provar o contrário com os R$ 39 milhões destinados sem cortes para publicidade... enquanto pobres/periféricos derramam sangue nas ruas de Mossoró e também da Grande Natal.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ARTUR PAULA FAUSTO DE MEDEIROS LANÇA "CURVAS DOS TEMPOS"





O Salão Azul do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte foi escolhido como palco para lançamento do livro `Curvas dos Tempos", nesta sexta-feira (26), às 17h, de Artur Paula Fausto de Medeiros, servidor aposentado do TRT potiguar.
 
Com prefácio de Honório de Medeiros e comentários de David de Medeiros Leite, o livro `Curvas dos Tempos" é uma publicação da editora Sarau das Letras e reúne uma série de poemas que retratam as visões do autor sobre o cotidiano, memórias, sentimentos e inquietações da vivência humana.
Artur Paula Fausto de Medeiros nasceu na cidade de Areia Branca no Rio Grande do Norte e, aos quatro anos de idade, mudou-se para a cidade de Mossoró/RN.
Em 1979, concluiu o curso de Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba e, em seguida, assumiu cargo de diretor da Junta de Conciliação e Julgamento (JCJ), em Macau.
Artur também foi assistente juiz na JCJ de Mossoró, antes de mudar-se para Natal, onde permaneceu na Secretaria Administrativa (SEA) até a aposentadoria.
Lançamento do Livro `Curvas dos Tempos"
Data: Sexta (26/07)
Horário: 17h
Local: Espaço Cultural do TRT da 21ª Região.
Avenida Capitão-Mor Gouveia, 1738-Lagoa Nova (Natal/RN)
 
Fonte: Ascom - TRT/21ª Região.
 
 
 
 
 

domingo, 21 de julho de 2013

OS VÂNDALOS CUMPREM AGENDA PRÉ-DETERMINADA

Honório de Medeiros
 
 
Os vândalos que contaminaram as legítimas e expressivas manifestações recentes de rua no Brasil, a maioria covardemente mascarada, sabia o que fazia, cumpriu bem sua agenda pré-determinada, e conseguiram seu intento: afastaram a classe média, que tem horror à desordem.
 
O maior beneficiário desse afastamento são as elites políticas. Liguem tomé com bebé. Entretanto o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro: a insatisfação fermenta, como se percebe nas redes sociais, está se transformando em ódio, e o resultado, para elas, pode ser ainda pior.
 
 
 blogs.odiario.com

sábado, 20 de julho de 2013

ACERCA DO TRIUNFO DAS NULIDADES

Honório de Medeiros


Vivemos uma época na qual os poucos que valem muito, valem muito pouco para os muitos que nada valem.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O GOVERNO ROSALBA NÃO GOVERNA


 
Aluisio Lacerda
 
Gastos com diárias superam os investimentos em saúde
 
 
Um deputado estadual que acabou de consultar o relatório do Tribunal de Contas do Estado sobre as contas do Governo do Rio Grande do Norte relativas a 2012 resumiu o que viu: “Este governo não governa por uma razão muito simples – não sabe governar. Nem planejar as ações e executá-las”. Por fazer parte da base aliada, pediu a omissão da fonte, embora demonstrasse muita irritação. 
Especificamente sobre a área da Saúde, o parlamentar lembrou que no exercício de 2011 era compreensível o baixo nível de investimentos no setor essencial, mas nada mudou.
Diárias e publicidade
Mais uma vez o Tribunal de Contas do Estado atesta o baixo nível de investimentos no campo de saúde. “Restou efetivamente investido o valor de R$ 17.762.735,70 (dezessete milhões, setecentos e sessenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais e setenta centavos). Com efeito, esse valor é ínfimo em relação ao total gasto, e reduzido, quando comparado outros gastos, a exemplo do montante empregado em diárias, de R$ 24.637.127,07 (vinte e quatro milhões, seiscentos e trinta e sete mil cento e vinte e sete reais e sete centavos) e publicidade, de R$ 27.607.508,39 (vinte e sete milhões, seiscentos e sete mil quinhentos e oito reais e trinta e nove centavos).
Outro aspecto há muito questionado pela oposição que veio a público no relatório do TCE diz respeito aos créditos suplementares. “A incorporação automática do excesso de arrecadação, mesmo que relacionado a receitas próprias, quando fora dos limites de suplementação da LOA, caracteriza autorização ilimitada de créditos suplementares. Assim, o Poder Executivo está criando um mecanismo que possibilita a abertura de créditos adicionais sem o controle do Poder Legislativo, conforme disposto na LOA de 2012”, anotou o relator.
Ineficiente
O TCE também registra grandes oscilações nos quantitativos fixados para despesa orçamentária que “sinalizam ineficiência no processo de planejamento pelo ente estatal, o que pode acarretar um desempenho negativo da gestão em virtude da falta de racionalidade no estabelecimento de prioridades, de objetivos claros e de metas de resultado”.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

QUANTO À TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO, DE REALE


Honório de Medeiros


A teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale é uma teoria jurídica original e conhecida internacionalmente. Com essa teoria Reale, segundo seus defensores, teria superado o mero normativismo jurídico que prevalecia nos meios acadêmicos e jurisprudenciais de sua época, ao propor que a norma jurídica é conseqüência de um fato social que após receber uma valoração humana, é regulado juridicamente. Em síntese: temos um fato social, valoramos esse fato social e engendramos, então, a norma jurídica que irá regulá-lo. Exemplo: violência do homem contra a mulher > repúdio social > penalização específica da prática.

 Assim, Fato, Valor e Norma em seus diferentes momentos, mas interligados entre si, explicariam a essência do epifenômeno jurídico.

Ora, a partir de qual critério selecionamos o fato social que pode ser valorado e submetido à regulamentação, em um determinado ordenamento jurídico? Pois não é qualquer fato social, no âmbito de um determinado ordenamento jurídico, que pode ser normatizado. Por exemplo: manifestações populares são fatos sociais? São. Podemos valorá-lo no sentido de proibi-los no ordenamento jurídico brasileiro? Não. A Constituição Federal não o permitiria. Existem fatos sociais que não podem REGULAMENTADOS. Essa conclusão permite supor que um ordenamento jurídico prévio estabelece quais as possibilidades de regulação de um determinado fato social sendo, a este, anterior.

Por outro lado indaga-se: é qualquer valor que pode ser utilizado para avaliar um fato social? Não. Uma valoração que proponha o fim da democracia e sua substituição por uma ditadura militar poderia ser utilizada enquanto argumento para a defesa de um anteprojeto de lei que abolisse a atual Constituição Federal brasileira? Não. Juridicamente seria impossível. Essa conclusão também pressupõe a existência de um ordenamento jurídico anterior que estabelece os limites da possibilidade de valoração de um determinado fato social.

Em assim sendo, carece de sentido a teoria de Reale. Aliás, a afirmação de que Direito é fato, valor e norma é tautológica e sem conteúdo empírico.

Esse é um exemplo de como uma crítica metódica, usando contra-exemplos, pode ser utilizada em relação a hipóteses e teorias.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

QUANTO AO EXERCÍCIO DO CETICISMO SADIO

Honório de Medeiros
                              
 
                           Não esqueçamos que nossas afirmações, se disserem respeito ao que são as coisas ou aos fenômenos, somente podem ser consideradas verdadeiras ou falsas quando submetidas a testes. Uma afirmação tal qual “Fulano pesa 100 kg” somente será verdadeira ou falsa se pesarmos Fulano; assim também uma afirmação tal qual “o aumento excessivo de impostos induz a sonegação” somente será verdadeira ou falsa se realizarmos uma pesquisa de natureza estatística para constatarmos ou não a veracidade dessa hipótese.

                        Se não pudermos testar nossas afirmações elas são consideradas juízos de valor. Neste caso tais afirmações não dizem respeito ao que são as coisas ou fenômenos, mas dizem respeito ao que queremos ou acreditamos que elas sejam. Assim o é também em relação a valores como amor, ódio, justiça, paz, e assim por diante, que estão fora da análise científica. Uma afirmação semelhante a “O Direito no ano 3000 não existirá” não é possível ser testada; assim também uma afirmação tal semelhante a “O Direito é um instrumento para alcançarmos o Justo” tampouco pode ser testada. Ambas são afirmações retóricas. Neste exemplo específico é bom sempre reiterar que não existe um Justo-Em-Si-Mesmo: ele é sempre construção do Homem e é modificado de acordo com as circunstâncias históricas.

                        Trata-se, no texto acima, de epistemologia básica e lógica primária apresentada de forma esquemática.  Evidente que a questão é bastante complexa em si mesma e a esse respeito já foram escritos rios de tinta.

                        Entretanto é importante esse conhecimento esquemático prévio para o exercício do ceticismo sadio, da crítica metódica. Com esse exercício nos capacitamos a questionar as afirmações retóricas constantes da literatura pseudo-científica em qualquer área, os textos inchados de forma e vazios de conteúdo, os discursos supostamente eruditos que surfam nas superfícies das coisas e dos fenômenos. E nos tornamos menos dependentes da opinião dos outros.

                        Para quem navega no nada, se é que no nada se navega, já é muita coisa...

 

terça-feira, 16 de julho de 2013

O MELANCÓLICO LAMENTO DO SAX


 
 
Rodrigo Baia
 
"O ser humano se torna triste e solitário quando ele descobre que..." (Clarice Lispector)
 
Em meados de 2007, no final da minha adolescência, conheci um rapaz chamado "Éri".
Foi em uma época que eu trabalhava na região do Centro de SP, Praça da República. Éri vivia nas ruas, tinha em torno de 30 anos e era um exímio tocador de saxofone.
Naquela época eu estava passando por muitos conflitos emocionais, pessoais, profissionais, familiares... Enfim, conflitos de todas as ordens. Mas me recordo bem que o frio açoitava a pele das pessoas nas ruas.
Eu saia do escritório onde eu trabalhava, no 13º andar de um edifício que dava vista para a praça e, no caminho da parada de ônibus, ainda com um cigarro aceso, sempre parava para ouvir os discursos do mendigo Éri, que falava sobre Kafka e Karl Marx, dentre outros.
As vezes não o encontrava no caminho da parada, mas ouvia, vindo de algum lugar na Praça da Republica o melancólico lamento de seu sax, ao tocar "Unforgettable".
Parecia uma sincronia, pois enquanto eu terminava o cigarro, ainda podia ouvir as ultimas notas de seu lamento.
Depois de tudo, sempre passava algum tempo tentando descobrir o que poderia ter levado um rapaz bonito, jovem, culto e inteligente à empunhar apenas um saxofone velho, e enfrentar as ruas e o rigoroso inverno de São Paulo... Tanta vida, tanto talento e, principalmente tantas coisas para serem contadas estavam simplesmente resvalando na gélida sujeira do Centro.
Hoje entendo o que pode ter acontecido de tão grave, o que pode ter levado Éri a desistir de tudo, de todos e se igualar despudoradamente aos que pedem, aos que não têm nada.
Talvez o mendigo tenha descoberto que de fato nunca teve nada. E quando acordou para essa realidade, o frio e as ruas viraram seu maior bem, seu melhor aconchego.
Arte em fabiomozar.blogspot.com

sábado, 13 de julho de 2013

DESABAFO DE UM ESTUDANTE DE MEDICINA

Diogo Medeiros


Chamo-me Diogo. Diogo Mizael Bessa de Medeiros. Nascido em Pau dos Ferros/RN, filho de Mossoró/RN e adotado por Natal/RN. Brasileiro, sempre com muito orgulho. No momento não estou muito certo se tenho tanto orgulho assim. Tenho 24 anos e sou aluno do curso de Medicina da UFRN. Sou e sempre serei um eterno sonhador. Acredito que meu primeiro sonho tenha sido o de ser médico. Sonho antigo, desde criança bem pequena...
 
 Sempre quis isso. Nunca me vi fazendo outra coisa. A gratidão do sorriso de cada paciente e os seus “obrigados” tem um valor inestimável. Não tenho e nem nunca tive o desejo de fortuna. Desejo apenas uma vida digna com o ganho da minha profissão, como todos desejam em qualquer profissão. Não me considero pecador e nem mercenário por isso. Até porque não tenho e nem nunca tive vocação para a santidade.
 
 Amo o que escolhi para fazer pelo resto da minha vida. Sinto-me muito feliz por poder viver o meu sonho. No entanto, diante dos últimos acontecimentos sinto como se a essência dos meus sonhos estivesse se esvaindo. Vou realizar o meu sonho, vou ser médico... Mas meu sonho não será completo se eu não puder estar com as pessoas e ajudá-las. Esse é o meu maior sonho, e acredito que da maioria daqueles que escolhem casar com a medicina.
 
 Como já citei, preciso sobreviver. Preciso me sustentar. E para isso, preciso trabalhar. Eu me sentiria completamente realizado atendendo àqueles que realmente precisam e sendo pago para isso. No entanto, vejo que isso se torna cada vez mais distante.
 
 As últimas ações da Presidente da República para com a classe da qual eu farei parte, daqui a um ano, só afastam os médicos da população carente. Primeiro, importar estrangeiros; e agora o ato médico foi vetado. Diante disso, só consigo entender que a Senhora Presidente quer pagar uma mão de obra barata e desqualificada para atender a população mais necessitada. Ou seja, na verdade ela não liga nem um pouco para a qualidade, apenas para números.
 
 Deixo claro, todavia, a importância de toda e qualquer profissão para a prestação de um serviço de qualidade. É essencial uma cooperação de todos os profissionais. Afinal, médico não faz fisioterapia, não dá diagnóstico nutricional, não entende a mínima de exercícios de fonoaudiologia e nem exerce as funções de um enfermeiro. Agora dar diagnóstico é trabalho do médico. Somos nós que passamos anos estudando para tentar entender um pouco dessa máquina tão perfeita que é o corpo humano e perceber quando ela não está funcionando bem. Somos nós que aprendemos a examinar, a palpar e a associar às doenças. Nenhuma outra profissão estuda para isso. Por isso, vetar o ato médico é um verdadeiro crime. Mostra que mais uma vez, a Presidente não liga a mínima para a saúde da população. Afinal, o que ela pretende é colocar mão de obra barata para exercer a função do médico. Ela quer tapar buraco. Mas isso não dará certo. Afinal, quem teria coragem de embarcar em um avião cujo piloto fosse um motorista de ônibus, e não um piloto de avião de verdade?
 
 O que mais me dói é saber que o meu sonho não será completo. O que mais me dói é saber que aqueles que mais sofrem são os que mais irão sofrer. Vou me formar, vou fazer minhas especializações e vou atender àqueles que terão condição de pagar pelo meu trabalho. Trabalho não irá faltar. Tenho certeza disso. Mas e aqueles que mais precisam? E aqueles que mais necessitam? Serão atendidos por estrangeiros ou por alguém que não estudou para isso.
 
 Como sempre nesse País quem mais sofrerá serão os que já mais sofrem. Como sempre nesse País a segregação de classes marca as nossas vidas e nos obriga a ver e viver cenas cruéis. Tudo isso, devido a atos irracionais, impensados e eleitoreiros que têm como único objetivo a alienação. Alienação de um povo sofrido, porém lutador, que não merecia nada disso.
 
 E é por esse povo, pelos meus princípios e pela essência do meu objetivo que digo que eu não vou descansar enquanto não realizar o meu sonho, que é o de dia um dia ver um serviço de saúde de qualidade sendo fornecido à população e fazendo parte desse serviço. E esse sonho não é só meu... É de muitos estudantes e de muitos profissionais que estão por aí.
 
Não nasci para atender somente àqueles que tenham condição de pagar pelo meu trabalho. Não nasci para ter sonhos incompletos. Lutarei pelo que eu acredito até o fim. E tenho certeza de que um dia ainda terei muito orgulho do meu País, quando tivermos um serviço de saúde de qualidade.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A HORA DO JUÍZO FINAL

 

Por Carlos Santos
http://blogcarlossantos.com.br/



A elite política brasileira não entendeu ou não quer aceitar o recado que vem das ruas. Nosso futuro está em xeque.
 
Há semanas uma massa crescente tem dito o que deseja, mesmo que de um jeito disforme. Não tem corpo ou face. Mas revela força.
 
Entre a maioria de manifestantes pacíficos, temos uma minoria hidrófoba.
 
Vândalos e delinquentes profissionais aproveitam a onda.
Mas o cinismo e a miopia seletiva dos donos do poder, da esquerda à direita, são piores do que eles.
 
Quando os protestos fugirem ao controle do Estado e parte desse mesmo Estado aderir à força da massa-gente, talvez seja tarde. Muito tarde.
 
Ninguém ache estranho se a turba invadir palácios, símbolos do fausto e egoísmo dessa elite, arrancando de lá, a fórceps, alguns engravatados.
 
Esse não é meu desejo, mas uma premonição diante do que testemunho, do Palácio do Alvorada ao Congresso Nacional, da Governadoria às nossas prefeituras.
 
Está chegando a hora do juízo final.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

REPETEM-SE AS VAIAS EM DILMA


 

Coluna do Augusto Nunes 

A reação às manifestações de rua escancara o abismo existente entre um estadista francês, uma comandante sem rumo e um Lincoln que tem medo de crise. 

Durante a crise de maio de 1968, Charles de Gaulle mostrou que o presidente da República, aos 78 anos, continuava tão lúcido, destemido e coerente quanto o general que comandara a luta pela libertação da França na Segunda Guerra Mundial. Confrontado com o que começou como rebelião estudantil e se transformou em insurreição de dimensões nacionais depois da adesão dos sindicatos, entendeu a mensagem remetida das barricadas em Paris. Se os jovens combatentes exigiam mudanças radicais no país e num regime político moldados por De Gaulle, estava claro que o inimigo principal e imediato era ele. 
O chefe de Estado poderia ter tentado vencer os rebeldes pelo cansaço. Também poderia ter dividido responsabilidades com o primeiro-ministro George Pompidou, chefe de governo. Em vez disso, preferiu apanhar sozinho a luta atirada pelos líderes do movimento e amparar-se na arrogância formidável. “A França sou eu, a República sou eu”, reiterou em 30 de maio, quando anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de eleições gerais. No dia seguinte, cantando a Marselhesa, 1 milhão de partidários do presidente se juntaram à passeata que parou Paris, liderada pelo escritor André Malraux, herói da resistência à ocupação nazista e ministro da Cultura. 
Vitorioso na eleição de 23 de junho, De Gaulle encerrou democraticamente a rebelião de 1968. Mais uma vez, mostrou que, sobretudo quando o horizonte está nublado, estadistas devem pensar nos interesses do país e nas próximas gerações. Passados 45 anos, os pais-da-pátria que infestam a República brasileira confirmam a lição fazendo o contrário do que fez Charles de Gaulle. Governantes de quinta categoria só conseguem pensar nos próprios interesses e na próxima eleição, reitera a reação dos sacerdotes do lulopetismo à onda de manifestações de protesto que começaram em 6 de junho. 
A revolta da rua escancarou o abismo que separa o Brasil Maravilha inventado por Lula e aperfeiçoado por Dilma do Brasil real onde vive a gente comum. Lá, tudo anda tão bem que, se melhorar, estraga. Aqui, o que se vê é a corrupção impune, a Copa da Ladroagem, a educação e a saúde em frangalhos, a litania das promessas jamais cumpridas, o cinismo exasperante dos políticos ─ a procissão de afrontas parece fila em posto de saúde. O país que presta perdeu a paciência de vez. Cansou-se de ser tratado como um viveiro de imbecis resignados. E reduziu a farrapos a fantasia tecida desde janeiro de 2003. 
Tanto o ex-presidente que não desencarna quanto a sucessora que nunca exerceu de fato a chefia do governo já entenderam que estão muito mal no retrato redesenhado pelas multidões inconformadas com a duração da farsa. Em queda livre nas pesquisas de popularidade, Dilma foi vaiada na abertura da Copa das Confederações e não apareceu na final no Maracanã para escapar da reprise constrangedora. No encontro de prefeitos em Brasília, a plateia vaiou a convidada ausente na sessão de abertura e vaiou a governante que resolveu dar as caras no dia seguinte. Lula emudeceu e saiu de circulação no primeiro minuto da primeira passeata. Só recuperou a voz para contar lorotas na África. Ambos sabem que estão na origem das manifestações. Mas fingem que não. 
As imagens da revolta em curso neste inverno brasileiro são mais perturbadoras, muito mais agressivas e menos românticas que as produzidas na primavera europeia de 1968. Tal constatação ganha contornos sombrios quando se compara os atores em cena. A França tinha De Gaulle na presidência e George Pompidou na chefia de um governo que incluía homens como Malraux. O Brasil tem no Palácio da Alvorada uma inquilina sem juízo e sem rumo. E o Planalto continua assombrado por um Lincoln de galinheiro que vive de bravatas e morre de medo na hora do perigo. Nesta terça-feira, Lula e Dilma se encontraram secretamente em Brasília “para trocar ideias”. Como se tivessem alguma para trocar. Ele tem soluções para tudo, menos para problemas que o afetam. Ela não consegue formular sequer uma frase com começo, meio e fim. 
Também parecem ter sumido da paisagem a tribo dos políticos que, armados apenas de sensatez, ajudaram a debelar tantos incêndios semelhantes. Em contrapartida, nunca se viu tamanho ajuntamento de ineptos, vigaristas e farsantes fantasiados de conselheiros do reino. Sozinha, Dilma já admitiu que é capaz de fazer o diabo. Com Lula soprando ordens e mercadantes sussurrando palpites, tem provado que é uma incapaz capaz de tudo, menos de fazer o precisa ser feito. Multidões exigem em coro, por exemplo, o fim das bandalheiras. Dilma oferece uma Constituinte natimorta e um plebiscito de múltipla escolha, com questões aparentemente extraídas de uma assembleia no hospício. 
A redescoberta da rua avisa que milhões de brasileiros enfim passaram a enxergar as coisas como as coisas são. O palavrório triunfalista virou coisa de senador do Império. A Praça dos Três Poderes ficou mais antiga que as pirâmides do Egito. O monarca e a rainha estão nus no trono em ruínas. A farsa acabou, mas os canastrões seguem recitando o script que pareceu funcionar direito até maio. Aliviados com a pausa enganosa, a turma acampada no coração do poder está cochilando. Como nenhum dos motivos da revolta foi removido, pode ter o sono interrompido pelo primeiro estrondo de agosto.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

FALSOS HORIZONTES




Bárbara de Medeiros


Falsos horizontes
que me guiam
descalço
desnudo
pelos trilhos
estreitos
daquele
vocábulo
vazio
que eles
chamam
"vida"
não sei se prossigo
não sei se me atiro
sei que tropeço
caio
e sei que no fim
talvez
nada nem valha a pena
mas nada é muito grande
e eu sou muito pequeno
o trilho, grande
eu, pequeno
a vida, enorme
eu, minúsculo
a vida, eterna
eu, um segundo

quinta-feira, 27 de junho de 2013

SENADO APROVA: CORRUPÇÃO É CRIME HEDIONDO!


Do Blog do Noblat


BRASÍLIA — No esforço para implementar uma pauta positiva e tentar dar uma resposta aos manifestantes que tomaram as ruas do país, o Senado aprovou, em votação simbólica nesta quarta-feira, o projeto de lei que torna a corrupção crime hediondo no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou e expediu a ordem de prisão do deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO). Apresentado pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) em 2011, o texto prevê que os delitos de peculato, concussão (quando o servidor exige vantagem indevida), excesso de exação (quando o servidor exige taxa ou imposto que sabe ser indevido), corrupção passiva e corrupção ativa sejam considerados crimes hediondos. Uma emenda do senador José Sarney (PMDB-AP) incluiu no rol de crimes desse tipo o homicídio simples.
Além disso, o documento aumenta as penas previstas no Código Penal para os crimes, que poderão variar de quatro a doze anos. Hoje, as penas variam de dois a doze anos. O texto ainda terá de passar pelo crivo da Câmara e só depois segue para sanção da presidente Dilma Rousseff. O relatório pela aprovação do projeto foi apresentado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) há quase um ano, mas, só agora, após a pressão popular contra a corrupção, o Senado decidiu pautar o tema.
Em seu relatório, Álvaro Dias explica que a inclusão desses delitos no rol dos crimes hediondos implica a vedação de concessão de anistia, graça e indulto ao agente; impede o livramento mediante fiança, e torna mais rigoroso o acesso a benesses penais, como livramento condicional e progressão do regime de pena. Foi o senador quem incluiu os crimes de peculato e excesso de exação no projeto.
De acordo com o projeto, a pena por concussão — crime que consiste em usar o cargo para exigir vantagem indevida para si ou para outra pessoa —, passa a ser de quatro a oito anos de reclusão e multa. A pena por corrupção passiva — solicitar ou receber vantagem indevida em razão da função assumida — aumenta para reclusão de quatro a doze anos e multa.
Para corrupção ativa — oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público para levá-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício — também passa a ser de reclusão de quatro a doze anos e multa, assim como o crime de peculato, que consiste em apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
Para excesso de exação, que ocorre quando o funcionário exige tributo ou contribuição social indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, a pena passa a ser de quatro a oito anos, mais multa.
Para Pedro Taques, o principal objetivo da medida é proteger os bens dos cidadãos. O senador ressaltou que é preciso perceber a gravidade dos crimes que violam direitos difusos e que atingem um amplo espectro da população. Taques afirmou que, atualmente, a legislação atribui pena branda para esses crimes, como se fossem delitos de baixa gravidade. De acordo com o senador, políticos devem ser atingidos pela medida.
— No crime de corrupção, você não pode identificar quem são as vítimas. A ideia é protegê-las por meios jurídicos. Mas, para isso, precisamos que os processos caminhem mais rapidamente, até para a absolvição de quem não tem nada a ver com isso. O político também será afetado por essa mudança na lei, porque, apesar de não ser a quantidade da pena que impeça o cometimento de crime, esse também é um dos caminhos — afirmou.
Em pronunciamento feito em rede nacional de televisão e rádio na semana passada e em reunião com governadores e prefeitos na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que iria propor uma lei que tornaria a corrupção um crime hediondo.
— O povo está nas ruas dizendo que quer as mudanças, está nos dizendo que quer mais cidadania. Quer serviços públicos de qualidade, mecanismos mais eficientes de combate à corrupção — disse a presidente Dilma.