segunda-feira, 13 de maio de 2013

PEQUENA RESPOSTA A UM CRÍTICO DO TEMA CANGAÇO

O Grande Inquisidor, Dostoiévsky




Honório de Medeiros


Carlos Santos houve por bem transcrever, em seu blog (http://blogcarlossantos.com.br/a-construcao-historica-da-figura-do-cangaceiro/#comments) um texto produzido por mim e publicado em meu blog acerca de um tema que abordarei em uma mesa-redonda em Sousa, na Paraíba.

Nos COMENTÁRIOS, me deparei com o seguinte comentário: “Em pleno século 21 ainda se fala de um coisa tão irrelevante e inexpressiva! Tantos assuntos importantes a serem questionados. Esse tipo de assunto é para ser apagado da história diante a sua insignificância.”

Dado a agressividade e o preconceito do comentário, resolvi responder ao comentador, mesmo não o conhecendo. Eis a resposta:

Caro XXX:

Lamento não conhecê-lo: quem sabe pudéssemos tomar um café e eu lhe ouvir acerca de quais assuntos são realmente importantes e merecedores de serem questionados.

Quem sabe, assim, eu não cometesse o deslize de me apaixonar por temas de nossa história próxima e umbilical, como o cangaço, que nos permitem pensar acerca das estruturas de poder que acompanham o homem desde seus primeiros passos na terra.

É provável que se você me desse a palavra, eu nada lhe dissesse de importante, pois além de cangaço gosto de poesia, especialmente a de Mário Quintana, tão permeada da banalidade (ou não) do cotidiano. E também gosto de conversar acerca de “óvnis”, já pensou?

Ah! Dentre os assuntos que converso quando estou reunido com meus poucos e queridos amigos, está nosso (meu e deles) passado comum, nitidamente um assunto pouco importante para os outros, muito embora seja a medula da literatura que batizamos de crônicas.

Mas temo não ser um bom interlocutor para você: ao contrário do que muitos pensam, tudo que é humano me interessa, parodiando Terêncio, desde cangaço à literatura de cordel.

Sendo assim, caro XXX, é melhor deixarmos esse hipotético café para nunca.

Honório de Medeiros

LIBERDADE



Bárbara de Medeiros

 

O que eu quero é liberdade. 

Mas não essa coisa comercial e pré-pronta que você me apresenta, dia após dia, de mão beijada. 

Eu quero liberdade. A verdadeira. Aquela que Mandela quis antes de mim. Aquela que foi tirada de Galilei. Aquela que Lispector não sabia descrever.

Porque é tudo muito simples, é tudo muito fácil. Você chega, faz cafuné, e em dois segundos o que era presente vira passado e eu não sei mais onde nós estamos.

Não sei se já estávamos aqui e eu apenas ignorei. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA FIGURA DO CANGACEIRO

 
 
Honório de Medeiros
 
 
Dia 15 DE JUNHO estarei em Sousa, Paraíba, participando de uma Mesa-Redonda (que não será mesa, tampouco redonda) acerca do seguinte tema: HOMEM, TERRA, RELIGIOSIDADE, SERTÃO E CANGAÇO: A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA FIGURA DO CANGACEIRO.
 
O evento começará às 14h20m e acontecerá no CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE.
 
Os outros debatedores serão Lemuel Rodrigues e Múcio Procópio, enquanto a coordenação caberá a César Nóbrega.
 
Quanto ao tema, penso que a construção histórica da figura do cangaceiro, a partir do homem, da terra, da religiosidade, do Sertão e do cangaço, passa por um obstáculo de natureza metodológica sempre tangenciada pelos pesquisadores que se debruçam sobre o tema: como utilizar o método científico para construir e criticar as hipóteses possíveis acerca do objeto a ser conhecido, do ponto de vista prático.
 
Esse obstáculo é um dos fatores preponderantes para não termos superado, ainda, com raras e honrosas exceções, no universo da produção literária acerca do cangaço, a narrativa.
 
Como ainda não houve essa superação, a literatura acerca do cangaço ainda não tomou expressivamente o rumo da interpretação e contribui, de forma significativa, para sua folclorização, no sentido negativo do termo, e, também, para um certo "olhar de esguelha" que lhe é dirigido pela Academia.
 
Obviamente cada interpretação é sempre uma proposta que se alicerça no raciocínio dedutivo. Isso pressupõe uma base de conhecimento, de caráter ingênuo ou crítico, que antecede a construção da hipótese a ser construída ou investigada.
 
Entretanto é possível trabalhar, como ponto-de-partida, com o postulado básico de quê podemos não conseguir dizer o que algo é; mas com certeza podemos dizer o que esse algo não é, evitando as areias movediças das discussões bizantinas de caráter epistemológico.

* Arte da ARTEROCHA.BLOGSPOT.COM

FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS 2013 EM NATAL: VEJA OS FILMES DE HOJE!




"O Festival Varilux de Cinema Francês volta em 2013 e acontecerá de 1° a 16 de maio em 40 cidades do Brasil. Em 2013, a programação inédita contará com uma seleção que representa os filmes de maior impacto das últimas produções da cinematografia francesa, contemplando os mais variados gêneros, da comédia ao thriller.
 
Em Natal, a sessão de abertura do festival decorre no dia 9 de maio, no Moviecom Praia Shopping e abre a temporada do melhor da produção francesa recente, oferecendo títulos variados, a maioria ainda inéditos no Brasil. Comédias, dramas, thriller, filmes históricos e ainda um filme de animação fazem parte da programação 2013.
 
Como já é tradição do evento, o festival traz ao Brasil representantes de alguns dos filmes para apresentações e debates com o público, entre eles os atores Monica Bellucci, Christa Theret, Léa Seydoux e Arthur Dupont.
 
O Festival Varilux de Cinema Francês é patrocinado pela multinacional francesa Essilor/Varilux, pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro/Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, pelas empresas Citröen, Gefco, L’Oréal, RioFilme e conta com o copatrocínio da Embaixada da França, Delegação Geral das Alianças Francesas do Brasil, Sofitel e Air France. A realização é da Bonfilm.
 
Fique atento à programação para não perder a oportunidade de ver o melhor do cinema francês em première exclusiva. Consulte aqui a programação do festival em Natal: http://variluxcinefrances.com/natal/"

 
 
Hoje, no MOVIECOM PRAIA SHOPPING:
14H30 - O HOMEM QUE RI
16H40 - RENOIR
19H00 - ACONTECEU EM SAINT-TROPEZ
21H10 - ALÉM DO ARCO-ÍRIS

"AVANT-PREMIÈRE" DO CARIRI CANGAÇO EM SOUSA E NAZAREZINHO, PARAÍBA: PROGRAMAÇÃO!





Caros(as) amigos(as),

 

Saudações cangaceiras!

 

É com enorme alegria que, através do presente email, divulgamos a programação do Cariri Cangaço Parahyba, que se realizará nas cidades de Sousa/PB e Nazarezinho/PB, entre os dias 15 e 16 de junho de 2013.

Desde já reiteramos o nosso convite.

 

PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO PARAHYBA

SOUSA E NAZAREZINHO

 

Sousa – PB, 15 de junho de 2013/Sábado (Local: Centro Cultural Banco do Nordeste)

 

14:00h – Cerimônia de Abertura

14:20h - Mesa Redonda

Tema: Homem, terra, religiosidade, sertão e cangaço: a construção histórica da figura do cangaceiro.

Coordenador da Mesa: César Nóbrega – Sousa/PB

Debatedores: Lemuel Rodrigues – Mossoró/RN

Múcio Procópio – Natal/RN

Honório de Medeiros – Natal/RN

 

16:00h - Exibição do documentário: “A violência oficializada no tempo do cangaço” (Produção da Laser Filmes)

Debatedores: Aderbal Nogueira – Fortaleza/CE

Juliana Ischiara – Quixadá/CE

 

19:00h – Mesa Redonda

Tema: O cangaço na Parahyba

Coordenador da Mesa: Manoel Severo – Fortaleza/CE

Debatedores: Ângelo Osmiro – Fortaleza/CE

Bismark Martins – Campina Grande/PB

Wescley Rodrigues – Cajazeiras/PB

 

 

Nazarezinho - PB, 16 de junho de 2013/Domingo.

 

07:30h – Visita Técnica (A casa do Jacu e a casa de seu Abdias Pereira)

08:30h – Cerimônia de Abertura (Local: Centro Social)

09:00h – Exibição do documentário: “Na cabeça do povo” (Produção: Helena Maria Pereira)

09:30h – Mesa de Debate

Tema: O cangaço como caracterizador da cultura sertaneja e a importância da cultura material como elemento formador da identidade de um povo (A memória do cangaceiro Chico Pereira)

Debatedores: João de Sousa Lima – Paulo Afonso/BA

Paulo Gastão – Mossoró/RN

 

Exposição do Cangaço 

 

Abraço fraterno!

 

Prof. Wescley Rodrigues

quinta-feira, 9 de maio de 2013

MÉDICOS CUBANOS VÊM FAZER DOUTRINAÇÃO MARXISTA-LENINISTA?


falsomoralismo.blogspot.com
 
 
Honório de Medeiros



O Governo Brasileiro pretende importar médicos cubanos para trabalharem em áreas carentes do Brasil.
 
É o que o Governo diz.
 
O que se sabe, entretanto, é que esse parece ser um "revival" do projeto cubano de exportação do ideário marxista-leninista à cargo dos médicos cubanos, escolhidos a dedo, como visto antes na África e visto hoje na Venezuela.
 
Não seria mais correto pagarem bem médicos brasileiros para fazerem esse trabalho?
 
Para Cuba, é fundamental: recebem uma contrapartida em dinheiro ou insumos, deixam de pagar seus profissionais já que estes serão pagos, a peso de ouro, pelo Brasil, exportam seu modelo político, e fazem pregação política diária em defesa dos interesses dos seus contratantes.
 
Quem conhece o interior sabe a força política dos médicos que nele trabalham. Imaginem essa máquina atendendo a população carente e a ensinando a rezar a cartilha do partido político que viabilizou suas vindas!
 
Nada pode ser tão fatal para os interesses políticos da oposição quanto essa jogada de mestre do PT!
 
Leiam a matéria produzida pela BBC:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2005/07/printable/050716_venezuelaim.shtml

quarta-feira, 8 de maio de 2013

EM SETEMBRO, NO CARIRI CANGAÇO, LANÇAMENTO DE "POR QUE LAMPIÃO INVADIU MOSSORÓ?"


 
José Augusto Bezerra de Medeiros, Governado do Rio Grande do Norte quando da invasão de Lampião a Mossoró
 
Honório de Medeiros
 
 
"Saberia Lampião que sua incursão ao Rio Grande do Norte para atacar Mossoró, Estado onde nunca estivera, a percorrer região plana, descampada, larga e extensa[1], sem elevações importantes desde Luis Gomes até Mossoró, tirante a Serra do Martins, na contramão do percurso, feita com barulho, saques, depredações, tiros, mortes, contrariando toda sua experiência anterior, contaria com a omissão do Governo estadual?"
 


[1] Em quatro dias os cangaceiros cobriram aproximadamente 900 quilômetros entre ida e volta a Aurora, Ceará. Raimundo Nonato observa:“Constituída, em menor parte, de vasto descampado e larga área de terreno plano, quase sem outras elevações importantes, depois dos prolongamentos subordinados às ramificações e contrafortes das Serras de Luis Gomes e Martins, a região era precariamente escassa de abrigos e desprotegida aos elementos essenciais de amparo, defesa e esconderijos naturais” (“ LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; Sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró).

sábado, 4 de maio de 2013

REGINA AZEVEDO: A POESIA É UM JEITO LINDO DE SER LOUCO!

Reunião do IAPOIS no Bosque dos Namorados
 
 
O Blog entrevista Regina Azevedo*, líder do IAPOIS:

 
1) Eis o meu ponto de vista: Percebe-se um poema pela forma como é lido, não pela forma como é dividido entre as linhas de um caderno e/ou pela quantidade de palavras terminadas num som em comum. Pra mim, ainda, é o mesmo que acontece com os poetas. Um cara pode, por exemplo, escrever vinte poemas por dia, usar a maior quantidade de rimas que conseguir achar em um rimador online e tudo o mais, mas só será um POETA, mesmo, quando souber ler seus versos. Um dia me disseram: ''Poeta tem que ter peito...'', e eu era muito jovem, então olhei um pouco pra baixo do meu pescoço, haha. Mas enfim.
2) A poesia é um jeito lindo de ser louco. Uma espécie de hospício-confessionário particular.
3) Quando planejo os eventos do Iapois, sempre digo aos outros membros do grupo: ''Não é pra ser perfeito. É pra ser feliz.'' - E pra se sentir infinito.
 
* Regina Azevedo tem 13 anos, mas o Blog pensa que ela é o passado, o presente e o futuro ao mesmo tempo...

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ALTO DA CONCEIÇÃO EM MOSSORÓ, UM EXEMPLO DE FÉ CRISTÃ


José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo e Edimar Teixeira Diniz Filho

Um dos bairros mais antigos de Mossoró, o Alto da Conceição, está situado na região sul da cidade, sendo um dos bairros mais populosos. Era conhecido por outras denominações, como Alto da Mariseira, Mariseira dos Macacos e Alto dos Macacos. Registros do século XIX descrevem a citada região como uma área de mata fechada habitada por macacos ferozes. No final do século XIX, mais precisamente no dia 3/12/1896, em uma reunião na casa do professor da rede municipal de ensino Manuel Antônio de Albuquerque, e por este presidida, e ainda formada por Manoel Francisco de Borja, Silvério José de Morais, deliberou-se oficialmente pela mudança de nome, passando a chamar-se de Alto da Conceição. 

A Capela de Nossa Senhora da Conceição 

Foi também na residência de Manuel Antônio de Albuquerque onde aconteceram ações religiosas que motivaram o fervoroso educador católico ao movimento em prol da construção

de uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. A pedra fundamental da capela

foi lançada em uma solenidade realizada no dia 7 de novembro de 1897, pelo Padre João Urbano de Oliveira (1828-1904), auxiliado pelo Sr. Francisco Izódio1. Para tanto, ficou constituída uma comissão responsável pela edificação do templo, formada por Silvério

José Morais (tesoureiro), José Antônio de Morais, Manoel Alves Tibão e Luiz Firmino de Oliveira. Existiu ainda a colaboração de comunitários, com destaque para Manuel Francisco de Borja, José Freire da Costa, Francisco Justino de Melo, Francisco José de Lima, Francisco

Antônio de Melo e alguns alunos do Pai Vobis. Em 8 de dezembro de 1904, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, como era mais conhecida, foi finalmente inaugurada. O aludido sacerdote, cearense de União e vigário da Paróquia de Santa Luzia, de 1894 a 1904, infelizmente não pôde comparecer, pois havia falecido em 26 de julho daquele ano. Todavia, sua presença está sempre viva naquele belo templo religioso, pois a rua lateral de acesso à atual igreja chama-se Padre João Urbano. Deste modo, o celebrante da cerimônia festiva foi o vigário da Paróquia de Santa Luzia, padre Moisés Ferreira do Nascimento, acolitado pelo cônego Estevam Dantas2. A imagem de Nossa Senhora da Conceição foi benzida pelo mencionado vigário e doada pelo coronel Vicente Ferreira da Mota 3. Em 20 de abril de 1920, falece em Mossoró, o professor Manuel Antônio de Albuquerque. Sua filha, Lúcia Albuquerque, o substituiu nos trabalhos de magistério na escola, agora denominada de Escola Particular Manuel Antônio, e na Capela de Nossa Senhora da Conceição.

A capela passou por reformas e ampliações. Em 1920 e 1921, na administração do então vigário da Paróquia de Santa Luzia Padre Manoel da Costa Pereira (Padre Costa), realizou-se a construção da torre. Posteriormente, na gestão de 1926 a 1941 do Padre Luiz Ferreira Cunha da Mota 4 (Padre Mota), foi realizada, no ano de 1932, mais uma ampliação, e, em 1937, foram construídos os corredores laterais da capela.

O Alto da Conceição foi a porta de entrada do bando do temível cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, em 13 de junho de 1927. Ao avistar, em direção ao centro da cidade, as torres das igrejas de Mossoró, Lampião profetizou: cidade com mais de uma torre não é pra cangaceiro atacar. Sábias palavras. Prenúncio de derrota. Não deu outra. 

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição 

A transformação de Capela para Paróquia de Nossa Senhora da Conceição ocorreu no ano de 1941, graças à reivindicação do primeiro bispo de Mossoró, Dom Jaime de Barros Câmara 5. Para tanto, Dom Jaime vinha requerendo aos superiores da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, a fundação de uma residência de frades franciscanos na cidade de Mossoró, justamente no Alto da Conceição. No Capítulo Provincial de 9 de dezembro de 1940, o pleito do eminente bispo foi de fato atendido. Dom Jaime assinou no dia 19 de maio de 1941, em convenção aqui em Mossoró, e pelo ministro da referida Província, Frei Pedro Westermam, de

Recife-PE, no dia 24 de maio de 1941. A partir daí surgiu a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Embora tenha sido criada em 12 de agosto de 1941, os frades optaram por fazer a festa no dia 15 de agosto – Dia da Assunção de Nossa Senhora. Foi nessa data que ocorreu a solenidade de posse do primeiro Pároco, Frei Querubino Monnes, celebrada por Dom Jaime. 

Manuel Antônio de Albuquerque: o educador esquecido 

Manuel Antônio de Albuquerque nasceu em Campo Grande-RN em 1825. Professor primário da rede municipal de ensino, desde os primórdios da vila de Santa Luzia de Mossoró, na qualidade de mestre subvencionado pela Intendência, no subúrbio Macacos(Alto da Conceição), e adjacências. Cidadão de espírito religioso, sendo devoto de Nossa Senhora da Conceição, além de decicido cooperador daquele subúrbio em que residia, era considerado um

visionário iluminado, que vislumbrava tantos sonhos para aquela região. Escrevia em jornais locais sob o pseudônimo de Pai Vobis, designação latina que significa pai convosco.

Aposentou-se na gestão do Presidente da Intendência (Prefeito), Francisco Vicente Cunha da Mota 6, em 30 de setembro de 1916, após 51 anos de ensino primário no município. A família da qual fazia parte, os Albuquerques, foi uma das primeiras a habitarem o bairro. 

Referências Bibliográficas: 

BRITO, R. S. Ruas e Patronos de Mossoró. Coleção Mossoroense. Vol I e II. Série J. Mossoró-RN. 2003.

CASCUDO, L. C. Notas e Documentos para a História de Mossoró. Coleção Mossoroense. 5ª edição. Mossoró-RN, 299 p. 2010.

ESCÓSSIA, L. Cronologias Mossoroenses. Coleção Mossoroense. 2ª edição. Mossoró-RN, 305 p. 2010

MOURA, W. B. Umas tantas Lembranças da velha Mossoró e sua gente. Coleção Mossoroense. Série C. Mossoró-RN, 218 p. 2006.

OLIVEIRA, F. C. Reverências. Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Diocese de Santa Luzia de Mossoró. Igramol, Mossoró-RN, 148 p. 2011.

SILVA, R. N. À Sombra dos Tamarindos. Coleção Mossoroense, 209 p. 1979.

1 – Francisco Izódio de Souza: nascido em Apodi a 1 de abril de 1867. De origem humilde foi um batalhador pela instrução de Mossoró, um dos fundadores da Sociedade União Caixeiral e da Sociedade União dos Artistas. Eminente político em Mossoró, ocupou os cargos de Intendente (Vereador) no período de 1896 a 1898 e de Presidente da Intendência (Prefeito) no período de 1911 a 1913. È nome de rua no centro da cidade.

2 – Cônego Estevam José Dantas: nascido em São José do Mipibú de 13 de agosto de 1860. Foi diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia em 1902. Faleceu em Natal em 29 de julho de 1929. A Escola Estadual Cônego Estevam Dantas, localizada no lado da Igreja do Alto Conceição, foi uma merecida homenagem ao sacerdote potiguar. É também nome de praça no bairro Bom Jardim, popularmente conhecida como Praça dos Hospitais.

3 – Vicente Ferreira da Mota (Coronel Mota): nascido em Apodi em 3 de dezembro de 1848. Comerciante de destaque foi

Intendente em Mossoró no período de 1908 a 1910. Faleceu em Mossoró em 20 de janeiro de 1942. Era o genitor de Francisco Vicente Cunha da Mota e de Padre Mota.

4 – Luiz Ferreira Cunha da Mota (Padre Mota): Filho de Vicente Ferreira da Mota e Filomena Ferreira Cunha da Mota, nasceu em Mossoró em 16 de abril de 1697. Sacerdote de relevantes serviços prestados a sua cidade natal. Foi vigário da Paróquia de Santa Luzia de Mossoró de 1926 a 1941. Participou efusivamente da resistência ao ataque de Lampião em 1927. Prefeito de Mossoró durante o periodo de 1937 a 1945. Faleceu em Mossoró em 27 de agosto de 1966. Também é nome de rua situada no bairro Ilha de Santa Luzia.

5 – Jaime de Barros Câmara: nasceu em 03 de julho de 1894 em São José - SC. Primeiro Bispo de Mossoró e foi nomeado pelo Papa Pio XI em 19 de dezembro de 1935. Assumiu a Diocese de 1936 a dezembro de 1941. Faleceu em 18 de fevereiro de 1973, em Aparecida – SP. Dá nome a bairro, escola e há uma estátua em sua homenagem na Praça Cônego Estevam Dantas.

6 – Francisco Vicente Cunha da Mota: nascido em 10 de abril de 1880, seguiu com brilhantismo os passos do pai, o Coronel Mota, como comerciante. Ocupou vários cargos públicos, com destaque para a presidência da Intendência de Mossoró, no biênio 1914 a 1916. Faleceu, em Fortaleza-CE, aos 12 de setembro de 1950. Dois de seus filhos também foram prefeitos de Mossoró: Mota Neto e Francisco Mota. A avenida Cunha da Mota, localizada nos bairros Pereiros e Centro, foi uma merecida homenagem da edilidade mossoroense a essa figura que engrandeceu a história da cidade. 

domingo, 21 de abril de 2013

POIS TODOS SABEM QUE A NOITE MENTE...


 
 
Bárbara de Medeiros
 
Algumas feridas ainda estão por demais abertas para serem analisadas. O cheiro da carne pútrida ainda contamina o meu olfato e aperta a minha garganta, a sensação de engasgo trazendo lágrimas aos meus olhos. O sangue ainda está secando, naquela cor encarnada escura que eu tantas vezes admirei em bandeiras e estandartes de guerras, observando e rezando por jovens tão inocentes quanto eu era, que não tiveram sua alma apodrecida pelo tempo, pois este não viera. O destino chegou antes, encontrado-os espalhados em campos estrangeiros, uma pilha de corpos disformes e ensanguentados, a grama outrora verde manchada com o vinho carnal. Os inocentes pagam pelos erros dos culpados, e séculos após o primeiro erro ainda estou ajoelhada tentando me redimir pelos pecados que não compreendo na esperança de alcançar algo tão idôneo quanto o amanhã. Nada apaga o passado que rasteja atrás de mim, segurando meus calcanhares e ameaçando me puxar para o quinto dos infernos, de onde certamente veio para me assombrar. Mas como disse, admiro os herois do passado, aqueles que morreram na esperança de serem alguém, com sonhos infantis como suas feições e desejos irreais. As estrelas provavelmente eram desenhos em seus mapas mentais, e seus olhos possivelmente as percorreram uma última vez antes de serem levados ao Deus-dará. Pelo menos é assim que eu imagino. É assim como me sinto. E quando o sol pinta o manto azul claro com seus pinceis dourados, tingindo-o de laranja, eu espero até tornar-se um cobertor espesso, azul quase negro, que me conforta e me sufoca, me mata e me consola, me afoga e me aquece, me promete um novo amanhã do qual desconfio, pois todos sabem que a noite mente.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

AS PEDRAS FAZEM O CAMINHO


Bárbara de Medeiros
 
 
Bárbara de Medeiros
 
 
Pegue uma pedra
construa uma estrada
com dois caminhos
um à direita
o outro, espelho
de pedras
Agora ande!
caminhe!
pelo caminho
criado
teus pés guiarão teus passos
seu coração, bússola
porque não há certo nem errado
e as pedras fazem o caminho
 

sábado, 23 de março de 2013

VIVA PORTUGAL!

Já estive em Portugal, antes, por pouco tempo. Desta vez, entretanto, a demora está sendo longa. E aprofundada, horizontalmente, pois estou flanando também no seu interior, e verticalmente, pois puxo conversa onde chego, desde o taxista ao garçom, passando por balconistas de lojas, vendedores de jornais e revistas, e quem danado, segundo meus padrões, represente o povão. A conclusão é simples, mas dolorosa, porque resulta, sempre, de uma comparação com o Brasil. Para começo de assunto Portugal é lindo, sua história é muito interessante, e, ao contrário do que se supõe, o povo é educado e a nova geração muito bonita e bem cuidada. E alegre, nada melancólica. E tudo funciona, aqui, bem, muito bem, se comparado com o Brasil: educação, saúde, segurança e infra-estrutura. As cidades são limpas, sem mendigos, pastoradores de carro ou lavadores de parabrisas; o asfalto das ruas e das estradas é de primeira qualidade; os ônibus são novos e disciplinados; o trânsito flui normalmente e sem estresse. Como viajamos de carro pelo interior, pude perceber a limpeza das laterais das estradas, das cidades e dos lugares onde se para para uma visita ao tualete. A sinalização é perfeita. Quanto à segurança, o contraste também salta aos olhos: as pessoas andam pelas ruas, à noite, despreocupadas. Esqueci de falar do metrô: em termos de limpeza e regularidade, supera em muito o de Paris. Há senões? Claro que há! Como ainda volto,e por um período maior, a Portugal, escreverei algo acerca disso um pouco mais adiante. Enquanto não, quero confessar: ando muito surpreendido, e agradavelmente, com as terras lusitanas...





segunda-feira, 18 de março de 2013

VOU ALI BATER PERNA...

Editora Flâneur
 
 
Honório de Medeiros
 
 

                   A partir de amanhã entro de férias. E vou bater perna na Europa velha de guerra, enquanto posso. Flanar. Viver a rotina dos cafés, das livrarias, das feiras ao ar livre, das igrejas – como eu gosto delas, e quanto mais antigas, melhor! – dos sebos, dos antiquários.

                   Nada que eu não faça aqui mesmo em Natal, Mossoró, Martins, Pau dos Ferros, São Paulo, os chãos que eu sempre piso, os lugares nos quais eu sempre ando, na condição de vivente curioso acerca da faina humana e supostamente um pouco acima do analfabetismo  institucional que galopa Brasil adentro mais rapidamente que a Moça Caetana no seu mister de povoar o céu, o purgatório e o inferno.

                   Esqueci Cabaceiras, na Paraíba, no Pai Mateus, Sertãozão de Meu Deus, pedras e mais pedras, rochas e mais rochas, terra, mato rasteiro, céu de um azul sem igual, noites estreladas de tirar o fôlego, e emas, seriemas, veados, gato-do-mato, mocós, arapongas, jacus, toda a fauna do Sertão que a fome e descuido dos homens praticamente extinguiu, o linguajar arrastado contando “causos”, o chiste permanente, o cavaqueado dos meus irmãos paraibanos no centro do seu, do nosso Paraíso sertanejo.

                   Pois bem, mas na República Tcheca só me programei para fazer duas coisas: procurar a casa onde nasceu Hans Kelsen, o mais original e profundo dos filósofos do Direito, se é que ela ainda existe, e visitar o Cemitério Judeu. Nada mais. O resto é andar, perambular, deambular, flanar, pensar no sentido da vida, na origem das coisas, enquanto o tempo passa, pastorar o espírito de Vaclav Havel, com quem gostaria de trocar dois dedos de prosa, e assim por diante.

                   De lá, Hungria, onde vou segurar a vontade de fazer carreira até a Romênia para visitar o Castelo de Vlad Drakul, o Conde Drácula. Segurada a vontade, a goles de Tokay, pretendo vadiar pelo Danúbio, o quanto puder, escutando os magiares falam seu idioma incompreensível, olhar atento à possibilidade de encontrar uma cigana que leia a minha mão e me diga, em inglês macarrônico igual ao meu, que eu vou ser feliz, ter muita saúde, e morrer bem velhinho, imensamente rico.

                   Então Viena. Em Viena, os cafés, para mim, o Castelo de Sissi para minha amada. Eu vou a Sissi, claro, com ela; e, ela, claro, vem aos cafés comigo, e vamos celebrar a vida, e nos deleitarmos com a beleza da capital austríaca, e eu vou lhe contar acerca do surgimento do Positivismo Lógico naquela Viena do começo do Século XX que viveu seu apogeu intelectual antes que os nazistas chegassem. Quem me conhece sabe que procurarei, de todas as formas possíveis, os rastros de Karl Popper, o maior filósofo do século XX, um dos maiores de todos os tempos, seja na política, com sua análise de Platão, Hegel e Marx, seja na ciência com sua epistemologia, construída a partir da teoria da seleção natural. Filósofo, músico, matemático, lógico, epistemólogo, Popper foi, com certeza, o último dos polímatas.

                   Depois Portugal. Ah, Portugal! Bom, agora vou pedir licença para somente falar em Portugal um pouco mais à frene, se e quando os excelentes vinhos do Douro me permitirem. Mas lá vou à procura de Eça de Queirós, paixão antiga. E, como não poderia deixar de ser, pretendo mergulhar fundo no Sertão de Portugal. Ou Certão, como se dizia em Português arcaico... 

                   Até mais ver.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A VIDA É LÍQUIDA


lojaorganicuspn.blogspot.com


Honório de Medeiros
 
 
“A vida é líquida”, diria Zygmunt Balman, aludindo à consistência das relações entre nós e os outros, ou entre nós e as coisas e/ou fenômenos. Líquida, posto que essa consistência não tem forma definida, assume aquela que o recipiente (o contexto) impõe.

 

Não somos estruturas rígidas que atravessam o tempo imutáveis ou pouco atingidos pelas circunstâncias, somos proteiformes, somos difusos, somos evanescentes.

 

             Vivemos em uma época na qual as gerações mais novas escrevem tudo em uma linha. No máximo algumas poucas linhas. E somente lêem, e são treinadas pela realidade virtual com a qual convivem “full time” exatamente para isso, algumas linhas, umas poucas linhas. Tal é o ser (e o dever-ser) que essa realidade virtual impõe: tudo é frenético, tudo é descartável, tudo é cambiante, imediato. É a maximização das potencialidades, negativas ou positivas, da nossa espécie sobrevivente e dominante, conforme descrito pela teoria da seleção natural.

 

             O ensino, hoje, está em ruínas por vários motivos, mas desconfio que o modelo que ainda predomina está fadado ao fim, entre outras razões, mais ainda, em decorrência do descompasso com essa realidade que aos poucos se impõe, no qual não há mais espaço para uma educação que se estrutura a partir de livros, com textos pesados, longos e que exigem tempo e estudo profundo, e o tratamento do “pensar” típico dos escolásticos medievais que moldaram as bases do nosso ensino ocidental e cristão.

 

             As gerações mais novas, que herdarão o mundo, ou o que restar dele, e sua forma de apreender e expressar a realidade, estão em processo de descompasso com aquela construída pelos nossos antepassados. Não se trata de estarmos certos e eles errados por não quererem ler livros como “Ulisses”, de Joyce, “Paidéia”, de Jaeger, ou “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust.

 

             São elas, as gerações mais novas, mutações engendradas pelo meme que é a realidade virtual: caracterizam-se por viver em ritmo alucinante, pensar freneticamente, falar acelerado, em contraposição ao viver, pensar e falar arcaico, que vai sendo deixado para trás.

 

             O livro de papel sobreviverá, claro, como sobreviveu o ritual do chá no Japão moderno que a restauração Meiji instaurou, e atirar com arco-e-flecha, algo excêntrico, típico de verdadeiros “outsiders”, a partir do qual hão de se criar seitas e seus inevitáveis rituais iniciáticos. Livros em ambientes virtuais existirão cada vez mais, óbvio. Mas nunca serão consumidos como o foram os livros de papel após Gutenberg.

 

             Assim como os monges que salvaram a civilização como nós a conhecemos, na Alta Idade Média, copiando os textos antigos e os deixando para a posteridade, será em ambiente monacal que os iniciados lerão obras como as que foram citadas acima.

 

             O velho mundo está morrendo, viva o novo mundo, do qual serei espectador privilegiado, posto que, quando menino, fui apresentado ao milagre da televisão já completamente cativado pelo livro de papel, e, agora, cinquentão, me maravilho com as infinitas possibilidades de uma realidade sequer possível de ser imaginada antes, domínio e prisão dos que, hoje, ainda são apenas adolescentes.