segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

EXPERIMENTO DE DEMOCRACIA RADICAL ACONTECENDO


Espanhóis se unem em legenda de atuação anônima pela Internet*


  • Grupo criou partido político que quer construir democraria sem intermediários, pela própria rede. 

  • Priscila Guilayn  

Madri - Do outro lado da linha, uma pessoa sem nome, que trabalha em um grupo heterogêneo de 90 voluntários de 19 a 86 anos. Todos anônimos. Criaram um partido político, o Partido X (Partido do Futuro), sem sede física, que pretende construir uma democracia direta, sem intermediários, através da internet. Chegou com força e seu servidor entrou em pane, pois recebia 600 mensagens por segundo. No primeiro dia, atraiu 13 mil seguidores no Twitter, 7 mil no Facebook e 100 mil visitas no YouTube. Querem ganhar, dizem, tudo — referendos vinculantes, iniciativas legislativas populares etc —, com um wikigoverno, e colocar em xeque-mate todos os mandatários que conduzem a Espanha de costas para a sociedade.

— Existe uma crise que não foi criada pela cidadania. A sociedade está pagando por ela, e o que queremos é que os especuladores e políticos que a causaram paguem pelo que fizeram — conta, por telefone, a anônima porta-voz.

Suas metas imediatas são duas: soberania cidadã, para influenciar as ações do governo e a saída urgente da crise econômica, que assola o país com um índice de 26% de desemprego. Não são de esquerda, de direita, nem de centro, diz a porta-voz. Tampouco se definem como republicanos ou monarquistas, parlamentaristas ou presidencialistas.

— Não nos perguntamos sobre nossas ideologias. Este não é um espaço de discussão. É uma ferramenta de trabalho para a sociedade civil mudar o sistema político. Queremos fazer a máquina funcionar e não discutir constantemente sobre ela. A discussão deve existir, mas em outros âmbitos. Queremos ser o catalisador desta energia de mudança, que já existe, e ajudar para que tudo mude o mais rápido possível.

O Partido X começou a ser gerado há um ano e meio, em plena efervescência do Movimento 15-M, que surgiu com acampamentos, nas principais praças do país, e passeatas como mostra de indignação contra o atual sistema político-econômico. O 15-M continuou vivo em assembleias de bairros, tomando um papel ativo, por exemplo, contra os despejos e a atual lei hipotecária.

FUNDADORA APOSENTADA

Os indignados foram acolhidos pela sociedade espanhola — cerca de 70% os apoiavam —, mas despertaram críticas praticamente unânimes: abordavam uma infinidade de questões de maneira prolixa e difusa. O Partido X é o oposto: pretende enfrentar um problema de cada vez e só passará ao segundo, quando o primeiro for solucionado. E deixa claro: nasceu do 15-M, mas não é o partido do 15-M.

— O Movimento 15-M é um momento histórico na Espanha. Deve ser identificado como uma época. É como dizer Revolução Francesa ou Revolução Industrial. A ideia surgiu neste período histórico, mas não como extensão dele. Alguns de nós do Partido X participaram do 15-M desde o princípio, outros nunca foram sequer a uma manifestação. O 15-M não quer ser representado, não quer um partido politico. Quem disser que representa o 15-M é um usurpador — afirma.

A falta de hierarquia do 15-M, que também evitava nomes e líderes, se repete neste inovador experimento político, que se registrou como partido em dezembro. A legislação espanhola não exige um número mínimo de afiliados, mas o partido deve ser registrado por um cidadão espanhol. Aí entra Greer Margaret Thurlow Sanders, a “presidente honorária aposentada”, que não participa do partido, e sobre a qual, afirma a porta-voz, não podem dar nenhuma informação, sequer sobre sua procedência, já que seu nome deixa claro que não é de origem espanhola. A ausência de nomes ou de informação não deve ser interpretada como falta de transparência, afirma a porta-voz.

— Não pedimos nem voto nem confiança. A desconfiança neste momento é positiva porque queremos despertar a consciência cidadã e romper com a mentalidade do abandono da atividade política nas mãos de pessoas determinadas. Queremos os cidadãos vigilantes, atentos, colaborando com um trabalho que deve ser de toda a sociedade.

O grupo anônimo de cientistas, professores, artistas, advogados, especialistas em novas tecnologia e em diversas áreas, avós, donas de casa, estudantes e desempregados que formam o Partido X, não pretende concorrer por enquanto, nas eleições. Não querem tentar obter uma pequena representação parlamentar e ir, pouco a pouco, conquistando mais votos. Vão esperar um “clamor grande”. Quando chegar o momento de organizar listas eleitorais, haverá rostos, nomes e sobrenomes. Por ora, o grupo de 90 integrantes é fechado. Não querem afiliados. Militantes, de fato, em um ciberpartido não têm sentido. O que precisam é de seguidores, com alto grau de compromisso e poder de mobilização nas redes sociais.

— O Partido X é uma das primeiras manifestações, no mundo, de ciberpolítica. Nossas instituições são do século XIX e têm que mudar. O Partido X é uma manifestação prática disso. Não há como saber se terão sucesso ou não. O sistema político espanhol está corrompido até a raiz, e o sentimento de impotência da cidadania é muito forte. Mas o que se pode fazer? Na política tradicional, calar-se ou manifestar-se pela rua, esperando que cheguem as próximas eleições. Mas em um novo contexto, como o da ciberpolítica, pode haver outras saídas — diz o analista político da Universidade Nacional a Distância Ramón Cotarelo.

PROGRAMA DE GOVERNO

Por enquanto, o Partido X trabalha na elaboração do seu programa intitulado “Democracia e ponto”, que ficará pronto em março. Usam o método de participação sequenciada, ou seja, um problema de cada vez, para o qual especialistas em diferentes matérias apresentarão soluções, enquanto os demais membros do partido que não conhecem profundamente o assunto, observarão, aprenderão e fiscalizarão para que o objetivo não seja desvirtuado.

— Imaginamos um governo assim: com pessoas especialistas nas diferentes matérias e com a vigilância dos cidadãos, para que não se distanciem dos objetivos por interesses pessoais — explica a anônima porta-voz.
 
* http://oglobo.globo.com/mundo/espanhois-se-unem-em-legenda-de-atuacao-anonima-pela-internet

sábado, 26 de janeiro de 2013

RETÓRICA INCADESCENTE CONTRA ROSALBA NA "MARCHA DO FIO DE AÇO"



 
Na "MARCHA DO FIO DE AÇO"...
 
 
...Gregos, Troianos, Romanos e Potiguares clamaram...
 
 
...pela saúde pública do Estado do Rn...
 
 
...com discursos incandescentes, como o do Presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira, assemelhando Rosalba à Micarla e a aconselhando a rasgar seu diploma de médica, tamanho seu descaso, segundo ele, com a saúde pública! 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

DE QUEM É ESTRANHO OU INTRUSO NO JOGO DO PODER


 


 

Honório de Medeiros
 

Poderíamos denominá-los outsiders nos lembrando do sociólogo alemão Norbert Elias cujas obras, que estudaram as relações entre Poder e Conhecimento, permaneceram marginais (à margem) até os anos 70, quando, então, se tornaram muito influentes. Elias, autor de “O Processo Civilizatório”, reintroduziu na discussão intelectual moderna, graças a sua concepção de “redes sociais”, a importância da ação individual na história.

Talvez o conceito do sociólogo judeu-alemão não abarque aqueles que irei mencionar, mesmo tangencialmente. Não importa. Vou me apropriar do nome e utilizá-lo para o fim visado. 

Claro que poderíamos denominá-los gauches, em homenagem a Carlos Drummond de Andrade: 

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
 

Aplicar-se-ia, aqui, o mesmo raciocínio anterior. Prefiro, portanto, outsiders a partir do significado etimológico que o Dicionário Estudantil, o Michaelis, lhe atribui: s. estranho, intruso. 

Estranhos a quê, ou a quem? 

À privacidade do detentor do Poder – e de sua entourage - para quem, eventualmente trabalhe, por não confundir relação de trabalho com relação pessoal; à idéia de franquear sua intimidade ao detentor do Poder – e à sua entourage; à bajulação; à omissão no que diz respeito à discordância, se preciso for, quanto às idéias e/ou ações do detentor do Poder; à conformação própria de uma oposição branda para demarcar posições; ao jogo do Poder e ao Poder do jogo do Poder; à atitude de marcar presença física para ser visto e lembrado como alguém da “corte”; à subserviência; à aniquilação do respeito por si mesmo, na medida em que corpo e mente passam a ser instrumentos daqueles que os mantêm. 

Intrusos para o círculo íntimo do Poder embora perifericamente dele fazendo parte, momentaneamente, em virtude de sua competência técnica. 

Quem é intruso não tem acesso às idéias que realmente estão impulsionando o jogo do Poder. Não compartilha as ações que dele decorrem, por mais inteligentes que seja. Não faz questão de entender – às vezes até mesmo perceber – a linguagem cifrada através da qual os integrantes do círculo íntimo se manifestam. 

Com sua chegada se estabelece o silêncio ou o barulho dirigido. O intruso incomoda, é um obstáculo tanto mais difícil porque ele faz parte da engrenagem embora atrapalhe na medida em que não possa ser envolvido – e usado - sem que perceba o que realmente está por trás do jogo político do qual faz parte. 

Os outsiders – todos eles – em algum momento de sua vida foram moídos por aqueles no meio dos quais conviveram. Foram mastigados, deglutidos e vomitados. Suas essências não poderam ser assimiladas por aquele tipo de sistema.

Não se trata de oposição externa ao Poder. Não é irridência, sublevação, contestação explícita, revolução. Não. É incompatibilidade com o estamento do qual até então o outsider fazia parte apesar de ser outsider.

Ser outsider foi sua glória e sua tragédia. Fez com que fosse trazido para o jogo político e depois expelido. Trazido graças a seu talento, sua competência individual – nada que se assemelhe à conseqüência de um compadrio, de um afilhadismo, de um parentesco qualquer. E expelido porque impossibilitado, graças a sua excentricidade moral, ou psicológica, ou filosófica, ou todas juntas, de se acompanhar da carneirada e sua vocação para serem usadas pelos lobos ao custo de balangandãs, bijuterias, penduricalhos materiais ou emocionais.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O PODER DA REDE SOCIAL CONTRA O PODER DO ESTADO


 
Por Carlos Santos


 

A informação no universo cibernético é uma novidade e um desafio para todos nós, que de alguma forma convivemos de forma profissional com a tarefa de comunicar. É um aprendizado diário, uma esfinge longe de ser decifrada por inteiro.
Alguns dogmas, clichês e verdades absolutas com as quais o jornalismo prosperou até aqui, começam a ser questionados ou simplesmente desmoronam como castelo de cartas.
Exemplo fácil de marcar essas observações a gente pode ver na política do Rio Grande do Norte atual.
O desgastado Governo Rosalba Ciarlini (DEM) praticamente não tem oposição formal na Assembleia Legislativa e convive com vozes desarticuladas nos aglomerados partidários. Seus problemas maiores, nesse campo, também não estão fincados em jornais, rádios ou TV´s.
De forma viral, sua má fama tem sido construída na Internet. De modo articulado, ou não.
Há poucos dias, do nada, utilizando câmera de um celular, o médico Jeancarlo Cavalcante ganhou notoriedade por filmar procedimento médico numa sala de cirurgia do Hospital Walfredo Gurgel, em que remendava paciente sem uso de um necessário fio de aço.
“Bombou”, como se diz no meio virtual. Ganhou manchete em toda a imprensa do país, desmoralizando mais ainda o governo.
Jeancarlo não é jornalista, não é dono de cadeia de comunicação ou muito menos político. Teve seus 15 minutos de fama, que talvez sequer planejara. Fez mais estrago do que toda a oposição política reunida.
Virótico, seu vídeo é uma entre tantas outras manifestações que pipocam na Internet através de redes sociais, sem que o governo consiga controlar ou encontre meio simples ou sofisticado de fazer frente. Perde feio essa guerra.
Sátira e Lilliput
Qualquer um pode alvejar o governo. A qualquer momento. E de forma mortal.
Antes mesmo do médico Jeancarlo, outros “guerrilheiros” ocuparam a rede de microblogs Twitter para denúncias diárias quanto às péssimas condições de trabalho nas unidades de saúde pública. Alguns são médicos também.
Postam comentários, fotos e vídeos estarrecedores também no Facebook e blogs.
Bem antes, Natal testemunhou uma mobilização com dezenas e centenas de manifestantes contra a então prefeita Micarla de Sousa (PV).
Muitos anônimos derrubaram ditaduras no Oriente Médio e abalaram o poder em outras partes do mundo.
O Rio Grande do Norte não está descontextualizado do mundo. Não estamos em Lilliput (ilha fictícia do romance “As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift), mas parece que somos minúsculos cidadãos num reino de absurdos. Somos uma sátira de nós mesmos.
Apesar disso, temos muitos políticos, marqueteiros e comunicólogos de diversos matizes que continuam com a mentalidade e aplicação de técnicas de sobrevivência fincadas lá no passado. Estão longes da realidade.
Nem os milhões destinados à propaganda têm sido capazes de estancar essa epidemia. O vírus dessa militância continua a se espalhar e outros homens-bomba como Jeancarlos estão à solta por aí.
Até o momento, o governo perde feio essa guerra digital.
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

JORNALISTA REVELA LISTA DE SERVIDORES SEM CONCURSO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA


Caixa Preta ( no www.blogdocarlossantos.com.br)

Jornalista revela lista de servidores sem concurso da AL


O jornalista Dinarte Assunção divulgou hoje em primeira mão, a lista com 69 nomes de pessoas mantidas como servidores efetivas – mas sem concurso – na Assembleia Legislativa. Salienta, que o Ministério Público move ação contra essa situação sustentada há vários anos pelos dirigentes parlamentares.
 
A lista é um emaranhado de nomes que estão em sua maioria vinclados a políticos e até gente do Judiciário, numa comunhão de interesses.
 
Veja abaixo:
 
1 ADRIANA ANTUNES TORRES MARINHO – Esposa do Procurador de Justiça, ex-Procurador Geral de Justiça (1997-2001) e ex-Secretário de Segurança Pública (2001-2002) Anísio Marinho Neto;
2 ÁLVARO COSTA DIAS – Deputado Estadual – Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;
3. AMARO DE SOUZA MARINHO NETO – Filho do ex-Deputado Estadual e Desembargador aposentado Amaro de Souza Marinho;
4. ANA FABÍOLA DO REGO TORQUATO – Filha da prefeita de Portalegre e sobrinha do Deputado Estadual Getúlio Rego;
5. ANA LYDIA FARIAS MONTEIRO P. GOMES – Filha da ex-Deputada Estadual Ana Maria;
6. -ANA MARIA PINHEIRO E ALVES – Mãe do Procurador da Assembléia Alessandru Emmanoel Alves;
7. ANGELINA SÁTIRO GOMES – Esposa do diretor da TV ASSEMBLÉIA;
8. ANSELMO COSTA DIAS – Irmão do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;
9. ANTÔNIO MARZO LEITE DANTAS – filho do ex-Diretor da Assembléia Legislativa Antônio Dantas.
10. ANTÔNIO OZIK P. SOBRINHO – Vereador no Município de Lajes;
11. ARIANA MEIRELES MOTTA DE AZEVEDO – Irmã do Deputado Estadual Ricardo Motta;
12. BERNADETE BATISTA DE OLIVEIRA – Irmã do prefeito de Equador;
13. CARLOS JOSÉ PEREIRA MENDES – Ex-Genro da Governadora do Estado do Rio Grande do Norte Vilma Maria de Faria e esposo da Deputada Estadual Márcia Maia;
14. CELINA MARIA MARINHO RAMOS – Esposa do ex-Prefeito de Natal, Marcos Formiga;
15. CÉSAR AUGUSTO DA COSTA ROCHA – Filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa Francisco das Chagas Rochas;
16. CLÁUDIA ALZIRA DIÓGENES NUNES MARCELINO – Ex-prefeita de José da Penha;
17. CLÁUDIO HENRIQUE BASTOS MESQUITA – Sobrinho do ex-Deputado Estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Valério Mesquita;
18. EDMILSON DE OLIVEIRA BEZERRA – Secretário do Deputado Estadual Ricardo Motta;
19. ERICK WILSON PEREIRA – Advogado e filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho Emanoel Pereira;
20. FRANCISCO EDSON DE CARVALHO – Secretário do Deputado Estadual Raimundo Fernandes;
21. FRANCISCO GILSON DE MOURA – Deputado Estadual;
22. FREDERICO ROSADO DO AMARAL – Ex-Deputado Estadual;
23. GEÍZA LULA DE QUEIROZ SANTOS – Irmã do Deputado Estadual Nelter Queiroz e filha do ex-Deputado Estadual Nelson Queiroz;
24. GEORGE QUEIROZ DA CUNHA – Cunhado do Conselheiro e do atual presidente do Tribunal de Contas, Paulo Roberto Chaves Alves (ex-Secretário de Gabinete Civil do Governo do Estado, gestão do irmão senador e ministro Garibaldi Alves Filho);
25. HELGA MARIA TORQUATO DE OLIVEIRA – Filha do ex-Deputado Estadual e Conselheiro do Tribunal de Contas Alcimar Torquato;
26. HELIANA MARIA COHEN COSTA QUEIROZ – Ex – Esposa do Deputado Estadual Nelter Queiroz;
27. HUMBERTO COSTA DIAS – Irmão do Deputado Estadual Álvaro Dias, que foi Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte nas legislaturas de 1997 a 2003;
28. ISABELE DA COSTA MESQUITA – Filha do ex-Deputado Estadual e Conselheiro do Tribunal de Contas Valério Mesquita;
29. JACI CABRAL DE MEDEIROS – Mãe da secretária do Deputado Estadual Getúlio Rego;
30. JARBAS LULA QUEIROZ SANTOS – Irmão do Deputado Estadual Nelter Queiroz e filho do ex-Deputado Estadual Nelson Queiroz;
31. JOÃO NUNES JÚNIOR – Sobrinho do Deputado Estadual Getúlio Rego;
32. JOSÉ DE PÁDUA MARTINS – Esposo da Procuradora Geral da Assembléia Rita das Mercês;
33. JOSÉ PEGADO DO NASCIMENTO – Secretário-Adjunto de Estado da Ação Social;
34. KELLY CRISTINA VERAS DIAS – Nora do ex-Deputado Estadual Amaro Marinho;
35. KIVIA PESSOA DE ARAÚJO – Esposa do Secretário de Recursos Humanos da Assembléia Legislativa Wilson Chacon;
36. KRISTINE MAY SHELMAN DE SOUZA ROSADO AMARAL – Esposa do ex-Deputado Estadual Frederico Rosado;
37. LÚCIO DE MEDEIROS DANTAS JÚNIOR – Secretário do Deputado Estadual Álvaro Dias;
38. LUIZ BENES LEOCÁDIO DE ARAÚJO – Prefeito do Município de Lajes;
39. LUÍZA DE MARILLAC RODRIGUES DE QUEIROZ COELHO PEIXOTO – Titular de cargo comissionado do alto escalão da Assembléia Legislativa;
40. MARCELO ESCÓSSIA DE MELO – Filho da Procuradora da Assembléia Jandira Escóssia;
41. MARCO TÚLIO DA COSTA ROCHA – Filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa Francisco das Chagas Rochas;
42. MARIA AUXILIADORA NUNES REGO – Irmã do Deputado Estadual Getúlio Rego;
43. MARIA CRISTINA HUETE M. MOTTA – Esposa do Deputado Estadual Ricardo Motta;
44. MARIA DA CONCEIÇÃO ASSIS VIDAL – Ex-esposa do ex-Deputado Estadual Luiz Antônio Vidal, que foi Presidente da Assembléia Legislativa;
45. MARIA DAS GRAÇAS ALBUQUERQUE CAVALCANTI – Irmã do Deputado Estadual Poty Júnior e do ex-Deputado Estadual Alexandre Cavalcanti;
46. MARIA DE FÁTIMA DELGADO NOBRE – Irmã do ex-Ministro do STJ José Augusto Delgado (que inclusive é um dos advogados habilitados pelos agravados);
47. MARIA DO CÉO COSTA – Irmã do Deputado Estadual Vivaldo Costa, do ex-Deputado Estadual Vidalvo Dadá Costa e do Conselheiro do Tribunal de Contas Tarcísio Costa;
48. NELSON HERMÓGENES DE MEDEIROS FREIRE – Ex-Deputado Estadual e ex-Presidente da Assembléia Legislativa;
49. NELSON QUEIROZ FILHO – Irmão do Deputado Estadual Nelter Queiroz e filho do ex-Deputado Estadual Nelson Queiroz;
50. NEWTON COELHO DE MEDEIROS – Diretor da COENGEN, uma das maiores empreiteiras do Rio Grande do Norte;
51. OLGA CHAVES F. Q. FIGUEIREDO – Filha do ex-Deputado Estadual e ex-Conselheiro do TCE José Fernandes e esposa do ex-Deputado Estadual Patrício Júnior;
52. PAULO SÉRGIO ROSADO DE HOLANDA – Sobrinho da ex-Deputada Estadual Sandra Rosado;
53. PEDRO FERREIRA MELO FILHO – Ex-Deputado Estadual;
54. PIO MARINHEIRO DE SOUZA FILHO – Ex-Vereador de Natal;
55. RÉGIA MARIA RODRIGUES M. NUNES – Esposa do Procurador da Assembléia Israel Nunes;
56. REJANE FERREIRA DE OLIVEIRA – Cunhada do ex-Deputado Estadual e Prefeito de Assu Ronaldo Soares;
57. RICARDO JOSÉ MEIRELLES DA MOTTA – Deputado Estadual, atual presidente da AL;
58. RIZZA MARIA MONTENEGRO SOARES – Ex-ssposa do ex-Deputado Estadual e Prefeito de Assu Ronaldo Soares;
59. ROBERTO GUEDES DA FONSECA – Jornalista;
60. RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES – Secretário Administrativo da Assembléia Legislativa;
61. ROSANE TEIXEIRA DE CARVALHO – Ex-Esposa do Deputado Estadual Álvaro Dias, que foi Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;
62. ROSIMEIRE DE SOUZA CARVALHO – Ex-esposa de Francisco Édson de Carvalho, secretário do deputado Estadual Raimundo Fernandes; 48.
63. SANDRA DIAS DE CARVALHO NEGÓCIO – Nora do ex-Prefeito de Parnamirim Raimundo Marciano;
64. SÉRGIO AUGUSTO DIAS FLORÊNCIO – Primo do Deputado Estadual Álvaro Dias;
65. SÉRGIO EDUARDO DA COSTA FREIRE – É o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no RN, irmão do Vereador, ex-Deputado Estadual ex-vice-prefeito e ex-prefeito interino de Natal Paulinho Freire;
66. SILVANA MEDEIROS GURGEL DIAS – Prima do Deputado Estadual Álvaro Dias;
67. SORAIA MORAIS DE SOUZA – Esposa do ex-Deputado Estadual Nelson Freire;
68. VALTER MIRANDA DE PAULO – Secretário do Deputado Estadual Wober Júnior;
69. VICENTE ALBERTO SEREJO GOMES – Jornalista.

DE QUANDO O RN E O CEARÁ SE TRAVARAM NA BALA!


 


Cel. Salustiano em 1897







 
 
 
 
 
 
 
 


 Coronel Salustiano Padilha, a "Altaneira Águia do Apodi" 

José de Arimatéia Bandeira 

O público nas ruas de Fortaleza o conhecia pouco. O jornal Unitário perguntava em editorial: "Quem é esse homem, a quem está confiada a tão momentosa tarefa de desafrontar a honra estadual?"

José Torcápio Salustiano de Albuquerque Padilha nascera na vila de Camocim a sete de setembro de 1861. Considerava o fato de ter nascido na data da independência nacional um presságio. Seus pais morreram quando ele era muito jovem, fazendo com que ele fosse criado por um de seus tios maternos, o farmacêutico João Francisco de Almeida Albuquerque.

Esse tio exerceu grande influência na sua vida, pois fora voluntário da pátria na guerra do Paraguai como alferes, tendo sido inclusive ferido e condecorado. O historiador Soriano Cavalcanti afirma que todas os finais de tarde o jovem Salustiano ouvia seu tio relatar feitos heróicos pela defesa da pátria em meio aos macegais do Paraguai, e que foi isso que acendeu nele a chama do patriotismo.

Em 1878 ou 1879, os registros não são claros, o jovem Salustiano se matricula na Escola Militar de Rio Pardo, formando-se aspirante em 1883.

Desde o começo de sua carreira militar Salustiano se destacava pelo seu acendrado patriotismo. Ele reprovava seus colegas quando estes se mostravam mais interessados em bebedeiras, teatros e flertes que em pensar na pátria. Sua companhia era evitada pelos outros oficiais, pois era bem conhecido que ele só tinha um assunto, único e exclusivo: a honra nacional.

O amor de Salustiano pela pátria se torna patente na carta que mandou a noiva, uma de cujas páginas que não se perderam se pode ver à direita, quando do início das querelas com a Bolívia devido à situação no Acre, e que quase levaram os dois países à guerra. Na carta Salustiano confessa seu ódio aos malévolos bolivianos, e mais do que isso, confessa à noiva que seu amor a ela é muito grande, mas que seu amor pela pátria é maior. Escreve também que o desejo mais ardente do seu coração, que o empolgou "desde o primeiro vagido no seio da mãe", é oferecer sua vida em holocausto pela pátria, para salvá-la de algum inimigo pérfido que a ameaçasse. Acrescenta no final da carta que o Brasil é a terra mais privilegiada do Planeta, e por isso é vítima de inveja das outras nações, que pretendem destruir sua glória. Diz que apreciaria morrer no campo de honra, afrontando o inimigo, batendo-se como um leão, enrolado no pavilhão nacional, e liderando a vitória das armas nacionais.

O tratado de Petrópolis em 1903 que resolveu as questões com a Bolívia involuntariamente causou o maior choque da vida de Salustiano, que decepcionado voltou para a sua terra natal, o Ceará, em licença, depois de tanto sonhar com as glórias nas batalhas com o país vizinho.

Mas este na verdade seria o prenúncio de seu momento de glória, pois no decorrer de sua licença o rio Mossoró foi cruzado pelas tropas norte-rio-grandense, que conquistaram a cidade de Grossos, no Ceará.

A questão de Grossos, hoje um tanto esquecida, foi um dos casos mais rumorosos que abalou o Norte do Brasil no começo deste século. As tropas do Rio Grande do Norte cruzaram a fronteira histórica entre os dois estados, que era determinada pela larga barra do rio Mossoró, em fins de janeiro de 1904. O governo do Ceará diante dessa afronta não agiu prontamente, gerando uma grande campanha por parte dos jornais oposicionistas, principalmente do Unitário. Multidões se reuniam na praça Central de Fortaleza exigindo a guerra ao Rio Grande do Norte. E de nada adiantavam as explicações de juristas dizendo que um estado não podia declarar guerra a outro! Finalmente, premido por todos os lados, o líder político do estado, Nogueira Aciolly (ao lado), toma uma providência: nomeia o Tenente-coronel do exército Salustiano Padilha para comandar as tropas estaduais na expulsão das tropas potiguares.

A reação da imprensa e da população foi entusiástica. Por todos os lados o Coronel Salustiano era aclamado como o salvador da honra estadual, era chamado de Leão do Norte, Alexandre o Grande do Ceará, Novo Napoleão. Mas foi de novo o jornal Unitário que lhe deu o epíteto mais marcante: a Altaneira Águia do Apodi.

Alheio a tais glórias o Coronel trabalha com afinco e entusiasmo, finalmente ele iria fazer o que sempre quis: bater-se contra o inimigo! E em pouco tempo a tropa de duzentos e cinqüenta homens estava organizada, e a cinco de março de 1904 instala sua base na cidade cearense de Aracati, a apenas oitenta quilômetros da zona conflagrada!

E na verdade aí começaram os grandes problemas de Salustiano. Primeiro, o problema logístico. Pelo mapa abaixo, pode-se ver que as bases potiguares estavam muito próximas do teatro de operações. A base inimiga mais próxima, a cidade fortificada de Mossoró, estava a pouco menos de trinta quilômetros de distância. Enquanto isso Salustiano e suas tropas tiveram de enfrentar cansativas marchas por praias de areias moles e sol causticante, e sem fontes d'água por perto.

Nem mesmo para seus sobrinhos Salustiano quis contar dos sofrimentos daquela marcha, pois para ele, homem de brio, tais sofrimentos pela pátria eram minúcias, indignos mesmo de menção. Mas pode-se imaginar o que ele e seus homens passaram. Diz a história popular que o Coronel Salustiano fez o percurso lendo uma velha edição de Clausewitz ("Da Guerra"), e que teria dado toda a água de seu cantil aos seus soldados, tendo ficado sem nada. Claro que talvez isso seja imaginação popular. O próprio Soriano Cavalcanti duvida que isso tenha acontecido, embora o hoje esquecido poeta José Albano tenha escrito uma ode "Ao Themístocles Cearense!" em homenagem a tal feito. De qualquer forma não deixa de ser bonito pensarmos em um comandante em pleno sol das praias nordestinas sacrificando-se por seus comandados e pensando apenas nas altas questões de estratégia, com o livro de um autor prussiano nas mãos.

Depois da longa e cansativa marcha, os homens chegaram ao teatro de operações, tendo os primeiros pelotões atingido a região na tarde de 11 de março de 1904, para fazer espantosa descoberta: o inimigo tinha fugido!

Perguntas a moradores da região confirmaram tudo. Sabendo da aproximação das tropas cearenses, os potiguares tinham de novo cruzado a barra do rio Mossoró, tendo se reagrupado na cidade de Areia Branca, do outro lado do rio. Um tanto desanimado, Salustiano estabelece seu quartel-general na vilazinha de Grossos, tendo ordenado o hasteamento do pavilhão cearense e que se cantasse o hino, ao crepúsculo do dia 11.
Aí começa o episódio mais glorioso e obscuro da carreira do coronel, e que de certa forma revela toda a grandeza e vileza de que o homem é capaz. A verdade crua é que certos homens, inclusive certos oficiais das forças expedicionárias cearenses simplesmente estavam aliviados por saberem do recuo do inimigo. Estavam certos de que não haveria combate, eles - e a verdade precisa ser dita - estavam com medo da morte, e prezavam mais suas vidas que sua honra.

E foram esses homens que se assustaram quando, por volta de meia-noite, o Coronel Salustiano entrou na tenda dos oficiais e disse que isso não podia ficar assim. A honra estadual não podia ficar afrontada daquele jeito. O inimigo
recuara para suas fronteiras, mas não poderia ficar impune: era preciso dar-lhe uma lição. E de nada adiantaram as objeções de alguns oficiais mais medrosos. Salustiano expôs seu plano e deu a ordem: no dia seguinte, eles invadiriam o Rio Grande do Norte! Havia alguns barcos lá por perto, e eles cruzariam a barra do rio Mossoró e invadiriam a cidade de Areia Branca.

O ataque começou logo ao amanhecer. A tropa cearense deveria estar pronta para embarcar nas canoas e seguir o trilho. O historiador Soriano Cavalcanti guarda algumas poucas fotos que sobreviveram, tanto do lado cearense como do lado potiguar, e essas fotos contam como foi a incursão. Ao alvorecer do grande dia o Coronel Salustiano estava eufórico, mas não uma euforia irresponsável e otimista. Não, pelo contrário, ele uma euforia rara nos tempos
modernos, a euforia do homem que vai de encontro ao próprio destino, embora esse destino possa ser a morte em alguma salina perdida na costa de um rio esquecido. Salustiano não tinha ilusões quanto à guerra: sabia que nela os homens morrem, matam e são mutilados física e mentalmente. Mas também não tinha ilusões quanto a si mesmo: sabia que seu destino era afrontar o inimigo, e desafiar a morte carregando o Sagrado Pavilhão.

Às sete horas do dia 12 de março de 1904 o Coronel Salustiano, com alguns soldados, pegou o primeiro dos barcos (foto).Nesta foto vemos o Coronel Salustiano com seu uniforme afrancesado, ao lado do homem de cartola, o velho prefeito da cidade cearense de Grossos, que Salustiano acusou de ter fugido covardemente perante o inimigo quando da invasão e por isso obrigou a vir logo na primeira vaga de invasão, composta deste e de alguns outros poucos barcos.

O problema é que nunca houve uma segunda e terceira vagas de invasão. Alguns oficiais, achando que Salustiano estava enlouquecido, atravessaram o rio e entendendo-se com o inimigo conseguiram telegrafar para o Presidente do Estado, e este respondeu que eles não deveriam invadir o estado vizinho. Salustiano negou-se a cumprir tais ordens, por serem uma afronta a sua honra militar, e no comando apenas de poucos homens, empreendeu a travessia.

O combate foi renhido, tendo as poucas tropas de Salustiano lutado bravamente. (ver foto à esquerda). Esta foto da esquerda, diga-se de passagem, talvez seja a mais rara e importante de todas as que estão aqui, pois apesar de sua má qualidade, é a única de combate real, e foi tirada pelo fotógrafo da expedição, o alferes Cristiano de Moraes. O fato é que após renhida luta o Coronel Salustiano, sem apoio, foi obrigado a retirar-se. Esse talvez tenha sido seu grande problema, a retirada. Ele, que passara a vida inteira dizendo que um comandante deveria vencer ou morrer, agora se deixara convencer por seus comandados de que não deveria se suicidar, e assim retirou-se com suas poucas tropas de volta para o lado cearense, deixando os potiguares livres na cidade entrincheirada de Areia Branca, onde orgulhosamente posaram para muitas fotos, como esta abaixo. Logo depois veio a ordem do Presidente da República de que as tropas dos dois lados deveriam recuar para suas bases.

O fato é que depois daquele dia quente de março de 1904, naquela região com um vento penetrado de sal, o Coronel Salustiano nunca mais foi o mesmo. Pediu passagem para a reserva e deixou-se ficar numa cadeira de balanço olhando para o mar na sua casa em Fortaleza, sempre remoendo o momento em que tivera de se retirar, manchando sua honra para sempre. Era um homem acabado. E pouco adiantaram as homenagens que recebeu no decorrer dos anos. Foi condecorado por vários governadores e muitos anos depois a o Presidente Getúlio Vargas enviou um telegrama de enaltecimento ao velho militar.

Para não deixar a história sem final, acrescento que a região do Apodi e de Grossos, objeto do litígio entre os dois estados, acabou sendo decidida no Supremo Tribunal Federal, onde o Rio Grande do Norte teve a esperteza de contratar o melhor advogado que havia na época, o baixinho e ranheta advogado baiano Ruy Barbosa, o homem que se agarrava aos livros como se fossem ouro. Com um homem desses acabou sendo barbada para os potiguares, e eles ficaram com a região.

Quanto a Salustiano, morreu numa data muito infeliz, 11 de julho de 1932, quanto os olhos de todo o país estavam voltados para a Revolução que estourara em São Paulo. Poucas pessoas foram a seu enterro, a maioria familiares, e dizem que o enterro foi rápido, devido a uma chuva fina de fim de estação. Sua lápide ainda hoje pode ser vista no cemitério de Fortaleza, e nela está escrito muito simplesmente: "Aqui jaz José Torcápio Salustiano de Albuquerque Padilha, a Altaneira Águia do Apodi".
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

DOIS MOMENTOS DA IGREJA CATÓLICA

teutônicos.org
"Deus reconhecerá os seus"


Honório de Medeiros 

"Matem todos, Deus saberá quem são os seus".

 Assim falou Arnold Amaury, monge cisterciense, quando seus guerreiros cruzados, a um passo de atacar a cidade de Béziers, em 22 de julho de 1209, tinham se voltado em sua direção para perguntar se deviam distinguir os fiéis ao catolicismo dos cátaros heréticos.

É o que nos conta Stephen O'Shea em seu "A Heresia Perfeita", cujo subtítulo é "A vida e a morte revolucionária dos cátaros na idade média".

A "Cruzada Albigense" se estendeu de 1209 a 1229 e foi deflagrada por Inocêncio III, sob a alegação de erradicar a heresia popular que grassava no Languedoc, região francesa que se estendia dos Pirineus à Provence e que incluia cidades como Toulouse, Albi, Carcassone, Narbonne, Béziers e Montpellier.

 Na verdade os barões feudais do Norte da França - dentre eles o Rei - cobiçavam as terras e as riquezas dos seus pares do Sul, principalmente o condado de Toulouse, que era suserania de Pedro de Aragão.

As duas décadas de sangue deram lugar a quinze anos de revolta e repressão até o cerco de Montségur, em 1244.

 No final, mais de duzentos de seus defensores, os líderes cátaros, foram arrebanhados e tangidos até uma clareira na neve para serem queimados vivos. Resultado do guerra de extermínio foi o surgimento da Inquisição e suas técnicas que atormentariam a Europa e a América Latina durante séculos, sob o comando dos Dominicanos. Técnicas essas que estabeleceram o modelo para o controle totalitário da consciência individual em nossos dias, diz-nos O’Shea.

Autos-de-fé, enceguecimentos, enforcamentos em massa, catapultamentos de corpos por sobre as paredes dos castelos, pilhagens, saques, julgamentos secretos, exumação de cadáveres, estupros, sevícias, tudo em nome da fé!

Em 27 de agosto de 1689, em correspondência dirigida a Domingos Jorge Velho, Frei Manuel da Ressurreição, Arcebispo e Governador do Rio Grande o parabeniza: "E dou a Vossa Mercê o parabem de um avizo que do Recife me fez o Provedor da Fazenda estando para dar á vela a embarcação que o trouxe de haver Vossa Mercê degollado 260 Tapuyas".

De 26 a 30 de outubro de 1689 Domingos Jorge Velho mata 1.500 tapuias e aprisiona 300. Em 12 de janeiro de 1690 Frei Manuel da Ressurreição manda que se busque "trilhas de Bárbaros, como Vossa Mercê me diz se acham, os não faça o nosso descuido ousados".

Em 4 de março do mesmo ano o Governador Geral determina aos três cabos de guerra que exterminam os tapuias: "Se não devem esperar nos Arraiais, em que se acham as mesmas armas; senão seguindo-os até lhes queimarem, e destruirem as Aldeias, e elles ficarem totalmente debelados, e resultar da sua extincção, não só a memória, e temor do seu castigo, mas a tranquilidade, e segurança com que sua Magestade quer que vivam, e se conservem vassallos, como por tão duplicadas ordens tem recommendado a este Governo".

Está em "Cronologia Seridoense", do grande Olavo Medeiros Filho.