quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

1968: 4º ANO PRIMÁRIO NO COLÉGIO DIOCESANO DE MOSSORÓ


4º Ano Primário do Colégio Diocesano Santa Luzia de Mossoró. Ano: possivelmente 1968.
Na primeira linha, primeiro degrau, da esquerda de quem olha para a direita: Concita Almeida e Ângela; na segunda fila, segundo degrau: Israel, Otávio, Roberto Azevedo, Anchieta Medeiros, Gilson Ricardo, Elídia Ângela; na terceira fila, terceiro degrau: Wilson Cabral, Franzé Rodrigues, Honorio de Medeiros, Marcos Mendes, Luis Gustavo, Desconhecido, Hipólito, Carlos Eduardo, Maria José, Magale Luz; na quarta fila, quarto degrau: Éverton Cardoso, Eduardo Medeiros, João, Raimundo Benjamin, Júnior Godeiro, Zé Maria, Carlito Rego; na quinta fila, Militão, Lamonier, Leônidas Terceiro (meio oculto), Giovani Leite, Apodi, Desconhecido. Professora: Dna. Socorro Rodrigues.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

CARNAVAL, ESSA IMENSA CATARSE COLETIVA

* Honório de Medeiros

O PRIMEIRO CLARIM / DIRCINHA BATISTA

"Hoje eu não quero sofrer, 

Hoje eu não quero chorar, 
Deixei a tristeza lá fóra,, 
Mandei a saudade esperar, lá, rá, rá, rá, 
Hoje eu não quero sofrer, 
Quem quiser que sofra em meu lugar.

Quero me afogar em serpentinas, 
Quando ouvir, 
O primeiro clarim tocar, 
Quero ver milhões de Colombinas, 
A cantar, trá, lá, lá, lá, lá, lá, 
Quero me perder de mão em mão, 
Quero ser ninguém na multidão... 
Lá, rá, rá, rá..."


----- x ------

MASSA REAL / CAETANO VELOSO

"Hoje eu só quero você
Seja do jeito que for
Hoje eu só quero alegria
É meu dia, é meu dia
Hoje eu só quero amor
Hoje eu só quero prazer
Hoje vai ter que pintar
Só quero a massa real
É o meu carnaval
Hoje eu só quero amar
Hoje eu não quero sofrer
Não quero ver ninguém chorar
Hoje eu não quero saber
De ouvir dizer que não vai dar
Vai ter que dar, vai ter que dar
Esse é o meu carnaval
Vai ter que dar, vai ter que dar
Só quero a massa real."

Carnaval, essa imensa catarse coletiva.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

ADEUS, VELHO AMIGO

* Honório de Medeiros

Aquele amigo que se afasta, aquele velho amigo, com ele desaparece "a testemunha e o comentarista de milhares de lembranças compartilhadas, fiapos de reminiscências comuns que se desvaneceriam"(*). "All those moments will be lost in time, like tears in rain"(**).

* "Hereges", Leonardo Padura.
** O replicante Roy Batty, em "Blade Runner".

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

ERRO DO AUTOR EM "HISTÓRIAS DE CANGACEIROS E CORONÉIS"

* Honório de Medeiros

Às páginas 21 do meu "Histórias de Cangaceiros e Coronéis", fiz uma afirmação que não se sustenta.

Está na Nota 3, rodapé. Lá eu coloquei: "Sânzio de Azevedo, em seu 'RODOLFO TEÓFILO E A SAGA DE JESUÍNO BRILHANTE' diz que essa morte ocorreu em 1837. Nesse ano José Brilhante, se nascido em 1824, teria sete anos de idade."

Um leitor mais atento perceberá facilmente que 1837 menos 1824 é igual a treze anos, e, não, sete. 

Ou seja, Sânzio de Azevedo estava coberto de razão.

Erro meu, claro, aqui assumido publicamente, assim como publicamente peço desculpas ao grande escritor e ensaísta cearense.

Erro que será corrigido na segunda edição, não se tenha dúvida.

O ESTADO, ESSA JIBÓIA

* Honório de Medeiros


Enquanto passam-se os dias (e as noites) o Estado, essa jiboia-constritora, vai asfixiando lentamente cada individualidade, cada singularidade, e promovendo os meios pelos quais sobrevive e se amplia: o suor do nosso rosto, por exemplo, é levado para seus cofres, e muito pouco recebemos como retorno, e não adianta questionar. Tão certo quanto a morte somente o pagamento dos tributos...

E se amplia em uma espiral ascendente sem fim. Brotam ininterruptamente de seu ventre legiões de policiais, auditores, fiscais, juízes, promotores, procuradores, guardas de trânsito, penitenciários, florestais, ferroviários, de portos, militares, agentes administrativos, tesoureiros, assessores, e etc, etc, etc.

E o Estado comprime, esmaga, esmerilha, prende, sufoca, ameaça, reprime, mata, bate, tortura, manipula, asfixia, vigia...

É um pesadelo...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A NOITE DO MEU BEM, DE RUY CASTRO

* Honório de Medeiros


Vá no youtube e digite "Estrada do Sol", de Dolores Duran e Tom Jobim: 

"É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção...

Ou "Eu e a Brisa", de Johnny Alf:
"Ah, se a juventude que essa brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só pra ser um sonho
Daí então quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então pra nós, seria..."

Então você terá o ambiente natural para se deleitar com "A Noite do Meu Bem", a história e as histórias do samba-canção, de Ruy Castro, e da boemia dos anos quarenta a inícios dos sessenta no Rio de Janeiro.

sábado, 30 de janeiro de 2016

RECOMENDO!

* Honório de Medeiros


DE SABE-TUDO

* Honório de Medeiros

Ô cidade para ter sabe-tudo! E é antigo, isso. De física quântica a corte e costura, além de assar e cozer, passando por hermenêutica jurídica e vinhos, Natal é um prodígio. Benzadeus!

AUTO-CRÍTICA E CETICISMO

* Honório de Medeiros

Auto-crítica e ceticismo. O primeiro para nos colocar em nossos reais limites; o segundo, para colocar os outros em seus reais limites.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A CRISE FORJADA DA PREVIDÊNCIA

ENTREVISTA - DENISE GENTIL

A crise forjada da Previdência

Por Coryntho Baldez

Com argumentos insofismáveis, Denise Gentil destroça os mitos oficiais que encobrem a realidade da Previdência Social no Brasil. Em primeiro lugar, uma gigantesca farsa contábil transforma em déficit o superávit do sistema previdenciário, que atingiu a cifra de R$ 1,2 bilhões em 2006, segundo a economista.

O superávit da Seguridade Social - que abrange a Saúde, a Assistência Social e a Previdência - foi significativamente maior: R$ 72,2 bilhões. No entanto, boa parte desse excedente vem sendo desviada para cobrir outras despesas, especialmente de ordem financeira - condena a professora e pesquisadora do Instituto de Economia da UFRJ, pelo qual concluiu sua tese de doutorado "A falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período 1990 - 2005" (leia a tese na íntegra).

Nesta entrevista ao Jornal da UFRJ, ela ainda explica por que considera insuficiente o novo cálculo para o sistema proposto pelo governo e mostra que, subjacente ao debate sobre a Previdência, se desenrola um combate entre concepções distintas de desenvolvimento econômico-social.

Jornal da UFRJ: A idéia de crise do sistema previdenciário faz parte do pensamento econômico hegemônico desde as últimas décadas do século passado. Como essa concepção se difundiu e quais as suas origens?

Denise Gentil: A idéia de falência dos sistemas previdenciários públicos e os ataques às instituições do welfare state (Estado de Bem- Estar Social) tornaram-se dominantes em meados dos anos 1970 e foram reforçadas com a crise econômica dos anos 1980. O pensamento liberal-conservador ganhou terreno no meio político e no meio acadêmico. A questão central para as sociedades ocidentais deixou de ser o desenvolvimento econômico e a distribuição da renda, proporcionados pela intervenção do Estado, para se converter no combate à inflação e na defesa da ampla soberania dos mercados e dos interesses individuais sobre os interesses coletivos. Um sistema de seguridade social que fosse universal, solidário e baseado em princípios redistributivistas conflitava com essa nova visão de mundo. O principal argumento para modificar a arquitetura dos sistemas estatais de proteção social, construídos num período de crescimento do pós-guerra, foi o dos custos crescentes dos sistemas previdenciários, os quais decorreriam, principalmente, de uma dramática trajetória demográfica de envelhecimento da população. A partir de então, um problema que é puramente de origem sócio-econômica foi reduzido a um mero problema demográfico, diante do qual não há solução possível a não ser o corte de direitos, redução do valor dos benefícios e elevação de impostos. Essas idéias foram amplamente difundidas para a periferia do capitalismo e reformas privatizantes foram implantadas em vários países da América Latina.

Jornal da UFRJ: No Brasil, a concepção de crise financeira da Previdência vem sendo propagada insistentemente há mais de 15 anos. Os dados que você levantou em suas pesquisas contradizem as estatísticas do governo. Primeiramente, explique o artifício contábil que distorce os cálculos oficiais.

Denise Gentil: Tenho defendido a idéia de que o cálculo do déficit previdenciário não está correto, porque não se baseia nos preceitos da Constituição Federal de 1988, que estabelece o arcabouço jurídico do sistema de Seguridade Social. O cálculo do resultado previdenciário leva em consideração apenas a receita de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que incide sobre a folha de pagamento, diminuindo dessa receita o valor dos benefícios pagos aos trabalhadores. O resultado dá em déficit. Essa, no entanto, é uma equação simplificadora da questão. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas nesse cálculo, como a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a receita de concursos de prognósticos. Isso está expressamente garantido no artigo 195 da Constituição e acintosamente não é levado em consideração.

Jornal da UFRJ: A que números você chegou em sua pesquisa?

Denise Gentil: Fiz um levantamento da situação financeira do período 1990-2006. De acordo com o fluxo de caixa do INSS, há superávit operacional ao longo de vários anos. Em 2006, para citar o ano mais recente, esse superávit foi de R$ 1,2 bilhões.

O superávit da Seguridade Social, que abrange o conjunto da Saúde, da Assistência Social e da Previdência, é muito maior. Em 2006, o excedente de recursos do orçamento da Seguridade alcançou a cifra de R$ 72,2 bilhões.

Uma parte desses recursos, cerca de R$ 38 bilhões, foi desvinculada da Seguridade para além do limite de 20% permitido pela DRU (Desvinculação das Receitas da União).

Há um grande excedente de recursos no orçamento da Seguridade Social que é desviado para outros gastos. Esse tema é polêmico e tem sido muito debatido ultimamente. Há uma vertente, a mais veiculada na mídia, de interpretação desses dados que ignora a existência de um orçamento da Seguridade Social e trata o orçamento público como uma equação que envolve apenas receita, despesa e superávit primário. Não haveria, assim, a menor diferença se os recursos do superávit vêm do orçamento da Seguridade Social ou de outra fonte qualquer do orçamento.

Interessa apenas o resultado fiscal, isto é, o quanto foi economizado para pagar despesas financeiras com juros e amortização da dívida pública.

Por isso o debate torna-se acirrado. De um lado, estão os que advogam a redução dos gastos financeiros, via redução mais acelerada da taxa de juros, para liberar recursos para a realização do investimento público necessário ao crescimento. Do outro, estão os defensores do corte lento e milimétrico da taxa de juros e de reformas para reduzir gastos com benefícios previdenciários e assistenciais. Na verdade, o que está em debate são as diferentes visões de sociedade, de desenvolvimento econômico e de valores sociais.

Jornal da UFRJ: Há uma confusão entre as noções de Previdência e de Seguridade Social que dificulta a compreensão dessa questão. Isso é proposital?

Denise Gentil: Há uma grande dose de desconhecimento no debate, mas há também os que propositadamente buscam a interpretação mais conveniente. A Previdência é parte integrante do sistema mais amplo de Seguridade Social.

É parte fundamental do sistema de proteção social erguido pela Constituição de 1988, um dos maiores avanços na conquista da cidadania, ao dar à população acesso a serviços públicos essenciais. Esse conjunto de políticas sociais se transformou no mais importante esforço de construção de uma sociedade menos desigual, associado à política de elevação do salário mínimo. A visão dominante do debate dos dias de hoje, entretanto, freqüentemente isola a Previdência do conjunto das políticas sociais, reduzindo-a a um problema fiscal localizado cujo suposto déficit desestabiliza o orçamento geral. Conforme argumentei antes, esse déficit não existe, contabilmente é uma farsa ou, no mínimo, um erro de interpretação dos dispositivos constitucionais.

Entretanto, ainda que tal déficit existisse, a sociedade, através do Estado, decidiu amparar as pessoas na velhice, no desemprego, na doença, na invalidez por acidente de trabalho, na maternidade, enfim, cabe ao Estado proteger aqueles que estão inviabilizados, definitiva ou temporariamente, para o trabalho e que perdem a possibilidade de obter renda. São direitos conferidos aos cidadãos de uma sociedade mais evoluída, que entendeu que o mercado excluirá a todos nessas circunstâncias.

Jornal da UFRJ: E são recursos que retornam para a economia?

Denise Gentil: É da mais alta relevância entender que a Previdência é muito mais que uma transferência de renda a necessitados. Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é uma transferência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de serviços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos beneficiários para o mercado, dinamizando a produção, estimulando o emprego e multiplicando a renda. Os benefícios previdenciários têm um papel importantíssimo para alavancar a economia. O baixo crescimento econômico de menos de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), do ano de 2006, seria ainda menor se não fossem as exportações e os gastos do governo, principalmente com Previdência, que isoladamente representa quase 8% do PIB.

Jornal da UFRJ: De acordo com a Constituição, quais são exatamente as fontes que devem financiar a Seguridade Social?

Denise Gentil: A seguridade é financiada por contribuições ao INSS de trabalhadores empregados, autônomos e dos empregadores; pela Cofins, que incide sobre o faturamento das empresas; pela CSLL, pela CPMF (que ficouconhecida como o imposto sobre o cheque) e pela receita de loterias. O sistema de seguridade possui uma diversificada fonte de financiamento. É exatamente por isso que se tornou um sistema financeiramente sustentável, inclusive nos momentos de baixo crescimento, porque além da massa salarial, o lucro e o faturamento são também fontes de arrecadação de receitas. Com isso, o sistema se tornou menos vulnerável ao ciclo econômico. Por outro lado, a diversificação de receitas, com a inclusão da taxação do lucro e do faturamento, permitiu maior progressividade na tributação, transferindo renda de pessoas com mais alto poder aquisitivo para as de menor.

Jornal da UFRJ: Além dessas contribuições, o governo pode lançar mão do orçamento da União para cobrir necessidades da Seguridade Social?

Denise Gentil: É exatamente isso que diz a Constituição. As contribuições sociais não são a única fonte de custeio da Seguridade. Se for necessário, os recursos também virão de dotações orçamentárias da União. Ironicamente tem ocorrido o inverso. O orçamento da Seguridade é que tem custeado o orçamento fiscal.

Jornal da UFRJ: O governo não executa o orçamento à parte para a Seguridade Social, como prevê a Constituição, incorporando-a ao orçamento geral da União. Essa é uma forma de desviar recursos da área social para pagar outras despesas?

Denise Gentil: A Constituição determina que sejam elaborados três orçamentos: o orçamento fiscal, o orçamento da Seguridade Social e o orçamento de investimentos das estatais. O que ocorre é que, na prática da execução orçamentária, o governo apresenta não três, mas um único orçamento chamandoo de "Orçamento Fiscal e da Seguridade Social", no qual consolida todas as receitas e despesas, unificando o resultado. Com isso, fica difícil perceber a transferência de receitas do orçamento da Seguridade Social para financiar gastos do orçamento fiscal. Esse é o mecanismo de geração de superávit primário no orçamento geral da União. E, por fim, para tornar o quadro ainda mais confuso, isola-se o resultado previdenciário do resto do orçamento geral para, com esse artifício contábil, mostrar que é necessário transferir cada vez mais recursos para cobrir o "rombo" da Previdência. Como a sociedade pode entender o que realmente se passa?

Jornal da UFRJ: Agora, o governo pretende mudar a metodologia imprópria de cálculo que vinha usando. Essa mudança atenderá completamente ao que prevê a Constituição, incluindo um orçamento à parte para a Seguridade Social?

Denise Gentil: Não atenderá o que diz a Constituição, porque continuará a haver um isolamento da Previdência do resto da Seguridade Social. O governo não pretende fazer um orçamento da Seguridade. Está propondo um novo cálculo para o resultado fiscal da Previdência. Mas, aceitar que é preciso mudar o cálculo da Previdência já é um grande avanço. Incluir a CPMF entre as receitas da seguridade é um reconhecimento importante, embora muito modesto. Retirar o efeito dos incentivos fiscais sobre as receitas também ajuda a deixar mais transparente o que se faz com a política previdenciária. O que me parece inadequado, entretanto, é retirar a aposentadoria rural da despesa com previdência porque pode, futuramente, resultar em perdas para o trabalhador do campo, se passar a ser tratada como assistência social, talvez como uma espécie de bolsa. Esse é um campo onde os benefícios têm menor valor e os direitos sociais ainda não estão suficientemente consolidados.

Jornal da UFRJ: Como você analisa essa mudança de postura do Governo Federal em relação ao cálculo do déficit? Por que isso aconteceu?

Denise Gentil: Acho que ainda não há uma posição consolidada do governo sobre esse assunto. Há interpretações diferentes sobre o tema do déficit da Previdência e da necessidade de reformas. Em alguns segmentos do governo fala-se apenas em choque de gestão, mas em outras áreas, a reforma da previdência é tratada como inevitável. Depois que o Fórum da Previdência for instalado, vão começar os debates, as disputas, a atuação dos lobbies e é impossível prever qual o grau de controle que o governo vai conseguir sobre seus rumos. Se os movimentos sociais não estiverem bem organizados para pressionarem na defesa de seus interesses pode haver mais perdas de proteção social, como ocorreu em reformas anteriores.

Jornal da UFRJ: A previdência pública no Brasil, com seu grau de cobertura e garantia de renda mínima para a população, tem papel importante como instrumento de redução dos desequilíbrios sociais?

Denise Gentil: Prefiro não superestimar os efeitos da Previdência sobre os desequilíbrios sociais. De certa forma, tem-se que admitir que vários estudos mostram o papel dos gastos previdenciários e assistenciais como mecanismos de redução da miséria e de atenuação das desigualdades sociais nos últimos quatro anos. Os avanços em termos de grau de cobertura e de garantia de renda mínimapara a população são significativos. Pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cerca de 36,4 milhões de pessoas ou 43% da população ocupada são contribuintes do sistema previdenciário. Esse contingente cresceu de forma considerável nos últimos anos, embora muito ainda necessita ser feito para ampliar a cobertura e evita que, no futuro, a pobreza na velhice se torne um problema dos mais graves. O fato, porém, de a população ter assegurado o piso básico de um salário mínimo para os benefícios previdenciários é de fundamental importância porque, muito embora o valor do salário mínimo esteja ainda distante de proporcionar condições dignas de sobrevivência, a política social de correção do salário mínimo acima da inflação tem permitido redução da pobreza e atenuado a desigualdade da renda.

Cerca de dois milhões de idosos e deficientes físicos recebem benefícios assistenciais e 524 mil são beneficiários do programa de renda mensal vitalícia. Essas pessoas têm direito a receber um salário mínimo por mês de forma permanente.

Evidentemente que tudo isso ainda é muito pouco para superar nossa incapacidade histórica de combater as desigualdades sociais. Políticas muito mais profundas e abrangentes teriam que ser colocadas em prática, já que a pobreza deriva de uma estrutura produtiva heterogênea e socialmente fragmentada que precisa ser transformada para que a distância entre ricos e pobres efetivamente diminua. Além disso, o crescimento econômico é condição fundamental para a redução da pobreza e, nesse quesito, temos andado muito mal. Mas a realidade é que a redução das desigualdades sociais recebeu um pouco mais de prioridade nos últimos anos do que em governos anteriores e alguma evolução pode ser captada através de certos indicadores.

Jornal da UFRJ: Apesar do superávit que o governo esconde, o sistema previdenciário vem perdendo capacidade de arrecadação. Isso se deve a fatores demográficos, como dizem alguns, ou tem relação mais direta com a política econômica dos últimos anos?

Denise Gentil: A questão fundamental para dar sustentabilidade para um sistema previdenciário é o crescimento econômico, porque as variáveis mais importantes de sua equação financeira são emprego formal e salários. Para que não haja risco do sistema previdenciário ter um colapso de financiamento é preciso que o país cresça, aumente o nível de ocupação formal e eleve a renda média no mercado de trabalho para que haja mobilidade social. Portanto, a política econômica é o principal elemento que tem que entrar no debate sobre "crise" da Previdência. Não temos um problema demográfico a enfrentar, mas de política econômica inadequada para promover o crescimento ou a aceleração do crescimento.

Fonte: Jornal da UFRJ

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A OMISSÃO É UMA FORMA DE AÇÃO POLÍTICA

* Honório de Medeiros

Três anos. Três. No próximo domingo completará três anos que o STF está sentado sobre um processo contra Renan, o Presidente do Senado. O STF sequer recebeu a denúncia da Procuradoria, decerto para que não o chamem formalmente de réu. Lewandowsky - sempre ele - se sentou em cima dos autos durante um ano e sete meses. A omissão, claro, é uma forma de ação política. E as vítimas somos nós.

Lewandowsky no STF, Eduardo Cunha na Câmara, Renan no Senado, Dilma na Presidência, Del Nero na CBF, que fazer? 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

DE QUAL MASSA SÃO EXTRAÍDOS OS FUNDAMENTALISTAS

* Honório de Medeiros


Aquele diálogo de Sócrates com um escravo de Ménon, relatado por Platão, no qual ele demonstra que seu método de questionamento e reminiscência pode fazê-lo aprender um complexo problema de geometria, pressupõe o interesse integral de quem é ensinado. Somente assim é possível o avanço no conhecimento. 

O ensino, hoje, massificado, informa e não permite o questionamento instigante, fomentador. Não há tempo para isso, e o sistema precisa cumprir seu ciclo burocrático. Alguém precisa por um carimbo virtual na ficha do aluno e atestar que ele passou de ano e desocupou a vaga para outro, nessa linha de produção "educativa" que caracteriza o Estado, depois de ter estudado em livros cuja essência é a doutrinação ideológica visando sua inserção "produtiva" no mercado de trabalho.

As informações, não ansiadas pelos alunos, tampouco questionadas, se recebidas com atenção, quando o são, puramente decorativas, têm destino certo: a lata de lixo da memória. Anos depois é trágico, não fosse cômico, presenciar ex-alunos se divertindo em relatar nomes, ideias e disciplinas "esquisitas" pelas quais passaram ao longo de sua vida estudantil, cujo sentido lhes escapa completamente. Decoram para passar por etapas burocráticas que visam lhes assegurar um nicho na cadeia reprodutiva do sistema. Nichos construídos para assegurar a estabilidade do status quo.

Outra face dessa destruição contínua da mente das pessoas pelo Estado é a impossibilidade, cada dia mais concreta, de fazê-los compreender o processo lógico. De levá-los a pensar. Não há mais o interesse que o escravo de Ménon apresentou na frente de Sócrates. A não ser de natureza técnica, como, por exemplo, em um curso de solda ou mecânica de automóvel. Desde criança preparam nosso cérebro para nos aferrarmos a ideias-standards, que serão utilizadas durante a vida inteira. Tanto o é que a literatura e o oferecem exemplos de exceções que por uma razão ou outra, ainda um mistério, transformam-se em outsiders, rompendo os grilhões dessas amarras. Gandhi, por exemplo.

Não por outra razão, confrontada com argumentos pacientemente construídos com uma aluna reticente, em uma tentativa canhestra de imitar Sócrates, por um professor de lógica que tentava estabelecer conjuntamente a distinção fundamental para o exercício de pensar, qual seja a diferença entre juízos de valor e juízos de fato, este ouviu: "não adianta; essa é sua forma de pensar. A minha é diferente. Cada um tem a sua." Como se tal diferença fosse questão de opinião. 

É dessa massa que são extraídos os fundamentalistas. Fazer o quê?

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ATIVISMO JUDICIAL OU HIPERGARANTISMO

* Honório de Medeiros 

Um dos mitos fundantes que norteiam a nossa concepção liberal de Estado é a do contrato social. Por esse mito cedemos a liberdade que supostamente nos é inerente para que o Estado impeça que nos destruamos uns aos outros.
 
Homo homini lupus, escreveu Thomas Hobbes, o homem é o lobo do homem, o primeiro dos grandes contratualistas. Frase de Plauto, em “Asinaria”, textualmente Lupus est homo homini non homo, expõe a causa-síntese, a constatação que impele o Homem a optar pelo pacto social: em o assegurando, a sociedade regula o indivíduo, o coletivo se impõe sobre o particular, e fica, assim, assegurada a sobrevivência da espécie.
 
Caso não aconteça o pacto social, bellum omnium contra omnes, guerra de todos contra todos até a auto-aniquilação no Estado de Natureza, é o que ocorreria se imperasse a liberdade absoluta com a qual nasciam os homens, diz-nos, ainda, Hobbes, no final do Século XVI, início do Século XVII - recuperando a noção de contrato social exposta claramente por Protágoras de Abdera, a se crer em Platão.
  
Essa noção, de pacto ou contrato social, até onde sabemos, foi pela primeira vez exposta por Licofronte, discípulo de Górgias, como podemos ler na “Política”, de Aristóteles (cap. III):
 
De outro modo, a sociedade-Estado torna-se mera aliança, diferindo apenas na localização, e na extensão, da aliança no sentido habitual; e sob tais condições a Lei se torna um simples contrato ou, como Licofronte, o Sofista, colocou, “uma garantia mútua de direitos”, incapaz de tornar os cidadãos virtuosos e justos, algo que o Estado deve fazer.
 
E muito embora um estudioso outsider do legado grego tal qual I. F. Stone defenda que a primeira aparição da teoria do contrato social está na conversa imaginária de Sócrates com as Leis de Atenas relatada no “Críton”, de Platão, há quase um consenso acadêmico quanto à hipótese Licofronte estar correta. É o que se depreende da leitura de “Os Sofistas”, de W. K. C. Guthrie, ou da caudalosa obra de Ernest Barker.
                                     
Entretanto é com Jean Jacques Rousseau, após Hobbes e John Locke, que se firma o mito fundante do contrato social, influenciando diretamente as revoluções Americana e Francesa, bem como o surgimento da idéia de Estado conforme a concebemos ainda hoje. Em “O Contrato Social”, Rousseau põe na vontade dos homens, da qual emana o Estado após o pacto social, a origem absoluta de toda a lei e todo o direito, fonte de toda a justiça. O corpo político, assim formado, tem um interesse e uma vontade comuns, a vontade geral de homens livres.
 
Quanto a esse corpo político, José López Hernández em “Historia de La Filosofía Del Derecho Clásica y Moderna”, observa que Rousseau atribui o poder legislativo ao povo, já que esse mesmo povo, existente enquanto tal por intermédio do contrato social, detém a soberania e, portanto, todo o poder do Estado.
 
As leis, inclusive a do contrato social, que emanam do povo, assim as vê Rousseau: são atos da vontade geral, exclusivamente; “é unicamente à lei que todos os homens devem a justiça e a liberdade”; “todos, inclusive o Estado, estão sujeitos a elas”.
 
O ideário acima exposto, no qual a lei a todos submete por que decorrente da vontade geral do povo, que detém a soberania - pode ser encontrado em obras muito recentes, como o “Curso de Direito Constitucional”, primeira edição de 2007, do Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Gilmar Ferreira Mendes e outros. Às páginas 37 do Curso, lê-se:
 
Por isso, quando hoje em dia se fala em Estado de Direito, o que se está a indicar, com essa expressão, não é qualquer Estado ou qualquer ordem jurídica em que se viva sob o primado do Direito, entendido este como um sistema de normas democraticamente estabelecidas e que atendam, pelo menos, as seguintes exigências fundamentais: a) império da lei, lei como expressão da vontade geral; (...)
 
Assim como é encontrado, expressamente, enquanto cláusula pétrea, imodificável, na Constituição da República Federativa do Brasil, no parágrafo único do seu artigo 1º:
 
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
 
Ou seja, o exercício do poder é do povo, que em não o exercendo diretamente, o faz por intermédio de representantes seus eleitos. Eleitos, sublinhe-se. De onde se infere algo absolutamente trivial: enquanto, digamos assim, os parlamentares são o povo, os juízes são servidores do Estado, essa emanação da Sociedade.
 
Há algo de absurdo, portanto, nessa doutrina do “ativismo judicial” que viceja célere nos tribunais do Brasil, principalmente no nosso Supremo Tribunal Federal.
 
Entenda-se, aqui, como “ativismo judicial”, o “suposto” papel constituinte do Supremo, reelaborando e reinterpretando continuamente a Constituição, conforme afirmação sutil do Ministro Celso de Mello em entrevista ao “Estado de São Paulo”, criando normas jurídicas, seja através da “mutação constitucional”, na qual a forma permanece, mas o conteúdo é modificado, seja por intermédio da identificação de lacunas inexistentes no Ordenamento Jurídico, sempre, em ambos os casos, com fulcro em uma onisciência jurídica que expressa um vaidoso e preocupante subjetivismo, formalizada via uma retórica calcada em princípios abstrusos, confusos e difusos, indeterminados e nada concretos, da nossa Constituição Federal.
 
Não é por razões ideológicas ou pressão popular. É porque a Constituição exige. Nós estamos traduzindo, até tardiamente, o espírito da Carta de 88, que deu à corte poderes mais amplos, disse, arrogantemente, o então presidente do STF Gilmar Mendes, supondo que fora do “habitat” jurídico, estreito por nascimento e vocação, aqueles que têm alguma formação filosófica possam aceitar que em pleno século XXI a Corte Constitucional seja, para os cidadãos, o que a Igreja foi na Idade Média, quando se atribuiu o papel de intérprete do pensamento e da vontade de Deus.
 
Pergunta-se: teria o judiciário legitimidade, levando-se em consideração o que acima se expõe, para avançar na seara do legislativo, passando por cima da soberania do povo em produzir leis através de seus representantes, seja preenchendo lacunas (criando leis), seja alterando o sentido de normas jurídicas, seja modificando, via sentença, a legislação infraconstitucional? Ainda: teria amparo legal o STF para tanto?
 
É autoritário o cerne do argumento que norteia o ativismo judicial. Sob o véu de fumaça que é a noção de que haja um “espírito constitucional” a ser apreendido (interpretado segundo técnicas hermenêuticas somente acessíveis a iniciados – os guardiões do verdadeiro e definitivo saber) está o retorno do “mito platônico das formas e idéias” cuja contemplação e apreensão é privilégio dos Reis-Filósofos.
 
É a astúcia da razão a serviço do Poder. Platão, esse gênio atemporal, legou aos espertos, com sua gnosiologia, a eterna possibilidade de enganar os incautos lhes dizendo, das mais variadas e sofisticadas formas, ao longo da história, que somente “alguns”, os que estão no lugar certo, e na hora certa, podem encontrar e dizer “o espírito” da Lei, o bom e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado.
 
O mesmo estratagema a Igreja de Santo Agostinho, esse platônico empedernido, por séculos usou para administrar seu Poder: unicamente a ela cabia ligar a terra ao céu, e o céu à terra, por que unicamente seus príncipes sabiam e podiam interpretar corretamente o pensamento de Deus gravado na Bíblia, como nos lembra Marilena Chauí em “Convite à Filosofia”:
 
A autoridade apostólica não se limita ao batismo, eucaristia e evangelização. Jesus deu aos apóstolos o poder para ligar os homens a Deus e Dele desliga-los, quando lhes disse, através de Pedro: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as Chaves do Reino: o que ligares na Terra, será ligado no Céu, o que desligares na Terra será desligado no Céu’. Essa passagem do Evangelho de Mateus será conhecida como ‘princípio petríneo das Chaves’ e com ela está fundada a Igreja como instituição de poder. Esse poder, como se observa, é teocrático, pois sua fonte é o próprio Deus (é o Filho quem dá poder a Pedro); e é superior ao poder político temporal, uma vez que este seria puramente humano, frágil e perecível, criado por sedução demoníaca (idem).
 
E, assim, como no Brasil a última palavra acerca da “correta” interpretação de uma norma jurídica é do STF, e somente este pode “contemplar” e “dizer” o verdadeiro “espírito das leis”, aos moldes dos profetas bíblicos, em sua essência última, mesmo que circunstancial, estamos nós agora, além de submetidos ao autoritarismo dos pouco preparados representantes do povo, ao autoritarismo dos ativistas judiciais.

sábado, 16 de janeiro de 2016

DE UMA ENTREVISTA ENOJANTE

* Honório de Medeiros


Antônio Carlos de Almeida Castro, o "Kakay", é advogado criminalista especializado em defender o pessoal barra-pesada que comete crimes de "colarinho branco". Aqueles que tiram o dinheiro que seria usado na educação, saúde, segurança, infra-estrutura, etc, etc. "Kakay" assinou, com outros, uma carta-aberta à Sociedade dizendo que a Lava-Jato fere direitos e garantias individuais, e chamou seus investigadores de "neo-inquisidores". Tudo conversa fiada, claro. O que eles defendem, mesmo, é que as coisas continuem como antes, e a procrastinação no julgamento e condenação da bandidagem "chique" permita que seus advogados continuem ganhando rios de dinheiro a nossa custa. Pois bem "Kakay", às margens do Sena, deu uma entrevista à BBC Brasil. Não sou de me enojar com algo, antes tento compreender. Confesso que não consegui. Recomendo a leitura de "Kakay e o Manifesto: Vaidade e insulto contra a Lava-Jato", do jornalista Vítor Hugo Soares. Procurem no Google.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ADVOGADOS PUBLICAM CARTA-ABERTA CRITICANDO A LAVA-JATO

* Honório de Medeiros

Então os advogados dos investigados pelo saque contra o dinheiro do povo estão revoltados com o quê mesmo? Com o desrespeito às garantias fundamentais dos acusados? Mas o STF não tem acompanhado cada passo dessa história vergonhosa de furto bilionário? A quem esses advogados querem enganar com a publicação dessa carta-aberta? Não há limite ético para o que fazem em defesa dos seus interesses financeiros?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

DE MANIPULAÇÃO

* Honório de Medeiros

Talvez um dos maiores legados que este momento do Brasil nos deixe seja a consciência - não para muitos, infelizmente - de que somos diariamente, de forma colossal, vítimas de manipulação. Um exemplo basta. O caso do Arena das Dunas, em Natal. Fomos levados a crer, insistentemente, que a obra era necessária e atrasados os que a ela se opusessem. O dia-a-dia e as finanças do Estado nos mostraram sua natureza de elefante branco. E o noticiário nos informou acerca de quem, verdadeiramente, ganhou com a obra: a elite política corrupta do Estado. Acerca da manipulação há muito a ser dito, em outro lugar. Sobre sermos inocentes-úteis. Alienados. Não sabermos usar o ceticismo enquanto escudo. Mas como ponto-de-partida é importante considerar que toda a manipulação é desonesta, entretanto nem toda desonestidade é manipulação.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

TORNAR-SE NIILISTA


* Honório de Medeiros

Brasil fecha o ano com alta de 10,67% na inflação. Isso não acontecia desde 2002. Ruim para todos, muito pior para a base da Sociedade, que não tem como se defender. Aos poucos vamos afundando lentamente, por obra e graça da nossa elite política. Às vezes penso que não há mais como ter esperança, neste País. Está tudo piorando. Mas não quero entregar os pontos e tornar-me um niilista. Ainda não.

Arte: compreensivelmenteincompreensivel.blogspot.com

DEMOCRACIA, FICÇÃO ESTATÍSTICA?

* Honório de Medeiros

Borges dizia, entre irônico e sério, que "a democracia, como se sabe, é uma superstição baseada na estatística". Lendo acerca da conduta dos nossos homens públicos, quase todos agindo ou deixando de agir tangidos pelo vil metal, é difícil não dar razão ao genial argentino. Ai de nós, os inocentes úteis...

PETISTAS VERSUS ANTIPETISTAS NAS REDES SOCIAIS

* Honório de Medeiros

Seria cômico, se não fosse trágico, ler os textos divergentes acerca do momento político/econômico/social hoje, no Brasil, produzidos por petistas e antipetistas. Engrossam o drama os que não são nem um, nem outro, muito antes pelo contrário. É um verdadeiro samba do crioulo doido. Ou do branco chapado.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

TODO FORMIGUEIRO É UM SISTEMA SOCIALISTA E TOTALITÁRIO


* Honório de Medeiros

"Um dia, na Feira Mundial de 1964, em Nova York, entrei no Saguão da Livre Empresa fugindo da chuva. Lá dentro, exposto com destaque, havia um formigueiro com a legenda: 'Vinte milhões de anos de estagnação evolutiva. Por quê? Porque o formigueiro é um sistema socialista e totalitário.'"

Matt Ridley citando Stephen Jay Gould em "As Origens da Virtude". 

Antes, em 1894, em "Evolution and Ethics", T. H. Huxley dissera: "A sociedade de abelhas corresponde ao ideal expresso no aforismo comunista 'a cada um conforme sua necessidade, de cada um conforme sua capacidade.'"

Pois é.

sábado, 19 de dezembro de 2015

A CONSTITUIÇÃO NÃO É O QUE A SOCIEDADE QUER, É O QUE O STF DIZ QUE A SOCIEDADE DEVE QUERER

* Honório de Medeiros

Uma das lições a ser extraída do julgamento do Mensalão diz respeito ao Direito, mais especificamente ao Ordenamento Jurídico brasileiro e à forma de interpretar as normas que o constituem.

A lição é simples: a interpretação de uma norma jurídica, ou de um conjunto de normas jurídicas, poderá ter qualquer feitio, seja qual seja ele.

Em linguagem coloquial: uma norma jurídica está para uma nota musical assim como um conjunto de normas jurídicas está para uma partitura. Imaginemos, então, uma mesma composição musical sendo interpretada de infinitas formas por infinitos músicos. É assim que funciona.

Isso lembra, por exemplo, um show antológico de Sivuca, interpretando o frevo “Vassourinhas”, a música “oficial” do carnaval pernambucano, de acordo com o “padrão” musical japonês, chinês, russo, francês, sueco. Ou o carro que vende bujões de gás alertando a vizinhança com acordes da Quinta Sinfonia em ritmo de forró.

Ou seja, a interpretação da Constituição Federal Brasileira, por exemplo, vai depender, sempre, da correlação de forças entre os ministro do STF, e dos interesses que os manietam.

Nada impede que com as próximas escolhas de Ministros a serem feitas pelo Executivo, assuntos até então considerados “pacificados” tenham o entendimento da Corte radicalmente modificado. Como aconteceu logo depois da entrada em vigor da Constituição com o conceito de "direito adquirido", violentado, apesar de "cláusula pétrea", para permitir a cobrança de contribuição previdenciária aos aposentados.

Outra lição a ser extraída diz respeito à conduta dos Ministros e é, praticamente, um corolário da anterior.

A lição é a seguinte: é impossível discernir, FORMALMENTE, se e quando fatores extrajurídicos preponderam na interpretação a ser realizada.

Trocando em miúdos: o intérprete escolhe o resultado que almeja e usa a interpretação, dando-lhe a roupagem técnica adequada ao caso, para alcançá-lo.

Como quando queremos tocar a mesma Quinta Sinfonia de Beethoven em ritmo de rock, e não de forró, e fazemos a adaptação.

Essa lição também deixa, por sua vez, uma consequência: fica claro que a suposta cientificidade do Direito é um discurso ideológico; e fica claro que a interpretação da norma jurídica é sempre conjuntural. Nada que Pierre Bourdieu não tenha dito, em seu "O Poder Simbólico".

Como superar esses obstáculos em termos de democratização do processo?

Mobilizando a Sociedade contra o Estado. Atualmente o Estado subjuga a Sociedade. É preciso que a Sociedade se imponha ao Estado. E denunciando a suposta supremacia técnica dos intérpretes pagos pelo Estado.

Em uma Sociedade organizada, os intérpretes das normas jurídicas não serão mais supostos detentores de pseudo-verdades que eles criam e nos apresentam como sendo apreendidas a partir de essências inatingíveis pelos mortais comuns, tais quais o “Justo”, o “Certo”, o “Bom”.

Como a realidade é cambiante, evanescente, principalmente e mais que nunca hoje em dia, qualquer veleidade quanto a uma interpretação "correta" que fira os interesses da Sociedade deve ser vigorosamente rejeitada.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

GOVERNO AVANÇA PARA TRÁS



* Honório de Medeiros

Trinta e tantos anos atrás, recém nomeado para o Estado, presenciei uma tentativa de instalação de ponto eletrônico. Sábado o Governo decretou a volta do ponto eletrônico. De passo em passo chegaremos ao século XX, a Deus querer!

domingo, 13 de dezembro de 2015

ONDE ENCONTRAR "HISTÓRIAS DE CANGACEIROS E CORONÉIS"

* Honório de Medeiros

Você pode encontrar "HISTÓRIAS DE CANGACEIROS E CORONÉIS" nos seguintes endereços:

1) Na Livraria do Campus Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: 
http://www.cooperativacultural.com.br/ 

2) No Sebo Vermelho, à Avenida Rio Branco, em Natal, com Abmael Silva: http://sebovermelhoedicoes.blogspot.com.br/

3) Ou com o livreiro Francisco Pereira Lima, por intermédio do seguinte email:
fplima1956@gmail

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

LULA QUER O IMPEACHMENT

* Honório de Medeiros

Lula, insidiosamente, alimenta, sôfrego, nas sombras, o impeachment: quer se livrar de um peso morto, unir o PT posando de vítima, e mirar em 2018, passando a responsabilidade da condução da economia para a oposição.

domingo, 6 de dezembro de 2015

ÉS PORQUÉ NO SÉ


Iuri Montenegro
* Honório de Medeiros

"ÉS PORQUÉ NO SÉ" foi o final de uma noite maravilhosa, no Auditório da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no qual Iuri Montenegro, esse instrumentista que vemos na imagem acima, apresentou seu Recital de Conclusão do Curso Técnico em Violão Erudito.

Violão Erudito. Ao longo da noite os ouvintes, que lotavam o Auditório, entusiasmados aplaudiam a "performance" do violonista, admirando não somente o rigor técnico, mas também, como não poderia deixar de ser, a felicidade da escolha do repertório.

Tímido, mas sereno, como sempre, Iuri Montenegro foi secundado por colegas e amigos do Curso de Violão Erudito. No início, o violonista apresentou-se a sós. Em seguida peças a dois, e até mesmo a três, sucederam-se e foram consagradas pelos aplausos dos que lá estavam.

O "grand finale" foi, como dito acima, o belo "ÉS PORQUÉ NO SÉ", poema da autoria do pai do instrumentista que ele musicou, apresentado ao som de vários instrumentos, sob sua regência, com a participação especial de um trio de vozes,

Grande noite, sem dúvida. E a certeza do talento de Iuri Montenegro para coroa-la.