sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MINHA ALMA É CHAMA




Honório de Medeiros


A minha própria alma é esta chama,
insaciável de infinitos.
Flameja para o desconhecido sua ânsia,
é preciso asas quando se ama o abismo.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A "SÍNDROME DO PEQUENO PODER" E UM PODER EM CRISE

Carlos Santos

Começou na quinta-feira (12), a reforma da equipe de auxiliares (cargos de confiança) na Prefeitura de Mossoró, gestão do prefeito provisório Francisco José Júnior (PSD). Ontem (segunda-feira, 16), mais uma etapa.

As modificações ocorrem por natural necessidade de ajustes ao perfil do governante, interesses políticos distintos e circunstâncias administrativas que mexem com a gestão do novo prefeito.

Mesmo com seu discurso de afinação e apoio, além de “desejo” que a prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM) retorne ao cargo, o “aliado” Francisco José Júnior não tem qualquer motivo para realmente pensar assim. Nem agir.

A prefeitura não caiu em seu colo. Contudo não estamos diante de puro acaso ou conspiração com tal fim.

Ao saltar no agrupamento governista após as eleições do ano passado, depois de ser candidato reeleito à Câmara Municipal, ele tinha planos de se fortalecer para novos voos. Por isso, articulou e teve apoio de Cláudia Regina para ser “homem de confiança” no Legislativo, o presidindo novamente.

A princípio, tentava conseguir novo mandato como presidente da Casa, já obtido na legislatura passada. Em segundo plano, mirava mandato de deputado estadual, ascensão que seu pai Francisco José (PMN) já tivera.

Mas eis que aparece uma prefeitura em seu caminho, em seu caminho aparece uma prefeitura fragilizada, sucateada, com erário em sangria e com prefeita e vice afastados.

Claramente, Francisco José Júnior, conhecido como “Silveira”, não está na cadeira do Executivo guardando vaga para Cláudia Regina. As chances dela retornar são escassas. Completar o mandato é praticamente impossível.

A avalanche de cassações (11 em primeiro grau e cinco ratificadas no Tribunal Regional Eleitoral-TRE) a deixa numa situação incomum na história política do Brasil. Nunca antes na história desse país se viu algo parecido.

Consciente do vácuo de poder, Francisco José Júnior age rápido, tenta imprimir identidade própria ao período provisório e construir uma candidatura para completar o mandato iniciado por Cláudia e o vice Wellington Filho (PMDB).

O resto é puro sofisma e retórica. Tudo junto, misturado.

O próprio grupo que Cláudia começara a construir, dissociado de amarras com as lideranças de Rosalba Ciarlini (DEM) e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), está sendo rapidamente aniquilado. Boa parcela de sua militância “apaixonada” começa a se esgueirar para jogar incenso sobre novo guru.

É a vida. ”A vida como ela é”, com toque rodriguiano cruel, muito cruel.

Seus fieis “escudeiros” saíram logo em solidariedade à líder, reagrupados – como antes – e primitivamente, fora da prefeitura. Lá montam barricadas e tentarão se soerguer no exílio, sob o fantasma do ostracismo.

Ah, por favor! Ninguém culpe Silveira por essa tarefa de desconstrução ou asfixia de uma liderança emergente. Ele é parte interessada no espólio político de Cláudia, como qualquer um. Não um usurpador, como certos jagunços cibernéticos tentam vender.

O poder é sempre um serpentário repleto de ressentidos e conspiradores, verdugos e tartufos; gente acostumada à idolatria e à perfídia de laboratório. Tudo por lá parece manipulado em tubos de ensaio.

Para alguns, ele nunca será grande o bastante. Para outros, está além de suas possibilidades.

Nesse cenário confuso, Mossoró corre o perigo de ser solapada por algo pior: o surgimento de algum poderoso com “Síndrome do Pequeno Poder”. É aquele indivíduo que no exercício do mando, usa de forma absolutista para se impor, não se preocupando com as consequências dos seus desatinos.

- Cláudia passou, né? A gente está com Silveira – diz candidamente um vereador governista, com o pragmatismo que a situação costuma produzir na política nacional.

Passou?

Vamos em frente. Temos mais interrogações do que certezas diante de nossos olhos.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O CANGACEIRO MASSILON E A REPÚBLICA DO PATAMAR DE SÃO VICENTE

Jânio Rêgo

Centralizando a figura do cangaceiro potiguar que foi parceiro de Lampião no ataque que foi rechaçado da torre da igreja, Honório de Medeiros remonta a engrenagem do coronelismo e do Poder político no Nordeste rural e repagina e estimula a revisão crítica da história da invasão do Rei do Cangaço a Mossoró em 1927. (...) um novo conceito para o cangaço, dentro de uma perspectiva científica que identifique o geral no particular e afaste, de vez, o estudo do cangaço do mero "contar casos".

O Cangaceiro Massilon e a República do Patamar de São Vicente

Acho que compreendo a dificuldade de Carlos Santos em escrever no seu blog sobre "Massilon - Nas veredas do cangaço e outros temas afins", o livro de Honório de Medeiros sobre o cangaceiro que foi um dos protagonistas mais importantes do ataque de Lampião a Mossoró em junho de 1927, mesmo ele tendo acompanhado o autor no primeiro lançamento do livro, no sertão do Cariri, durante um seminário sobre o tema Cangaço.

Não é fácil escrever sobre aquilo que acicata nossa memória e nos remete à infância, à turma do Patamar, ao que ele próprio, Santos, tratou de nomear como a "República Independente do Patamar da Igreja de São Vicente" da qual somos remanescentes, como o autor Honório de Medeiros que diz assim, na introdução do livro:

"Nasci e cresci à sombra da Igreja de São Vicente, a igreja da "bunda redonda", brinquei, assisti missa, novena de Santo Antônio, sem perder o contato com as marcas que o combate contra Lampião deixou em suas paredes e na sua torre".

Centralizando a figura do cangaceiro potiguar que foi parceiro de Lampião no ataque que foi rechaçado da torre da igreja, Honório de Medeiros remonta a engrenagem do coronelismo e do Poder político no Nordeste rural e repagina e estimula a revisão crítica da história da invasão do Rei do Cangaço a Mossoró em 1927. (...) um novo conceito para o cangaço, dentro de uma perspectiva científica que identifique o geral no particular e afaste, de vez, o estudo do cangaço do mero "contar casos".

Surpreende no livro também, além desse viés do pesquisador sobre o cangaço, o caráter genealógico e emotivo que o autor revela na introdução: (...)se agregou o interesse de sempre acerca da história da minha família materna, da qual é o momento precioso, desde a fundação de Martins até a resistência oposta por Rodolpho Fernandes à Lampião".

Ao mesmo tempo em que escreve sobre o roteiro geográfico e factual de Massilon que passa pela Paraiba e Ceará, estados por onde andou em busca de informações, Honório constrói um arcabouço emocional da marcante trajetória e origem da família materna dele, os Fernandes do Rio Grande do Norte, do qual ele faz questão de revelar que é a nona geração do patriarca que fundou e deu nome à cidade serrana de Martins.

Mas para leitores como nós, eu e Carlos, fica difícil não ver em cada capítulo a imagem da Igreja de São Vicente. Mesmo que não seja o capítulo em que Honório descreve, preciso como um roteiro cinematográfico, a hora do tiro disparado por Manoel Duarte e que matou o cangaceiro Colchete.

O patamar hoje está mais curto e mais baixo do que aquele em que os republicanos brincavam pela manhã e à noite. Apenas dois degraus e chão pedregoso como nunca. Arrancador de chamboque nos dedos dos pés.

Os canteiros, construídos por padre Sátyro no auge da perseguição aos jogos de bola dos meninos, estes permanecem intactos sendo que agora têm plantas. As crianças foram rareando nas residências em torno do Patamar. A cidade. O tempo. Os hábitos.

O jogo de bola acabou-se muito antes da capelinha da bunda redonda tornar-se cult e festejada.

Estivemos lá na igreja, na missa e quermesse dos 80 anos de idade do Careca com a entrega aos fiéis da capela pintada, restaurada, nova como em 1919. E amarela, bem amarelinha. Foi muito interessante.

Padre Sátyro no altar: "Eu vi São Vicente sorrir! Eu vi São Vicente sorrir!"

O octogenário e sua retórica vibrante, sabedoria dos oradores sacros, tradição dos copistas do conhecimento e da liturgia.

Depois tivemos que ouvir a Prefeita da Cidade.

Mas nos compensaram os doces vicentinos vendidos no meio da rua lateral, a Francisco Ramalho, defronte à casa de Marcos Porto, esse já tornado memória e lenda do Patamar que já carece de um livro. Ele também um Fernandes.

No Rio Grande do Norte esse lado familista é muito importante. O livro de Honório permite ver que laços ancestrais construíram esse orgulho familiar que de certa forma marca o Estado do Rio Grande do Norte.

Jânio Rêgo é jornalista - janiorego@blogdafeira.com.br

* Extraído do blog Cangaço em Foco do escritor e pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques.

domingo, 8 de dezembro de 2013

O JUSTO NÃO ESTÁ FORA DE MIM

Guilherme de Occam



Honório de Medeiros

O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as coisas (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (quais são suas essências).

Nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, aquilo que nossos sentidos apreendem, de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido (Kant, Bachelard, Popper).

Podemos rastrear tal concepção até o relativismo sofista (Protágoras de Abdera, Antístenes versus Platão), mesmo até Parmênides.

O nominalismo também impede a fenomenologia de Bérgson e Husserl e a pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o termo “salinas” que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento que já possuo. Não há essência a ser apreendida, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.

Thomas Nagel (“Visão a Partir de Lugar Nenhum”; Martins Fontes; SP; 2004; 1ª edição; p. 137; nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as teorias empiristas do conhecimento”.

Nominamos relações, processos, evanescências; não há coisas a serem nominadas. O Justo não está fora de mim, está em mim...

O VÔO DO SOLITÁRIO PARA O INFINITO

Plotino


Honório de Medeiros


“É como se vc, estando dentro de um ambiente fechado, uma clausura, criasse uma saída e a utilizasse. Lá, do outro lado da saída, lhe espera um outro ambiente, também fechado, só que maior, bem maior. Sua tarefa, assim, é sempre criar outra saída, sair, entrar em outro ambiente ainda maior, criar outra saída, sempre, em uma escala exponencial”, disse-me ele.

“Não tem fim?”, perguntei.

“A morte”, respondeu, “que acaba com tudo ou lhe leva a um infinito que está além de todas as coisas e fenômenos, onde não há qualquer tipo de limite ao conhecimento”.
 
“Agora", continuou, "ao lhe falar, sei o que significa aquela frase de Plotino, por meio da qual ele nos diz acerca do vôo do solitário para o infinito”.
 
"Penso que ele quis dizer que nossa busca pelo conhecimento é sempre solitária, e que somente a morte nos liberta e nos remete ao infinito”.

sábado, 7 de dezembro de 2013

AS MULHERES SERRANAS

 
 
 
Honório de Medeiros


Ah, as mulheres da Serra, frescas, em flor, sem nada que as enfeite exceto a simplicidade. Elas vestidas de simplicidade. “Uma carne sadia, abundante e rosada”, como descreve Proust, em “No Caminho de Swann”. Nada artificial, nelas. Não há um jogo sequer nas suas atitudes para com os homens. Beber, comer, amar, é tudo tão natural! Swann “prefiria infinitamente à beleza de Odette a de uma pequena operária fresca e rechonchuda como uma rosa, de quem se enamorara...” Está em Proust. Em contraposição a essa naturalidade sadia, o universo urbano recheado de mulheres excessivamente enfeitadas, com a mente tomada por negaceios e articulações, no afã infindável de seduzir por seduzir: o óculos de sol, a roupa de grife, o olhar dissimuladamente distante, o celular através do qual são armados os lances do jogo. Por quem, no final, Vaumont se apaixona em “As Relações Perigosas”, de Chorderlos de Laclos, senão pela inteireza de sentimentos e ações, distante de qualquer dissimulação, da mulher que julgara tão fácil seduzir e descartar? Uma mulher inteira, na plenitude de sua condição feminina. Uma mulher por quem valeria a pena uma entrega total...
 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ENTRE A LUZ E O CINZA


Honório de Medeiros


MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO ACEITA CORTE IMPOSTO PELO EXECUTIVO



Por Dinarte Assunção

A exemplo da Assembleia Legislativa, e conforme antecipado pelo Portalnoar.com, o Ministério Público editou e publicou nesta quinta-feira (5) no Diário Oficial do Estado (DOE), resolução na qual promove contingenciamento orçamentário de 4,72%.
Os motivos apontados no texto são os identificados pelo estudo realizado por técnicos do MP, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas do Estado e AL. “o Decreto Governamental nº 23.624 [que impôs cortes de 10,74%], aponta receita orçada no montante R$ 8.155.596.000,00, quando, na verdade, esse total é de R$ 6.888.375.000,00, vez que daquele montante deve ser deduzida a contribuição para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB – (Lei Federal nº 11.494, de 20 de junho de 2007), a qual, conforme ainda o Anexo I da LOA/13 (natureza da receita 90000000 – deduções da receita corrente), atinge o montante de R$ 1.267.221.000,00″.
São ainda apontadas como razões outras incongruências, como a inclusão de despesas em receitas. “O Decreto Governamental nº 23.624 (Anexos I e II) deduz da receita do Tesouro as transferências obrigatórias aos Municípios, embora a LOA/13 (Anexo II – programa de trabalho – encargos especiais – transferências) contabilize tais transferências como despesa, diferentemente da contabilização da contribuição para o FUNDEB, segundo a mesma LOA/13, como acima exposto, o que torna ilegal a dedução da despesa com as transferências obrigatórias aos Municípios da receita do Tesouro”.
O texto justifica ainda que a frustração da receita deve atingir 7,72% em 2013, sendo 4,72% apenas sobre o segundo semestre, período para o qual passou a valer o decreto dos cortes. Tal qual o texto da AL, o MP também arremata em sua resolução destacando que o Executivo não cumpriu o próprio decreto.
“Considerando, finalmente, que prova cabal de que a metodologia usada pelo Poder Executivo no Decreto Governamental nº 23.624/13 é incorreta, não expressa o verdadeiro fluxo da execução orçamentária, nem está conforme as regras legais pertinentes, notadamente a LOA/13, é dada pelo próprio Decreto Governamental nº 23.624, em cujo Anexo III a aplicação do percentual de redução de 10,74% em relação ao Poder Legislativo, Poder Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público resulta em valores aritmeticamente corretos, mas a aplicação dos mesmos 10,74% aos R$ 5.650.640.449 do Poder Executivo (Anexo IV, 2ª coluna) resulta em valor aritmeticamente errado, pois R$ 10,74% de R$ 5.650.640.449 não são R$ 417.928.992,00 (4ª coluna), e sim R$ 606.878.784,00, o que gera uma diferença discriminatória a favor do Poder Executivo de R$ 188.949.792″. 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DO ABISMO, A QUEDA?

 
 
Honório de Medeiros
 
Nada espere de mim:
sou todos, sou ninguém.
De mim colherá um instante,
apenas.
Nele, o que há?
O sopro de um Deus;
A gota de chuva na tempestade;
Ao léu, frases pinçadas;
Do abismo, a queda...
Todos homens são Um,
um homem é Todos.
Tudo espere de mim.

sábado, 30 de novembro de 2013

QUANTOS DEGRAUS TEREI QUE SUBIR PARA ENCONTRA-LO, Ó SENHOR!

 

AS CABEÇAS TROCADAS E A FUGA DO DIREITO NO TRE-RN

Carlos Santos


Como não poderia deixar de ser, os rodeios, labirintos, escapismos, contorcionismos e malabarismos que campeiam no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vão se transformar em denúncia. O caso deverá ser formalizado à Corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
Ouvimos essa informação de uma fonte credenciada e influente, com livre trânsito nos corredores do mundo forense potiguar.
 
 
 
 
O julgamento que nunca chega ao fim na corte eleitoral, de variados recursos, deixou de ser simples emperramento processual ou esperteza de hábeis processualistas, para se transformar em aberração jurídica e desdém à própria sociedade.
 
O ridículo com pompa é, assim mesmo, ridículo.
 
Até para um leigo, fica fácil perceber que estamos diante de uma chicana (abuso de recursos, sutilezas e formalidades na Justiça com finalidade de adiar decisão).
 
Em benefício de quem? Por quê?
 
Um estudante de Direito que acompanhou as mais recentes sessões dessa corte deve se sentir deslocado. Perceberá a nítida distância entre o que é ensinado na academia e o que existe na prática.
No TRE temos de tudo, menos o direito – deve imaginar o outrora utópico acadêmico.
O tal “direito” saiu há tempos pela porta dos fundos, como um anjo torto ou quasímodo moral, se esgueirando por corredores, salas e escadarias até alcançar a rua. Por vergonha, medo ou sabe-se lá por qual razão… sumiu.
 
Deve estar nas mãos de algum julgador que em vez de julgar, se transformou em estafeta, espécie de ASG (Auxiliar de Serviços Gerais) em tráfego de papeis de grandes causas.
 
A vida de milhares de cidadãos e instituições públicas, em alguns municípios, ficam à mercê da boa vontade de umas poucas pessoas engravatadas.
 
Só para lembrar: todos, sem exceção, são servidores públicos; muito bem pagos, que se diga.
 
Em seu Olimpo, não são deuses ou demiurgos. São mortais que não têm o direito de fazer, do Direito, um direito próprio, particular, a seu tempo e hora ou sem hora para acabar.
 
Não defendemos a condenação de A ou B. Cobramos, como cidadãos, o julgamento célere, límpido e translúcido, sem macaquices e firulas ou mesmo sob amparo de desculpas esfarrapadas.
 
Culpado, condene-se. Em contrário, absolva-se.
 
A justiça que tarda, que se arrasta, por si só já é injustiça.
 
No TRE do RN, ela fez morada, como aquela coruja de olhos arregalados que dá um giro de 360 graus no próprio pescoço, mas nada vê à luz do dia.
 
Sem pressa, mantém seus hábitos crepusculares e noturnos, quando aí enxerga tudo que lhe interessa.
 
A corte eleitoral faz-nos desembarcar no romance “As cabeças trocadas” de Thomas Mann. “Sita”, protagonista, mergulha em dúvidas quanto à predileção mais sensata à sua vida. Fica entre duas preferências em questionamentos atrozes.
 
O final é trágico e didático. Prefiro não contar aqui. Leia.
 
Que o TRE bote a sua cabeça no lugar e faça a mais sensata das escolhas: a devoção ao direito.
 
Só isso.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A MORTE DO CANGACEIRO (UMA CRUZ NA BEIRA DA ESTRADA)





Honório de Medeiros

 


A cruz de aroeira, carcomida pelo tempo – teria quase oitenta anos, repousa sob uma plataforma de tijolos grosseiros que alguma alma caridosa houve por bem construir à margem da muito antiga estrada do cajueiro, que liga Limoeiro a Mossoró. Originariamente, percebe-se facilmente, a cruz estava plantada diretamente no solo calcário. Hoje, inclusive, existe uma pequena cavidade por trás da cruz, construída com tijolos, talvez para receber velas.

Um pouco à esquerda, uma oiticica centenária zomba da fragilidade humana derramando sua sombra testemunha daquele dia fatídico. Mais além, um denso mar de algarobas, marmeleiros, juremas, mufumos, todos acinzentados pelo pó que o vento quente revolve, dá uma precisa noção do tipo de homem que é capaz de enfrentá-lo: o sertanejo!

Ali estava sepultado um tipo de sertanejo que já não existia mais. Pelo menos como nos moldes de antigamente. Um cangaceiro. Menino de Ouro? Alagoano? Dois de Ouro? Az de Ouro? Não é provável que sejam os dois primeiros, por que há relatos de fontes primárias quanto à presença deles em episódios posteriores envolvendo o cangaço. A dúvida é: qual dos dois restantes? Dois de Ouro ou Az de Ouro? Se obedecermos à ciência, que nos manda respeitar o testemunho de quem presenciou os fatos, a tendência é que tenha sido Dois de Ouro.

Naquele dia fatídico, fugindo a passo acelerado de Mossoró, onde perdera Colchete e Jararaca, Lampião carregava consigo, tomado por dores cruciantes, esse cangaceiro que teria sido atingido por uma bala que lhe destruíra o nariz. Bala essa disparada por quem guardava os fundos da casa do Coronel Rodolpho Fernandes, respondendo ao ataque desferido sorrateiramente por comandados de Massilon, enquanto Jararaca, Colchete, e outros, ensandecidos por cachaça e adrenalina, distraiam os defensores postados à frente do casarão do Prefeito.

Lampião já parara em uma casa humilde – esse episódio é por demais conhecido – e obtivera água e sal para lavar o ferimento. Coberto de sangue, com a cabeça envolvida por um lenço sujo, o cangaceiro, entretanto, não conseguia continuar. E, à sombra da oiticica, decidiu morrer. Pediu que lhe matassem – não queria continuar. Fera tinha sido, fera era, morreria como fera. Nisso se assemelhava a qualquer samurai, que vivia para morrer, órfão do culto à batalha, às armas, e à violência.

Após muita discussão um tiro reboou no silêncio pesado da caatinga. Um seu companheiro o executou e o sepultaram em cova rasa.

No entorno da sepultura há muitas pedras – calcário. São pedras milenares. Testemunharam tudo. Pudessem relatar o que viram e ouviram contariam a nós acerca daquele momento tenebroso. Saberíamos, talvez, quem de fato teria sido o cangaceiro executado a pedidos. Diriam a nós um pouco mais acerca desses homens-feras que não temiam a morte, a sede, a fome, caminhadas sem fim por sobre um chão inóspito, debaixo do sol inclemente, fendendo a braçadas a caatinga áspera.

Não temiam os inimigos naturais – as volantes, os “macacos”, a resistência, quando havia, dos habitantes do Sertão a quem atacavam. Não temiam a traição permanente dos coiteiros e coronéis com os quais constituíam essa página da história do Brasil recém saído da monarquia. Não temiam a morte. Não temiam nada.

Para esse cangaceiro desconhecido deixamos nossa perplexidade, algumas orações, muitas perguntas não respondidas e uma vela acesa, solitária, com a chama a teimar, trêmula, em sobreviver lutando contra o vento quente do Sertão.

Passados todos esses anos, quase um século, sua lembrança sobrevive na curiosidade de alguns apaixonados pela história do cangaço, coronéis, cantadores de viola, repentistas, místicos, jagunços, fanáticos, almocreves, todos que construíram a saga dos antepassados fundadores da cultura sertaneja nordestina, na terra sagrada por onde perambulou Lampião, Padre Cícero, o Coronel Zé Pereira e o grande, talvez o maior de todos, Zé Limeira, o poeta do absurdo...


 

* Arte de Gabriel Ribeiro
www.downloadswallpapers.com           

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

REZAR EM TEMPOS MODERNOS

Blaise Pascal
 
 
Honório de Medeiros
 
 
 
Pascal dizia que nada perderíamos se louvássemos a Deus: se Ele não existir, fomos bons, nada perdemos, que se há de fazer? Se existir, tanto melhor, honramos nossa fé.
 

Nos tempos modernos podemos nos dar por felizes ao respeitarmos os valores que a espécie humana construiu em seu processo civilizatório: estaremos rezando assim mesmo e já é o bastante.

Assim minoramos a angústia da dúvida, quando não cremos, ou cremos que não cremos, embora reste, soberana, a dúvida da angústia: não seria indescritível, em sua plenitude, a certeza absoluta, a fé integral, a entrega total que consumia Santa Tereza de Lisieux?
 

Miserere mei, Deus, secundum magnam misericordiam tuam.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

EU SOU DO TAMANHO DAQUILO QUE SONHO


"ILUMINAR A REALIDADE"

Bachelard, por Vasco


Honório de Medeiros


“Iluminar a realidade”, disse-me o poeta/filósofo. Ou seria filósofo/poeta? Não importa. Hoje a filosofia não mais se expõe poeticamente. Veste outra vestes, sem elegância.
 
Foi-se o tempo de Heráclito de Éfeso: "não se pode entrar duas vezes no mesmo rio", célebre fragmento que tanto impressionou Wittgenstein. "Tudo flui"... Ah!, a beleza da filosofia dos gregos arcaicos...
 
Quem terá sido o último dos filósofos/poetas? Talvez Gaston Bachelard: "o Conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão". Ou mesmo: " O pensamento puro deve começar por uma recusa da vida. O primeiro pensamento claro é o pensamento do nada."
 
Suprema gnosiologia...
 
Certa vez, quando exposto um senão, o horizonte foi apontado, naquela linha onde se fundem mar e céu, e a resposta enunciada por um filósofo/poeta: "procure iluminar a realidade". "Somente assim podemos enxergar." Simples assim.
 
A poesia –  ela transfigura e sintetiza o comum, o banal, o trivial. Muitas palavras lavradas na árida linguagem técnica diriam o mesmo, até de forma mais precisa, reconheçamos. Entretanto essa frase descerrou véus e foi possível enxergar claramente, pois há sempre uma nesga, um fragmento de realidade a ser iluminada, revelada, exposta, onde antes nada havia além de escuridão e ignorância.
 
Então, assim, o Homem é muitos, mesmo sendo nenhum. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O IDEALISMO RADICAL É A LOUCURA DA RAZÃO


 
 
Honório de Medeiros
 
O idealismo radical é a loucura da razão: nele estamos à mercê de uma idéia de realidade que somente existe em nossa imaginação. Algo como, talvez, o sonho de um semideus demiurgo. Nele, sonhamos que sonhamos.
Como não lembrar Chuang Tzu?
"Chuang Tzu sonhou ser uma borboleta. Ao despertar não sabia se era Tzu que havia sonhado que era uma borboleta ou se era uma borboleta e estava sonhando que era Tzu.”
A realidade imaginária de Matrix, única e exclusiva criação em um sonho induzido, conduzido e coletivo, onde sonhamos que estamos vivos, é uma instigante analogia com o idealismo radical.
Isso nos conduz à fonte dessa ousadia alegórica, qual seja a ancestral concepção hindu de que essa realidade imaginária é algo criado por Maya, a deusa da ilusão, que nos faz crer que estamos vivos e conscientes quando, na realidade, nada mais fazemos que sonhar.
Outro estranho paralelo é o mito da caverna, de Platão, com o qual aprendemos o quanto estamos distantes do real, imersos na contemplação de nossas próprias sombras.
E a razão lúcida, sobreviveria por si somente? Pensar, pensar o pensamento, pensar o pensamento pensado, enveredar pelo caminho do pensar exponencialmente não seria outro caminho a encontrar, no infinito, assim como as paralelas, o próprio idealismo radical?
 
Arte: ideiasparalelas.blogspot.com

sábado, 16 de novembro de 2013

LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO NO ENSINO DA FILOSOFIA

"O lugar da lógica e da argumentação no ensino da filosofia"; editado por Henrique Jales Ribeiro e Joaquim Neves Vicente; Faculdade de Letras de Coimbra; 2010
 
 
Trata-se dos anais do colóquio internacional acontecido em Coimbra, promovido pela Faculdade de Letras de sua Universidade, em 4 a 5 de dezembro de 2009, do qual participaram professores e estudiosos de Portugal, Espanha, França e Canadá.
 
Relaciono, abaixo, os temas debatidos:
 
"L'étude de la première opération de l'intelligence: au coeur de la formation intellectuelle au niveau pré-universitaire"; "Mejorar em pensamento crítico contribuye al desarrollo personal de los jóvenes?"; "Es posible avaluar la capacidade de pensar criticamente em la vida cotidiana?"; "Argumentação e cuidado de si"; "O ensino da lógica no ensino liceal e secundário"; "Lógica formal no ensino secundário: o que estudar?"; "A lógica e o lugar crítico da razão"; "Do primado de uma LOGICA UTENS sobre uma LOGICA DOCENS no ensino da filosofia na educação secundária"; "La place de la logique et de l'argumentation dans l'enseignement secondaire de philophie em France"; "O lugar da lógica e da argumentação: do ensino superior ao ensino secundário em Portugal".
 
Henrique Jales Ribeiro é Professor Associado com agregação do grupo de Filosofia da Faculdade de Letras de Coimbra, onde atualmente rege as unidades curriculares sobre lógica e argumentação. É coordenador do Grupo de Investigação "Ensino de lógica e argumentação" da Unidade "Linguagem, Interpretação e Filosofia" que pertence à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Recentemente publicou, em nome do grupo que coordena, "Rethoric and Argumentation in the Beginning of the XXIst Century" (Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009). 
 
No prefácio ao livro o professor Henrique Jales Ribeiro observa o seguinte:
 
"A lógica e a argumentação são áreas filosóficas fundamentais e transversais em relação ao conhecimento humano de maneira geral (e não apenas às chamadas 'ciências sociais e humans'), e absolutamente nucleares para a formação de um espirito crítico, dialógico e construtivo dos nossos jovens (e quiça filhos e/ou familiares) e futuros concidadão. São-nos de uma forma incomparavelmente bem mais marcante do que aquelas com que a matemática e as disciplinas tecnológicas, para as quais está virada hoje em dia a atenção da media e de alguns sectores de relevo na nossa sociedade, contribuem para o efeito."
 
O livro é de uma densidade à toda prova. Deu-me muita satisfação intelectual lê-lo. Recomendo-o vivamente.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O MISTÉRIO ACERCA DA AMANTE DO CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO

Honório de Medeiros

Para Anderson Tavares de Lyra, Kiko Monteiro, Geraldo Ferraz, Laélio Ferreira, José Tavares de Araújo Neto e Sérgio Dantas.

Meu amigo Anderson Tavares de Lyra, cascavilhando na Biblioteca Nacional (Hemeroteca Digital Brasileira) encontrou essa preciosidade nos arquivos da histórica revista “O Malho”, e houve por bem com ela me presentear:
 
A fotografia de Antônio Silvino é por demais conhecida. As outras, não. Principalmente a da mulher, que imediatamente me chamou a atenção, em primeiro lugar por sua beleza, seu ar assustado, sua presença na reportagem; e, em segundo lugar por provocar, em mim, o desejo de saber mais acerca do seu destino.
 
Leiam o que a reportagem da revista diz a seu respeito:
 
"Antônia de Arruda, amante de Antônio Silvino, tendo ao peito uma medalha com o retrato do amante."
 
E nada mais.
 
Imediatamente postei a fotografei nessa imensa praça virtual que é o Facebook, mais precisamente em "Cangaceirólogos" e "Cariri Cangaço", com o seguinte texto:
 
"Alguém sabe algo acerca dessa senhora que está na fotografia abaixo?"
 
Individualmente pedi a ajuda do meu compadre e amigo Kiko Monteiro, homem forte do lampiaoaceso.blogspot.com, músico e pesquisador da cultura sertaneja nordestina, entre outras qualidades.
 
As respostas foram interessantes, muito embora o mistério continue. O próprio Kiko Monteiro, por exemplo, observou o seguinte:
 
"Compadre Honorio de Medeiros deste conjunto de fotos eu já tinha três, mas a legenda não informava o nome da cabocla. Outro dia consultando rapidamente o livro de Sergio Dantas nós identificamos outra paixão do cangaceiro que foi "Maria Anunciada" mas não continha foto para comparação. Agora temos e enfim o que não faltou foi mulé pra este homem. Seria nosso saudoso Alcino acometido do mesmo Gene sedutor de Silvino? Já a foto do Theopanhes avô de nosso confrade Geraldo Ferraz é inédita para mim. Obrigado pelo toque e por compartilhar no grupo."
 
Instigado por mim a se manifestar acerca da beleza de Antônia, o compadre Kiko Monteiro disse:
 
"Sim Honorio de Medeiros a beleza dela é evidente, só não mais porque esta foto é de momento de prisão ou interrogatório e certamente a bichinha não estava nada a vontade. Envie para Sergio, para sabermos mais sobre este envolvimento. Se foi passageiro ou se durou e se de repente veio a gerar filhos etc."
 
Entrou, então, no vai-e-vem nosso amigo Geraldo Ferraz, neto do então Alfere Teophanes Ferraz, à época Delegado de Taquaratinga, que prendeu Antônio Silvino e, imediatamente, foi promovido a Tenente. Teophanes é um dos pilares sobre o quais se sustenta a história do cangaço. Geraldo se pronunciou:
 
"Parabéns, bravos vaqueiros da história. Que belo conjunto foi disponibilizado. Até este momento desconhecia as duas últimas fotos. São, simplesmente, fantásticas. Mostram o "arroucho" da chegada ao Recife, mencionado em minha obra. Vide folha 113, Volume I - 'Na manhã de 2 de dezembro, aguardavam a chegada do trem, no largo da Estação Great Western, uma imensa multidão. Essas pessoas haviam chegado ao Recife, vindos de todos os pontos do interior, de trem, a cavalo, em cabriolés, carros de bois ou em lombos de burros, para ver de perto e enxergar com os próprios olhos, o desembarque do famoso bandido'."
 
Aproveito para recomendar a leitura de seu livro "Pernambuco no Tempo do Cangaço", em dois volumes, uma obra fundamental:
 
 
 
Então entrou em cena o poeta, glosador e ensaísta, Laélio Ferreira. Dele transcrevo as seguintes interessantes e argutas observações:
 
"Será essa senhora a mãe do General?
No final dos anos 20, afastando-se da magistratura potiguar e transferindo-se para Pernambuco, como Delegado-Regional de Polícia e depois Juiz da Comarca de Pesqueira, o Bacharel (de Olinda e Recife) FRANCISCO MENEZES DE MELO, meu tio, ao lado do Coronel THEOPHANES FERRAZ chefiava a tropa (volantes) que procurava impor a ordem na região do Pageú. A amizade entre os dois ficaria marcada pelo batismo de um filho do advogado potiguar, de nome ALUÍSIO MENEZES - hoje aos 84 anos, vivinho da silva. Aluísio, também Bacharel, é figura conhecidíssima nos meios desportivos do RN.
Doei, há algum tempo, toda a minha biblioteca, inclusive os livros sobre o cangaço. mas, tenho certeza de ter lido sobre um filho de Antônio Silvino GENERAL do Exército Brasileiro. Daí a minha indagação sobre ter sido o militar filho dessa senhora, Da.Antônia de Arruda.
Para alegria de nós todos, da Potiguarânia, saibam Vossas Mercês que, numa entrevista, o 'Rifle de Ouro', sem citar nomes, falou muito bem, sim senhores, de uns 'amigos' e 'compadres' do Rio Grande do Norte - que, mesmo depois da sua prisão, não tinham se apropriado dos dinheiros e bens (gado) que lhes havia confiado 'para guardar'. Por outro lado, esculhambava (sempre sem nomear ninguém) as 'mizades' paraibanas e pernambucanas... Arre égua!
Francisco Menezes de Melo, Bacharel de Olinda e Recife, Professor, Advogado, Juiz de Direito no RN e em PE, Delegado-Regional de Polícia naquele Estado, irmão de Othoniel Menezes, primogênito do casal João Felismino Ribeiro Dantas de Melo/Maria Clementina Menezes de Melo.
Theophanes Ferraz, amigo e companheiro do bacharel e magistrado natalense - que muitas vezes, montados ambos, à frente das volantes, fustigaram os cangaceiros - apadrinhou um dos filhos pernambucanos do Dr. Menezes, o também advogado ALUÍZIO MENEZES DE MELO, hoje com 84 anos, residente nesta Capital.(Natal).
Uma das legendas do cangaço, teve fama não somente por ser um bom atirador - ganhando o apelido de 'O Rifle de Ouro', inclusive, mas também por ser um grande conquistador. 'O cangaceiro flechou o coração de várias mulheres, tendo filhos com cerca de 40 com quem manteve relações durante a sua vida', conta o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello.
'Mas muitos desses filhos foram ilegítimos, pois as mulheres não revelavam a verdadeira identidade do pai de seus filhos com medo deles serem arrastados por Silvino para a vida do cangaço', revela Severino Baptista de Morais, um dos quatro filhos reconhecidos por Manuel Baptista de Morais, verdadeiro nome de Antonio Silvino. Um dos filhos ilegítimos de Silvino, citado por Assis Chateaubriand, teria sido o empresário José Ermírio de Morais.
Chatô citou José Ermírio de Morais como filho espúrio de Antonio Silvino num artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 1956, intitulado 'O Vira Lata da Avenida Paulista', conta Severino de Morais, que adianta: 'isto poderia ser apenas uma briga entre grandes empresários não tivesse José Ermírio se utilizado desse fato para sair dizendo que era filho de cangaceiro no sertão de Pernambuco quando fez sua campanha para o senado. Porém, de pois que ganhou a eleição, José Ermírio não tocou mais no assunto'.
 
Laélio Ferreira enriquece qualquer debate quando se faz presente. De sua lavra é a obra prima:
 
 
Como se pode depreender, o mistério aumentou.
 
Lá de Pombal, na Paraíba, o professor José Tavares de Araújo Neto também tentou nos ajudar:
 
"Vi referência a uma amante de Antonio Silvino , chamada Antonia F. de Arruda, em um dissertação de mestrado, intitulado “De Governador dos Sertões a Governador da Detenção”, de autoria de Rômulo José Francisco de Oliveira Júnior.
Mas fala pouca coisa. Diz que ela foi presa sob a acusação de acoitar o cangaceiro.
O pesquisador Rostand Medeiros em um de seus artigos fez mençao a Antonia, inclusive ilustrou sua com esta mesma foto. A prisão de Antônio Silvio em 1914, por Rostand Medeiros. http://tokdehistoria.wordpress.com/.../"
 
Mesmo assim não conseguimos avançar. Minha última esperança é o grande pesquisador do cangaço Sérgio Dantas, autor de várias obras fundamentais, dentre elas:
 
 
É aguardar.
 
PS de Geraldo Ferraz:
 
"Colocando um pouco mais de lenha na fogueira e, valendo-me do livro Antônio Silvino, o rifle de ouro, do escritor Severino Barbosa, 2ª edição (1979), descubro que, só na parte destinada a Iconografia, o escritor destaca que a senhora da foto havia sido: 'O último amor de Antônio Silvino. Sua amante desconhecida, residia em Afogados da Ingazeira'. Com a palavra o confrade Sérgio Dantas."