sábado, 7 de setembro de 2013

PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO 2013

 
Cariri Cangaço
17 Setembro 2013
Terça-Feira
JUAZEIRO DO NORTE
 19:00 h - Juazeiro do Norte
Abertura - Memorial Padre Cícero
19:30 h - Conferência: PADRE CÍCERO E O TEMPO CONTEMPORÂNEO
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
MESA: Honório de Medeiros, Ângelo Osmiro, Leandro Cardoso

18 Setembro 2013
Quarta-Feira
BARRO
11:30 h -Visita ao Coité - Casa do Padre Lacerda - Mauriti-CE
12:30 h - Visita à Fazenda do Cel Domingos Furtado- Milagres-CE
15:10 h - Visita à Casa de Sinhô Pereira - Barro -CE
PLACA HOMENAGEANDO O LOCAL
16:30 h - Homenagem à Dona Chiquinha Pereira
PLACA EM HOMENAGEM À FAMÍLIA PEREIRA
Presenças dos Filhos de Luis Padre:
Hagahús Araujo e Wilson Póvoa
Átrio do Santuário de Santo Antônio - Barro -CE
17:00 h -Visita à Casa das André - Barro - CE
Fazenda do Major Zé Inácio -Barro - CE
19:20 h - Conferência: SINHÔ PEREIRA
Leandro Cardoso Fernandes
Mesa: Napoleão Tavares Neves , Professor Pereira e Sousa Neto

19 Setembro 2013
Quinta-Feira
Juazeiro do Norte
9:00 h - Juazeiro do Norte
INGRA PREMIUM HOTEL
HOMENAGEM A ALCINO ALVES COSTA
Lançamento DVD Alcino o Caipira de Poço Redondo
Ivanildo Silveira
Homenagens ao Decano, por:
Luitgarde Cavalcante Oliveira Barros
Inácio Loyola Damasceno
Juliana Pereira Ischiara

11:00 h - Posse do Conselho Curador Cariri Cangaço
CONSELHO ALCINO ALVES COSTA
ALMOÇO LIVRE
PORTEIRAS
13:30 h - Saída para Porteiras
14:45 h - Visita à Fazenda Piçarra - Porteiras-CE
15:00 h - Roda de Conversa:  A VIDA DE ANTÔNIO DA PIÇARRA
Wilton Santana Filho (Vilson da Piçarra)
16:00 h - Visita à Fazenda Guaribas - Porteiras-CE
16:20 h - Roda de Conversa:  O FOGO DAS GUARIBAS
Manoel Severo Barbosa
18:30 h - A Chegada de Lampião no Inferno
Aldo Anísio
Ginásio de Esportes
18:40 h - Conferência: CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS
Múcio Procópio
Mesa: Sabino Bassetti, Luitgarde Barros, Wescley Rodrigues

20 Setembro 2013
Sexta-Feira
Missão Velha
8:30 h - Missão Velha
9:00 h - Visita à Casa do Cel Isaías Arruda 
9:30 h - Visita ao prédio da Prefeitura Municipal
Aposição da Foto do Cel Isaías Arruda no Rol de Ex-Prefeitos
Presenças:
Familiares de Isaías Arruda e José Gonçalves e Coronéis de Missão Velha
10:00 h - Jamacarú
10:30 h - Conferência: ISAÍAS ARRUDA - O CORONEL MENINO 
João Tavares Calixto Júnior
Mesa:João Bosco André, Archimedes Marques, Kiko Monteiro
12:00 h - Visita a Gameleira de São Sebastião
Serra do Mato - Fazenda Cel. Santana

AURORA
15:00 h - Visita ao Tipi – Fazenda de Marica Macedo 
16:00 h – Visita à Fazenda Ipueiras – do Cel. Isaías Arruda
17:30 h – Visita à Estação Ferroviária da RVC e a sede da Secult.
Escola Técnica Federal do Araçá
19:30 h - Conferência: MARICA MACEDO DO TIPI
Vicente Landim de Macedo
Mesa:José Cícero, Juliana Ischiara, Aderbal Nogueira

21 Setembro 2013
Sábado
Barbalha
8:30 h - Visita ao Alto do Leitão
9:30 h - Patrimônio Histórico
Exposição do Pau da Bandeira
Balneário do Caldas
10:30 h - Conferência: A ANTROPOLOGIA CRIMINAL DAS CABEÇAS
Dr. Lamartine Lima
11:15 h - Conferência: A ETNOFARMACOBOTANICA A PARTIR DA VISÃO PANORÂMICA DE UMA TURISTA APRENDIZ, PELOS CAMINHOS QUE CRUZAM O GEOPARK ARARIPE
Dra. Maria Thereza Camargo
Mesa:Paulo Gastão, Leandro Cardoso, Narciso Dias
14:00 h - Conferência: ROTEIROS INTEGRADOS DO CANGAÇO
João de Sousa Lima
14:30 h - Conferência: ROTA DO CANGAÇO DE XINGÓ
Jairo Luiz Oliveira
Mesa:Geraldo Ferraz, Kydelmir Dantas, Carlos Elydio

CRATO
Largo da RFFSA
17:00 h - Tarde de Lançamentos e Relançamentos
DÉ ARAUJO, de Geraldo Ferraz
COMO CAPTURAR LAMPIÃO, de Luiz Ruben
LAMPIÃO, CANGAÇO E CORDEL, de Rubinho Lima
QUEM É QUEM NO CANGAÇO, de Paulo Gastão
ASSIM ERA LAMPIÃO de Ângelo Osmiro
LAMPIÃO EM PAULO AFONSO, de João de Sousa Lima
A OUTRA FACE DO CANGAÇO, de Antônio Vilela
O AUTO DE ANGICO, de Luiz Zanotti
A CÂMARA MÁGICA DE BENJAMIM ABRAHÃO, de Vilma Maciel
SITIO DOS NUNES DE FLORES, de Ana Lúcia e Paulo Gastão
ASSIM MORREU LAMPIÃO, de Antônio Amaury
TIPI, DE ARBUSTO A DISTRITO, de Vicente Landim Macedo
Largo da RFFSA
SEDIÇÃO DE JUAZEIRO

19:00 h -Apresentação e Debate sobre o Filme
Jonasluis DA SILVA, de Icapuí

Sábado, dia 21 e Domingo, dia 22 em Crato...
MOSTRA DE DOCUMENTÁRIOS
LÁ PRAS BANDAS DE MARIA, de Louise Farias
SOBRE CABRAS, MACACOS E CANGACEIROS, de Camilo Vidal
CANDEEIRO, de Aderbal Nogueira
FEMININO CANGAÇO, de Manoel Neto
QUERÊNÇA, de Iziane Mascarenhas
MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO, de Aderbal Nogueira
SILA, de Aderbal Nogueira
CANGACEIRO GATO, de João de Sousa Lima
NA CABEÇA DO POVO, de Helena Pereira
FIDERALINA AUGUSTO LIMA, de Ana Célia de Oliveira
FATOS, de Aderbal Nogueira

Cariri Cangaço 2013
Onde o Brasil de Alma Nordestina se Encontra...


Espero que todos possam se unir a esta 
Grande e Maravilhosa Família,
a Família Cariri Cangaço; 
sejam todos muito bem vindos !

Manoel Severo
CURADOR DO CARIRI CANGAÇO

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

E O TRIBUNAL DE CONTAS?

Honório de Medeiros
 
 
O espantoso, nisso tudo, ou seja, no que diz respeito à situação financeira do Estado do Rio Grande do Norte, é o comportamento do Tribunal de Contas.
 
Se sabia que a situação do Estado estava nas condições em que se encontra, fosse porque vem de muito, fosse porque é de agora, deveria ter tomado alguma providência além de produzir relatórios que ninguém lê ou dá atenção, principalmente o próprio Governo.
 
Se não sabia é de uma incompetência absurda. Aliás, se sabia ou sabe e nada fez, ou se não sabia e não sabe, portanto nada pode fazer, em qualquer dessas situações, cabe questionar acerca da necessidade de um Tribunal de Contas a sorver dinheiro, a rodo, do Tesouro Estadual. Dinheiro nosso, suado, que poderia estar alavancando a saúde, educação ou segurança pública.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

DE COMO PROCEDEM OS RATOS


Honório de Medeiros
 

Certo comensal do Poder, da estirpe dos ratos escolados, percebendo que o barco "Governo do Rio Grande do Norte" está fazendo água, e juntando os cacarecos para cair fora - segundo ele - antes do naufrágio, denomina de "absurdamente incompetente" o desempenho da tripulação.

Pondero-lhe que desde o início a tripulação teve que lidar com sérias dificuldades financeiras ao herdar uma imensa dívida da gestão anterior, agravadas pela queda acentuada na arrecadação que mantém o barco. 

O comensal desdenhou de minha ponderação retrucando que "essa dívida deveria ter sido escancarada em todos os portos e entregue imediatamente à Justiça para as providências legais que evitariam tudo quanto aconteceu; e as medidas para saneá-las deveriam ter sido tomadas desde o início, quando a tripulação tinha credibilidade para fazê-lo". 

"O resultado disso tudo", continuou ele, "é que hoje a tripulação não conta com ninguém: nem os passageiros, tampouco a Justiça, incluindo aí Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e Ministério Público, sequer a Assembleia Legislativa, por fim até mesmo seus parceiros nos negócios  que os levaram ao comando do barco a abandonou." 

Pergunto-lhe porque sabendo de tudo isso demorara tanto a cair fora. "Ainda havia algum queijo no porão", respondeu. 

"A tripulação não tem como resolver todas essas dificuldades em um passe de mágica", tento ainda. 

"Então que caia fora. Saia. Peça licença e se retire. Deixe o espaço para outros." 

E com seu andar nervoso de rato escolado subiu a bordo do escaler e se foi, sem sequer olhar para trás, para ver o banco adernando.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A CANÇÃO DE AMOR DE J. ALFRED PRUFROCK




Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
Prêmio Nobel de literatura em 1948



S'io credesse che mia risposta fosse
A persona che mai tornasse al mondo,
Questa fiamma staria senza piu scosse.
Ma perciocche giammai di questo fondo
Non torno vivo alcun, s'i'odo il vero,
Senza tema d'infamia ti rispondo.
Dante Alighieri. Ladivina Commédia
Inferno, XXVII, 61-66 (N. do T.)
 
 
 
Sigamos então, tu e eu,
 Enquanto o poente no céu se estende
 Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
 Sigamos por certas ruas quase ermas,
 Através dos sussurrantes refúgios
 De noites indormidas em hotéis baratos,
 Ao lado de botequins onde a serragem
 Às conchas das ostras se entrelaça:
 Ruas que se alongam como um tedioso argumento
 Cujo insidioso intento
 É atrair-te a uma angustiante questão . . .
 Oh, não perguntes: "Qual?"
 Sigamos a cumprir nossa visita.
 
No saguão as mulheres vêm e vão
 A falar de Miguel Ângelo.
 
A fulva neblina que roça na vidraça suas espáduas,
 A fumaça amarela que na vidraça seu focinho esfrega
 E cuja língua resvala nas esquinas do crepúsculo,
 Pousou sobre as poças aninhadas na sarjeta,
 Deixou cair sobre seu dorso a fuligem das chaminés,
 Deslizou furtiva no terraço, um repentino salto alçou,
 E ao perceber que era uma tenra noite de outubro,
 Enrodilhou-se ao redor da casa e adormeceu.
 
E na verdade tempo haverá
 Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
 Roçando suas espáduas na vidraça;
 Tempo haverá, tempo haverá
 Para moldar um rosto com que enfrentar
 Os rostos que encontrares;
 Tempo para matar e criar,
 E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
 Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
 Tempo para ti e tempo para mim,
 E tempo ainda para uma centena de indecisões,
 E uma centena de visões e revisões,
 Antes do chá com torradas.
 
No saguão as mulheres vêm e vão
 A falar de Miguel Ângelo.
 
 
 E na verdade tempo haverá
 Para dar rédeas à imaginação. "Ousarei" E . . "Ousarei?"
 Tempo para voltar e descer os degraus,
 Com uma calva entreaberta em meus cabelos
 (Dirão eles: "Como andam ralos seus cabelos!")
 - Meu fraque, meu colarinho a empinar-me com firmeza o
 queixo,
 Minha soberba e modesta gravata, mas que um singelo alfinete
 apruma
 (Dirão eles: "Mas como estão finos seus braços e pernas! ")
 - Ousarei
 Perturbar o universo?
 Em um minuto apenas há tempo
 Para decisões e revisões que um minuto revoga.
 
Pois já conheci a todos, a todos conheci
- Sei dos crepúsculos, das manhãs, das tardes,
 Medi minha vida em colherinhas de café;
 Percebo vozes que fenecem com uma agonia de outono
 Sob a música de um quarto longínquo.
 Como então me atreveria?
 
E já conheci os olhos, a todos conheci
- Os olhos que te fixam na fórmula de uma frase;
 Mas se a fórmulas me confino, gingando sobre um alfinete,
 Ou se alfinetado me sinto a colear rente à parede,
 Como então começaria eu a cuspir
 Todo o bagaço de meus dias e caminhos?
 E como iria atrever-me?
 
E já conheci também os braços, a todos conheci
- Alvos e desnudos braços ou de braceletes anelados
 (Mas à luz de uma lâmpada, lânguidos se quedam
 Com sua leve penugem castanha!)
 Será o perfume de um vestido
 Que me faz divagar tanto?
 Braços que sobre a mesa repousam, ou num xale se enredam.
 E ainda assim me atreveria?
 E como o iniciaria?
 
.......
 
Diria eu que muito caminhei sob a penumbra das vielas
 E vi a fumaça a desprender-se dos cachimbos
 De homens solitários em mangas de camisa, à janela
 debruçados?
 
Eu teria sido um par de espedaçadas garras
 A esgueirar-me pelo fundo de silentes mares.
 
.......
 
E a tarde e o crepúsculo tão .docemente adormecem!
 Por longos dedos acariciados,
 Entorpecidos . . . exangues . . . ou a fingir-se de enfermos,
 Lá no fundo estirados, aqui, ao nosso lado.
 Após o chá, os biscoitos, os sorvetes,
 Teria eu forças para enervar o instante e induzi-lo à sua crise?
 Embora já tenha chorado e jejuado, chorado e rezado,
 Embora já tenha visto minha cabeça (a calva mais cavada)
 servida numa travessa,
 Não sou profeta - mas isso pouco importa;
 Percebi quando titubeou minha grandeza,
 E vi o eterno Lacaio a reprimir o riso, tendo nas mãos meu
 sobretudo.
 Enfim, tive medo.
 
E valeria a pena, afinal,
 Após as chávenas, a geléia, o chá,
 Entre porcelanas e algumas palavras que disseste,
 Teria valido a pena
 Cortar o assunto com um sorriso,
 Comprimir todo o universo numa bola
 E arremessá-la ao vértice de uma suprema indagação,
 Dizer: "Sou Lázaro, venho de entre os mortos,
 Retorno para tudo vos contar, tudo vos contarei."
- Se alguém, ao colocar sob a cabeça um travesseiro,
 Dissesse: "Não é absolutamente isso o que quis dizer
 Não é nada disso, em absoluto."
 
E valeria a pena, afinal,
 Teria valido a pena,
 Após os poentes, as ruas e os quintais polvilhados de rocio,
 Após as novelas, as chávenas de chá, após
 O arrastar das saias no assoalho
 - Tudo isso, e tanto mais ainda? -
 Impossível exprimir exatamente o que penso!
 Mas se uma lanterna mágica projetasse
 Na tela os nervos em retalhos . . .
 Teria valido a pena,
 Se alguém, ao colocar um travesseiro ou ao tirar seu xale às
 pressas,
 E ao voltar em direção à janela, dissesse:
 "Não é absolutamente isso,
 Não é isso o que quis dizer, em absoluto."
 
Não! Não sou o Príncipe Hamlet, nem pretendi sê-lo.
 Sou um lorde assistente, o que tudo fará
 Por ver surgir algum progresso, iniciar uma ou duas cenas,
 Aconselhar o príncipe; enfim, um instrumento de fácil
 manuseio,
 Respeitoso, contente de ser útil,
 Político, prudente e meticuloso;
 Cheio de máximas e aforismos, mas algo obtuso;
 As vezes, de fato, quase ridículo
 Quase o Idiota, às vezes.
 
Envelheci . . . envelheci . . .
 Andarei com os fundilhos das calças amarrotados.
 
Repartirei ao meio meus cabelos? Ousarei comer um
 pêssego?
 Vestirei brancas calças de flanela, e pelas praias andarei.
 Ouvi cantar as sereias, umas para as outras.
 
Não creio que um dia elas cantem para mim.
 
Vi-as cavalgando rumo ao largo,
 A pentear as brancas crinas das ondas que refluem
 Quando o vento um claro-escuro abre nas águas.
 
Tardamos nas câmaras do mar
 Junto às ondinas com sua grinalda de algas rubras e castanhas
 Até sermos acordados por vozes humanas. E nos afogarmos.
 
 
--- x ---
 
 
Belíssima tradução de Ivan Junqueira

QUANTO ÀS MULHERES QUE SE VENDEM, SEJAM QUAIS SEJAM

Em "A Sonata a Kreutzer", de Tolstoi:
 
"Não concorda comigo? Permita-me demonstrar-lhe o que digo - começou, interrompendo-me. - O senhor me diz que as mulheres da nossa sociedade vivem com interesses diferentes daqueles das mulheres nas casas de tolerância, mas eu lhe digo que não é assim, e vou demonstrá-lo. Se as pessoas diferem quanto aos objetivos da existência, quanto ao conteúdo interior da vida, esta diferença tem que se refletir sem falta na aparência exterior também. Mas olhe para aquelas, para as infelizes e desprezadas e, depois, para as senhoras da mais alta sociedade: os mesmos trajes vistosos, os mesmos modelos, os mesmos perfumes, o mesmo desnudamentos dos braços, dos ombros, dos seios, o mesmo traseiro apertado e em posição saliente, a mesma paixão por pedrinhas, por objetos caros e brilhantes, os mesmos divertimentos, danças, músicas e canções. Assim como aquelas aplicam todos os seus recursos para atrair os homens, fazem estas também. Nenhuma diferença. Numa distinção rigorosa, deve-se apenas dizer que as prostitutas a curto prazo são geralmente desprezadas, e as prostitutas a prazo longo, respeitadas."

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

EU DIGO COMO FOI

Honório de Medeiros


O apagão no Nordeste - mais um dentre tantos outros - causado por uma queimada, segundo o Governo, lembra aquela gozação popular: poste de energia elétrica não aguenta urina de cachorro. E se, em plena copa do mundo, resolverem encoivarar uma touceira de jurema bem embaixo de um desses postes lá pelo Piauí? Ô vergonha!

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Quer dizer que para a Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Norte o Ministério Público Estadual vive como se estivesse em uma "ilha da fantasia"? Quem diz assim não é gago. Agora o que eu não entendi foi o seguinte: na "Medida Cautelar na Suspensão de Segurança" a Procuradoria Geral do Estado alude aos "pagamentos vultosos dos atrasados da PAE (parcela autônoma de equivalência)" efetuados, aos seus integrantes, pelo Ministério Público, muito embora, até onde se sabe, aquele Órgão também aja da mesma forma. Quer dizer que a Procuradoria Geral do Estado pode receber a PAE, enquanto o Ministério Público, não?
 
 
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O Itamaraty reclama a entrada, segundo eles "brutal", da Controladoria Geral da União na Comissão que vai investigar o diplomata que deu fuga ao Senador boliviano mantido em cárcere privado na Embaixada do Brasil. É assim mesmo. Os órgãos buscam espaço, dentro do sistema, para manterem ou ampliarem seu "status quo". Como são reflexos dos homens, agem como se eles fossem. Os homens são assim mesmo, consciente ou inconscientemente, por força da lei da seleção natural. Estão sempre querendo mais. Aqui no Rio Grande do Norte o Tribunal de Contas do Estado açambarca, lenta, mas firmemente, as atribuições da Justiça Estadual. E do Ministério Público.
 
 
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E a Câmara dos Deputados livra o Deputado Donadon da cassação. Mais uma vez a elite política do País atira no próprio pé e escarra na Sociedade. Donadon, segundo o relator do seu processo na Câmara, participou de uma organização criminosa que assaltou os cofres públicos de Rondônia". E foi condenado pelo STF. Isso não bastou. Uniram-se os covardes sob o manto protetor do voto secreto e evitaram o quórum mínimo para cassá-lo. O Presidente da Casa, constrangido, determinou seu afastamento e imediata convocação do suplente. "Não é possível manter a vaga de um deputado que está preso", disse Henrique Alves. Donadon, que assistiu a sessão, voltou em seguida para o presídio da Papuda, algemado, onde cumpre pena. Antes, em discurso, reclamara das condições da penitenciária. Só no Brasil...  

A CAÇADORA DE TORNADOS

Camille Seaman:


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CANGAÇO NO RIO GRANDE DO NORTE: A HISTÓRIA QUE NÃO FOI CONTADA

Marcos Pinto
 
Em um dos inúmeros Seminários promovidos para debater a história do cangaço, com ênfase para seus protagonistas, ouvi, de renomados estudiosos desse truculento capítulo da historiografia nordestina, que ainda há muitos episódios e facetas envoltos em abissal mistério.

Constata-se, à exaustão, voluntariosas e inconsistentes omissões quanto à divulgação em livros ou em artigos esparsos. As narrativas equilibram-se de acordo com as circunstâncias e tendências em conflito. São raros os historiadores/pesquisadores que evidenciam e deixam uma lição de coragem e exemplo de independência, gestos ratos numa época de subserviências e fraquezas éticas. Foram/são homens de diretrizes certas e vontades próprias, sob a tutela das quais neutralizam os velhos vícios do mandonismo e do arbítrio. Custeiam, com recursos próprios, as suas publicações em livros e opúsculos, para não fazer como tantos que se atêm com deturpação dos fatos e distorção da história.

Já é perceptível o surgimento de um segmento entre os pesquisadores sobre o cangaço que exorcizam fatos históricos entregues ao olvido. À esses, rendo o meu preito de admiração e respeito, inexpugnáveis.

Os capítulos lacunosos correm num estuário de espanto e de mistérios. Transbordam pelas barreiras do passado, para espraiarem na planície da concretude histórica. No desiderato da pesquisa histórica, é imprescindível que se mantenha uma imparcialidade quase sobre-humana, na apreciação dos fatos e dos homens. Escoimando-se os fatos deliberadamente circunscritos ao olvido e a um silêncio sepulcral.

Ainda visualiza-se a predominância de uma perspectiva de certo modo sombria e preocupante para algumas famílias que tiveram alguns dos seus membros em ativa participação no processo de articulação para a vinda de Lampião e seu bando às plagas citadinas da região Oeste potiguar.

É certo, que as nuances dos ataques banditícios à cidade de Apodi (10.05.1927) e à Mossoró (13.06.1927) reúnem perspectivas históricas inéditas, factuais e cronológicas, exaltadoras de minudências que configuram-se em instigante libelo-crime acusatório. Isso, sem falar em provas documentais envolventes, que foram deliberadamente incinerados, ou perdidos na voragem do tempo.

Observa-se, em pormenores, que a partir do ano de 1919, final do incipiente governo de Ferreira Chaves (1914-1919) instalou-se um clima propício à criação e instalação de grupos de cangaceiros na região Oeste potiguar, processo de terror que contou com veemente proteção e acumpliciamento de algumas figuras carimbadas do judiciário estadual.

Em 1919 o então governador nomeou Desembargador os Juízes de Direito Felipe Guerra e Horácio Barreto, este sobrinho de dona Alexandrina Barreto, esposa do governador Ferreira Chaves. Nesse ano instalou-se no então sítio BREJO DO APODI o grupo de cangaceiros oriundos da serra do Pereiro, capitaneados pelo truculento DÉCIO SEBASTIÃO DE ALBUQUERQUE, conhecido popularmente como DÉCIO HOLANDA, que era genro do não menos truculento TILON GURGEL .

Essa Milícia particular passou a ter integral e ostensivo apoio do Desembargador Felipe Guerra, que era casado com uma irmã de Tilon Gurgel. Portanto, a esposa do bandoleiro Décio Holanda (Chicuta) era sobrinha paterna da esposa de Felipe Guerra.

No ano de 1915 aportaram em Apodi, para fixarem residência e à convite de Tilon Gurgel e Felipe Guerra, os virulentos Juvêncio Augusto Barrêto, irmão da esposa do governador Ferreira Chaves (D. Alexandrina Barreto Chaves) e Martiniano de Queiroz Porto, com fito único de fazerem acirrada oposição política ao Coronel João Jázimo Pinto.

Juvêncio Barreto instalou-se em sua fazenda "Unha de Gato", onde acoitou jagunços oriundos do Ceará, que por sua vez aliaram-se ao grupo de bandoleiros comandados por Martiniano de Queiroz Porto, oriundos da serra do Pereiro, no Ceará.

Como espécies de vasos comunicantes, esses grupos de bandoleiros aliaram-se ao ignominioso bando de cangaceiros comandados pelos celerados Benedito Saldanha e seu irmão Quinca Saldanha. Surge daí o consórcio para o mal, composto pelo Juiz de Direito José Fernandes Vieira, sogro de Martiniano Porto, Desembargadores Horácio Barreto e Felipe Guerra, com fito único de acobertar os crimes perpetrados respectivamente por Juvêncio Barreto (Tio de Horácio Barreto) Décio Holanda e Tilon Gurgel.

No contexto do cangaceirismo, destacaram-se as asquerosas figuras de Júlio Santana de Melo, que por ter a proteção do seu mentor Martiniano Porto, com quem veio para o Apodi, passou a ser conhecido como sendo JÚLIO PORTO, que viria a constituir amizade com o bandido Massilon Benevides, e que mais tarde compuseram o nefando bando de Lampião, nos célebres ataques às cidade de Apodi (10.05.1927) e Mossoró (13.06.1927).

Com a junção desses 04 grupos de jagunços/bandoleiros, capitaneados respectivamente por Juvêncio Barreto, Martiniano Queiroz Porto, Décio Holanda/Tilon Gurgel, e Benedito Saldanha e Quinca Saldanha instalou-se um cenário de horror e provocações ao povo de Apodi.

Delineou-se, assim, um truculento cenário banditício. Esses redutos de grupos de jagunços colocou os seus comandantes em tal situação de poderio, que faziam de suas prepotentes vontades a LEI DOS SERTÕES, e que para exercê-la não hesitavam em cometerem atos violentos, arbitrários e reprováveis. Esses grupos viviam a depredar e perseguirem a população apodiense, prontos ao serviço, submissos às determinações dos despóticos patronos.

Em 1922 o ardiloso Desembargador FELIPE GUERRA traficou influência e indicou o seu amigo particular JOÃO DANTAS SALES para assumir como Juiz de Direito a Comarca de Apodi, tendo como objetivo proteger e tutelar os desmandos e atos de infração à lei e ataques à vida e a propriedade. Benedito e Quinca Saldanha eram os protetores de Massilon, que se julgava afilhado de Quinca Saldanha.

No processo-crime de nº 486, instaurado em 03.05.1925 consta vários depoimentos de respeitáveis cidadãos apodienses, dando conta de que o então Juiz de Direito da Comarca João Dantas Sales acolhia e hospedava, às escâncaras, em sua residência em Apodi, os bandoleiros Benedito e Quinca Saldanha. Era a trinca sinistra comandando a desordem e instalando o pânico.

A pública ligação pessoal e política do Juiz João Dantas Sales, que ocupou a titularidade da comarca de Apodi no período 1922-1925, com Benedito Saldanha/Quinca, Décio Holanda/Tilon Gurgel, Martiniano Porto/Juvêncio Barreto, influenciou-o para alterar a exação que norteia e é dever do Magistrado. Adotou ignóbil proteção e parcialidade quando Benedito Saldanha foi julgado pelo Tribunal Popular do Júri em Apodi, por ter espancado o Sr. Francisco Noronha e uma moça de nome Maria Lúcia, filha do velho Carneiro.

Contribuiu para a absolvição de Décio Holanda quando submetido a julgamento no Tribunal Popular do Júri, por ter atirado e ferido gravemente um rapaz de nome Tertulino Canela. O cinismo e a desfaçatez de Felipe Guerra estão delineados quando afirmou que "No RN não há cangaceirismo", em seu livro intitulado "AINDA O NORDESTE" - Pág. 79 - Tipografia do Jornal "A República" - Ano 1927.

Quando um dia se fizer um acurado levantamento de fatos considerados históricos, atinentes à investida de Lampião e seu bando ao Rio Grande do Norte, restará provado e comprovado que muitas pessoas que viveram a contemporaneidade desses fatos, incorreram em voluntariosa omissão, negando-se a darem seus depoimentos a pesquisadores/historiadores, cujos depoimentos seriam de suma importância para o cotejo das provas. Esquivaram-se sob a pusilânime assertiva de que omitiam-se "por medida de cautela, ocultando evidências que, segundo suas pérfidas óticas, seria natural em quem revolve acontecimentos de ontem, com perspectivas hodiernas de trazer à tona fatos adrede combinados para serem "guardados à sete chaves", como se diz no sertão.

A partir do ano de 1915 foi instalado o clima de terror no município de Apodi, quando aportaram em Apodi os truculentos Srs. Martiniano de Queiroz Porto, oriundo da serra do Pereiro, no Ceará, e Juvêncio Augusto Barrêto, ambos trazendo seus jagunços, geralmente composto por celerados fugitivos da Justiça. Martiniano fixou residência na cidade, onde comprou um prédio residencial assobradado, onde escondia seus capangas. Juvêncio oriundo da cidade de Martins, onde renunciara ao cargo de Vereador, tendo se instalado em uma fazenda que comprara e que era denominada de "Unha de Gato", onde transformou em coito para vários cangaceiros, destacando-se Massilon Leite e Júlio Porto, então adolescente criado por Martiniano Porto. O nome civil de Júlio era Júlio Santana de Melo, tendo adotado o sobrenome Porto em homenagem à Martiniano Queiroz Porto. A vinda desses dois virulentos senhores para o Apodi deu-se em atendimento ao convite feito por Felipe Guerra e seu cunhado Tilon Gurgel, para cerrarem acirrada oposição política ao Coronel João Jázimo Pinto.

Um fato que corrobora o gênio irascível e virulento do Sr. Felipe Guerra atrela-se à minudência de que, em toda sua trajetória de Juiz de Direito e de Desembargador passou mais tempo em disponibilidade do que mesmo no exercício da função judicante. Formou-se uma trinca sinistra no judiciário estadual, com atuação na região Oeste do estado, composta pelos truculentos Juízes de Direito Horácio Barrêto,(Sobrinho de Juvêncio Barreto) que ocupou a comarca de Pau dos Ferros, no período 1901-1915, onde casou com uma moça da família Diógenes, Felipe Guerra, José Fernandes Vieira (genro de Martiniano Porto) e João Francisco Dantas Sales.

Os ânimos desse conluio de Magistrados foram acirrados com a investidura de Ferreira Chaves no governo estadual para o período 1914-1919, sendo certo que em 1919 Ferreira Chaves promoveu para Desembargadores os magistrados Horácio Barreto, sobrinho de sua esposa Alexandrina Barreto, e Felipe Guerra, que por sua vez convidou o seu amigo íntimo o Juiz de Direito João Francisco Dantas Sales para ocupar a Comarca do Apodi, consumando um plano adrede traçado para que este Juiz perseguisse a harmoniosa e pacífica hoste política da tradicional família PINTO, comandada pelos Coronéis João Jázimo Pinto e seu genro Coronel Francisco Pinto. Felipe Guerra era casado com uma irmã do não menos truculento Tilon Gurgel.

O período da titularidade do Juiz João Francisco Dantas Sales (1922-1925) transformou a região do Apodi em palco de toda sorte de atentados à integridade física e à propriedade privada. Esse magistrado transformou sua residência em coito para os celerados Benedito Saldanha e seu irmão Quinca Saldanha, famosos chefe de grupo de cangaceiros instalados em Caraúbas, em sua fazenda denominada de "Setúbal". O douto Juiz chegou ao disparate de acoitar em sua residência a um arruaceiro de nome Manoel Elias de Lima, que acabara de praticar uma tentativa de homicídio dentro do mercado público de Apodi, quando alvejara com um tiro de revólver o cidadão Vicente Gomes de Oliveira. Observava-se às escâncaras o conúbio criminoso-protetivo existente entre o Juiz João Dantas Sales e os Chefes de cangaceiros Décio Holanda/Tilon Gurgel, Martiniano Porto/Juvêncio Barrêto, Benedito Saldanha/Quinca Saldanha.

Há um fato emblemático contido no Processo-Crime de Nº 486/1925,(Comarca de Apodi) em que aparece como indiciado o celerado Décio Holanda , cujo nome civil era Décio Sebastião de Albuquerque, e que representa um liame com o ataque de Lampião e seu grupo à Mossoró. Trata-se do depoimento do respeitável cidadão Vicente Gomes de Oliveira, prestado a 03.05.1925, que dentre outras arguições, afirmou: " Que é público e notório nesta cidade do Apodi, que Décio Sebastião de Albuquerque comprou em Mossoró dois mil cartuchos com balas para rifle e que estão depositadas em sua propriedade "Pedra das Abelhas" neste município. Na época correram rumores que a compra do arsenal bélico feita pelo Décio fora intermediado por Felipe Guerra e Jerônimo Rosado. Que Décio tem em sua casa de residência, na residência de seu sogro Tilon Gurgel e na casa de Belarmino de Tal, tudo na mesma propriedade "Pedra das Abelhas" e em sua outra propriedade denominada "Pacó" grande quantidade de armamentos e mais munições para o fim de atacar com cangaceiros os habitantes desta cidade amigos políticos do Coronel João Jázimo, ao própiro Cel. João Jázimo, atacando simultaneamente a força pública mandada pelo governador do estado para manter a ordem nesta cidade".

Como o Juiz João Dantas Sales soube no mesmo dia 03 de Maio que o então Delegado Especial Capitão Jacinto Tavares Ferreira ouvira em depoimento o Sr. Vicente Gomes de Oliveira, e que nesse mesmo dia o dito Delegado mandara lavrar Auto de Busca e Apreensão a ser cumprida por um efetivo policial composto por 40 praças e um Sargento no dia seguinte , enviou mensageiro especial para a fazenda "Pedra das Abelhas" avisar aos bandoleiros Décio Holanda e Tilon Gurgel, que neste mesmo dia enviaram o arsenal em comboio animal para a fazenda dos celerados Benedito e Quinca Saldanha, em Caraúbas. O certo é que, efetivamente a 04 de Maio de 1925 a tropa policial dirigiu-se para "Pedra das Abelhas", onde no lugar conhecido como "Saco do barro" houve o confronto entre a jagunçada de Décio Holanda/Tilon Gurgel, evento que inserí nos anais históricos como tendo sido O FOGO DE PEDRA DE ABELHAS, cujo relato foi objeto de artigo publicado em plaquete, pela Coleção Mossoroense, e no Blog "Honoriodemedeiros.blogspot.com".

A fidagal amizade existente entre Felipe Guerra e Jerônimo Rosado remonta ainda ao ano de 1907, quando cerraram fileiras em Mossoró com o Coronel Vicente Sabóia de Albuquerque (parente de Décio) na luta pela implantação do ramal ferroviário Porto Franco - Mossoró. Em Setembro de 1926 o então Desembargador Felipe Guerra foi posto em disponibilidade, quando então retornou à Mossoró para assessorar o amigo Jerônimo Rosado. Nasceu aí o complô para a vinda de Lampião à Mossoró, com o fito único de eliminar o Prefeito Rodolfo Fernandes e proporcionar a volta do Jerônimo Rosado ao poder municipal. Jerônimo Rosado havia sido Presidente da Intendência Municipal de Mossoró (cargo que em Agosto de 1926 passou a ser denominado de
Prefeito) , tendo como Vice-Presidente (Vice-Prefeito) o Dr. Antonio Soares Júnior, médico e genro de Felipe Guerra.

Lembro-me que o meu avô paterno Aristides Ferreira Pinto,(1907-1975) que era irmão legítimo do Coronel Francisco Pinto,(1895-1934) contou-me pormenores da carta enviada pelo irmão ao seu parente Rodolfo Fernandes, informando, dentre outros detalhes, que soubera por fonte fidedigna, de que o arsenal comprado por Décio Holanda em Mossoró no ano de 1925, fora transferido em comboio animal noturno, da fazenda dos Saldanha em Caraúbas, para a fazenda "Bálsamo", de Décio Holanda, encravada na serra do Pereiro, no Ceará. Nos depoimentos dados em Pau dos Ferros pelos cangaceiros MORMAÇO E BRONZEADO foram unânimes em afirmarem que Lampião passou mais de um mês acoitado com o seu bando entre as fazendas de Décio Holanda e seu primo Zé Cardoso, preparando-se para o ataque à Mossoró, e que Lampião recebera de Décio e Zé Cardoso dois mil cartuchos com balas para rifle.

Em uma das edições do Jornal mossoroense "Correio do Povo" consta um comunicado de que o chefe de cangaceiros Benedito Saldanha, dias depois do ataque de Lampião à Mossoró, telegrafara ao então Chefe de Polícia do estadual Dr. Benício Filho (Manuel Benício de Melo Filho) informando que o cangaceiro Coqueiro, que fora um dos cangaceiros que atacara Mossoró, fora morto em sua fazenda "Várzea Grande", proximidades da cidade de Limoeiro do Norte, em confronto com a policia cearense. Soube-se depois que o mesmo fora morto por cangaceiros de Benedito Saldanha, cumprindo o costumeiro processo de "Queima de Arquivo".

Para maiores esclarecimentos acerca do ataque lampionesco à Mossoró, sugiro a leitura do Blog "honoriodemedeiros.blogspot.com (No ítem CORONELISMO) e adquirir por compra o memorável e elucidativo livro "MASSILON" , de autoria do profícuo e renomado historiador do cangaço Honório de Medeiros.