quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

HOMEM, QUEM ÉS?



Honório de Medeiros

Esse homem que o acaso colocou em minha frente é uma incógnita. Nada sei a seu respeito. Se observo os detalhes que a sua aparência externa coloca ante meus olhos, e concluo algo, posso incidir em uma oceano de erros. Afinal, sob seu verniz de civilização pode se ocultar qualquer ignomínia.

Não faz pouco tempo, foi ele gentil com uma criança. Vi, mesmo, de soslaio, a mãe lhe sorrir complacente, como quem acha muito natural receber, sua cria, as atenções do mundo. O gesto me fez lembrar as contradições do ser humano. Ele mesmo, o observado, que desarrumou, com um afago, os cachos do cabelo da criança, em outra ocasião, outra circunstância, uma guerra, talvez ordenasse um bombardeio que vitimaria tantos outros sorrisos infantis.

Por certo não falo a mesma linguagem que ele. Quantas formas há de entender uma só palavra? Malsã atividade, a dos lógicos, a dos filósofos da linguagem, que pretendem descobrir o meio de diminuir a distância entre aquilo que percebo e o que digo. Se lhe chamasse a atenção e perguntasse algo, poderíamos divergir tanto, e acerca de coisas tão banais...

"Todavia, entre mim e esse homem glacial, sinto todos os espaços vazios que separam os homens". É como disse Saint-Exupèry, em um artigo para o Paris-Soir, em 1935, contando sua experiência de viajar, à noite em um trem repleto de mineiros poloneses que voltavam à sua terra natal, expulsos da França pelas contingências da economia.

Vazios semelhantes àqueles expressados por Elliot, em "The Waste Land": a angústia da constatação da impossibilidade da comunicação humana; a percepção de sua solidão essencial, primitiva, indescartável. 

"Estou mal dos nervos esta noite. Sim, mal. Fica comigo.
Fala comigo. Por que nunca falas? Fala.
                  Em que estás pensando? Em que pensas? Em quê?
Jamais sei o que pensas. Pensa."
 

"Penso que estamos no beco dos ratos
Onde os mortos seus ossos deixaram."
(Uma Partida de Xadrez, Elliot). 

Poderia o amor, esse sentimento tão tipicamente cristão, aproximar os homens? Desnudar sua alma, lhe fazer não rir, nem chorar, mas compreender, como queria Spinoza? Dar, a eles, a capacidade de transcender a mesquinha luta pela sobrevivência, que coloca em lados opostos os que deveriam semear juntos?

Ou essa é uma missão utópica, e não há tempo para sentir quando não conseguimos refletir acerca dessa misteriosa rede de aliciamento e cooptação que nos induz a darmos o pior de nós mesmos em praticamente todos os momentos de nossa vida?

Podemos ter alguma esperança, mesmo depois de tantos mil anos de aperfeiçoamento na capacidade de destruir, matar, e nenhum progresso quanto ao ideal de fraternidade humana?

Saint-Exupèry, esse tão injustamente banalizado filósofo da melancolia, da nostalgia, já dissera: "É absolutamente necessário falar aos homens". Em sua "Carta ao General X", escrita em La Marsa, perto de Túnis, julho de 43, para o “Le Figaro Littéraire”, ele denuncia: "Ah!, General, só existe um problema, um único, em todo o mundo. Restituir aos homens uma significação espiritual, inquietações espirituais. Não é possível viver-se só de geladeiras, política, orçamentos e palavras cruzadas, não é mesmo?"

Um sentido para a vida.

Teria a vida sentido?

Se nos indagassem: "homem, que és tu?", teríamos que responder "aquele em cuja biblioteca os livros de poesia perderam seu lugar para os de computação?". 

Meu companheiro anônimo se fora. Tinha perdido, eu, a chance de lhe falar acerca de tudo isso que poderia nos aproximar ou afastar: a solidão, o sentido da vida... Não seria dessa vez que construiríamos uma ponte entre a clausura de nossas almas.



domingo, 6 de janeiro de 2013

O VELÓRIO


Charles M. Phelan

...
As razões de minha tarefa não importam nesse momento. Apenas importa o fato de que não há maior solidão que observar um morto. É como estar morto.
Nunca cuidei de um cadáver antes. Já cuidei de muitas outras coisas, mas nunca de um morto. Distintamente observei algo peculiar relegado apenas àqueles, penso eu, que se submetem a este ofício.
Uma delegação tão psicologicamente severa que agi com intemperança e repugnância diante da ordem, sussurrando excrementos de indignação ao meu mandante, inconsistentes com o decoro de quem deve obedecer fielmente sem questionar.
Ah! Como me abalaram os dias que antecederam aquele momento. Sofri de dores intensas. Cada segundo e minuto e hora que simplesmente me atormentaram ao longo dos dias. Meu Deus de todas as divindades (em mãos, o meu rosário de contas vermelhas), por qual razão as angústias d’alma não me deixam a mente? Já não basta a doença que me afligi?
Não pude resistir a uma ordem superior. Surpreendido, acatei. Meu coração palpitava desconcertado.
Minha insatisfação cresceu e meus dias foram ocupados por pensamentos que ora me paralisavam a mente ora me enfraqueciam o corpo. Noite e dia perderam seu ritmo natural e meu relógio biológico passou a rejeitar as demandas tão próprias da fisiologia humana. Meu ciclo circadiano desordenou-se. Contrario a lógica, a escuridão da noite me mantinha em vigília, enquanto o dia me conduzia à exaustão absoluta. Supliquei, inutilmente contra minha tarefa de observar o morto. Apelei com orações celestiais ao meu mandante para que noutro momento, num futuro mais adiante ou noutra oportunidade mais conveniente, me fosse delegado o encargo. Mas não agora. O silêncio veio como resposta e meu apelo foi rejeitado tacitamente.
Essa seria a minha vez.
E assim foram todos os dias até o meu encontro com o morto. O que poderia um morto fazer comigo? Nada no plano físico, eu sabia. No plano psicológico, todavia, muitas coisas. Sem opção, fui ao seu encontro, mas antes de nos apresentamos por completo observei-o a distancia. É preciso cautela nas apresentações, principalmente a que estava prestes a acontecer.
Lá estava ele, mortinho-mortinho, imóvel, não por opção, visto que naturalmente o estado de morte não é objeto de escolha para maioria das pessoas, e sim, talvez, derivado da velhice ou por razões acidentais ou planejadas ou por alguma doença. A verdade é que hoje eu iria vigiar um cadáver. E ele já estava ali, a alguns metros do meu olhar precavido.
O corpo encaixotado em madeira de carvalho vestia um paletó cinza que me apetecia o gosto, lembrando-me, pelo estilo do corte, um modelo que parecia cair bem estivesse eu naquele predicamento, ou não. Pensei em algumas ocasiões durante minha observação, que o caixão me caberia perfeitamente. Fisicamente não havia diferença entre eu o morto e, se alguma houvesse, meu tanatopraxista certamente usaria de algum artifício técnico de modo a me acomodar no interior daquele confinamento.
Cheguei mais perto. Investi em sua direção antes de correr o risco de ser observado primeiro. Que loucura, ele estava morto. Olhei-o lentamente direto na face lânguida e pálida. Parecia anônimo num primeiro olhar, mas o foco dos meus olhos absorveram suas feições em minha memória, encontrando familiaridade em lugares do meu cérebro onde passado e presente se misturam.
Passei a recorrer por todos os cantos da minha memória buscando uma identificação daquele homem. Não bastava a agonia de estar sozinho ali, agora tinha também a preocupação de que estava na companhia de um conhecido.
Não consegui identificar completamente as feições do morto muito provavelmente por nunca, na condição de vivo que estou, ter conhecido alguém, pela primeira vez, penso, naquele estado. Lembrava meu pai de certo modo, mas era jovem por demais. Poderia ser um irmão um pouco mais novo. Mas eu também não tinha irmãos mais jovens. Eu era o mais jovem dos cinco irmãos, e havia muito tempo que não ouvia falar deles. Prossegui tentando
identificá-lo. Apalpei seu rosto relegando ao tato as resposta de minha angústia. Meu Deus quem será esse homem? Pensei.
Permaneci por certo tempo recostado contra o pesado caixão observando aquele semblante, mas após alguns instantes a ausência de respostas me causou uma inquietação. Meu coração desencadeou batimentos descompassados que levariam qualquer maestro a loucura se postas numa partitura. Um calor interno intenso me fazia recorrer ao lenço de bolso. Passei a andar em sentido horário em volta do caixão. Olhei os detalhes de cada ângulo de sua face, pescoço e cabelo. Observei cada segmento do rosto separadamente, atento as simetrias da familiaridade. Talvez se os olhos estivessem abertos tudo seria mais fácil e a identificação mais acurada. São nos olhos os traços mais fortes da compleição humana. Do tronco observei apenas o porte dos ombros, e por eles avaliei o peso. Pelo comprimento do caixão, a altura. Da pele jovial, ainda que através da perfeição da maquilagem, e mesmo sob o efeito sui generis da morte, estimei a idade.
Uma criatura de razoável beleza, mortinha, mortinha. Os olhos cerrados como de praxe e harmonizados pelos retoques impecáveis de um profissional preparador de defuntos que, num primeiro olhar, provoca no observador o singelo comentário, “aahhh.. pela expressão, ele morreu em paz. Que Deus o tenha.” Eu não enxergava nada - nem sinais de paz nem de desassossego. Meus olhos não desgrudavam do desejo de reconhecer aquele gentleman.
Confesso que não sei se há paz na morte. Por ser a paz um estado de espírito, como um cadáver, como simples manifestação da armadura física desse espírito, pode provocar qualquer comentário de que morrera em paz?
Jamais os vivos se reconciliam com a morte
As horas se passavam e em breve a casa funerária abriria as portas para a última visita de amigos e familiares. Forcei a mente como se estivesse a empurrar a massa cinzenta de meu cérebro até as profundezas do meu inconsciente. Retoquei a testa com o lenço já encharcado. Não queria que aquele homem fosse enterrado sem que eu pudesse identifica-lo. Tornei a observá-lo intensamente.
Em breve, após os primeiros visitantes, a tampa seria fechada, e eu seria deixado para sofrer com sua imagem que me perseguiria para o resto da vida.
O caixão possuía uma tampa daquelas que se dividem em duas. Uma parte expunha o tronco e a cabeça. A outra, fechada, expunha da metade para baixo.
Meu desejo de identificar o homem do caixão virara uma obsessão. Baixei a cabeça fingindo estar em oração. Cobri parte do rosto com o lenço. Fixei meu olhar no chão e no morto. Ao meu redor pude observar a presença das primeiras pessoas e nada mais. Um silêncio enorme engoliu o lugar. Mantive a mesma postura roubando, sub-repticiamente, uma visão do gentleman. Insisti em lembrar do homem, mas já estava sem a energia necessária para o meu intento. O silêncio continuou. Havia algumas pessoas, mas não consegui ouvir um único som. Nada. Nem um respirar.
Inconformado, recuei. Sempre de cabeça baixa. Fui até o fundo do salão em silêncio, no contra fluxo dos que se aproximavam do caixão.
Levantei a cabeça levemente percebendo o vulto e o fechamento da tampa de carvalho pesado. Todos estavam sentados de costas para mim, com exceção dos homens que marchavam lentamente em minha direção e para fora do salão trazendo o pequeno caixão. Cada qual de posse de uma das quatro alças.
Finalmente, levantei por completo a cabeça, olhei e olhei com atenção até que, já bem perto, reconheci os traços dos quatro homens que traziam o caixão.
...

sábado, 5 de janeiro de 2013

AINDA SOBRE EXUPÉRY

 

 
Carlos Roberto de Miranda Gomes

Ansiei por muito tempo, a publicação desse livro "ASAS SOBRE NATAL", do escritor João Alves de Mello, narrando a passagem de pilotos por esta cidade e Parnamirim, em particular sobre Antoine de Saint Exupéry. Infelizmente, nele não enxerguei a afirmativa sobre a estada em Natal do extraordinário escritor...
 
As fotografias apresentadas à página 168 do livro possuem nominata dos personagens, uma delas reproduzida na última página (450) apontando Exupéry como o de nº 2, parecendo-me, não necessariamente ter sido feita pelo autor da obra. Aliás, nessas anotações consta a mesma pessoa com nomes diferentes: "Emont" (rádio) e "Ezan" (rádio), que na última página corresponde ao de numeração 3.
 
Tal fato, no entanto, não diminui a qualidade da obra, rica em detalhes e trazendo, em relação a Exupéry um texto do jornalista francês e historiador da história da Latecoere Jean-Gerard Fleury, contemporâneo do piloto-escritor do Pequeno Príncipe, onde é enfático: ..."Todos os seus companheiros fizeram muitos voos sobre o Brasil. Mas ele só transitou por aqui rapidamente. Conhecia bem o Rio e Natal, porém, mas (sic) como passageiro de navios. Como os monoplanos Laté dificilmente poderiam vencer uma longa travessia, como a do Atlântico, navios tipo destróieres, faziam a viagem, em tempo record entre Dakar/Natal, onde os sacos de correspondências eram colocados nos aviões que partiam rumo ao sul."...
 
Aliás, ele faz um comentário que coincide com os mesmos argumentos que usei durante um debate em evento realizado no Museu Câmara Cascudo, com o Cel. Hippólyto da Costa, numa mesa em que estavam também presentes o jornalista Vicente Serejo e o escritor Pery Lamartine, onde contraditei o pensamento daquele ilustre militar da reserva, quando afirmou da impossibilidade de Exupéry ter vindo a Natal porque o seu avião não possuía estabilidade para o tráfego entre Buenos Aires e Natal e eu ponderei – “a vinda daquele famoso piloto a Natal, em viagem certamente de fiscalização da linha, não necessariamente teria de acontecer pelo ar, pois ele costumava viajar de navio, como foi desde a primeira vez em que veio para a América do Sul”!
 
Mas o assunto permaneceu sem uma conclusão dos participantes daquele evento.
 
Pesquisei na internet no site do Instituto Saint Exupéry (www.saintexupery.com.ar) onde há uma coluna chamada “Les lieux”, com o desenho de um globo terrestre assinalando no mapa do mundo, em vermelho, os pontos da linha francesa e, no Brasil, está assinalada Natal, com o seguinte texto:

"Natal – Brésil
Natal est Le point d´Ámérique Du Sul Le plus rapproché de La côteafricane d´où l´Aéropostale envisageait de farire partir lês avions devant assurer une laison transatlantique exclusivement aéronautique. C´est donc à Natal qu´amerrit en 1939 l´hydravion de Jean Mermoz, premier pilote à accomplir cet exploit. En as qualité de chef de l´Aeroposta Argentina, Antoine de Saint Exupéry se rend à plusieurs reprises a Natal sans que l´on puísse établir avec précision lês dates. On raconte qu´on peut encore y voir La Maison ou il aurait logé lors de sesdifférentes visites. On raconte que l´idée dês baobabs qui menacent la planète du Petit Prince lui aurait été suggérée par um arbre géant vu à Natal."

Tradução feita gentilmente pela Professora Madalena Rosado:
 

"Natal é o ponto da América do Sul mais próximo da costa africana, onde a Aeropostale visava fazer partir os aviões devendo assegurar uma ligação transatlântica exclusivamente aeronáutica.
É pois em Natal que amerrisa em 1939 o hidroavião de Jean Mermoz, o primeiro piloto a completar essa exploração. Na sua qualidade de chefe da Aeroposta Argentina, Antoine de St. Exupery esteve várias vezes em Natal sem que se possa estabelecer com precisão as datas. Conta-se que ainda se pode ver lá a casa onde ele teria se alojado nas diferentes visitas. Conta-se que a ideia dos baobás que ameaçam o planetas do Pequeno Príncipe. lhe teria sido sugerida por uma árvore gigante vista em Natal."
 
Nesse site não existe uma só fotografia com Saint-Ex usando óculos, nem com o seu corpo com aparência de sobrepeso, como aparece nas fotografias do livro de João Alves, com uma estatura não condizente com o que se comentava - ser um homem alto.
 
Quando escrevi e publiquei o livro em homenagem ao meu sogro Rocco Rosso, que foi funcionário da Latecoere (Air France), morando em Parnamirim, apresentei o seu registro, como fotógrafo amador, de vários acontecimentos que envolviam os pilotos, inclusive apresentando fotografias de Exupéry, que havia tirado no campo de aviação e de outros pilotos, que fizeram parte de um álbum enviado para o Concurso Internacional promovido pela Air France, onde logrou um honroso 2º lugar, com premiação e o agradecimento da Companhia por ter oferecido subsídios para o acervo da empresa, consequentemente, não tendo sido desclassificada nenhuma das fotografias que compunham o seu álbum de concorrência, o que lhes dá autenticidade.
 
Além de depoimentos importantes que transcrevi e opiniões de pessoas respeitáveis, apresentei até um extraordinário achado de Vicente Serejo - um texto do próprio Exupéry sobre o desaparecimento de Mermoz, com o título "Depois de 48 horas de silêncio", que mereceu tradução do jornalista Mário Ivo Cavalcanti, e o comentário de Serejo ... "Mas, sua descrição do espelho de água e do terreno cheio de formigueiros também não parece ser apenas por ouvir dizer."
E agora José! Vamos considerar o assunto encerrado? Exupéry esteve efetivamente em Natal, como defende Luiz Gonzaga Cortez e Diógenes da Cunha Lima, ou com as frustrantes provas fotográficas, como afirmam Pery Lamartine e Fred Nicolau, indiciam que ele não passou por aqui? E o texto traduzido do Instituto Saint Exupéry não tem valor?
 
No meu entender, as provas pela sua passagem por Natal são mais consistentes e até lógicas, pois um Diretor da Air France para a América do Sul não visitar o ponto mais importante do continente, seria uma irresponsabilidade!
Para mim Saint-Ex esteve em Natal, mas o assunto não “c´est fini”.

ME ENGANA QUE EU GOSTO


ferreira gullar
 
Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.
 
Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
 
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.
 
Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.
 
Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.
 
E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
 
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.
 
Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
 
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.
 
Esse é um ponto que mereceria a análise dos psicólogos sociais. O cara acha que Lula encarna a luta contra a desigualdade, identifica-se com ele e, por isso, não pode acreditar que ele seja corrupto. Consequentemente, a única opção é admitir que o Supremo Tribunal Federal não julgou os mensaleiros com isenção e que a imprensa mente quando divulga os escândalos.
 
O que ele não pode é aceitar que errou todos esses anos, confiando no líder. Quando no governo Fernando Henrique surgiu o medicamento genérico, os lulistas propalaram que aquilo era falso remédio, que os compridos continham farinha. E não os compravam, ainda que fossem muito mais baratos. Esse tipo de eleitor mente até para si mesmo.
 
Não obstante, uma coisa é inegável: os dirigentes petistas sabem que tudo é verdade. O próprio Lula admitiu que houve o mensalão ao pedir desculpas publicamente em discurso à nação.
 
Por isso, só lhes resta, agora, fingirem-se de indignados, apresentarem-se como vítimas inocentes, prometendo ir às ruas para denunciar os caluniadores. Mas quem são os caluniadores, o Supremo Tribunal e a Polícia Federal? Essa é uma comédia que nem graça tem.
 

domingo, 30 de dezembro de 2012

NOVAMENTE A PRIMEIRA CHANCE

 
 
 
François Silvestre
 
Novamente a primeira chance.
 
Ouvi numa canção de Rock, em inglês, uma frase poética que dizia mais ou menos assim: Não quero uma segunda chance. Mesmo que me seja dada uma segunda vida, quero novamente a mesma primeira chance.
 
Pois é. Não tive o talento para compor esses versos, mas foi sempre assim que repensei minha vida. Gostaria de uma segunda vida, não de uma segunda chance. Até porque gostaria de ter os mesmos amigos para amar e os mesmos inimigos para desprezar. O mesmo lugar de nascimento, a mesma origem e a mesma família bocó da primeira vez.
 
Os mesmos mofumbos para me esconder e o mesmo jardim da casa da avó. Os mesmos medos para vencer e os mesmos sonhos inalcançáveis. As mesmas molecas que pari e os mesmos paridos delas.
 
Nem o cinzento da seca eu quero diferente, pois só assim a chuva se faz desejo.
 
As mesmas dores, para exercitar a tática de vencê-las. Os mesmos atropelos, para afiar o gume de superá-los. E mesmo sem vencer umas ou superar outros, não peço suavidade neles, mas a chance de ter de novo a mesma primeira chance.
 
Arrependimentos, não. Que é coisa de cristão. E só fui cristão na infância, por indução irresistível. Autocrítica, nem tanto, que é coisa de marxista; e eu o fui, na mocidade, por influência da ingenuidade.
 
Mesmo assim quero Cristo de novo e novamente Marx, na nova primeira chance. Duas grandes figuras que nasceram na humanidade errada, ou na pré-humanidade.
 
Alguns livros deixaria fechados, desletrados que foram da primeira leitura. Outros a serem abertos, muito poucos; pois a vida merece mais vida e menos leitura. Não escrever antes dos quarenta, para renegar a escrita só aos sessenta. E rasgar meia página de cada página escrita. E da meia página salva, deixar exposto apenas o último parágrafo.
 
Apoiar todas as campanhas contra a bebida alcoólica, acompanhado de uma cerveja gelada; para dar testemunho da irresistível hipocrisia. E tomar todas as cervejas possíveis para diminuir o estoque e agradar aos abstêmios.
 
Aprender todas as rezas de afugentar visagens, durante a noite, e esquecê-las ao amanhecer. Pileque à tarde para conquistar a noite e ressacar a madrugada.
 
Olhar de chã e igualdade para os humildes, ombro a ombro. Olhar de serra pra grota, de cima pra baixo, os poderosos falsos e fáceis arrogantes.
 
Não perder a oportunidade de uma flatulência na presença deles.
 
Manter distância higiênica do poder. Cuja força falece ante a vulnerabilidade. Até dos que estão na festa sem o convite da Constituição. Penetras do foguetório.
 
Manter a reclusão na democracia e a revolta na ditadura.
 
Mesmo que a democracia seja apenas uma ditadura alegre.
Lutar por eleições e depois votar nulo.
 
Peço ao infinito surdo uma segunda vida quase do jeito da primeira vez. Numa nova primeira chance.
 
Té mais.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

INDÚSTRIA DA SECA IGNORA O PATRIMÔNIO DAS ÁGUAS

Do blog do Carlos Santos:


"Seca com Umari, Armando Ribeiro e a Barragem Santa Cruz sem aproveitamento de águas, é caso de polícia, crime contra humanidade e não um fenômeno climático.
 
Fenômeno em nossa região é o inverno torrencial, a abundância dos rios cheios e ruidosos, levando tudo à sua frente e engolindo suas próprias margens.
 
Continuamos sendo vítimas da indiferença, do imobilismo, da frieza de gerações e gerações de administradores públicos.
 
A “indústria da seca” é um próspero negócio desde os tempos da Coroa.
 
E assim continuará."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"GRUDA QUE ELE PISA, PISA QUE ELE GRUDA"


Cintia Mercer
 

Por Cintia Mercer 

"# Fato:
 Eu, sinceramente, não concordo com esse ditado de "gruda que ele pisa, pisa que ele gruda". Sabe porque? Os relacionamentos que mais duram não são feitos de joguinhos, são feitos de sentimentos e verdade. Se você não dá atenção o suficiente, como espera receber também? Eu acredito, mesmo, que cada um deve ter seu espaço, mas quem não adora receber uma mensagem de "boa noite"? quem não adora escutar um "eu te amo" ? O que ocorre na verdade é que de tanto você "pisar" um dia ele "desgruda". Então, aprenda: Dê atenção para quem te dá atenção. Na mesma medida, nem mais e nem menos. Sabe porque? Quem gosta de joguinho é criança."

O SERMÃO DO BOM LADRÃO, PADRE VIEIRA

Do blog de Ricardo Noblat 


Pe. Antônio Vieira
 

(...) O que eu posso acrescentar pela experiência que tenho é que não só do Cabo da Boa Esperança para lá, mas também da parte de aquém, se usa igualmente a mesma conjugação.
 
Conjugam por todos os modos o verbo rapio, não falando em outros novos e esquisitos, que não conhecem Donato nem Despautério (a).
 
Tanto que lá chegam começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos, é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo.
 
Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o misto e mero império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina.
 
Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam; e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos.
 
Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e gabando as coisas desejadas aos donos delas por cortesia, sem vontade as fazem suas.
 
Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito; e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância.
 
Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões.
 
Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos.
 
Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas; porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras quantas para isso têm indústria e consciência.
 
Furtam juntamente por todos os tempos, porque o presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio; e para incluírem no presente o pretérito e o futuro, de pretérito desenterram crimes, de que vendem perdões e dívidas esquecidas, de que as pagam inteiramente; e do futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes vem a cair nas mãos.
 
Finalmente nos mesmos tempos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plusquam perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse.
 
Em suma, o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar.
 
E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tiveram feito grandes serviços, tornam carregados e ricos: e elas ficam roubadas e consumidas...
 
Assim se tiram da Índia quinhentos mil cruzados, da Angola, duzentos, do Brasil, trezentos, e até do pobre Maranhão, mais do que vale todo ele.
 
 
Padre Antonio Vieira, sacerdote jesuíta, professor de retórica, pregador, confessor, embaixador e escritor português. Trecho do Sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655. Proferido na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. O retrato que apresenta o autor é de Cândido Portinari.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

UM ANJO NEGRO DE LULA?

Paulo de Tarso Venceslau e a face escura de Okamotto
 
 
 
Um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do partido e demitido do cargo de secretário de Finanças da prefeitura de São José dos Campos depois de ter revelado a Lula delinquências envolvendo bandidos de estimação do chefe supremo.
 
Esse foi um dos muitos episódios que lhe permitiram ver de perto a face escura de Paulo Okamotto, iluminada por um artigo publicado no blog do Ucho.
 
Paulo Okamotto
 
 
Confira dois trechos do texto:
 
Okamotto costumava circular pela prefeitura de São José em busca de lista de empresários credores. Ele não ocupava qualquer cargo no paço. Era evidente que buscava recursos paralelos, com a anuência da então prefeita Ângela Guadagnin.
 
No mesmo dia em que a auditoria externa encerrou seus trabalhos e me enviou o relatório, fui exonerado sumariamente a pedido de Paulo Okamotto e Paulo Frateschi, segundo me relatou a própria prefeita.
 
O administrador do sindicato, Sadao Higuchi, era quem encaminhava os recursos vindos do exterior a Okamotto.
 
Em 13 de junho de 1998, em plena campanha eleitoral, Sadao morreu “afogado” numa represa localizada nas proximidades de Bragança Paulista. (…)
 
Morreu afogado, mas tinha uma contusão na cabeça. Ele teria caído n’água e o barco teria se chocado com ele. Pequeno enorme detalhe: tratava-se de um bote inflável.
 
Coisa de direitista delirante? Mais uma da elite golpista? Invencionice da mídia conservadora? É difícil enquadrar nesses clichês o economista Paulo de Tarso Venceslau.
 
Paulista de Santa Bárbara d’Oeste, hoje com 69 anos, Venceslau se engajou na luta armada como ativista da Ação Libertadora Nacional (ALN), participou em setembro de 1969 do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, foi capturado dias depois pela polícia política, passou cinco anos na cadeia e ligou-se a um dos grupos que fundariam o PT.
 
Não é loiro. Nem tem olhos azuis.
 
Anos depois de ouvir ameaças de morte berradas por torturadores decididos a fazê-lo falar, Venceslau voltou a ouvi-las sussurradas por companheiros decididos a fechar-lhe a boca.
 
Na prisão, poderia ter morrido por insistir em mentiras. No PT, quase morreu por ter contado a verdade.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

MESMO QUE EU NÃO O CONHEÇA, FELIZ NATAL

Por Carlos Santos

O que eu desejo para o Natal?
 
Respondo-lhe:
 
- Tudo que é comum a outros dias, em minhas manifestações. Bastam saúde e paz.
 
Não sei quem você é? Talvez não lembre do seu rosto, menos ainda do seu nome. És um estranho, provavelmente.
 
Sem problema. Nada me impede de continuar lhe desejando saúde e paz.
 
O caso não é um arroubo próprio do que costuma ser definido como “espírito natalino”. É até mais simples. Diria que é um mantra, resposta pacífica aos que resmungam, vomitam impropérios e que acabam o mundo em sua volta a cada amanhecer, sendo Natal ou não.
 
O Natal tem uma atmosfera ambivalente. É misto de alegria e melancolia, caldeirão de sentimentos. Soma e perda, um pouco do que quero e tenho; a certeza do que perdi e me falta.
 
Como resistir à criança com olhos cintilantes, que ronda a árvore enfeitada de sonhos?
 
Impossível não ser tocado pelo sorriso dos que nada possuem e que são lembrados hoje, mesmo que esquecidos logo amanhã, pela ‘caridade sazonal’ de alguns mais afortunados.
 
Os sabores e aromas mexem com nossos paladar e olfato. Atiçam todos os nossos sentidos.
 
Eis as luzes, o colorido, a mesa posta…
 
O presépio continua na minha infância nos arrabaldes da Capela de São Vicente e Igreja do Coração de Jesus, em Mossoró. A casa de dona Maria de Uriel transformada em Belém, nossa Galileia em miniatura, ao alcance da mão traquina.
 
A espera de Papai Noel está atualíssima, mesmo que agora sem mistério. Causava insônia. Dali nascia a tentativa de simular o sono para flagrá-lo exatamente àquela hora em que deixaria meu brinquedo embaixo da rede.
 
Ele, o bom velhinho, enfim descoberto. Um espectro na escuridão, de silhueta conhecida, cometia o inafiançável crime da perpetuação da felicidade.
 
Eu, cúmplice, prometi a mim mesmo nunca entregar sua real identidade.
Crescido, com a vida indo bem além do Cabo das Tormentas, não é o lúdico que me instiga nesta data. Entre o profano e o sagrado, tento ser indiferente ou pelo menos cumprir o ritual exigido para o bom convívio social.
Oscilo entre a alegria da atmosfera dos festejos e a própria deprê que paradoxalmente esse período provoca.
 
Bom, me conheço. Um velho amigo, Diassis Linhares, até emendaria com sapiência: “Algumas pessoas amadurecem, outras apodrecem”.
 
Amadurecer é estar pronto no tempo certo, uma forma de sempre nascer. Aí o Natal se encaixa perfeitamente. Palavra de origem latina, Natal vem de “nativitas”, que significa “nascimento”.
 
De algum modo renasço e sobrevivo às minhas perdas nos olhos daquela criança boquiaberta e encantada, diante do presépio de Maria de Uriel e à espera do Papai Noel. Meu presente – hoje – é ter passado.
 
O brinquedo embaixo da rede é apenas um detalhe. O que vale é o vulto dos meus bons velhos diante de mim, a cada amanhecer. A cada dia, outro nativitas.
Saúde e paz.

domingo, 23 de dezembro de 2012

E SE VOCÊ SE ENGANOU QUANDO ESCOLHEU SUA PROFISSÃO?


 
 
Honório de Medeiros
                                   Ao longo de minha vida enquanto professor encontrei muitos casos de alunos que claramente não queriam se bacharelar em Direito. Estavam ali, no curso, cumprindo uma trajetória que não era de seu agrado. Prefeririam se dedicar à música, à história, a escrever, à arquitetura, jornalismo...

                                   Quando eu percebia procurava conversar. Às vezes, em alguns casos, sequer o aluno tinha percebido que sua praia não era aquela. Seduzido por ideais que lhe eram impostos pela sociedade, como status e dinheiro, ou, pior, por ideais que seus pais cultivavam, ali ficava ele, nas salas de aula, a passar horas e horas tomando contato direto com uma realidade, no seu caso, no mínimo entediante.

                                   Mesmo aqueles que sabiam exatamente o que queriam como fazer um concurso, se tranquilizar quanto ao futuro, e, então, se dedicar a alguma atividade que lhe desse prazer, como literatura, era fácil perceber uma dúvida latente e perturbadora a pairar sobre nossos diálogos enquanto conversávamos: “será que vale a pena todo esse tempo perdido? A vida é tão curta...”

                                   Pois bem, se é assim, ou mesmo que seja apenas para lhe assegurar a certeza de sua escolha, na medida em que isso é possível, ou por pura curiosidade, vale a pena ler esse livro que eu vou lhes indicar.

                                   Trata-se de “COMO ENCONTRAR O TRABALHO DE SUA VIDA”, de Roman Krznaric, editora Objetiva.

                                   Desde já advirto: não se trata propriamente de livro de autoajuda. O livro é sério, bem escrito, bem fundamentado, e faz parte de uma coleção “tocada” pelo filósofo Alain de Botton, autor de “Religião para Ateus” e “Como Proust pode Mudar sua Vida”. Eu mesmo somente me interessei quando li uma citação de Richard Sennet, pensador de meu agrado, no livro.

                                   Quanto a Roman, é membro fundador da The School of Life, e foi nomeado pelo jornal Observer um dos mais importantes pensadores sobre estilo de vida do Reino Unido, além de ser conselheiro de organizações tais quais a Oxfam e Nações Unidas.

                                   Então, se for o caso, mãos à obra. Ah! Última observação: não estou ganhando dinheiro com essa indicação! Mas estou ganhando capital simbólico...