sábado, 29 de setembro de 2012

LUTAR PELO CONTROLE. OBTER O CONTROLE. MANTER O CONTROLE.




Honório de Medeiros


Obter o controle. Estar no controle. Manter o controle. Faz parte da parafernália ideológica que é a tal da estratégia militar ou de combate. Está em Chomsky, basta lê-lo. Quem tem o controle tem o Poder, dizia, para um dos seus escravos, o extraterrestre que governava a terra no romance de L. Ron Hubbard, aquele autor americano de ficção científica que ficou mais famoso como criador da Cientologia, estranha seita preferida de 10 entre 10 atores famosos americanos.

O controle está para o Poder como a célula está para o tecido, o átomo para a matéria, digo eu. É através do controle que se estabelece a hierarquia, seja qual seja o ser vivo, parodiando Popper e sua Teoria Evolucionária do Conhecimento, ou seja, da ameba ao humano. Lula, que não é lido, mas não é burro, deixou bem claro ao analisar Pedro Simon e sua quixotesca candidatura a Presidente do Senado: “ele não é confiável”. Confiável ou controlável? Dá no mesmo nesse contexto sórdido da política.

Na raiz desse controle está a tendência inata do ser humano de explorar, absorver, extrair, para si, tudo quanto, naquilo que o cerca, amplie sua possibilidade de sobrevivência. Dawkins – esse mesmo que desencadeou uma cruzada contra Deus a partir de Darwin – afirmaria que fazemos isso manipulados pelos nossos genes. Para ele, nós somos nossos genes. O resto é invólucro. Ou seja, o resto é resto. Há controvérsias. Alguns acham muito radical essa teoria.

Trazer para o mais íntimo de nós, no aspecto físico, o que está por trás – mesmo que remotamente – das ações humanas deu um corpo de vantagem a Darwin sobre o velho Marx. Este, como se sabe, coloca a divisão do trabalho na raiz do problema do controle. Esta, a divisão do trabalho, vai fazer surgir a propriedade privada, ou vice-versa, as relações de produção, a infra-estrutura material, a superestrutura ideológica, enfim, ufa!, a luta de classes e a exploração do homem pelo homem.

Mas o que estaria por trás do surgimento da propriedade privada? O que está no começo da exploração do homem pelo homem? Marx não disse. Talvez seu companheiro Engels tenha esboçado algo a respeito a partir da análise dos estudos de Morgan, um antropólogo e etnólogo americano que andou estudando os nativos de seu país no final do século XIX, em uma obra que é muito citada nos meios acadêmicos e pouco lida. Pois Darwin disse. Disse claramente. E com ele, começou um novo capítulo das ciências sociais e, mais especificamente falando, da Psicologia Social Evolutiva.

Pois bem: voltamos ao ponto de partida. Somos levados, instintivamente, a controlar para explorar. Isso tanto em nível pessoal quanto social. Quem controla estabelece hierarquia. O povo, que não é besta, há muito denuncia, como pode, a arrogância da elite que põe o dedo em riste e pergunta ao Zé Mane: “você sabe com quem está falando?”, para tentá-lo controlar.

E não há limite para a intenção de controle. O céu é o limite. “Quanto mais temos, mais queremos ter.” O povo diz, o povo sabe. O senso comum é o ponto de partida para o conhecimento. Quanto mais queremos ter, mais nos tornamos predadores.

Claro que os controladores dão nomes bonitos a tudo isso. Faz parte do jogo, é uma estratégia de controle. Chamam a esse impulso predatório de ambição social, luta para deixar o legado na história, defender os interesses da sociedade, luta para ascender na escala social... Tudo lorota. Na essência, é o ruim e velho capitalismo de guerra e sua teia de argumentos justificatórios. No âmago do âmago, como diriam os exagerados, está esse egoísmo inato cujas vísceras Darwin expôs.

E os santos, alguém perguntaria. O altruísmo, diria eu, é sempre uma espécie do egoísmo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DE KELSEN, GÖDEL E DA SOLIDÃO INTELECTUAL DOS ESPECIALISTAS

Kurt Gödel
www-history.mcs.st-and.ac.uk
 
 
Honório de Medeiros
 
Kelsen foi, sem dúvida, o mais fecundo e complexo dos filósofos que pensaram o Direito.
 
Mas os fatos,  destruidores de utopias filosóficas, e, no plano da lógica, Kurt Gödel, a quem Aristóteles não faz sombra, sepultaram o belo e ousado projeto de transplantar, para o entendimento, a compreensão, do universo jurídico, com a Teoria Pura do Direito, o ideário do positivismo lógico de Viena (Moritz Schlik) prenhe do ceticismo ontológico de Wittgenstein.
 
 Em sua última fase Kelsen rendera-se, muito embora o último e distorcido esgar do positivismo lógico, de forma oblíqua, fosse o funcionalismo sociológico americano. E, no mundo jurídico, Niklas Luhmann.
 
 O sistema jurídico não pode ser fechado,como Kelsen supunha, e isolado dos epifenômenos sociais com os quais ele constitui a trama social. Ao contrário, o sistema jurídico é aberto, eu diria mesmo escancarado, e fica reforçada, em assim sendo, a perspectiva que o considera, como o apontam os marxistas, um consequência do poder político.
 
Um engendramento, eu diria, mais que uma conseqüência, assim como a retórica e o terrorismo de Estado.
 
É de se lamentar que comentem Kelsen sem entender a filosofia da ciência de sua época. Sem entender Kant. Sem entender Marx.
 
Deus nos livre da solidão intelectual na qual vivem os especialistas em quase tudo acerca de quase nada. 
 
 
Hans Kelsen
darlanferreira.com.br
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ, CONTINUAÇÃO


Honório de Medeiros
SEGUNDA TEORIA ACERCA DA INVASÃO: O ATAQUE A MOSSORÓ RESULTOU DA PAIXÃO DE MASSILON POR JULIETA, FILHA DO CORONEL RODOLPHO FERNANDES (SEGUNDA PARTE)
CONTINUANDO A SAGA DE MASSILON:
6) INÍCIO DE JANEIRO DE 1927: Lampião retorna a Pernambuco; cruza Salgueiro, Leopoldina e Floresta.
7) 19 DE JANEIRO DE 1927: Lampião enfrenta, no lugar “Lagoa Queimada”, o Tenente Pedro Rodrigues.
8) COMEÇO DE FEVEREIRO DE 1927: Lampião enfrenta, no lugar “Umbuzeiro”, Termo de Lagoa do Monteiro, Pernambuco, os Tenentes João da Costa e Silva e Antônio Francisco.
9) ABRIL DE 1927: Décio Hollanda procura o Coronel Isaías Arruda para lhe pedir ajuda no ataque a Apodi, e lhe apresenta Massilon (fonte: depoimento de Mormaço e Bronzeado).
10) 10 DE MAIO DE 1927: Massilon ataca Apodi, Gavião e Itaú, no Rio Grande do Norte.
De Apodi os cangaceiros se retiraram pela manhã do mesmo dia 10, entre as nove e dez horas, rumo ao distrito de Itaú, RN.
Ali saquearam os estabelecimentos comerciais dos cidadãos Manuel Moreira Maia, Pedro Maia Pinheiro, João Alves Maia e as residências dos Senhores João Batista Maia e Paulino Pereira do Carmo (fontes: Raimundo Nonato da Silva, Raul Fernandes, Sérgio Dantas, Wálter Guerra, Marcos Pinto). Autores Intelectuais: Martiniano Porto, Décio Holanda, Benedito Saldanha, Quincas Saldanha, Tylon Gurgel. Executores: Massilon, Cajueiro, Cajazeiras, Calango, Lua Branca , Asa Branca, Rouxinol, Juriti, Limão, Júlio Porto , Miúdo, Gregório, João Pinheiro, Bronzeado , Luiz e Vicente Brilhante, José Coco, José Roque, José Pequeno e outros.
 
Tylon Gurgel, lider político em Pedra de Abelha, atual Felipe Guerra, e adversário do Coronel Chico Pinto, na época da invasão de Apodi por Massilon. Pedra de Abelha era distrito de Apodi.
 
11) DIA 12 DE MAIO DE 1927:– Lampião, que estava acampado em Porteiras, Ceará, segue viagem até a Serra do Diamante, terras do Coronel Isaías Arruda de Figueiredo.
12) DEPOIS DE 13 DE MAIO DE 1927: Massilon conhece Lampião.
Sérgio Dantas, em obra citada:
Em 11 de maio de 1927 Lampião penetrou no município de Jardim, Ceará, a légua e meia da vila de Porteiras. No dia 12 de maio segue viagem até a Serra do Diamante, terras do Coronel Isaías Arruda de Figueiredo, chefe político de Aurora e Missão Velha, no Ceará. Buscava refúgio e municiar-se. É o que nos contou o cangaceiro “Mormaço” quando interrogado em Pau dos Ferros, RN; Martins, RN; Mossoró, RN; e Crato, CE.
Em 10 de maio de 1927 Massilon tinha atacado Apodi, Gavião e Itaú. Como a empreitada fora toda orquestrada por Isaías Arruda, a pedido de Décio Hollanda, uma vez cumprido seu desiderato toma o rumo de Aurora, Ceará, aonde chega pelo dia 13 de maio para prestar contas de sua empreitada.
Cel. Chico Pinto, líder político e Prefeito de Apodi quando do ataque à cidade comandado por Massilon, a quem tinha sido encomendada sua morte
 
Aurora, penúltima semana de maio. Há dias Lampião já retornara da fracassada incursão à Paraíba. Finalmente – após longo périplo pontilhado de inúmeros percalços – alcançara o indevassável coito da Serra do Diamante, de Isaías Arruda.
Em dias subseqüentes, Lampião recebeu a visita de José Cardoso, parente do Coronel. Deslocara-se o fazendeiro até o valhacouto para apresentar-lhe o cangaceiro Massilon Leite.
O encontro de Lampião com Massilon deu-se em dias de maio, após o assalto a Apodi. Até aí, Lampião desconhecia completamente o novel bandoleiro. O cangaceiro Mormaço, em interrogatórios consignados nos processo-crime instaurados nas Comarcas de Martins e Pau dos Ferros, ambos em 1927, deixam claro esse particular. Também, nesse sentido, depoimento prestado por Jararaca à Polícia no mesmo ano. Todos são unânimes quanto à época do encontro.
13) 13 DE JUNHO DE 1927: Massilon ataca Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Em 10 de junho de 1927, pelas primeiras horas da manhã, Massilon entrou no Rio Grande do Norte junto com Lampião.
Dessa data até sua saída do Estado, em 14 de junho, à boca da noite, invadiu, junto com o bando, mais de vinte fazendas, quinze sítios, o Povoado Boa Esperança (hoje Município de Antônio Martins), o Povoado São Sebastião (hoje Município de Governador Dix-Sept Rosado), e o Município de Mossoró.
Em 12 de junho de 1927, passam ao lado de Caraúbas e Lampião é advertido : Por Caraúbas, não, Capitão. Lá se encontra o Gato Vermelho.
Dizem ter sido Massilon, velho conhecido de Quincas Saldanha , o Gato Vermelho, quem deu o aviso.
14) JULHO DE 1927: Comete homicídio em Aurora, Ceará. Episódio relatado pelo escritor Amarílio Gonçalves em “AURORA HISTÓRIA E FOLCLORE”.
15) 11 DE AGOSTO DE 1927: Ataca cercanias de Alto Santo, Ceará.
16) MARÇO DE 1928: Morre Massilon em Caxias, Maranhão .


CONTINUA...
Leiam, anteriores a este texto, em www.honoriodemedeiros.blogspot.com:
4) O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSÓRÓ: PRIMEIRA TEORIA ACERCA DA INVASÃO (Segunda Parte);

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

DECLARAÇÃO DE VOTO PARA A OAB



 
Aldo Medeiros
 
 
Lúcia Jales
 
 
NÃO HÁ AVANÇO SEM MUDANÇA;
 
NÃO HÁ MUDANÇA SEM IDÉIA;
 
NÃO HÁ IDÉIA SEM CRÍTICA;
 
NÃO HÁ CRÍTICA SEM ATITUDE;
 
NÃO HÁ ATITUDE SEM CORAGEM;
 
NÃO HÁ CORAGEM SEM HISTÓRIA;
 
NÃO HÁ HISTÓRIA SEM REFERÊNCIAS.
 
Em assim sendo, declaro:
 
VOTO EM ALDO MEDEIROS E LÚCIA JALES PARA A OAB.

MOSSOROENSE FABRICA CERVEJA ARTESANAL

Por Erasmo Firmino
 
 
 
 
A "Maga" vem aí!!!

 
Muitos brasileiros estão fabricando a própria cerveja que consomem. É uma tendência que começou em Blumenau-SC, mas que está se estendendo por todo o país. São vários rótulos com vários tipos de cerveja.
 
Os cervejeiros artesanais preparam o líquido e reúnem os amigos para degustá-lo, oportunidade em que descrevem as fases da fabricação e as características da cerveja produzida.
 
Mossoró não poderia ficar de fora desta tendência.
O professor Gilson Pereira, da UERN, está fabricando em sua casa, no conjunto Urick Graff, a cerveja Maga, uma pale ale em alta fermentação com grau alcoólico de 5,4º.
 
O processo artesanal de fabricação leva aproximadamente 30 dias, resultando em 30 litros de cerveja. São várias fases: maltagem, brassagem, fermentação, maturação, filtragem e por fim o envase. São nestas fases que o cervejeiro artesanal define as características de sua bebida, como grau alcoólico, cor, aroma, sabor.
 
A cada nova produção um novo experimento. Vai valer sempre a criatividade de quem fabrica.
 
O professor Gilson Pereira começou a se interessar pela fabricação de cerveja caseira quando morou em Blumenau-SC por dez anos. Lá, bebeu muitas cervejas com características peculiares, produzidas artesanalmente por amigos.
 
Ao chegar em Mossoró decidiu que também seria uma cervejeiro artesanal. Fez um curso em São Paulo, comprou os equipamentos necessários, reservou um lugar em sua casa e então começou a produzir sua própria cerveja, denominada Maga.
 
Ontem, tive o prazer de degustar a cerveja produzida no primeiro lote. Durante a degustação o professor Gilson mostrou seus equipamentos e disse todas as fases do processo, que é mais trabalhoso do que complicado.
 
Quanto à cerveja, achei muito saborosa. É leve, mas com um sabor intenso, que deixa um gosto residual na boca, resultante da adição generosa de lúpulo. Assemelha-se as cervejas comerciais, mas tem um sabor mais marcante e peculiar.
 
O segundo lote já está em processo de fabricação. Nele, o cervejeiro Gilson Pereira está preparando uma cerveja mais encorpada, chamada de âmbar. A produção não tem fins comerciais. A intenção é apenas reunir os amigos e apreciar uma das bebidas mais antigas da humanidade, com registros desde 4 mil a.C.
 
OBS. Os petiscos feitos para acompanhar a degustação são todos feitos com cerveja.

DE UMA SEXTA FEIRA ENSOLARADA

 
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Honório de Medeiros
 
O carro parou ao lado da criança. Havia como que um assento de cimento – se é que se pode dizer assim – ao lado da banca de revistas, mas ela não deu muita atenção ao carro, nem mesmo quando seus ocupantes saíram e um deles lhe fez cócegas na cabeça e passou apressado.
 
A mãe, sentada, de cabeça baixa, cotovelo cravado nas pernas, tinha os olhos ocultos pela mão direita espalmada e não modificou sua postura para ver o que se passava ao seu redor. De relance se pôde perceber que parecia insensível ao tráfego barulhento, enquanto sua mão esquerda segurava firmemente o pulso da criança.
 
Entraram na banca. Compraram jornais. Separaram, de comum acordo, um chocolate para ser dado à criança. Saíram. Nada mudara. Ao se aproximarem perceberam as roupas de ambas – singelas, mas compostas. Ofereceram o chocolate sem dizerem qualquer palavra. A mãozinha frágil o pegou, ávida, enquanto um “oba!” despertava a atenção da mãe. Esta, tirando a mão dos olhos e encarando os dois homens que observavam sua filha deixou a descoberto um rosto ainda jovem, banhado em lágrimas.
 
- “Minha senhora”, perguntaram, “porque está chorando?”
 
 “Fome!”, respondeu.
 
A criança, de um louro amarelado que ressaltava sua ascendência negra, magrinha, magrinha, lambia, deliciada, o chocolate totalmente despido. Não se dava conta do que se passava ao seu lado.
 
- “Fome?”. Perguntaram novamente.
 
-  “É”. “Não tenho vergonha em dizer”. “Os senhores sabem se tem alguma Casa de Apoio aqui perto?”
 
- “Tem uma logo naquela rua”, responderam.
 
- “Está fechada”. “Tem o Albergue”, ela continuou, “na descida da ladeira, mas ele cobra vinte reais para o pernoite e refeições”.
 
Fez-se um silêncio incômodo, doloroso. Será que ali estava alguém querendo aplicar um golpe, explorando aquela infância comovente que agora brincava de lamber, um a um, os dedinhos sujos de chocolate, eles se perguntaram.
 
- “Vim do interior no carro da Prefeitura trazer meu marido para o hospital de emergência, mas não posso ficar lá e ele só sai segunda”
 
Era uma sexta-feira radiante, ensolarada...
 
- “Eu ia ficar na casa do meu pai. Ele mora aqui, mas se mudou e não mandou seu endereço novo. O carro da Prefeitura só vem na segunda, o que vou fazer para dar de comer a essa criança? Pedir eu não peço. Falei com o motorista da Besta para ele nos levar que eu pagava lá. Ele disse que não fazia fiado”.
 
Enquanto falava, as lágrimas pingavam uma a uma no regaço do vestido. As mãos torciam uma à outra. A bolsa, preta, de material ordinário, flácida, vazia, separava-a da criança que então olhava, atenta, um pequeno jorro de água que brotava da torneira mal fechada e originava um pequeno córrego a deslizar por entre o capim limitado por pedras de contenção. Os olhos da mãe já há muito não encaravam nada nem ninguém. Estavam perdidos no vazio. O desabafo era para o mundo que a cercava. Eles apenas o desencadearam. Parecia alheada de tudo.
 
- “Olhe”, disse um deles estendendo a mão que segurava a cédula.
 
Ela olhou durante algum tempo antes de pegá-la. Abriram as portas do carro.
 
- “Como é o nome dos senhores?” Levantara-se, puxando a menina.
 
- “Por quê?”
 
- “Eu quero rezar pelos senhores”.
 
Foram-se. Pelo vidro retrovisor era possível perceber a imagem que se distanciava. Continuavam no mesmo lugar, imóveis, as duas, olhando o carro. Mesmo pelo espelho era possível perceber uma mão segurando, firmemente, a cédula, enquanto a outra não largava a criança que dava adeus, em câmara lenta – tão pequena, tão frágil – destacando-se delicadamente contra o cinza da banca de revistas.

sábado, 22 de setembro de 2012

ESQUERDA E DIREITA

Honório de Medeiros
  
                   Ronda por aí a idéia de que “esquerda” e “direita”, no Brasil, e mesmo no mundo, não mais seriam conceitos distintos um do outro. Principalmente no que diz respeito à economia.
 
Nada tão distante da realidade, mas é fácil entender a razão: hoje, graças a um colossal, persistente e antigo processo midiático, o capitalismo, enquanto visão do mundo, tornou-se praticamente hegemônico. Isso mesmo: quase não há ninguém que sustente, com alguma consistência, um ideário de esquerda, a não ser, talvez, o já dinossáurico, e algumas vezes equivocado, Noam Chomsky.
 
                   Tal se deve a vários fatores, mas dois são fundamentais e ambos estão entrelaçados pelo mesmo núcleo. Dizem respeito à queda do “Muro de Berlim” e, no Brasil, ao aviltamento do PT. O que os une é o fato de ambos, tanto a URSS quanto o PT, jamais terem sido de esquerda. Quando muito abrigavam, por falta de opção, pessoas de esquerda.
 
                   A esquerda é, ontologicamente, fulcrada no valor “solidariedade”, enquanto a direito se firma na competição. Subjacente à noção de que somos essencialmente competitivos, não solidários, está o corolário do lucro e da ambição. Para a esquerda, devemos solidarizar o lucro; para a direita devemos e podemos lucrar com a solidariedade.
 
                   A esquerda é, ontologicamente, anticapitalista. Isso significa dizer que, para ela, os meios de produção devem ser socializados. Ou seja, não deve haver muito na mão de poucos, mas, sim, um pouco na mão de todos no que diz respeito à produção e ao gozo do lucro.
 
Ao invés da produção de capital financeiro, o socialismo quer a produção do capital social. Nesse sentido, tanto faz opor-se ao capitalismo de Estado intervencionista quanto ao capitalismo de Estado Mínimo – este uma verdadeira utopia retórica criada nos laboratórios dos economistas à soldo do grande capital para engabelar os inocentes úteis e os inúteis, igualmente.
 
                   A esquerda é, ontologicamente, anti-autoritária. Ela denuncia, posiciona-se contra, rebela-se, e não aceita qualquer imposição do Estado sobre a Sociedade à reboque de uma miragem tal qual um futuro idealizado, como nos apresentam os tecnopolíticos de plantão que pensam serem possuidores dos remédios milagrosos necessários para catapultar este ou aquele país à redenção sócio-econômica destruindo, pela base, as conquistas sociais dos últimos anos.
 
                   Típica dessa postura, por exemplo, é o pensamento de Chomsky[1], já citado acima:
 
                   (...) o princípio básico que eu gostaria de ver comunicado às pessoas é a idéia de que qualquer forma de autoridade, domínio e hierarquia, toda estrutura autoritária, tem de provar que se justifica – não tem qualquer justificativa A PRIORI.
 
Por ser anti-autoritária, a esquerda tem um compromisso imediato e direto com a Sociedade, nunca com o Estado, este um instrumento de opressão cujos fundamentos ontológicos, sob os quais repousa sua suposta legitimidade, são flatus vocis.
 
                   A verdade é que do ponto de vista da propaganda o capitalismo, ou seja, a direita, apregoa que ganhou a guerra. Não mesmo. Quando menos se espera a Sociedade resiste, e o colossal processo de exploração através do qual a cada dia um número maior de pessoas, possui menos, fica exposto a olho nu.
 
Neste momento mesmo alguns, até então desavisados, mas puros de intenção, percebem onde estão metidos e apontam as fragilidades e inconsistências de um modelo que se firma no que pode arrancar, enquanto mais-valia, do grosso da população.
 
São os arautos de uma nova era, a da aldeia global da qual nos falou Marshall McLuhan, onde qualquer informação é, sob todos os ângulos que se possam imaginar, do domínio de todos.


[1] Understanding Power – The indispensable Chomsky.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ: SEGUNDA TEORIA ACERCA DA INVASÃO; PRIMEIRA PARTE


Honório de Medeiros 
Antes de começarmos a esboçar a segunda teoria acerca da invasão de Mossoró por Lampião, temos que apresentar um rápido perfil biográfico de Massilon.
Afinal, quem foi Massilon[1]?
 
 
Massilon
 
Ainda hoje, algum tempo depois, quilômetros rodados, ligações e entrevistas realizadas, livros, revistas e jornais pesquisados, não é o bastante.
Assim como ele surgiu, desapareceu. Seu tempo de vida bandida foi curto: quatro anos. Nasceu, provavelmente, em Timbaúba dos Mocós, Pernambuco. Seus pais migraram sucessivamente para Patos e Pombal, na Paraíba, e, depois, Luis Gomes, no Rio Grande do Norte, onde faleceram.
Totalmente sem fundamento é a informação dada por Fenelon Almeida[2] de que Massilon já tinha, na época do ataque a Apodi, “29 mortes no costado”.
Quais são suas fontes para afirmar isso? Em que ele se baseou para fazer tal afirmação? Se Massilon entrou no crime em 1924, e o ataque a Apodi ocorreu em 1927, parece muito pouco crível essa história.
Massilon não gostou do Sítio Japão, em Luis Gomes, para onde o pai emigrou em 1924, e voltou para a Paraíba[3]. Provavelmente um pouco antes dessa volta assassinou um oficial da Polícia em Belém do Brejo do Cruz e mergulhou, de vez, na clandestinidade.
A seguir, seus principais episódios conhecidos:
1) 1923: deixa de ser almocreve e se associa com Manoel Forte, de Brejo do Cruz, na compra e venda de gado (fonte[4]: José Gomes Filho, o Zé Leite, irmão de Massilon).
2) 1923/1924[5]: versão 1: assassina, em Belém do Brejo do Cruz, em dia de feira, um soldado que fora mandado pelo pretendente ricaço de uma moça que se enamorara por Massilon, para lhe tomar a arma e desmoralizá-lo (fonte: Dna. Aurora Leite de Araújo, irmã de Massilon); versão 2: mata um fiscal de feira em Belém do Brejo do Cruz, que lhe queria tomar a arma (fonte: Zé Leite, irmão, e Pedro Dantas Filho, natural de São José do Brejo do Cruz, falecido em 2002 aos 88 anos, em entrevista a Alexandro Gurgel para o jornal “A Gazeta do Oeste”, Mossoró, Rn); versão 3: mata um sargento ou cabo da Polícia de Belém de Brejo do Cruz, para a cidade enviado por seu líder político, no intuito de moralizá-la (fonte: Manoel Monteiro, filho de Chico Canuto, amigo de Massilon, em depoimento ao Autor).
3) 1923/1924: passa, após o crime, a protegido dos Saldanha (Quincas e Benedito[6]). Possivelmente residirá em Alto Santo, CE, onde Benedito Saldanha tinha uma propriedade, para fugir da perseguição policial (fonte: Dna. Tercia Leite de Oliveira, irmã de Massilon; Capitão Viana, em entrevista ao Autor, e a Denúncia oferecida pelo Promotor Público da Comarca de Souza, Paraíba, servindo “Ad-Hoc” em Brejo do Cruz, Paraíba, Dr. Emílio Pires Ferreira, em 10 de fevereiro de 1927, transcrita no Jornal “União”, da Paraíba, número 82, em 9 de abril de 1927, Sábado).
 
4) 4 DE FEVEREIRO DE 1926: ataca São Miguel de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, sob a desculpa de combater a Coluna Prestes (fonte: Zenaide Almeida da Costa[7]):
 
Eram quatro horas da tarde do dia 2 de fevereiro, quando João Grosso chegou correndo, esbaforido. Vinha de cima da serra, na estrada da vila, de onde avistara o mar de gente que se aproximava.
Na vila os Revoltosos abriram algumas portas de casas comerciais, tirando delas apenas os mantimentos necessários à sua alimentação naquele dia. Saíram à tarde, deixando somente o medo e alguns cavalos estropiados, trocados por cavalos sadios que, apesar de escondidos nas matas dos sítios, com os focinhos amarrados e de cabaça para cima, foram encontrados e surrupiados. Baixaram as águas, mas como sói acontecer, a epidemia chegou no dia seguinte muito cedo e sem aviso! Um marginal, alcunhado de ‘Sargento Preto’, embriagado, desgarrado da Coluna e em companhia de indivíduos da mesma estirpe, arrombou casas comerciais, distribuindo mercadorias com pessoas que estavam regressando à vila, despejando gêneros, tecidos, miudezas e bebidas no meio da rua. Saiu de porta em porta chamando quem ainda não tinha se apresentado (por timidez ou honestidade) para receber seus ‘donativos’. Abriu o cartório e em frente ao prédio, fez uma pilha de todos os livros e documentos, despejou querosene por cima, ateou fogo. Desapareceu depois do saque. Dois dias após[8] chegou outro grupo vestido de mescla azul, com bonés do mesmo pano, dizendo-se ‘patriotas’. Novo saque em todas as casas comerciais e de residência. Tomaram armas, munições, animais, o que sobrou de víveres, provocaram brigas nas ruas.
Era o grupo de Massilon, semelhante ao de Lampião, que imperava naquelas quebradas de serra e nos sertões, armado, fardado, e segundo eles próprios afirmavam, autorizados pelo Padre Cícero Romão Batista, do Juazeiro, a combater a coluna prestes. Saíram deixando a desolação, o pânico, tudo depredado, arrasado!
5) 25 DE ABRIL DE 1926: ataca Brejo do Cruz, na Paraíba. Mata Manuel Paulino de Moraes, Dr. Augusto Resende (Juiz Municipal), fere Dr. Minervino de Almeida, o “Joca Dutra” Prefeito Municipal), e Severino Elias do Amaral (Telegrafista).
Autores intelectuais (supostamente): Deputado João Agripino de Vasconcelos Maia, residente no Sítio “Olho D’Água”, Catolé do Rocha, PB; Joaquim Saldanha (Quincas Saldanha), residente na fazenda “Amazonas”, Brejo do Cruz, PB; Odilon Benício Maia, residente na fazenda “Pedra Lisa”, Brejo do Cruz, PB; Plínio Dantas Saldanha, vulgo “Marinheiro Saldanha”, residente em Jardim de Piranhas, Caicó, Rio Grande do Norte, como mandantes[9].
 
Executores: Massilon Leite[10], José Pedro[11] (vulgo Coqueiro), Peitada, João Domingos, João Boquinha e João Cândido – vulgo Negro Cândido.
 
Fonte: Denúncia oferecida pelo Promotor Público da Comarca de Souza, Paraíba, servindo “Ad-Hoc” em Brejo do Cruz, Paraíba, Dr. Emílio Pires Ferreira, em 10 de fevereiro de 1927, transcrita no Jornal “União”, da Paraíba, número 82, em 9 de abril de 1927, sábado.
 
Assim foi o fato: como todos os finais-de-tarde em Brejo do Cruz, no Sertão paraibano, formou-se uma roda na frente da casa de Antônio Dutra de Almeida, no começo daquele fatídico ano de 1926. Dr. Joca Dutra (João Minervino de Almeida), Manoel Paulino Dutra de Morais, José Targino, Dr. Francisco Augusto de Resende (Juiz da Cidade) eram os presentes.
As cadeiras, dispostas dia-a-dia nos mesmos lugares, eram, pelo hábito, marcadas: recebiam sempre os mesmos ocupantes.
Em certo momento José Targino e Dr. Antônio Dutra de Almeida se levantam e vão tomar água no interior da casa.
Nas cadeiras nas quais eles estavam sentados, inexplicavelmente se sentam Manoel Paulino Dutra de Morais e Dr. Francisco Augusto de Resende.
Escurece. 
Um atirador tomou posição a alguma distância e, de rifle, atirou nos ocupantes das duas cadeiras que lhe tinham sido previamente assinaladas.
Dr. Francisco Augusto de Resende tombou morto. Manoel Paulino Dutra de Morais, ferido, fez menção de se levantar. Os outros tinham fugido.
O atirador aproximou-se e desfechou várias peixeiradas em Manoel Paulino Dutra de Morais. Ao terminar observou atentamente o semblante do outro morto e gritou: “matei um inocente”.
Recolheu as armas, montou o cavalo, picou na espora e sumiu na escuridão da noite. Fora Massilon.           

 
Ruinas do Casarão de Benício Maia, século XVII ou XVIII, Belém do Brejo do Cruz
 
O escritor Rodrigues de Carvalho conta-nos, acerca de Massilon, que:
No ano de 1927, Lampião deixou-se influenciar pelas insistentes e tentadoras sugestões de um dos seus sequazes, para uma aventura criminosa bem difícil. Um assalto a Mossoró. No grupo era ainda um novato[12], sem grande tirocínio e até bem pouco tempo inteiramente desconhecido e estranho às lides do cangaço. Contudo, a despeito do curto ‘estágio’ ou ‘noviciado’, esse bandido vinha portando-se como um experimentado veterano. É que antes dessa apresentação, ele já havia cometido vários assassinatos, alugando o braço homicida a outros facínoras encapuzados. Daí o seu desembaraço na prática do crime. Entre as suas primeiras vítimas como pistoleiro está o Dr. Augusto Rezende, Juiz de Direito de Brejo da Cruz, na Paraíba, morto de emboscada[13].
Cabra inteligente e temerariamente audacioso agia com desassombro e pleno de ambições rapinantes. Os seus planos de salteador eram ousados, com promessa de voar a grande altura. O que era também forte prenúncio de cedo encontrar quem lhe quebrasse as asas...
Em outro qualquer setor da atividade humana os seus predicados seriam, decerto, além de inaproveitados, reprovados com desprezo. Para o meio em que se integrava, todavia, tinha ele qualidades inapreciáveis; aquelas que o credenciavam para um refinado facínora. Orgulhava-se de ser potiguar[14], natural da Serra do Martins ou de Luiz Gomes. Chamava-se Massilon Leite, Antônio Leite ou Benevides Leite. Coisas de bandido.
Dizia-se profundo conhecedor de três ou quatro Estados do Nordeste, cujas estradas talara em todas as direções durante anos consecutivos. Gabava-se de conhecer palmo a palmo não apenas seu Estado natal, mas também a Paraíba, o Ceará e parte de Pernambuco, graças ao desempenho das suas funções de motorista de caminhão. Trabalhava no volante quando resolvera trocar de profissão. A profissão de cangaceiro lhe pareceu muito mais lucrativa, além de livre como o vento. Pensou também que fosse mais leve do que a de motorista de caminhão, porém mais tarde confessava haver se enganado redondamente. Mas era tarde[15].
Raimundo Nonato[16] lembra que Jararaca[17] dissera ter Massilon Leite informado serem suas as mortes de Brejo do Cruz, o que corrobora o relato feito acima.
Sérgio Dantas[18] nos disse que Massilon foi almocreve. É verdade.
Entretanto, quando da morte do policial em Belém do Brejo do Cruz já era comprador/vendedor de gado.
É o que nos relatam seus irmãos Tercia e Zé Leite, em entrevista que o escritor gentilmente nos cedeu, bem como o Capitão Viana.
Quando chegamos à residência do Capitão Viana – Francisco Viana – em Macaíba, RN, encontramos um velhinho seco de carne e temperamento, vestido com um pijama azul claro à antiga, daqueles cujas camisas são de manga comprida, sentado em uma cadeira de balanço e lendo a Bíblia. Recebeu-nos muito bem e logo mandou servir café.
O Capitão Viana tinha, na data da entrevista, noventa e três anos muito bem vividos. Longa prole, alguns poucos bens, saúde saltando à vista, memória fantástica.
Durante a entrevista em nenhum momento titubeou quanto às informações prestadas.
Ao tentarmos falar acerca de sua atuação como policial em alguns casos mais escabrosos fechou a cara e disse, abruptamente: 
Isso é segredo de polícia, não posso dizer nada.
Foi delegado, entre outras cidades, de Apodi, Macau, Açu, Caraúbas, Nova Cruz, São Tomé, e Areia Branca.
Pois bem, o Capitão Viana, quando menino lá em Alto Santo, então distrito de Limoeiro do Norte, onde nasceu em 1913, conheceu Massilon – embora de longe, só de vista, como se diz no Sertão, mas fornece vários dados importantes acerca do cangaceiro:
Massilon, depois do ataque a Apodi, nunca mais voltou lá.
Em 1940, quando fui Delegado de Apodi, já não se falava mais nele.
A história de João Quincó é a seguinte: João Paulo Nogueira Maia, como se assinava João Balduíno Freire – o João Quincó, era Delegado em Alto Santo e prendeu um amigo de Massilon – marchante como ele – chamado Pedro Rogério, mas conhecido por Pedro Cascudo.
Maltratou muito Pedro Cascudo.
Massilon jurou vingança e foi lhe dar uma surra. Coqueiro terminou matando João Quincó e seu filho.
Massilon era jagunço de Décio Hollanda, lá de Pereiro, e foi jagunço de Benedito Saldanha.
Antes de Apodi Massilon morava com Décio Hollanda, no Pereiro, Fazenda Bálsamo.
Ele vivia de comerciar gado, era marchante, não tem cabimento essa história de sapateiro que o cangaceiro Bronzeado que você falou conta.
Eu sou testemunha de tudo isso por que morei em Alto Santo até os quinze anos, quando fui para São João do Jaguaribe.
Na época da invasão de Apodi eu estava em Taboleiro do Norte. De lá fui para São Paulo. Em 1934 voltei para o Rio Grande do Norte e sentei praça na polícia.
Continua...
Leiam, anteriores a este texto, em www.honoriodemedeiros.blogspot.com, 1) O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ: UM MISTÉRIO QUASE CENTENÁRIO; 2) O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ: COMO ERA A CIDADE NA ÉPOCA DA INVASÃO; 3) O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ: PRIMEIRA TEORIA ACERCA DA INVASÃO (Primeira Parte); 4) O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSÓRÓ: PRIMEIRA TEORIA ACERCA DA INVASÃO (Segunda Parte).


[1] Para maiores informações ler, do autor, “MASSILON (NAS VEREDAS DO CANGAÇO E OUTROS TEMAS AFINS)”; Sarau das Letras; 1ª edição; 2012; Natal.
 
[2] “JARARACA: O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO”; ALMEIDA, Fenelon; Editora Guararapes; 1981; Pernambuco; Recife.
 
[3] Depoimento de Valdecir Pereira Leite, filho de Dona Aurora, irmã de Massilon, ao Autor, em 17 de dezembro de 2005.
 
[4] Entrevista gravada com Zé Leite, o filho, gentilmente cedida pelo pesquisador Sérgio Dantas.
 
[5] Essa morte teria sido até 1924. Sua família foi para Luis Gomes em 1924, e Massilon os visitou ainda em Pombal depois de ter feito o crime, segundo depoimento de Dna. Aurora.
 
[6] Benedito Saldanha foi Prefeito de Apodi, Rn, em 1933, durante 6 meses e 14 dias. Consta que teria sido morto envenenado por uma mulher com quem vivia após se separar de sua esposa, Dna. Etelvina, que também era da família Saldanha.
 
[7] “A VIDA EM CLAVE DE DÓ”; 2ª. Edição; Editora Sebo Vermelho; Natal, Rn.
 
[8] Dia 4 de fevereiro de 1926. 
 
[9] Até onde se sabe, todos os autores intelectuais foram inocentados das acusações que lhes foram feitas.  Vale a pena mencionar que durante três anos tentei, de todas as formas, conseguir os autos do Processo-Crime de onde essas informações foram extraídas. Tentei em Brejo do Cruz e Catolé do Rocha. Nada consegui. Quase venceram a má-vontade dos servidores dos cartórios e, até mesmo, dos juízes. Cheguei até a entrar com um pedido formal para obter vistas dos autos. Foi em vão. Finalmente, em um golpe de sorte e graças à ajuda de um grande amigo, consegui a cópia do Jornal “União”, onde a Denúncia do Promotor fora transcrita. Consta que quando chegou a notícia da absolvição, o Coronel Quincas Saldanha comemorou em Caraúbas, RN, com uma grande festa. Ver “MASSILON (NAS VEREDAS DO CANGAÇO E OUTROS TEMAS AFINS)”, deste autor.
 
[10] Já vivendo no Ceará, em Alto Santo, sob a proteção de Benedito Saldanha, conforme Denúncia já citada e depoimento do Capitão Viana (detalhes da entrevista um pouco à frente), em entrevista ao Autor.
 
[11] Raul Fernandes diz que seu verdadeiro nome era José Cesário, conhecido em Caraúbas. Esteve no ataque a Mossoró. Em entrevista ao Autor, José Cosme da Silva, o “Zé de Chota”, nascido em 22 de fevereiro de 1923 na Fazenda “Floresta”, Brejo do Cruz, PB, de propriedade do Coronel Quincas Saldanha, e nela tendo vivido até os 18 anos de idade, lembrou que conheceu José Pedro e Peitada, ambos “cabras” do Coronel. Peitada, disse-me ele, morreu no Amazonas, anos depois. E José Pedro, homem de inteira confiança do Coronel, morreu em Quixadá, CE, para onde fugira sob a proteção de Quincas Saldanha, após matar um desafeto.
 
[12] Informação sem qualquer fundamento. Massilon somente conheceu Lampião especificamente para o ataque a Mossoró e através de Isaías Arruda.
 
[13] Rodrigues de Carvalho dá como fonte Severino Procópio em sua obra “MEU DEPOIMENTO”, à página 54. Quem danado foi Severino Procópio?
 
[14] Outra informação sem fundamento.
 
[15] “LAMPIÃO E A SOCIOLOGIA DO CANGAÇO”; Rio de Janeiro, RJ; Gráfica Editora do Livro Ltda.
 
[16] “LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; 4a. edição; Coleção Mossoroense; Série C; Volume CDVIII; 1989.
 
[17] Depoimento de Jararaca ao jornal mossoroense “Correio do Povo”.
 
[18] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”; Cartgraf Editora; Natal; 2005.